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A metodologia engloba os procedimentos levados a cabo na estruturação do estudo empírico. Problemática e problema, objetivos, hipóteses opção pelo instrumento de recolha de dados, análise e interpretação dos resultados são tudo momentos de um processo ou caminho (odós) através do qual (meta) se concretiza a investigação do estudo em questão.

1.1. Tipologia do Estudo

O estudo reveste a caraterística de um estudo de caso, na medida em que centra a sua análise num grupo específico de alunos, de uma escola, ou agrupamento de escolas. É também um estudo quantitativo, na medida em que alicerça a análise dos dados na análise estatística, não recorrendo à vertente descritiva como estruturante desse momento da investigação.

1.2. Problemática e problema

Qualquer estudo de investigação surge na sequência de uma dúvida que importa desvendar, de um problema que inquieta e é preciso resolver. É uma situação ou situações que derivam de uma problemática mais vasta e que especificam um domínio que importa analisar em concreto.

Tendo como realidade estruturante a problemática do autismo, as respetivas causas e manifestações comportamentais, o estudo vai centrar-se sobre uma das vertentes desta vasta problemática, que é o comportamento motor das crianças com autismo. Saber se elas se comportam a nível neuro e psicomotor como as outras crianças, se há fatores específicos que condicionam tal comportamento é, no fundo a problemática de onde emerge o problema do estudo que podemos equacionar como saber:

Em que medida a coordenação motora global em crianças com Perturbação de Espectro de Autismo é influenciada pelo índice de Massa Corporal, pela idade e pelos fatores genéticos.

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1.3. Hipóteses

Face ao problema desde logo ocorrem perspetivas de respostas, que embora provisórias, servem de guias ao estudo. São as hipóteses que importa confirmar através da análise dos dados do estudo, entretanto recolhidos. Neste sentido propusemos como hipóteses:

Hipótese 1: O nível de coordenação motora dos indivíduos com espectro autista é baixo, isto

é, enquadra-se na categorização de nível de coordenação insuficiente ou com perturbação.

Hipótese 2: O nível de coordenação motora dos indivíduos com idades mais velhas é

superior ao dos indivíduos com idades mais baixas.

Hipótese 3: Os indivíduos com um IMC de classificação de obeso têm um nível de

coordenação motora total inferior aos indivíduos com um IMC de classificação de normal ou sobrepeso.

1.4. Objetivos

Tomada a consciência do problema e equacionadas as hipóteses, surgem os objetivos, que são as metas a conseguir com a elaboração do estudo, no sentido de dar resposta ao problema e às hipóteses. Assim, propusemos como hipóteses do estudo

Objetivo Geral:

- Avaliar a coordenação motora em crianças com TEA

Objetivos Específicos:

- Através das condutas comportamentais, verificara coordenação motora em crianças com TEA.

- Através da literatura e da aplicação da bateria de testes KTK, analisar a coordenação motora em crianças com TEA.

- Através da KTK comparar a coordenação motora total nas idades da amostra. - Verificar se o IMC influencia a coordenação motora total das crianças com TEA.

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1.5. Amostra

No estudo recorreu-se a uma amostra por conveniência (Coutinho, 2014), dado que se situa no nosso espaço de desempenho profissional. É constituída por um conjunto de 20 alunos enquadrados numa faixa etária entre os 7 e os 14 anos de idade, todos do sexo masculino, e com diagnóstico de TEA. Daí que o critério de inclusão na amostra foi apenas ter um diagnóstico de perturbação global do desenvolvimento no espectro do autismo. A nossa amostra caracteriza-se pelo facto de todos os seus elementos frequentarem o ensino regular em regime de inclusão e pertencerem a Unidades de Ensino Estruturado do Agrupamento de Escolas de Vilela, mais concretamente da Escola Básica e Secundária de Rebordosa e da Escola Básica nº1 de Rebordosa, escolas onde funcionam as unidades especializadas de autismo.

1.6. Instrumento de Recolha de Dados

O instrumento que serviu de base para a recolha de dados do estudo foi a bateria de Testes KTK (Körper Koordination Test für Kinder), que é uma bateria de testes específica para a análise da coordenação motora. De acordo com Lopes (2006) a Bateria de testes KTK foi desenvolvido por Schiling (1974) e consiste na realização de quatro provas físicas, entre as quais:

• Equilíbrio em marcha à retaguarda (ER); • Saltos laterais, ou seja (SL);

• Saltos monopedais (SM); • Transposição lateral (TL).

Santos (1997) salienta que o teste KTK utiliza as mesmas tarefas de coordenação para várias idades, no entanto, o grau de dificuldade do conteúdo das mesmas deverá acrescer à medida que aplicamos os testes a crianças com idades superiores. Assim, segundo o mesmo autor, a dificuldade resulta de aspetos como aumento da altura e distância, aumento da velocidade e maior precisão na execução. O autor refere os aspetos fulcrais do protocolo desta bateria de testes, os quais se encontram descritos no quadro VI.

38 Quadro VI -Protocolo do teste KTK

Material Descrição Resultados

ER 3 traves de madeira com 3m de comprimento, 3 cm de altura e com uma largura de 6 cm, 4,5 cm e 3 cm respetivamente, apoiadas em suportes transversais distanciados 50 centímetros uns dos outros e a 5 centímetros do solo.

A criança deverá deslocar- se na trave à retaguarda.

Soma de todos os apoios à retaguarda nas 9 tentativas

SL Uma tábua com as dimensões: 100cm x 60cm x 2cm. A tábua é dividida, no sentido longitudinal, por uma régua em madeira com as seguintes dimensões: 60cm x 4cm x 2cm. Um cronómetro

A criança coloca-se numa das metades da tábua, com os pés unidos.

Ao sinal, saltar lateralmente, com ambos os pés, durante 15 segundos e tão rapidamente quanto possível de um lado para o outro da régua.

Soma dos saltos realizados corretamente nas 2 tentativas.

SM Doze placas com as seguintes dimensões:50cm x 20cm x 5cm

O probando salta, a pé (direito e esquerdo) por cima de uma ou mais placas de espuma sobrepostas, colocadas transversalmente à direção do salto.

Soma dos pontos conseguidos com o pé esquerdo em todas as alturas testadas com êxito.

TL 2 plataformas em madeira com as dimensões: de 25cm x 25cm x 1,5cm,apoiadas em quatro pés de 3,5cm de altura. Um cronómetro

As plataformas encontram- se colocadas no solo, uma ao lado da outra e distanciadas cerca de 12,5cm. A criança coloca-se de pé numa das plataformas, por exemplo, a do seu lado direito. Ao sinal, pega com as duas mãos na plataforma que se encontra ao seu lado esquerdo, colocando-a ao seu lado direito; de imediato, desloca- se para esta plataforma; repete a manobra durante 20 segundos.

Somatório dos pontos realizados nas duas tentativas.

Fonte: Elaboração própria a partir de Santos (1997)

Para a obtenção dos valores que nos permitiram calcular o IMC utilizamos como instrumentos uma balança digital e uma fita métrica.

No momento da pesagem, pediu-se que todas as crianças ficassem com o menor número de peças de vestuário possíveis. O peso foi utilizado como medida antropométrica no sentido de avaliar o efeito da massa corporal na coordenação motora das crianças.

Após termos feito a opção pela amostra e pelo instrumento de recolha de dados elaboramos uma carta (Apêndice 1) para as duas escolas de modo a obter as autorizações necessárias à realização do estudo. Obtida a devida autorização, foi pedida a autorização aos Encarregados de Educação dos alunos que participam neste estudo (Apêndice 2).Todos eles foram devidamente informados sobre todos os procedimentos e, só após o devido consentimento, é que procedemos à aplicação da bateria de testes KTK num momento único.

Por uma questão de ética e com o intuito de preservar o anonimato dos alunos não foram revelados os nomes das crianças deste estudo. A observação e avaliação foram feitas

39 individualmente a cada aluno e ao longo da aplicação da bateria de testes KTK, fomos registando os resultados dos exercícios de cada indivíduo numa ficha individual (Anexo 1).

Dada a especificidade da população da amostra, tentamos estabelecer sempre uma boa ligação com as crianças, bem como oferecer um ambiente organizado, seguro e tranquilo, evitando qualquer estímulo visual e sonoro que prejudicasse o resultado das provas. As instruções fornecidas foram sempre claras e concisas e antes da aplicação dos testes KTK foram sempre feitas demonstrações. Durante a realização dos testes fomentamos e encorajamos as crianças para conseguirem superar as várias provas.

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