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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

3. METODOLOGIA

3.1. Objetivos do estudo

Como já referido ao longo deste relatório, um olhar mais atento sobre o papel do aluno, na gestão do seu processo de aprendizagem, nos momentos de TEA, permitiu verificar que os alunos não geriam da melhor forma este tempo de estudo. Em conformidade, identifica-se como objetivo geral da investigação: estudar os processos de autorregulação da aprendizagem realizada pelo aluno durante o TEA. Pretende-se

36 deste modo compreender de que forma o trabalho autónomo desenvolvido pelos alunos no TEA os ajuda na aquisição de competências de autorregulação das suas aprendizagens.

Em conformidade com o objetivo geral, identificam-se como objetivos específicos, os seguintes:

i) descrever as formas de planificação do trabalho dos alunos relativas ao TEA;

ii) descrever os modos de autoavaliação do trabalho realizado pelos alunos durante o TEA;

iii) comparar os modos de planificação e de autoavaliação do trabalho desenvolvido pelos alunos no TEA (na fase prévia a este estudo e na fase final, após a aplicação de um dispositivo de acompanhamento a este trabalho (devolução de feedback), implementado com a ajuda da investigadora.

3.2. Opções metodológicas

Apresenta-se nesta secção, as opções e procedimentos metodológicos utilizados ao longo de todo o processo de desenvolvimento do estudo.

3.2.1. Natureza do estudo

No que diz respeito à natureza do estudo, a opção metodológica que nos pareceu mais adequada foi o recurso a uma metodologia de natureza qualitativa, com procedimentos metodológicos próximos da investigação-ação.

Segundo alguns autores, a metodologia qualitativa “centra-se na compreensão dos problemas, analisando os comportamentos, as atitudes ou os valores” dos indivíduos (Sousa & Baptista, 2011). Ainda segundo os autores Sousa & Batista (2011), a metodologia qualitativa possui caraterísticas indutivas e descritivas, visto que o investigador “desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados”.

37 Para Coutinho (2016) “a Investigação-ação é um processo em que os participantes analisam as suas próprias práticas educativas de uma forma sistemática e aprofundada”. Segundo a mesma autora a investigação-ação é uma investigação que incluí a ação (ou mudança). Com este tipo de metodologia pretendeu-se melhorar a prática através da mudança e da aprendizagem a partir das consequências dessas mudanças (Sousa & Baptista, 2011).

No estudo que se apresenta, a investigadora, a partir da análise de uma prática pedagógica propõe-se, melhorar esta prática, mais especificamente, a prática de organização e gestão do trabalho realizado pelos alunos no TEA, no sentido do desenvolvimento de competências de autonomia e responsabilização dos alunos na condução dos seus próprios processos de aprendizagem.

3.2.2. Métodos e técnicas de recolha e análise de dados

No decorrer da investigação as técnicas de recolha de dados utilizados foram a análise documental, inquérito por questionário, observação participante, notas de campo, e o focus group.

O inquérito por questionário “consiste em colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente representativo de uma população, uma série de perguntas” (Quivy & Campenhoudt, 2017). Ainda segundo os autores esta técnica é utilizada quando se pretende “o conhecimento de uma população enquanto tal: as suas condições e modos de vida, os seus comportamentos, os seus valores ou as suas opiniões”. No caso do presente estudo, o inquérito por questionário serviu para inquirir os alunos sobre as suas áreas de interesse e dificuldades. (cf. Anexo P).

A análise documental é uma técnica que permite complementar as informações obtidas por outras técnicas (Sousa & Baptista, 2011). Esta foi uma das técnicas mais utilizadas (cf. Anexo S), e permitiu a recolha de informações da planificação do trabalho individual dos alunos e da forma como se autoavaliam.

A observação participante é uma técnica “adequada ao investigador que pretende compreender, num dado meio social, um fenómeno que lhe é exterior e que lhe vai permitir integrar-se nas actividades/vivências das pessoas que nele vivem”

38 (Sousa & Baptista, 2011). Esta técnica permitiu recolher as informações sobre o funcionamento da rotina do TEA na turma. Através da observação foi possível verificar a forma como a OC dinamizava o TEA e a forma como os alunos geriam o seu tempo de estudo. É através da observação que “o investigador consegue documentar atividades, comportamentos e características físicas sem ter de depender da vontade e capacidade de terceiras pessoas” (Coutinho, 2016).

Na observação participante é importante registar tudo o que se observa de pertinente, “este registo pode fazer-se no momento da observação de um acontecimento ou num desenrolar de um conjunto de acontecimentos que decorrem num período de tempo” (Sousa & Baptista, 2011).

Para terminar importa referir o focus group ou “grupo de discussão como uma técnica que visa a recolha de dados, podendo ser utilizada em diferentes momentos do processo de investigação” (Silva, Veloso, & Keating, 2014). Consiste numa discussão em grupo sobre um tema específico. No contexto do estudo o focus group serviu para, em grande grupo, refletir-se sobre as formas de planificação e de autoavaliação dos alunos durante o TEA.

Tendo em conta a natureza qualitativa dos dados recolhidos estes foram tratados com recurso à análise de conteúdo. Para o efeito seguimos os pressupostos sugeridos por Bardin (2013), no tratamento dos dados: a pré-análise, a exploração do material, o tratamento de resultados e as interpretações (que inclui resultados, inferências e interpretação). Recorreu-se a esta técnica para tratar os comentários de autoavaliação dos alunos ao longo do processo.

3.2.3. Procedimentos metodológicos para o início e condução do estudo

1.ª Semana: Ponto de partida para o estudo:

- Análise das formas de planificação e de autoavaliação dos alunos nos PIT nº9 e nº10. Síntese de ocorrências pertinentes.

- Devolução, em conselho de cooperação educativa, do feedback do trabalho planificado e autoavaliado pelos alunos nos PIT nº9 e nº10.

39 2.ª Semana:

- Análise das formas de planificação e de autoavaliação dos alunos nos PIT nº11. Síntese de ocorrências pertinentes.

- Devolução, em conselho de cooperação educativa, do feedback do trabalho planificado e autoavaliado pelos alunos nos PIT nº11.

3.ª Semana:

- Análise das formas de planificação e de autoavaliação dos alunos nos PIT nº12. Síntese de ocorrências pertinentes.

- Devolução, em conselho de cooperação educativa, do feedback do trabalho planificado e autoavaliado pelos alunos nos PIT nº12.

4.ª Semana:

- Análise das formas de planificação e de autoavaliação dos alunos nos PIT nº13. Síntese de ocorrências pertinentes.

- Devolução, em conselho de cooperação educativa, do feedback do trabalho planificado e autoavaliado pelos alunos nos PIT nº13.

5.ª Semana:

- Análise das formas de planificação e de autoavaliação dos alunos nos PIT nº14 Síntese de ocorrências pertinentes.

- Devolução, em conselho de cooperação educativa, do feedback do trabalho planificado e autoavaliado pelos alunos nos PIT nº14.

6.ª Semana:

- Análise comparativa dos dados relativos ao trabalho planificado e comentários de autoavaliação dos alunos ao longo do processo.

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3.3. Caracterização do Contexto e dos Participantes

Neste estudo participaram 19 alunos de uma turma do 1.º ano de escolaridade, com idades compreendidas entre os 5 e os 7 anos. Tanto o contexto como os participantes foram devidamente apresentados na Parte I, do presente relatório final.

Embora o estudo tivesse sido desenvolvido com toda a turma, neste relatório apenas daremos conta dos resultados de 6 alunos, cujos critérios de seleção foram os seguintes: 2 alunos que revelavam mais dificuldades de autonomia e responsabilização no TEA (A17 e A18), 2 alunos que não revelavam muitos problemas de autonomia e responsabilização no TEA (A6 e A15) e 2 alunos que se encontravam acima da média da turma nas competências de autonomia e responsabilização no TEA (A7 e A14).

3.4. Princípios éticos do processo de investigação

É importante referir que o processo de intervenção e de investigação, foi realizado tendo em consideração os princípios éticos necessários para uma ação desta natureza. Segundo autores como (Sousa & Baptista, 2011), “o investigador deve ter presente um conjunto de princípios que podem orientar o seu desempenho. Estes princípios contribuem para a formação da sua identidade profissional e para um processo de investigação de maior qualidade”. Posto isto, os alunos da turma foram informados sobre as finalidades do estudo, foram informados que os dados não seriam revelados e que seriam utilizados apenas para fins de investigação.

Durante todo o processo, os alunos foram informados sobre os avanços e recuos da investigação, em reuniões semanais de feedback em grande grupo, de modo a que pudessem ter a oportunidade de melhorar o seu desempenho.