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Essa pesquisa se baseia em um estudo interdisciplinar: tomando como fundamento a Arquivologia, seus métodos e conhecimento, e aliando-se a princípios ontológicos objetiva-se apresentar um conjunto de metadados que poderá, no futuro, servir como apoio para projetos de preservação de registros digitais em longo prazo, para a construção de ontologias e para a integração entre sistemas.

A Seção Dois do trabalho apresentou os fundamentos da arquivística subdividindo-se em conceitos básicos, instrumento de controle e organização de arquivos e gerenciamento de documentos de arquivo. A Seção Três descreveu a preservação digital subdividiu-se em preservação digital no âmbito da arquivística, requisitos para a preservação digital, técnicas e estratégias para preservação digital e iniciativas.

A presente Seção descreve as etapas da metodologia de pesquisa. Do ponto de vista da metodologia científica, a proposta pode ser classificada segundo (LAKATOS e MARCONI, 1991) como: pesquisa de natureza aplicada, objetivando criar conhecimento para aplicações de preservação digital; de abordagem qualitativa, uma vez que seus resultados não são mensurados numericamente; de caráter exploratório e experimental, uma vez que aborda uma temática ainda em estudo pela área; e de objetivo explicativo.

O restante da Seção está organizado da seguinte forma: a Seção 4.1descreve o objeto de pesquisa, uma terminologia de termos representativos de metadados para a preservação digital construída através da análise de outras iniciativas; a Seção 4.2 detalha a metodologia de pesquisa subdividindo-a em quatro etapas.

4.1) O objeto da pesquisa

O objeto de pesquisa é um conjunto de termos representativos de metadados para preservação digital, para a proposição de melhorias a partir do refinamento das relações entre os metadados das diversas iniciativas. De forma, colabora-se na busca por um padrão de metadados para preservação digital, adequado à realidade da arquivística brasileira. A descrição dos termos representativos de metadados e respectivas relações, semanticamente definidas, são representadas em uma estrutura de organização ontológica, baseada na CIDOC-CRM.

Vários padrões de metadados têm sido usados e propostos para preservação digital. As principais iniciativas que apresentam metadados descritivos de objetos digitais segundo (CONSTANTOPOULOS e DRITSOU, 2007), os quais foram avaliados, são:

Metadata Requirements Project, da School of Library and Information Science, University of Pittsburgh, Estados Unidos;

DCMI-Dublin Core Metadata Initiative, organização sem fins lucrativos mantida

pela OCLC- Online Computer Library Center Research;

OAIS-Open Archives Information System Reference Model, um padrão ISO para

preservação de documentos digitais a longo prazo, desenvolvido originalmente pelo CCSDS-Consultative Commite for Space Data Systems da NASA;

Cedars-CURL Exemplars in Digital Archives Project, da CURL-Consortium of

University Research Libraries, Reino Unido;

Preservation Metadata for Digital Collections Initiative, da NLA-National Library

of Australia.

METS-Metadata Encoding and Transmission Standards, um padrão desenvolvido

pelo Network Development and MARC Standards Office da Library of Congress. Embora não seja voltada especificamente para a preservação de registros digitais a Norma Brasileira de Descrição Arquivística também foi incluída, uma vez que é importante ferramenta de apoio a classificação pós-coordenada em arquivos. Considera-se que essa iniciativa reforça a relação existente entre os princípios arquivísticos e a preservação de registros digitais.

De forma a manter o principio da interoperabilidade entre estágio terminológico preliminar aqui proposto com a maioria dos padrões internacionais, são adotados princípios ontológicos definidos no CRM-Conceptual Reference Model do CIDOC-International

Committee for Documentation7, mantido pelo ICOM-International Council of Museums 8. Tal

modelo de referência, conhecido como CIDOC-CRM 9 (CROFT et al, 2001) é a mais completa

ontologia formal para integração e intercâmbio de dados sobre patrimônio cultural digital.

A criação da terminologia como termos representativos de metadados para preservação digital permitiu a avaliação das possibilidades de integração das iniciativas existentes, conforme já apontado pela pesquisa internacional (CONSTANTOPOULOS e DRITSOU, 2007; BERMÈS e POUPEAU, 2008; DUBIN e PLUTCHAK, 2006). Para tal, foi avaliada a semântica de cada iniciativa, e uma vez comparadas, os resultados foram integrados

7 Disponível em <http://cipa.icomos.org>. Access: 20 July 2008. 8 Disponível em <http://icom.museum>. Acess0: 16 oct. 2008. 9

ao CIDOC. As Seções 4.2 e 4.3 a seguir apresentam, respectivamente, as etapas da metodologia de pesquisa e os resultados esperados

4.2) Descrição da metodologia de pesquisa

A primeira etapa consiste em avaliar as iniciativas de metadados para preservação digital selecionadas. Para tanto, as seguintes tarefas foram realizadas:

 Entendimento das propostas subjacentes a cada iniciativa, bem como seu contexto e

sua utilização, uma vez que existem iniciativas especificamente para preservação digital e outras para objetos de bibliotecas digitais.

 Criação de tabela contendo:

– listas de termos representativos dos metadados utilizados em cada

iniciativa, bem como as definições apresentadas para cada termo em seu contexto de aplicação;

– Lista comparativa entre os termos, de forma a verificar de forma

preliminar a consistência entre as definições;

A segunda etapa consistiu em descrever a semântica de cada elemento de metadados, em cada iniciativa selecionada em linguagem natural (português), uma vez que os profissionais da arquivística que lidam com preservação digital, além de outros profissionais (por exemplo, cientistas da computação, bibliotecários, gerentes, dentre outros) necessitam de definições claras, abrangentes e contextualizadas.

Quando necessário, as definições dos elementos das iniciativas foram comparadas, de forma a obter as melhores possibilidades de definição dos termos e relações entre os elementos de metadados. Adota-se como termo oficial aqueles termos considerados obrigatórios em cada iniciativa, bem como aqueles que se repetem eu duas ou mais iniciativas. Admite-se ainda a inclusão de alguns termos, uma vez que eles são essenciais dentro do contexto arquivístico ou classes fundamentais para o agrupamento dos elementos.

A terceira e última etapa consiste na inserção da terminologia adquirida nas etapas anteriores abaixo da estrutura de alto nível, a CIDOC-CRM, após avaliação da melhor localização do termo de acordo com a caracterização correspondente. O fragmento obtido, uma vez alinhado ao CIDOC-CRM, será passível de integração com outros sistemas de classificação, automáticos ou não.

Para facilitar a visualização da metodologia proposta como um todo, a FIG.4 apresenta o quadro sinótico com breve descrição de cada etapa:

Etapa Tarefa Instrumentos

Etapa 1 Avaliar conjuntos de metadados utilizados para

preservação digital. Iniciativas internacionais.

Etapa 2 Descrever a semântica dos elementos de

metadados. Iniciativas internacionais, formulários.

Etapa 3 Inserir termos e respectivas definições no CRM- CIDOC.

Iniciativas internacionais, quadros comparativos, quadro comparativo final. Figura 4: quadro sinótico de resumo das atividades

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