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4.1 Caracterização da área de estudo

A área objeto do estudo centra-se no Estado de Mato Grosso do Sul, o 6º estado do país em extensão territorial, com uma área de 357.145,53 km2, localizado ao sul da Região Centro-Oeste brasileiro, com uma população estimada de 2.651.235 habitantes, em 2015 (IBGE, 2015), conforme Figura 9.

Figura 9. Estado de Mato Grosso do Sul – Brasil. Fonte: SEMAC/SUPLAN (2014)

A pesquisa foi realizada nas propriedades rurais, representadas nos pontos (“A até S”), conforme se observa na Figura 10, localizadas nos municípios de Dourados, Douradina, Glória de Dourados, Itaporã, Itaquiraí, Jateí e Mundo Novo.

Figura 10. Localização das propriedades pesquisadas.

Fonte: GONÇALVES, 2015, com base nos dados das entrevistas.

Um fator importante para a escolha das pisciculturas pesquisadas é o fato de se localizarem em propriedades rurais localizadas nos referidos municípios, onde se concentram pequenas propriedades rurais familiares; estando alguns destes municípios, relacionados entre os maiores produtores piscícolas do Estado.

4.1.1 Delimitação da amostra da pesquisa

A definição dos atores para a realização das entrevistas e das visitas in loco aos imóveis rurais foi determinada pela disponibilidade e pela voluntariedade dos entrevistados, contatados previamente, por meio telefônico, com auxílio dos técnicos dos escritórios locais da AGRAER (Dourados, Itaquiraí e Mundo Novo), possibilitando a realização da entrevistas e as observações in loco, nos respectivos empreendimentos.

Todas as entrevistas foram gravadas em áudio, conforme autorizações firmadas nos respectivos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice E). As entrevistas foram realizadas, durante os meses de abril, maio e setembro/ 2015, com os seguintes atores:

1. Dezenove piscicultores vinculados às associações e ou cooperativas de piscicultores, que se propuseram a conceder entrevistas e prestar informações. Dessa amostra, nove exercem suas atividades no município de Dourados; dois, em Douradina, Itaporã, Itaquiraí e Mundo Novo; e um, em Glória de Dourados e Jateí, respectivamente.

2. Três representantes das seguintes instituições: um da Cooperativa de Aquicultores do Mato Grosso do Sul (MSPEIXE), um da Associação de Piscicultores de Itaporã (APITAR) e um da Associação Piscícola de Interesse Coletivo de Dourados (ASSOCIPISCO);

3. Um representante da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER), envolvida com a elaboração de projetos técnicos ou ambientais e ou técnicos, além do acompanhamento das atividades da piscicultura desenvolvidas pelos pequenos produtores;

4. Dois técnicos de órgãos ambientais, sendo: um do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL); e, um do Instituto de Meio Ambiente de Dourados (IMAM), responsáveis pelo licenciamento e fiscalização ambiental dos empreendimentos;

5. Três representantes dos entrepostos e frigoríficos de peixes, sendo: um do Abatedouro Tabebuia Ltda; um da MSM Pescados; ambos instalados no município de Dourados/MS; e, um do Frigorífico Mar & Terra (Itaporã/MS), envolvidas com a comercialização e industrialização de peixes.

4.2 Elaboração e aplicação dos instrumentos de pesquisa

As informações foram coletadas através de entrevistas pessoais, a partir da aplicação de roteiros de entrevistas, que tinham por objetivo avaliar a estrutura organizacional e institucional da cadeia produtiva do pescado, em especial quanto à obtenção do licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades da piscicultura, em propriedades rurais familiares.

O Apêndice “A”, aplicado junto aos produtores vinculados às associações e cooperativas de piscicultores, teve por objetivo levantar informações para delimitar e caracterizar a cadeia produtiva do peixe da região, além de obter informações sobre as dificuldades e os entraves para obtenção do licenciamento ambiental da piscicultura.

O Apêndice “B”, aplicado junto às empresas, associações e cooperativas de piscicultores envolvidas com a implantação e manutenção dos tanques/viveiros, teve por objetivo caracterizar a importância e as perspectivas da cadeia produtiva do peixe, visando obter informações acerca da atividade da piscicultura, assim como sobre as práticas e procedimentos de proteção ambiental adotadas pelos piscicultores da região.

O Apêndice “C”, aplicado junto às repartições públicas voltadas à pesquisa, licenciamento e fiscalização ambiental, teve por objetivo, identificar as normas e as exigências da legislação ambiental para a piscicultura. Além de levantar os principais problemas para a concessão do licenciamento ambiental; e, verificar se as pisciculturas adotam práticas e procedimentos de proteção ambiental, medidas conservacionistas e/ou de reparação de impactos ambientais.

O Apêndice “D”, aplicado aos representantes dos frigoríficos ou entrepostos de peixes, teve por objetivo, verificar se a falta de licenciamento e/ou autorização ambiental pode inviabilizar os empreendimentos ou provocar impactos ao meio ambiente local ou regional. E, se as legislações ambientais (federal, estadual ou municipal) são consideradas como “entraves” ou são “essenciais” para a comercialização regular da produção aquícola brasileira, no mercado interno ou externo.

A aplicação desses roteiros de entrevistas, além de levantar possíveis dificuldades ou ‘entraves’ para a obtenção da licença ambiental da piscicultura, teve por objetivo verificar se os piscicultores atendem às exigências legais, durante a implantação, operação e manutenção dos tanques e/ou viveiros de peixes; se recebem treinamentos para o aproveitamento ou tratamentos dos resíduos e, se têm conhecimentos ou estão preocupados com as questões ambientais.

4.3 Análise dos dados e dos impactos da legislação para a piscicultura

Na análise dos dados, observou-se que as estruturas de governança ambiental (organizacional e institucional) têm contribuído ou não para a regularização ambiental da piscicultura, no plano estadual e municipal. Procurou-se comparar a legislação ambiental (municipal e estadual) com a de outros estados e regiões; e, com os registros históricos de outros estados, utilizando-se de bases de dados, tais como: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).