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METODOLOGIA E INSTRUMENTOS DE PESQUISA DE CAMPO

No documento eliomarcortesdacunha (páginas 66-71)

3 UMA ANÁLISE SOBRE O REGIME DE COABITAÇÃO NAS ESCOLAS

3.2 METODOLOGIA E INSTRUMENTOS DE PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa, independente da natureza, é caracterizada pela existência de um problema, que objetiva uma reflexão sistemática e crítica do pesquisador, que deverá buscar soluções mediante o uso de procedimentos científicos e instrumentos adequados. Esta dissertação constitui um estudo de caso com abordagem qualitativa.

Godoy (1995) afirma que o estudo de caso é um método de pesquisa que utiliza, geralmente, dados qualitativos, coletados a partir de eventos reais, com o objetivo de explicar, explorar ou descrever fenômenos atuais inseridos em seu próprio contexto. Caracteriza-se por ser um estudo detalhado e exaustivo de poucos, ou mesmo de um único objeto, fornecendo conhecimentos profundos. Godoy (1995) ainda diz que pela perspectiva qualitativa, permite- se que um fenômeno possa ser mais bem compreendido no contexto, possibilitando uma aproximação do fenômeno em estudo, a partir das perspectivas das pessoas nele envolvidas.

Para alcançar os objetivos propostos pelo pesquisador, os participantes deste estudo são pessoas que trabalham nas escolas coabitadas. Para desenvolvê-lo, utilizaram-se questionários e entrevistas para coleta de dados. Cabe ressaltar que as pesquisas desse tipo se

caracterizam pelo questionamento direto das pessoas sobre o comportamento desejável. Basicamente, questiona-se a um grupo significativo de indivíduos acerca do problema estudado, para, em seguida, mediante análise escrita, obter-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo, o qual nos será útil para entender, de maneira superficial, a situação em que se encontra o problema pesquisado.

Minayo (1996, p.47) diz que o “[...] questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador. Depois de preenchido, o pesquisado o devolve do mesmo modo. Junto com o questionário, deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável.

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversa. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social (PRODANOV, 2013). Para Prodanov (2013, p.237), a entrevista "[...] consiste no desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e validade de certo ato social como a conversação". Trata-se, pois, de uma conversa efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistado, verbalmente, a informação necessária.

O pesquisador tabulou os dados, após analisar os questionários aplicados. Finalmente, atingimos o ponto alto do esforço de produção de uma pesquisa científica: as análises. Por meio delas, foi possível discutir os resultados à luz da revisão da literatura com análise dos questionários.

Cada participante da pesquisa assinou o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), cujo modelo está no Anexo I. O documento foi assinado pelo pesquisador responsável e entregue em duas vias no ato da pesquisa; uma via ficou de posse do participante, e a outra com o pesquisador. Ressalta-se que nenhum dado pessoal dos membros da pesquisa foi publicado. Portanto, estão seguramente armazenados no banco de dados da pesquisa (Bancos de dados ou bases de dados são conjuntos de arquivos relacionados entre si com registros sobre pessoas, para dar mais eficiência durante uma pesquisa ou estudo).

Os outros atores fundamentais nesse estudo foram os professores e funcionários, pois são atingidos diretamente pela limitação do espaço escolar e, em alguns casos, estão no centro dos conflitos. Para isso, foi aplicado um questionário a 25 pessoas da rede estadual e a 25 da rede municipal.

As entrevistas foram realizadas com: a diretora da escola municipal, 01 secretário da rede estadual, 01 coordenadora da rede municipal, 01 secretária da escola municipal e 02 especialistas de educação da rede estadual. A escolha desses atores se justifica, uma vez que são partes envolvidas diretamente na administração e na gestão pedagógica ou dos espaços, e por estarem diretamente relacionados aos conflitos relacionados à coabitação. Neste cenário, cumpre notar a dificuldade da minha atuação, enquanto pesquisador, por ser gestor, e, neste caso, também parte envolvida nos conflitos. Cabe destacar, no entanto, que a realização das entrevistas ocorreu de forma muito formal na biblioteca da escola municipal, por ser um ambiente mais reservado para os entrevistados. A Tabela 6 apresenta os participantes nas pesquisas, com o objetivo de detalhar os membros envolvidos.

Tabela 6 – Participantes na pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os dados fornecidos pelos servidores nos permitem captar as experiências e vivências desses indivíduos sobre o processo de coabitação dessas escolas. Nesse cenário, é uma ferramenta útil para o estudo de caso, uma vez que nos interessa compreender como os alunos e professores vivenciam, percebem e lidam com as questões e as dificuldades da coabitação. As entrevistas auxiliarão na compreensão das dificuldades, no entendimento dos conflitos, e deixarão evidentes os interesses e as disputas do regime de coabitação. Para tanto, foram definidos dois eixos de análise para o desenvolvimento do estudo, a partir de questões consideradas basilares no regime de coabitação.

Questionários

Participantes Rede Municipal Rede Estadual Total Servidores da Escola Estadual João Batista Cunha - 25 25 Servidores da Escola Municipal Paulo Antônio Martins 25 - 25

Entrevistas

Diretor 1 - 01

Secretário 1 1 02

Coordenadores 1 - 01

O primeiro eixo apresenta a coabitação e traz uma reflexão sobre os conflitos e se baseia em uma avaliação acerca desse regime. Por meio dele, procuramos perceber como os atores o analisam e o vivenciam, assim como as situações de conflito presentes no cotidiano escolar - motivos de muitos problemas entre as escolas, e como a gestão pode lidar com isso.

O segundo eixo trata dos espaços escolares, uma vez que é a partir destes lugares que surgem algumas das principais questões e dificuldades. Tais eixos foram delimitados em razão dos relatos apresentados acima sobre a coabitação, em que identificamos esses pontos centrais.

O terceiro eixo aborda a questão dos conflitos oriundos da coabitação, devido ao uso dos espaços. Nesse sentido, busca entender as razões que geram esses conflitos, na visão dos servidores. Trata-se de eixo com uma função diagnóstica, para, assim, podermos traçar as possíveis soluções com vistas a amenizar os conflitos e buscar uma gestão compartilhada.

A pesquisa de campo foi realizada por meio de entrevistas nos dias 13 de maio de 2020 e de questionários no dia 16 de abril de 2020. O presente caso de gestão utiliza a pesquisa qualitativa para analisar as situações de conflito no regime de coabitação. A questão do caso de gestão, em estudo, não implica em uma análise quantitativa do fato estudado, uma vez que o que se pretende é a compreensão da realidade através dos significados e das subjetividades. Por este motivo, a perspectiva qualitativa é a mais apropriada.

Um ponto importante a ser discorrido é o fato de os questionários e as entrevistas terem acontecido tranquilamente, os participantes puderam contribuir bem objetivamente. É importante dizer que a diretora da escola municipal contribuiu significativamente para o desenvolvimento da pesquisa, pois facilitou a participação dos servidores. Foi possível a aplicação do questionário aos servidores da escola municipal em uma reunião de módulo II, graças à colaboração da diretora, que prontamente nos concedeu a oportunidade. Na ocasião, apresentamos-lhes a proposta. Isso foi importante, pois “quebrou o gelo” e mostrou que o importante é entender os motivos do conflito e propor soluções para amenizá-los.

Os questionários foram aplicados foram aplicados em duas salas, onde estavam apenas as pessoas que iriam responder ao documento. Cumpre notar que todos foram convidados e compareceram voluntariamente, com o intuito de contribuir para a pesquisa. Em primeiro momento, às 14h00min, explanei em cada sala sobre os objetivos e as propostas, dentre outras questões pertinentes ao questionário; depois me ausentei, para que pudessem responder clara e coerentemente ao que estava proposto no roteiro de perguntas. Antes, já havia deixado as folhas com as perguntas sobre as mesas, para, ao chegarem, os entrevistados já encontrassem um ambiente propício ao proposto. O tempo estimado foi de 40 minutos. Ao saírem, foram

surpreendidos com um café da tarde. No momento, puderam conversar e colocar o “papo” em dia.

As entrevistas aconteceram em horários alternados, visto que a entrevista necessitava de uma logística diferenciada. Todos tiveram disponibilidade, exceto uma das coordenadoras da Escola Municipal Paulo Antônio Martins, que justificou sua ausência por motivos profissionais. Em substituição, foi convidada a secretária da escola, que aceitou e forneceu sua contribuição para a pesquisa.

Após obter os dados, coletados no questionário e nas entrevistas, foi feita uma leitura minuciosa de todo o material, de forma que o pesquisador pudesse se contextualizar acerca da visão dos servidores. Em seguida, os dados dos questionários foram apresentados em forma de Tabela, para, assim, apresentar ao leitor uma visão mais panorâmica da situação. Logo após, foram selecionadas as falas mais relevantes dos entrevistados, com vistas a apresentar os conflitos existentes acerca dos espaços escolares compartilhados. Esses dados serviram de suporte para montar um plano de ação, cujo intuito é minimizar os conflitos existentes nas escolas, por causado processo de coabitação.

A seção a seguir apresenta, de forma clara e objetiva, uma análise dos eixos desse estudo, com a intenção de entender os motivos dos conflitos existentes entre as duas escolas. Foram voluntariados 25 funcionários de cada instituição para apresentar propostas que contribuirão para a melhoria da convivência das escolas coabitadas, objeto deste estudo. Nesse sentido, é bom relembrar as palavras de Monteiro (2018), que aponta que para os atores escolares, a maior dificuldade, no regime de coabitação, são as disputas e desentendimentos entre os próprios gestores. Assim, as questões como compartilhamento dos espaços, desenvolvimento de atividades pedagógicas e a própria convivência escolar perpassam pela gestão.

Para a autora supracitada, embora a coabitação envolva as duas escolas e seus respectivos gestores, não nos cabe propor ações às escolas. Entretanto, elas podem mudar a forma de agir, de tal modo que impacte em ambas as gestões. Portanto, as ações devem ser apresentadas com o objetivo de possibilitar uma gestão compartilhada e mais democrática.

A próxima seção tem como objetivo apresentar a visão dos entrevistados sobre a coabitação entre as escolas e apresentar os pontos e contrapontos na visão dos servidores.

No documento eliomarcortesdacunha (páginas 66-71)