• Nenhum resultado encontrado

Para Rosa & Arnoldi (2006) as entrevistas são ferramentas de produção de

conhecimento oriundo de uma sistematização na criação de novos conhecimentos a um objeto.

Ribeiro (2008) também retrata a relevância da entrevista como técnica de pesquisa:

A técnica mais pertinente quando o pesquisador quer obter informações a respeito do seu objeto, que permitam conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores subjacentes ao comportamento, o que significa que se pode ir além das descrições das ações, incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos próprios entrevistadores

(Ribeiro, 2008, p.141).

A metodologia proposta por Medina (1986) é embasada nas sensações que o ouvinte recebe quando dirige pessoalmente as perguntas ao entrevistado transferindo autenticidade ao processo de entrevista. As emoções fornecidas de maneira espontânea criam elos de informação segundo a autora, o que propicia a humanização da coleta de informações e vivência, a experiência transmitida se torne mais fiel, consolidando a captação de respostas, conforme cita a autora: “A audiência recebe os impulsos do entrevistado, que passam pela motivação desencadeada do entrevistador, e vai se humanizar, generalizar no grande rio da comunicação anônima.” (MEDINA, p6, 1986).

Aplicando esses conceitos, foram realizadas 09 entrevistas com indicações dos ex-membros na pesquisa online, sendo elas: técnicos esportivos, membros-fundadores, ex-membros e funcionários da Unesp Bauru.

Realizadas em caráter presencial, as entrevistas ocorreram na cidade de Bauru e São Paulo, ambas no estado de São Paulo. Foi desenvolvido um roteiro para orientar melhor os entrevistados (Anexo C), porém algumas questões foram acrescentadas e omitidas de acordo com o desenvolvimento da aplicação e sensibilidade do entrevistador em relação ao domínio do entrevistado em determinados assuntos. Transcritas em ordem crescente em relação ao tempo de existência da entidade, ou seja, os membros mais antigos foram os primeiros a serem entrevistados e os mais recentes os últimos, conforme os Anexos de F a N, para facilitar a análise dos pontos em comum nas entrevistas e o desenvolvimento ao longo do tempo de estratégias, diretorias e até mesmo percepções.

As entrevistas realizadas com os técnicos Rodrigo Zaguetto e Rodrigo Bergoc (Anexos D e E) revelaram pontos críticos importantes em relação a falta de planejamento e continuidade de padrão de trabalho. Questionados sobre o tratamento por parte dos diretores ambos possuem uma visão de falta de planejamento, tendo em vista que participaram por muitos anos da entidade, trabalhando com várias gestões.

Nas palavras de Rodrigo Zaguetto “O relacionamento era bom, mas um pouco falho. Parecia que não tinha uma certa continuidade nos trabalhos.” O técnico que participou durante treze anos como atleta e técnico de handball ainda frisa que “Alguns erros aconteciam frequentemente. Como todo ano mudava a gestão, me parecia que não ocorria um treinamento adequado para dar continuidade aos trabalhos de melhoria.” Já para Rodrigo Bergoc, atleta do atletismo, basquete masculino e técnico em dois períodos diferentes do basquete feminino, a visão permanece: “Justamente eles que deveriam planejar, não planejavam e nem procuravam pessoas que poderiam ajudar.”

Rodrigo Bergoc ainda acrescenta uma crítica a falta de planejamento longo prazo na formação dos atletas: “Está na hora de planejar e formar atletas, pois todos os alunos ficarão pelo menos quatro anos na faculdade.” De uma maneira geral, os esforços e o trabalho da Atlética é reconhecido e respeitado por ambos, mas a falta de planejamento e visão de longo prazo para com o esporte foi percebida pelos dois atletas/técnicos.

Valores como amizade, companheirismo e família foram identificados em todas as entrevistas realizadas, preceitos que devem ser explorados e apresentados nos trabalhos que a entidade realiza. Os ex-membros entrevistados divergiam em poucos aspectos como a preocupação com a vitória do Inter e o peso de algumas diretorias mencionadas, porém concordavam com a relação distante com demais entidades estudantis do campus e com os professores, embora ações efetivas sempre tenham sido realizadas visando aproximar os públicos da entidade.

Observando o desenvolvimento da Atlética através dos anos nas palavras de seus fundadores até os diretores recentes é perceptível o fortalecimento de Diretorias como a de comunicação e a geral de esportes e a importância creditada aos eventos esportivos e de integração internos, porém alguns relacionamentos tidos como positivos já encontram distanciamentos, conforme as entrevistas de Douglas Okumura e Lucas Ciriaco, por exemplo. O primeiro trata da construção de uma relação, pois a entidade começava a apresentar-se ao campus e aos alunos. Já para Lucas Ciriaco, presidente em 2013, a relação varia muito, sendo categorizada como boa. Atritos na relação com os atletas também começam a figurar nas entrevistas mais recentes, ou seja, a visão de entidade esforçada para fornecer o melhor aos atletas aos poucos foi se alterando e gerando uma nova relação com os públicos ligados ao esporte, como técnicos e atletas. A profissionalização dos técnicos, a crescente participação em campeonatos e o constante compromisso em manter a hegemonia da Unesp Bauru no cenário paulista podem ter desenvolvido relação mais complexas de pressão, expectativa e frustração, para ambas as partes.

O testemunho de Thiago Oliveira sugere a enaltação dos esforços iniciais para estruturação das atividades oferecidas, com destaque para a qualidade em sua simplicidade e eficácia: “os uniformes foram através do primeiro patrocínio da AAA e foram comprados em ponta de estoque, pois fomos no estoque de uma loja de material esportivo e fomos pegando as camisas que estavam fora de jogo e montamos nossos uniformes.” O mesmo complementa: “Bauru já começou pensando grande e se mostrando que éramos diferenciado, pois no primeiro Inter já levamos seguranças e faxineiras para o alojamento. Entretanto um ponto muito importante é a qualidade dos atletas e junto com o trabalho desenvolvido no qual tínhamos muita vontade e

empenho, os resultados foram aparecendo.” O mesmo apreço pela qualidade inicial das atividades da Atlética é apontado por Douglas Okumura e pelos dois técnicos entrevistados, dessa forma, externalizar ao público fatos como esses, desconhecidos pela maioria e até mesmo por alguns diretores atuais é uma estratégia para aproximação com os públicos que encaram a entidade como negativa de alguma forma.

Documentos relacionados