• Nenhum resultado encontrado

2.3. METODOLOGIA MCT DE CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS TROPICAIS

2.3.4. Metodologia Expedita de Caracterização dos Solos Tropicais

A primeira tentativa feita para uma identificação expedita dos grupos da classificação MCT foi proposta por Nogami e Cozzolino (1985). Nessa proposta, que se baseia em determinações predominantemente do tipo visual-táctil da fração do solo que passa na peneira 0,42 milímetros, aproveitaram-se algumas determinações tradicionais, mas introduziram-se alterações substanciais nessas e desenvolveram-se outras determinações inteiramente novas, como a do comportamento de pastilhas moldadas em anéis de 20 milímetros de diâmetro e 5

- 21-

milímetros de altura. Como resultado final, chega-se às classes e tipos granulométricos da classificação MCT, mas não diretamente aos grupos dessa classificação (Nogami e Villibor, 1995)

Fortes (1990) e Fortes e Nogami (1991), baseando-se nas determinações propostas inicialmente por Nogami e Cozzolino, a partir de algumas alterações, apresentaram uma proposta para a identificação dos grupos da metodologia MCT. Esta proposta de ensaio corresponde a uma série de determinações rápidas e simples, baseadas em índices empíricos e determinações qualitativas, utilizando aparelhagem simples e ainda possível de ser efetuada no campo.

Nogami e Villibor (1994, 1996), buscando simplificar o método de identificação expedita dos grupos da metodologia MCT, propuseram a identificação destes grupos a partir de um gráfico que relaciona a contração diametral das pastilhas e capacidade de penetração dos solos destas pastilhas (Figura 2.4). Já em 1997, Fortes apresentou na 1ª Câmara Permanente de Desenvolvimento Tecnológico ocorrida na Universidade Mackenzie uma proposta de normalização do método das pastilhas para identificação expedita dos solos tropicais. Deste então, este procedimento para investigação expedita geotécnica, segundo a metodologia MCT, tem sido utilizado, com sucesso, em todo o país, em locais onde ocorrem solos tropicais (Fortes et al., 2004).

De acordo com a metodologia proposta por Nogami e Villibor (1994), o parâmetro contração refere-se à contração diametral da pastilha de solo. A pastilha é moldada após intensa espatulação da pasta de solo e ajuste da penetração desta pasta, que deve ser igual a 1 milímetro. Os esferóides de solo são, então, colocados dentro de anéis de aço e amolgados com o auxílio do dedo, o que permite o preenchimento dos anéis. Os anéis preenchidos com o solo são acondicionados em suporte apropriado, os quais permitem mantê-los em posição vertical e, posteriormente, transferidos para uma estufa com 60° C de temperatura ou então deixados para secagem ao ar, respectivamente por um período de no mínimo 6 horas e 12 horas. A contração é medida diretamente, quando da retirada do conjunto anel-pastilha de solo da estufa ou da decorrência do tempo mínimo permitido para a permanência do conjunto em secagem ao ar.

Para a medida da contração, deve-se observar se a pastilha destacou-se do anel. Caso isso não ocorra, a medida de contração é feita com o auxílio de uma intensa fonte de luz. Colocando-se

- 22-

os conjuntos contra a fonte de luz, deve-se observar se a passagem de luz no contato anel- pastilha é contínua ou não. Caso a passagem de luz seja descontínua ou inexistente, adota-se uma contração < 0,1 milímetro. Se a passagem for contínua, deve-se adotar uma contração igual a 0,1 milímetro. Quando a pastilha destaca-se do anel, a medida da contração pode ser feita diretamente, com o auxílio de uma escala milimétrica e uma lupa, ou então a partir da medida dos diâmetros das pastilhas e da parte interna dos anéis, com o uso de um paquímetro (Fortes et al., 2004).

O parâmetro penetração refere-se à penetração da pasta de solo por uma agulha padrão de um penetrômetro, quando aplicada verticalmente na superfície da pastilha após o processo de reabsorção de água por esta. Este parâmetro é determinado a partir da transferência dos anéis de aço contendo as pastilhas para uma placa porosa saturada e recoberta por papel filtro. O tempo de ascensão da água na pastilha de solo deve ser determinado e só então a pastilha é deixada em repouso por um período de 2 horas. A agulha do penetrômetro padrão é encostada verticalmente no centro da pastilha, e este é solto. A penetração é medida utilizando-se do dispositivo de medida existente na ponta da agulha. A partir dos parâmetros contração diametral e penetração é possível localizar os grupos de solos propostos pela classificação MCT na carta de classificação.

- 23-

CAPÍTULO 3

Análise Mecanística dos

Pavimentos

3.1. INTRODUÇÃO

Aliando-se à proposta de utilização de materiais não convencionais em pavimentação, fundamentada pela metodologia desenvolvida por Nogami e Villibor na década de 80, os estudos realizados na COPPE/UFRJ, a partir de 1977, sob o comando do Professor Jacques de Medina propiciaram avanços na análise do comportamento dos solos brasileiros sob a ação de cargas repetidas e embasaram o desenvolvimento de uma abordagem racional na concepção e avaliação de desempenho das estruturas de pavimentos no país.

Os pavimentos, dentro de uma abordagem mecanística, devem ser entendidos como sistemas formados por camadas e sujeitos às cargas transferidas pelos veículos. Os parâmetros de deformabilidade dos materiais constituintes das camadas do pavimento possibilitam a determinação das tensões, deformações, deslocamentos e ainda a previsão da ruptura por fadiga da estrutura.

Propôs-se nesta dissertação avaliar os parâmetros de deformabilidade dos solos lateríticos finos constituintes do subleito e dos demais materiais constituintes de um pavimento executado na cidade de Brasília, a partir de ensaios de campo e laboratoriais. Como forma de fundamentar os estudos sobre os parâmetros de deformabilidade dos solos, apresenta-se neste capítulo um breve histórico da mecânica dos pavimentos e as suas principais aplicações, além de uma revisão bibliográfica dos principais ensaios utilizados nesta pesquisa com vistas a determinar parâmetros que permitam, direta ou indiretamente, avaliar as características de deformabilidade dos solos.

- 24-