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LISTA DE SÍMBOLOS, NOMECLATURAS E ABREVIAÇÕES

2.3 METODOLOGIA EXECUTIVA

A estaca hélice contínua em seu processo executivo compreende as seguintes etapas: perfuração, concretagem simultânea à extração da hélice do terreno e colocação da armadura (ver ilustração apresentada na Fig. 2.1).

Figura 2.1 - Ilustração da seqüência executiva da estaca hélice contínua monitorada: a e b – perfuração; c – concretagem; d – colocação da armadura.

2.3.1 - Perfuração

Inicialmente é realizada a perfuração do terreno por rotação do trado contínuo, sendo esta imposta pela mesa giratória do equipamento gerando um torque necessário capaz de superar a resistência do terreno. Tal etapa de execução pode ser vista na Fig. 2.2.

Figura 2.2 - Perfuração do terreno com trado contínuo.

A haste de perfuração é constituída de uma hélice espiral desenvolvida em torno de um tubo central, sendo que em sua extremidade inferior existem dentes (garras) capazes de cortar o terreno. Em terrenos mais resistentes esses dentes podem ser substituídos por pontas de vídia (Hachich et al., 1996).

Para impedir a entrada de solo ou água no tubo central durante a escavação, é colocada na extremidade da hélice uma tampa metálica provisória sendo esta expulsa pelo concreto no início da concretagem.

A profundidade de perfuração é definida de acordo com o projeto e em nenhum momento durante a perfuração o trado da hélice deverá ser retirado, garantindo assim que não ocorra alívio de tensões no solo. Tal característica torna possível a execução da estaca hélice contínua tanto em solos coesivos como arenosos, na presença ou não do lençol freático.

Durante todo o processo de perfuração do terreno é feito o registro instantâneo, pelo sistema de monitoração, da profundidade de penetração, do torque aplicado pela mesa rotativa, da velocidade de avanço e da rotação do trado. À medida que a resistência do solo aumenta, a relação entre a velocidade de avanço e a rotação do trado diminui.

No intuito de minimizar o efeito do desconfinamento provocado pela remoção excessiva do solo durante a penetração, a velocidade de penetração do trado deverá ser igual ou bem próxima ao produto da velocidade de rotação do trado pelo seu passo. Quando a

velocidade de penetração do trado é muito maior, a probabilidade de prendê-lo é grande. Em contrapartida, quando essa velocidade é muito menor o trado funciona como um transportador provocando, assim o desconfinamento do solo circundante com a conseqüente perda de capacidade de carga (Penna, et al. 1999).

2.3.2 - Concretagem

Após atingida a profundidade desejada com o trado contínuo, inicia-se a fase de concretagem da estaca que consiste no bombeamento de concreto pelo interior da parte central do trado. Anteriormente ao início da concretagem levanta-se o trado cerca de 30 cm, permitindo a expulsão da tampa provisória.

A partir desse instante, à medida que o concreto é bombeado, é realizada a extração do trado de forma lenta e contínua sem girar ou, no caso de terrenos arenosos, girando-se lentamente no mesmo sentido da perfuração. Pode ser visto na Fig. 2.3 a extração e a limpeza manual do material contido entre as lâminas do trado, à medida que a estaca é concretada.

Figura 2.3 - Extração do trado e concretagem da estaca.

No intuito de se evitar vazios no momento da retirada da hélice do terreno e o conseqüente preenchimento do fuste com concreto, a aplicação deste deverá ser feita com uma pressão de injeção positiva ou, no mínimo, zero. Tais parâmetros devem ser controlados pelo operador, podendo-se com isso evitar possíveis estrangulamentos e seccionamento do fuste da estaca.

Durante a extração da hélice, o solo que fica confinado nas lâminas é removido manualmente ou com o auxílio de um limpador mecânico sendo então transportado para fora da área de trabalho por uma pá-carregadeira de pequeno porte.

O concreto bombeado apresenta normalmente as seguintes características: • resistência característica (fck) : 20 MPa;

• consumo mínimo de cimento : 400 kg/m³; • agregados: areia e pedrisco ou brita 0; • Slump test : 22 ± 2 cm;

• Fator água – cimento : 0,55.

Geralmente o concreto na estaca é aplicado até a superfície de trabalho, podendo haver o seu arrasamento em cota abaixo da superfície. Com isso, devem ser analisadas a conseqüente colocação da armadura e a estabilidade do furo no trecho não concretado, garantindo assim, a não contaminação do concreto com o solo. Usualmente a concretagem excede a cota de arrasamento para expulsar o concreto contaminado com solo.

2.3.3 - Colocação da armadura

Após finalizada a etapa de concretagem da estaca, o processo de execução exige a colocação da armadura no concreto fresco e portanto com as dificuldades inerentes a este processo de instalação. Tal armadura longitudinal deverá ser convenientemente projetada avaliando seu peso e rigidez de acordo com o seu comprimento.

A colocação da armadura poderá ser feita manualmente, com o auxílio da própria mesa da perfuratriz ou pela pá-carregadeira utilizada para retirada do material escavado. Pode-se utilizar no auxílio da colocação da armadura um vibrador, prática esta recomendada pela bibliografia internacional, porém pouco utilizada no Brasil. Na Fig. 2.4 verifica-se a colocação da armadura feita de forma manual.

As “gaiolas” são constituídas de barras grossas (usualmente com diâmetro igual ou superior a 16 mm), estribo helicoidal soldado nas barras longitudinais ou circulares e a extremidade inferior com seção tronco-cônica (“pé”), num trecho de 1 m, facilitando com isso sua introdução no concreto. Para que se tenha uma maior facilidade na colocação da armadura, recomenda-se que o concreto possua um “slump” elevado especificado e que o tempo decorrido entre o término da concretagem e a colocação da armadura seja o menor possível.

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 1996), as estacas submetidas a esforços de compressão normalmente não necessitam de armação, podendo, de acordo com a análise do projetista, ser colocada apenas uma armação de ligação com o bloco. Em estacas submetidas a esforços de tração ou transversais, os quais necessitam de uma armadura longa, é maior a utilização de espirais em substituição aos estribos circulares, evitando, com isso, emendas por transpasse fato este que dificultaria a colocação da armadura.

Sugere-se um comprimento mínimo da armadura, abaixo da cota de arrasamento, de 3 m para as estacas com diâmetro de até 50 cm e 5 m para as demais (Velloso & Alonso, 2000). Atualmente, verificando a prática nacional, a armadura já tem atingido mais de 20 m de comprimento. Para garantir o cobrimento da armadura ao longo do fuste da estaca, esta deve estar centralizada sendo colocados também espaçadores tipo pastilha.

2.4 - EQUIPAMENTOS

Para a execução da estaca hélice contínua no terreno é utilizado um equipamento dotado dos seguintes elementos: torre metálica vertical, trados da hélice contínua, mesa rotativa de acionamento hidráulico, sistema de monitoração e ferramenta de limpeza do trado.

A torre metálica deve possuir altura apropriada de acordo com a profundidade da estaca, sendo que em suas extremidades possuem duas guias, onde a inferior pode ser substituída pelo limpador de trado. O torque apropriado ao diâmetro e a profundidade da estaca é aplicado pela mesa rotativa, sendo que esta possui um guincho dimensionado em função dos esforços de tração necessários para a extração do trado. Durante a etapa da concretagem, a mesa rotativa é quem recebe a mangueira de concreto proveniente da bomba.

Figura 2.5 - Equipamento para execução.

De acordo com as características dos equipamentos encontrados no Brasil, estes podem ser genericamente classificados em três grupos distintos, conforme ilustrado na Tab. 2.1. Esta classificação, descrita por Penna et al. (1999), relaciona a capacidade executiva do equipamento, principalmente pelo torque aplicado ao trado e pela capacidade de retirar a haste cheia de solo durante a concretagem.

Tabela 2.1 - Características dos grupos de equipamentos (Penna et al., 1999).

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3

Torque (kN.m) 30 80 - 100 150 - 250

Diâmetro máximo (mm) 425 800 1200

Comprimento máximo (m) 15 23 28

Tração (kN) 60 - 100 150 - 300 400 - 700

Peso do conjunto (kN) 200 400 650 - 800

Na análise do equipamento necessário para se executar a estaca verificam-se as características principais deste, como o torque, a tração e a geometria do trado.

Com a evolução dos equipamentos ao longo das últimas décadas, os torques foram sendo incrementados permitindo a utilização de trados com maiores diâmetros e atravessadas camadas mais resistentes de solo. Com isso foi garantida uma maior qualidade de perfuração, evitando-se conseqüentemente uma remoção excessiva do solo durante a perfuração.

A maior ou menor facilidade da retirada do trado durante a concretagem é dada fundamentalmente pela tração do equipamento, na qual auxilia principalmente quando o trado está preenchido com solo e concreto no interior da haste, juntamente com o atrito do trado com o solo circundante, garantindo um peso elevado ao trado.

De acordo com o tipo de solo a ser perfurado, deve ser estabelecida a geometria do trado em função do tipo e inclinação da lâmina de corte colocada em sua ponta, do passo da hélice e da inclinação da hélice em relação a vertical. Estas características irão influir na velocidade de perfuração, na capacidade de atravessar camadas resistentes e na maior ou menor retirada de solo durante a descida do trado (Penna et al., 1999).

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