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Inicialmente, cabe algumas considerações sobre o conceito de metodologia para os propósitos desta pesquisa. O Novo Dicionário Aurélio (1999, p. 1328), conceitua metodologia como 1. A arte de dirigir o espírito na investigação da verdade; 2. Estudo dos métodos e, especialmente, dos métodos das ciências; 3. Conjunto de técnicas e processos utilizados para ultrapassar a subjetividade do autor e atingir a obra literária. Estas definições não emprestam vigor, entretanto, para os propósitos desta pesquisa.

O Dicionário de Filosofia de Abbagnano (1982, p. 640-641), traz os seguintes significados do termo Metodologia: 1. a lógica ou parte da lógica que estuda os métodos; 2. a lógica transcendental aplicada; 3. o conjunto dos procedimentos metódicos de uma ou mais ciências; 4. a análise filosófica de tais procedimentos.

Para os fins deste trabalho, adotou-se a Metodologia como disciplina filosófica relativamente autônoma, segundo o quarto significado do termo em Abbagnano:

“o objeto da Metodologia, neste sentido, não são os métodos das ciências, isto é, as classificações genéricas, (análise, síntese, indução, dedução, experiência etc.) nas quais caem as técnicas da pesquisa científica, mas somente estas técnicas, consideradas em suas estruturas específicas e nas condições que tornam o seu uso. Tais técnicas compreendem obviamente todo procedimento lingüístico ou operativo, todo conceito como todo instrumento, do qual uma ou mais disciplinas se valem para a aquisição e o controle de seus resultados. Neste sentido, a Metodologia é herdeira a) da metafísica, porque a esta cabem os problemas que concernem às relações entre as ciências de interferência (e algumas vezes de contraste) entre ciências diferentes; b) da gnosiologia, enquanto substitui a consideração do ‘conhecimento’ entendido como forma global da atividade humana ou do Espírito em geral pela consideração dos problemas cognoscitivos singulares em uso em um ou mais campos da pesquisa científica. A Metodologia, neste sentido, se chama também “crítica das ciências” (grifo nosso)”.

Seguindo a validade das concepções acima citadas, adotou-se, neste trabalho, os seguintes passos do método fenomenológico:

1) Investigação de fenômenos particulares;

2) Investigação de essências gerais; —

4) Observação dos modos de dar-se;

5) Observação da constituição dos fenômenos na consciência; 6) Suspensão da crença na existência dos fenômenos;

7) Interpretação do sentido dos fenômenos.

Assim, na elaboração da pesquisa foram utilizados os métodos fenomenológico e qualitativista, nos seguintes aspectos:

a) Durante o exame dos textos referentes à teoria dos sistemas, complexidade e transdisciplinaridade, pelo qual procurou-se alcançar um denominador comum para os propósitos deste trabalho.

b) Através do exame analítico e descritivo, estudou-se as novas abordagens na gestão organizacional, chegando-se a um consenso abrangente sobre o tema com base em um estudo de caso.

c) Prosseguiu-se do particular para o universal (ideação), para verificar a validade das proposições derivadas do estudo de caso.

d) Pela variação imaginativa livre, a qual envolve tanto abandonar totalmente alguns componentes como substituí-los por outros, chegou- se a uma percepção mais consentâneas das hipóteses preliminares. e) No estudo dos fenômenos tanto no sentido do que aparece, como na

forma em que aparecem.

Frente à atitude tradicional positivista de aplicar aos fenômenos sociais e ao estudo das ciências humanas os mesmos princípios e métodos das ciências naturais, elaborou-se, também, para os propósitos deste trabalho, um programa metodológico qualitativo para avaliar todos os processos investigados nesta pesquisa, a fim de propor alternativas metodológicas para a pesquisa sobre transdisciplinaridade na gestão.

A quantificação dos fenômenos sociais apóia-se no positivismo e, naturalmente, também no empirismo. As posições qualitativas baseiam-se

especialmente na fenomenologia e no marxismo (este, a propósito, em que pese sua contribuição para algumas noções qualitativas, não substanciou nenhuma parte desta pesquisa, nem teórica, nem instrumentalmente).

Em geral, pode-se distinguir dois tipos de enfoques na pesquisa qualitativa, que compreendem as concepções ontológicas e gnosiológicas específicas, de compreender e analisar a realidade:

- Os enfoques subietivistas-compreensivistas - os quais privilegiam os aspectos conscienciais, subjetivos dos atores (percepções, processos de conscientização, de compreensão do contexto cultural, da realidade a-histórica, da relevância dos fenômenos pelos significados que eles têm para o sujeito, para o ator, etc.).

- Os enfoques crítico-participativos com visão histórico-estrutura! - dialética da realidade social que parte da necessidade de conhecer (através de percepções, reflexão e intuição) a realidade para

ransforma-la em processos contextuais e dinâmicos complexos.

Nosso enfoque, sem dúvida alguma, será subjetivista-compreensivista e não terá, necessariamente, o apoio histórico-estrutural, nem o apoio das informações estatísticas. Isto não significa que esta pesquisa seja especulativa. Ela têm um tipo de objetividade e de validade conceituai, que contribuem decisivamente para o desenvolvimento do pensamento científico. Nesse sentido, na elaboração dos significados e das interpretações dos fenômenos sociais, de maneira fenomenológica-qualitativa, ressaltou-se a idéia de que o comportamento humano, como veremos, por vezes tem mais significados do que os fatos pelos quais ele se manifesta.

Por isso mesmo, nesta proposta, tratou-se de descobrir as características culturais que envolvem a existência das pessoas nos contextos gerenciais das IPES, não só porque através delas se pode chegar a precisar os significados dos aspectos do meio, mas também porque desse ponto de vista-derivam algumas considerações importantes, como por exemplo, a estratégia metodológica marcada, fundamentalmente, pela flexibilidade da ação investigativa.

Isto elimina a necessidade da colocação de hipóteses que devem ser testadas empiricamente, e de esquemas de atividades levantados a priori, questionários padronizados, análises de resultados de acordo com certos cânones rígidos etc., tão comuns nos modelos positivistas e empiricistas tradicionais.

Estes, buscando a “objetividade” e ' “neutralidade” do “dado” atingido, procuram eliminar toda possibilidade de presença dos atores nos resultados. Como veremos, esta pesquisa rege-se por critérios diferentes dos manejados pelo positivismo, para alcançar resultados com validade científica.

Este trabalho, em suas bases teóricas, privilegiando a consciência do sujeito e entendendo a realidade social como uma construção humana, possibilita uma hermenêutica do fenômeno em sua essência com o objetivo de orientar a definição de Gestão Transdisciplinar em Instituições Privadas de Ensino Superior.

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