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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.3 METODOLOGIA ESTATÍSTICA

Foi aplicado o teste Post Hoc de TUKEY com p<0,05, para comparação duas a duas das médias da liberação de íons fluoreto nas amostras dos produtos testados. Para comparação das médias entre os grupos em relação aos dias de leitura entre a 1ª e a 2ª etapa deste trabalho foi utilizado o teste t de Student e na 3ª etapa para a comparação entre os materiais protetores testados.

5 RESULTADOS

Os resultados da liberação de íon fluoreto foram obtidos através daleitura em um potenciômetro previamente calibrado acoplado a um eletrodo seletivo de íons fluoreto.

Na 1ª etapa, foram realizadas 5 leituras para cada corpo de prova nos dias 1, 2, 9 e 17, e obtidas as médias e a partir destes, o desvio padrão de cada cimento testado, conforme expresso na tabela 5.

Tabela 5- Valores da liberação da concentração de íon fluoreto na 1ª etapa com

...médiass e desvios padrão.

DIAS.DE LEITURA 1 2 9 17 MÉDIAS/DESVIO PADRÃO Média Desvio padrão Média Desvio padrão Média Desvio padrão Média Desvio padrão MAXXION 28,81 3,42 101,87 5,13 41,30 3,24 48,12 2,52 VIDRION 42,06 8,61 123,29 12,92 63,42 8,44 47,54 16,73 VITREMER 15,74 3,72 26,15 7,81 88,67 1,25 69,68 5,95 VITRO FIL LC 23,98 4,58 91,74 2,01 86,09 12,10 62,95 1,46

Para cada material testado, foram confeccionados 5 corpos de prova e realizadas 5 leituras para a obtenção das médias para cada corpo de prova testado.

É importante ressaltar que o dia 1 corresponde a 72h após a confecção dos corpos de prova, pois aguardou-se 48h para que completasse a reação de geleificação dos materiais testados, e em seguida os corpos de prova foram inseridos em 5 mL de água deionizada e após 24h foi feita a primeira análise.

Os valores expressos em mg/L correspondem às médias da liberação das concentrações de íons fluoreto e estão registrados no eixo das coordenadas no gráfico da figura 5, e, no eixo das ordenadas, foram

registradas as médias das leituras dos dias 1, 2, 9 e 17, dias estes aleatoriamente selecionados para a realização das leituras, oriundas das amostras de água deionizada dos 20 corpos de prova.

Figura 5- Gráfico da liberação da concentração de íon fluoreto na 1ª etapa

A liberação de íon fluoreto referente à 1ª etapa no dia 1 (72h após a confecção dos corpos de prova) em ordem decrescente dos materiais foram: Vidrion R> Maxxion R> Vitro Fil LC LC >Vitremer.

No dia 2, os CIVs Maxxion R, Vidrion R e Vitro Fil LC sofreram queda da liberação da concentração de íon fluoreto, ao contrário do Vitremer.

No dia 9 o Vidrion R, o Maxxion R e o Vitro Fil LC apresentaram queda na liberação da concentração de íon fluoreto, queda esta que se prolongou até o dia 17.

No dia 9, o Vitremer apresentou sua maior liberação da concentração de íon fluoreto, seguida de queda até o dia 17.

Todos os materiais liberaram íon fluoreto em água deionizada, com máxima liberação no dia 2, seguida de queda até o dia 17, com exceção do Vitremer.

Foi aplicado o teste Post Hoc de TUKEY comparando a média da liberação da concentração de íon fluoreto nos dias de leitura, e observou-se que houve diferença estatisticamente significante na 1ª etapa para o Maxxion entre as medidas do dia 1 e 2, 1 e 9, 1 e 17, 2 e 9, 2 e 17; para o Vidrion, entre as medidas do dia 1 e 2, 2 e 9, 2 e 17; para o Vitremer, entre os dias 1 e 9, 1 e 17, 2 e 9, 2 e 17 e para o Vitro Fil LC, 1 e 2, 1 e 9, 1 e 17. Portanto, pode-se observar que a partir do dia 9, não houve significância nos valores de liberação de íon fluoreto em nenhum dos materiais testados e apenas o Vitremer, não apresentou diferença significante entre o dia 1 e o dia 2.

Somente o Vidrion R não apresentou diferença estatisticamente significante nos dias 1 e 9 e 1 e 17.

Na 2ª etapa, foi realizada a recarga dos mesmos 20 corpos de prova dos 4 materiais testados na 1ª etapa utilizando flúor neutro gel tópico a 2%(m/v) e foram feitas 5 leituras para cada corpo de prova nos dias 1, 2, 9 e 17 para obtenção das médias e do desvio padrão de cada cimento testado, expressos

na tabela 6. Tabela 6- Valores da liberação da concentração de íon fluoreto na 2ª etapa com

...médias e desvios padrão.

DIAS..DE LEITURA 1 2 9 17 MÉDIAS/DESVIO PADRÃO Média Desvio padrão Média Desvio padrão Média Desvio padrão Média Desvio padrão MAXXION 105,5 3 7,56 142,77 9,51 195,9 9 20,10 189,4 2 3,44 VIDRION 111,0 5 10,22 192,10 23,34 133,4 3 10,86 105,1 7 5,63 VITREMER 61,58 5,03 74,85 2,99 52,34 1,88 34,78 1,92 VITRO FIL LC 61,56 0,98 140,86 15,14 42,24 1,22 26,87 1,99

No eixo das coordenadas no gráfico da figura 6 estão registrados os valores expressos em mg/L que correspondem às médias da liberação das concentrações de íons fluoreto. No eixo das ordenadas, foram registradas as médias das leituras das amostras de água deionizada dos dias 1, 2, 9 e 17,

dias estes que foram contados a partir do 1º dia após a recarga, ou seja do 20º dia após a confecção dos corpos de prova testados.

Figura 6- Gráfico da liberação da concentração de íon fluoreto na 2ª etapa

No dia 1 da 2ª etapa, os CIVs modificados por resina composta, apresentaram uma pequena liberação de íons fluoreto, e quando comparadostodos os materiais testados, esta liberação ocorreu na seguinte ordem decrescente: Vidrion R, Maxxion R e concomitantemente Vitro Fil LC e Vitremer.

No dia 2, todos os materiais testados apresentaram um aumento na liberação da concentração de íon fluoreto e a partir deste dia, todos os materiais apresentavam queda nesta liberação, com exceção do Maxxion R.

Os CIVs anidros apresentaram uma maior liberação da concentração de íons fluoreto em comparação com os modificados por resina composta.

No dia 9, o Maxxion R foi o material que apresentou a maior liberação da concentração de íons fluoreto e o Vidrion R apesar de ter apresentado queda em relação ao dia 9, continuou com uma alta liberação da concentração de íon fluoreto e os CIVs modificados por resina composta apresentaram queda nesta

liberação, com valores menores que nos dias 1 e 2 e esta queda continuou até o dia 17.

No dia 17, ocorreu uma liberação da concentração.de íons fluoreto..maior nos CIVs.anidros do que nos CIVs modificados por resina composta e o Maxxion R manteve uma alta liberação da concentração de íon fluoreto.

Ao aplicar o teste Post Hoc de TUKEY comparando a média da liberação da concentração de íon fluoreto após a recarga nos dias de leitura, observou-se que houve uma diferença do Maxxion R estatisticamente significante nas seguintes comparações: entre as medidas dos dias 1 e 2, 1 e 9, 1e 17, 2 e 9, 2 e 17, 9 e 17; para o Vidrion R entre as medidas dos dias 1 e 2, 1 e 17, 2 e 9 e 2 e 17; para o Vitremer entre os dias 1 e 9 e 1 e 17 e para o Vitro Fil LC entre os dias 1 e 2, 1 e 17.

Comparando o dia 2 com os dias 9 e 17 observou-se que apenas nos CIVs anidro ocorreu significância entre a liberação da concentração de íon fluoreto.

Comparando o dia 9 com o dia 17 observou-se que apenas o CIV anidro Maxxion R apresentou significância estatística na liberação da concentração de íon fluoreto.

O Maxxion R apresentou uma liberação de íon fluoreto estatisticamente significante em todos os dias testados.

Quando comparada a 1ª com a 2ª etapa, aplicando o teste t de Student, todos os materiais apresentaram diferença estatisticamente significante no que diz respeito à capacidade de recarga do íon fluoreto em todos os dias testados, exceto no dia 2 para o Vidrion R e para o Vitro Fil LC.

A liberação da concentração de íon fluoreto na 1ª e na 2ª etapa, o

.Maxxion R apresentou um comportamento mais homogêneo.

Na 3ª etapa, foi realizada a proteção da superfície de 9 corpos de prova do CIV Maxxion R, sendo 3 corpos de prova para cada material protetor testado: o adesivo odontológico Adper Scotchbond.,.o verniz cavitário Varnal e

o esmalte incolor para unhas. Foram realizadas 5 leituras para obtenção das médias e a partir destas o desvio padrão de cada material protetor testado.

Após a obtenção das amostras de. água deionizada ..nos 5 min., em 24h, em 48h e em 72h, foram realizadas leituras em um potenciômetro (tabela 7).

Tabela 7- Valores da liberação da concentração de íon fluoreto na 3ª etapa com média

...edesvio..padrão. LEITURAS 5min. 24h 48h 72h MÉDIAS/DESVIO PADRÃO Média Desvio padrão Média Desvio padrão Média Desvio padrão Média Desvio padrão ADESIVO 8,36 1,00 75,58 16,69 65,48 3,44 70,46 3,80 VERNIZ 2,70 ,39 79,86 5,66 66,12 10,32 71,14 11,32 ESMALTE 3,38 ,15 68,28 9,02 44,68 2,94 47,60 3,22

Nos primeiros 5min. todos os materiais testados protegeram a superfície dos corpos de prova, sendo que apenas o adesivo odontológico permitiu uma pequena liberação da concentração de íon fluoreto.

O verniz cavitário obteve o maior valor de liberação da concentração de íon fluoreto nas 24h, seguido do adesivo odontológico e do esmalte incolor para unhas.

Nas 24h a liberação de íon fluoreto foi a mais acentuada, seguida de uma pequena queda nas 48h com um pequeno aumento em todos os materiais de proteção nas 72h.

O adesivo odontológico e o verniz cavitário obtiveram valores semelhantes de liberação de íon fluoreto nas 48h e nas 72h e maior que o do esmalte incolor para unhas.

A menor liberação da concentração de íon fluoreto apresentada foi pelo esmalte incolor para unhas.

Estes resultados anteriormente citados estão descritos no gráfico da Figura 7.

Figura 7– Gráfico da liberação da concentração de íon fluoreto na 3ª etapa

Ao submeter os resultados da 3ª etapa ao teste Post Hoc de Tukey, observou-se que em todos os materiais, comparando os primeiros 5 min. com os outros tempos, as diferenças entre as médias da liberação das concentrações de íon fluoreto foram estatisticamente significantes.

Ao comparar os demais tempos, tanto o verniz quanto o esmalte incolor para unhas apresentou diferença estatisticamente significante nos tempos de 24h e 48h e 24h e 72h.

Ao comparar os materiais testados nos primeiros 5min., ocorreu uma liberação da concentração de íon fluoreto estatisticamente significante.

Nas 24h todos os materiais testados apresentaram suas maiores liberações da concentração de íon fluoreto, e houve diferença estatisticamente significante entre o esmalte odontológico e o verniz cavitário.

Nas 48h e 72h, tanto o adesivo odontológico quanto o verniz cavitário em relação ao esmalte incolor para unhas apresentaram diferenças estatisticamente significantes no que diz respeito à liberação da concentração de íon fluoreto.

6 DISCUSSÃO

O íon fluoreto é um dos principais elementos utilizados para a prevenção de cárie dentária (BUSALAF, 2008) e a sua presença na cavidade bucal favorece a transformação da hidroxiapatita em fluorapatita, reduzindo a sua dissolução, que pode ser causada pela produção de ácidos da placa bacteriana (LOYOLA - RODRIGUES, GARCIA – GODOY e LINDQUIST, 1994; FORSTEN, 1998). Além disso, o íon fluoreto atua nos microorganismos cariogênicos, alterando seu estado fisiológico através: da sua adesão direta à enzimas e à outras proteínas bacterianas; da formação de complexos de íons fluoreto com alumínio ou berílio e da sua ação como um condutor de prótons transmembrana (MARQUIS et al., 2003).

Salienta-se a importância da constante presença do íon fluoreto na cavidade bucal e em materiais odontológicos que tenham capacidade de liberar e recarregar íon fluoreto deixando as estruturas mineralizadas dos dentes mais resistentes (MOUSAVINASAB e MEYERS, 2009; SILVA et al., 2010).

Os CIVs são materiais de uso odontológico que podem ser indicados para: o tratamento de ART (FRENCKEN et al., 2004), a inibição de cárie dentária (ARAÚJO et al., 2006); o tratamento de lesões não cariosas (FRANCISCONI et al., 2009), o selamento de cicatrículas e fissuras (SACHIN, 2011) e ainda para evitar a microinfiltração marginal (ASHWIN e ARATHI, 2011) devido as ligações iônicas com o esmalte e a dentina (FRANCISCONI et al. 2009; SACHIN, 2011).

Dada a importância, supracitada, da presença dos íons fluoreto nas estruturas mineralizadas dos dentes, neste trabalho avaliou-se os níveis da concentração de liberação de íon fluoreto dos 4 CIVs sendo 2 anidros e 2 modificados por resina composta.

A potenciometria é um método eficaz para verificar a diferença de potencial de uma solução (SKOOG, 2009). Esta diferença é convertida no valor

de concentração do íon em análise, presente na solução, através de uma curva de calibração (HARRIS, 2008).

No presente estudo foi empregada a potenciometria, para realizar a análise da liberação da concentração de íon fluoreto de CIVs antes e após a recarga dos mesmos, bem como após o emprego dos protetores testados.

As soluções utilizadas em Odontologia para verificar a liberação de um íon, são, na sequência de sua eficácia, uma solução desmineralizante, uma solução remineralizante, água deionizada e por fim a saliva artificial; a água deionizada é um bom meio para a avaliação da liberação de fluoreto pois não promove interferência iônica na solução (CURY et al., 1993). Para verificar a concentração da liberação de íon fluoreto utilizou-se no presente estudo a água deionizada.

Tanto os CIVs anidros quanto a parte ionomérica dos CIVs modificados por resina composta possuem reação de presa de 48h, podendo ocorrer grande movimentação iônica, facilitando a liberação de íons ativos, entre eles o fluoreto (PEDRINI et al., 2003). Fundamentado no acima exposto, neste estudo, a 1ª análise só foi realizada em 72h uma vez que aguardou-se 48h para que ocorresse a reação de geleificação dos CIVs anidros e da parte ionomérica dos CIVs modificados por resina composta e mais 24h para a coleta da amostra.

Os CIVs podem recarregar e liberar íons fluoreto (PEDRINI et al., 2003; XU e BURGUES, 2003; RODRIGUES et al., 2005; MARKOVIC et al., 2008; MOUSSAVINASAB e MEYERS, 2009; SILVA et al., 2010), através do fenômeno de sinérese e embebição (FORSTEN, 1998). A presença dos íons fluoretos livres nos CIVs após a sua completa reação de presa, juntamente com a recarga são responsáveis pela sua contínua liberação em meio líquido (SILVA et al., 2010). Os CIVs podem ser recarregados através da absorção de íon flúor do uso tópico em forma de gel (PEDRINI et al., 2003; SILVA et al., 2010); a partir de dentifrícios fluoretados (RODRIGUES et al., 2005; MOUSAVINASAB e MEYERS, 2009); de soluções para bochecho (WHITFORD, 1992; MOUSAVINASAB e MEYERS, 2009) e oriundos de alimentos (BUSALAF, 2008).

Para análise da concentração da liberação de íon fluoreto, diferentes intervalos de tempo foram empregados nos trabalhos revisados, 2 etapas de 15 dias, antes e após a recarga com flúor tópico gel a 2% a cada 24h (PEDRINI et al., 2003); nos dias 1, 7 e 14 antes e após a recarga (XU e BURGUES, 2003); em 2 etapas sucessivas, nos dias 1, 2, 7 e 14 antes e após a recarga com flúor tópico gel a 2% (SILVA et al., 2010); Os estudos de Vermeersch et al. (2001), avaliaram a liberação da concentração de íon fluoreto em cada tipo de material em uma única etapa com diferentes intervalos de tempo, durante 91 dias.

Dada a importância da contínua liberação da concentração de íon fluoreto para as estruturas mineralizadas dos dentes, optou-se neste estudo por realizar as leituras em duas etapas, na 1ª etapa, para avaliar a liberação da concentração de íon fluoreto existente nos CIVs testados e na 2ª etapa, para avaliar a liberação da concentração de íon fluoreto após a sua recarga com flúor tópico gel a 2%, e as leituras foram efetuadas nos dias 1, 2, 9 e 17 escolhidos de forma aleatória, uma vez que não há uma padronização na literatura.

Materiais restauradores com alta liberação de íon fluoreto apresentam-se com propriedades mecânicas baixas; e os CIVs modificados por resina composta apresentam uma maior força de compressão devido à presença da matriz resinosa, contendo sílica, copolímeros de Bis-GMA, UEDMA e TEGDMA, que têm maior força e resistência do que a rede gel formada pela reação ácido-base dos CIVs anidros (XU e BURGUES, 2003).

A maior liberação da concentração de íon fluoreto foi observada na 1ª etapa no dia 2 deste trabalho, quando ocorreu uma maior liberação de íon fluoreto e estatisticamente significante para o Vidrion R, seguido do Maxxion R e do Vitro Fil LC; e na 2ª etapa no dia 2 pelo CIV anidro Vidrion R e Maxxion R e no dia 9, o Maxxion R apresentou sua maior liberação da concentração de íon fluoreto, bem como um comportamento mais homogêneo e uma liberação de íon fluoreto estatisticamente significante em todos os dias testados.

A liberação de íon fluoreto apresenta efeito inibitório sobre a cárie dentária (FORSTEN, 1998; RANDALL e WILSON, 1999; ARAÚJO et al., 2006;

DHONDT et al., 2001; VERMEESCH et al., 2001). Além de facilitar a remineralização dos tecidos dentários durante os processos cíclicos de desmineralização e remineralização, o fluoreto atua sobre os microrganismos cariogênicos, alterando sua fisiologia (FORSTEN, 1998). A atividade antimicrobiana dos CIVs tem sido relacionada ao baixo pH inicial, à liberação da concentração de fluoreto ou a componentes químicos tais como o Al e o Fe encontrados no seu pó, e a adição de ZnSO4 aumenta significantemente a liberação da concentração de íon fluoreto e a inibição do crescimento de S. mutans, sem interferir nas propriedades mecânicas desses materiais (LOYOLA - RODRIGUES, GARCIA – GODOY e LINDQUIST, 1994). Tal liberação a curto e à longo prazo, ligados à diferentes metais alcalinos independe a que metal alcalino esteja ligado, mas sim da sua concentração e do tempo que fica em contato com um meio líquido (DHONDT et al., 2001). Outro ponto que deve ser ressaltado é que mais porosidades levam a uma maior facilidade de recarga e, conseqüentemente, ocorre uma maior liberação de íons fluoreto após sua recarga (PEDRINI et al., 2003). Quando os íons fluoreto são liberados em baixas concentrações e constantes no meio bucal, tem se mostrado mais eficiente do que em altas concentrações e em apenas uma aplicação (RODRIGUES et al., 2005).

Quando comparada a 1ª com a 2ª etapas deste trabalho, todos os materiais apresentaram diferença estatisticamente significante no que diz respeito à capacidade de recarga do íon fluoreto em todos os dias de leitura, exceto no dia 2 para o Vidrion R e para o VitroFil LC. Os CIVs anidros testados apresentaram uma maior liberação da concentração de íon fluoreto na 1ª etapa especialmente no dia 2 e, na 2ª etapa tal liberação foi claramente superior pelos CIVs anidros em todos os dias testados, corroborando com o trabalho de Xu e Burgues, (2003) que relataram que quando os CIVs anidros apresentam uma maior liberação de íon fluoreto antes da recarga, apresentam também uma maior capacidade de recarga; e com os estudos de Mousavinasab e Meyers (2009); Ashwin e Arathi (2010), obtiveram como resultado uma maior liberação de íon fluoreto nos CIVs convencionais do que nos modificados por resina composta.

A liberação de íon fluoreto se dá por um processo complexo, no qual algumas características devem ser consideradas: como a diferença na composição, a difusão do íon fluoreto em cada material, a energia de superfície a solubilidade do material e a sua porosidade (PEDRINI et al., 2003; SILVA et al., 2010); a razão pó/liquido utilizada ao manipular o CIV pode alterar a capacidade de recarga (VERMEERSCH et al., 2001; SILVA et al., 2010); e Cury et al. (1993), acrescentaram que as interações superficiais, a força iônica, o pH do meio e o grau de saturação também podem interferir na capacidade de recarga e subseqüente liberação da concentração de íon fluoreto.

Na 2ª etapa desta pesquisa, todos os CIVs testados foram capazes de recarregar e novamente liberar íon fluoreto; e neste quesito os CIVs anidros foram superiores aos CIVs modificados por resina composta.

Portanto a liberação da concentração de íons fluoreto antes e após recarga, é de grande importância na avaliação do potencial preventivo dos CIVs (SILVA et al., 2010).

É importante a proteção da superfície dos CIVs, pois contribui para que a umidade não interfira na sua reação de geleificação, apesar de ser conhecido que os produtos utilizados para este fim são desgastados nas primeiras horas após a realização da restauração (RIBEIRO et al.,1999). Os CIVs submetidos à proteção, apresentam menores valores de solubilidade e desintegração que os não protegidos (RIBEIRO et al., 2006).

Neste estudo todos os valores de liberação da concentração de íon fluoreto dos materiais protetores testados foram estatisticamente significantes nos primeiros 5min., sendo que apenas o adesivo odontológico permitiu uma pequena liberação deste íon. Quando comparados os demais tempos de leitura, os protetores testados foram eficazes, dificultando a liberação da concentração deste íon. Os materiais que liberaram maior quantidade de íon fluoreto após a proteção da superfície em ordem decrescente são os seguintes: verniz cavitário, adesivo odontológico e esmalte incolor para unhas, portanto o esmalte apresentou maior efetividade para a proteção da superfície dos CIVs e houve diferença estatisticamente significante entre o esmalte odontológico e o

verniz cavitário nas 24h e tanto o adesivo quanto o verniz cavitário em relação ao esmalte nas 48h e 72h.

Embora não seja objeto deste estudo, é de fundamental importância ressaltar a toxicidade do íon fluoreto. Cuja a necessidade e as implicações da adição de íons fluoreto aos CIVs é questionada por Ripa (1991). A ocorrência de 3 mortes, em 1978, causadas pela ingestão de íons fluoreto presentes em produtos odontológicos e acidentes que ocorreram quando o íon fluoreto foi utilizado nas residências como inseticidas, comprovam a sua toxicidade (WHITFORD, 1992). Para Busalaf (2008) altos níveis de íon fluoreto na água de abastecimento, podem desencadear alterações no esmalte dentário, levando a manchas, conhecidas como fluorose dentária, mas também comprometer sistemicamente o organismo.

Na escolha de um material restaurador deve-se considerar não somente a liberação da concentração de íons fluoreto, mas também todas as suas propriedades, associadas às necessidades clínicas.

7 CONCLUSÃO

.Os CIVs anidros tiveram maior efetividade na liberação de íon fluoreto em comparação com os CIVs modificados por resina composta na 1ª e 2ª etapas e o Maxxion R apresentou um comportamento homogêneo e estatisticamente significante.

.Os CIVs possuem a capacidade de recarregar e de novamente liberar íon fluoreto, especialmente os anidros, contribuindo para a prevenção e a inibição da cárie dentária.

.A proteção é importante para dificultar a solubilização dos CIVs, especialmente antes de completar sua reação química. Todos os materiais protetores testados foram eficazes, sendo que o esmalte incolor para unhas foi o que apresentou melhor comportamento neste quesito.

REFERÊNCIAS*

ARAÚJO, J. M. et al. Estudo comparativo do efeito de diferentes materiais restauradores estéticos fluoretados no desenvolvimento de cárie em dentes decíduos. Pesq. Bras. Odontoped. Den. Clin. Integr., v.6, n.2, p.131-136, mai/ago. 2006.

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