• Nenhum resultado encontrado

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 MÉTODOS UTILIZADOS

3.1.1 METODOLOGIA PROPOSTA

O trabalho visa, além de discutir os critérios de implantação e demonstrar as formas de gerenciamento de perdas de água em DMC’s, propor uma metodologia que conduza a uma investigação mais profunda nos trabalhos de redução de perdas, utilizando-se os DMC's como ferramenta de gestão.

Observa-se, no estudo de caso que será apresentado, que foram realizadas as etapas de criação dos DMC's e que atualmente são realizados os trabalhos de gerenciamento das pressões e vazões, o que vem proporcionando resultados significativos na redução de perdas de água.

O fluxograma apresentado na figura 25 a seguir, apresenta as etapas propostas para intensificar os trabalhos de redução de perdas em DMC's, considerando-se que os mesmos já estão implantados, independente dos critérios que foram utilizados nesta etapa de implantação e considerando também a disponibilidade de um sistema de informações geográficas para suporte na obtenção de informações. As etapas compreendidas no fluxograma proposto são:

a) Levantamento de dados do DMC - nessa etapa devem ser levantados os dados que foram utilizados para a criação inicial do DMC, de forma que se obtenha o máximo de informações sobre as características do DMC implantado, como a área de abrangência, número de ligações, etc . No estudo de caso que será apresentado, os dados foram obtidos a partir de informações do contrato realizado pela Sabesp para os trabalhos de redução de perdas no município de Bragança Paulista.

67

Figura 25 - Fluxograma com a metodologia proposta para aprimorar a gestão de DMC's

68

b) Desenho do DMC no SIG - após o levantamento inicial da área de abrangência do DMC, realiza-se o desenho do DMC através de um polígono inserido no SIG com os limites da área de abrangência do DMC. Este desenho serve como base inicial e deverá ser checado em campo, na próxima etapa do trabalho.

c) Verificação dos limites em campo - após o desenho do DMC no SIG, realiza- se a plotagem de um mapa sendo verificado por uma equipe de campo se os limites estão desenhados corretamente. São verificadas as válvulas limítrofes, entrada de água do DMC e ligações de água pertencentes ao DMC. Esta etapa é muito importante, pois é necessário saber com precisão quais imóveis estão sendo abastecidos com a água macromedida no DMC. Um número de imóveis incorreto causará distorções no cálculo do índice de perdas de água. Caso necessário, pode- se realizar a verificação da estanqueidade do DMC, conforme descrito na revisão bibliográfica no item 2.1.8.

d) Ajuste do desenho do DMC no SIG - concluída a etapa de vistoria em campo, realizam-se os ajustes necessários no desenho realizado inicialmente no SIG. Havendo a necessidade de ajustes, os mesmos devem ser feitos e pode-se prossseguir com a próxima etapa. Tratando-se de um número significativo de ajustes, recomenda-se uma nova plotagem e uma nova vistoria em campo para verificar se os limites realmente estão corretos.

e) Levantamento dos volumes micromedidos no SIG – devido a integração do SIG com os demais sistemas, realiza-se através da interface com o sistema comercial, a obtenção do número de ligações dentro do DMC e o volume micromedido no período de referência, geralmente mensal. Os volumes micromedidos são obtidos a partir da somatória dos consumos dos hidrômetros instalados nos imóveis, sendo dimensionados segundo os limites superior e inferior de consumo em m³/mês, conforme demonstrado no anexo D da Norma Técnica Sabesp (NTS) número 181, apresentada na tabela 5.

69

Em geral, os imóveis residenciais utilizam o hidrômetro de menor capacidade, ou seja, hidrômetros “Y”.

Tabela 5 – Critérios para o dimensionamento de hidrômetros

Fonte: Sabesp (2012)

O principal problema com relação aos hidrômetros é a questão da submedição, ou seja, a medição a menor dos volumes que efetivamente passam pelos hidrômetros. Isso ocorre quando as vazões que efetivamente passam pelos hidrômetros são inferiores à sua vazão mínima de referência, principalmente durante o abastecimento noturno das caixas de água das residências ou devido à inclinação dos hidrômetros. Ressalta-se ainda, que a vazão mínima de referência varia em função da classe metrológica do hidrômetro. A tabela 6, apresenta as vazões em litros/hora dos hidrômetros classe B, que são geralmente utilizados em residências (hidrômetros classe C apresentam uma maior precisão, porém com custos mais

70

elevados).

Tabela 6 - Vazões de hidrômetros classe B

Fonte: Sabesp (2012)

Ensaios realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para avaliação da submedição em hidrômetros de pequena capacidade (IPT, 2007), obtiveram uma submedição de 17%, com incerteza de 4%, valores que serão utilizados no estudo de caso. Outros trabalhos apresentam números próximos, como Borges (2007), que apresenta 13% e Melato (2006) que adota os valores do IPT, porém utiliza o valor de 13% para um parque de hidrômetros com diversas capacidades.

71

submedição de hidrômetros. Pode-se citar um estudo que está sendo realizado na Unidade de Negócio Centro da Sabesp - MC, para avaliação de hidrômetros eletromagnéticos. Estes hidrômetros estão sendo desenvolvidos por um único fabricante, empresa Sensus, e serão avaliados no DMC Cantareira, apresentado na figura 26, localizado na região central do município de São Paulo, onde serão substituídos 1014 hidrômetros taquimétricos convencionais por hidrômetros eletromagnéticos, que serão acompanhados por um período de 02 anos, visando avaliar se haverá uma melhoria significativa com relação à questão da submedição. Como haverá telemetria no macromedidor do DMC e em todos os hidrômetros eletromagnéticos instalados, o projeto prevê ainda, o cálculo do indicador de perdas do DMC em tempo real.

Figura 26 - DMC Cantareira, detalhe do hidrômetro eletromagnético

72

f) Levantamento dos volumes macromedidos - são obtidos a partir do macromedidor instalado no DMC. Pode ser obtido através de telemetria, ou quando não há telemetria, através de levantamento em campo para a leitura do macromedidor. Os dados são acompanhados diariamente, porém para efeito do cálculo dos indicadores de perdas, são calculados os valores mensais (através do volume totalizado no macromedidor no período do mês de referência, em média 30 dias). A precisão dos volumes macromedidos varia em função dos diversos tipos de macromedidores de vazão utilizados, entre eles, eletromagnéticos, ultrassônicos, mecânicos e de inserção, entre outros, conforme apresentado na tabela 7.

Tabela 7 - Precisão dos macromedidores de vazão

Fonte: Farley et al. (2008)

Para o estudo de caso, a macromedição será realizada através de macromedidor mecânico, tipo “Woltmann”, onde será adotado o percentual de erro de 2% com base na tabela 7 (Mechanical Meters 1,0 – 2%).

g) Cálculo do Índice de Perdas por ligação no DMC em litros/(ligação*dia) - calculado através da diferença dos volumes macromedido e micromedido, em relação ao número de ligações de água ativas (ligações em pleno funcionamento, não considerando ligações cortadas ou suprimidas temporariamente ou definitivamente), indica o volume de água perdido relacionado ao número de ligações, tendo em vista que quanto maior o número de ligações, maior a

73

probabilidade de ocorrência de vazamentos, devido a maior quantidade de conexões e derivações da rede de distribuição de água. Este indicador faz parte do SNIS e permite o comparativo das perdas de água entre sistemas de abastecimento de água distintos. O cálculo deste indicador está descrito na revisão bibliográfica no item 2.5.3.

h) Cálculo do percentual de águas não faturadas no DMC - calculado através da diferença dos volumes macromedido e micromedido, em relação ao volume macromedido, expressa um valor de perdas percentual no DMC, conforme descrito na revisão bibliográfica no item 2.5.5.

i) Elaboração do "ranking" dos DMC's com as maiores perdas - visa elaborar uma classificação de forma a indicar os DMC's que possuem um maior volume de água perdido. Este "ranking" visa tratar esses DMC's como prioritários e direcionar as ações de redução de perdas para estes distritos, sendo baseado no indicador de perdas por ligação, considerando que quanto maior o número de ligações, maior a probabilidade de ocorrência de vazamentos de água, pois a maior parte dos vazamentos ocorre nos ramais das redes de distribuição.

j) Balanço hídrico das águas dos DMC's com as maiores perdas - tem por objetivo conhecer detalhadamente os volumes de água do DMC, as perdas reais e aparentes, através da utilização de um software. O balanço hídrico está descrito na revisão bibliográfica no item 2.3.4 e será aplicado no estudo de caso, no DMC que apresentar o maior índice de perdas por ligação.

k) Ações para redução de perdas nos DMC's com as maiores perdas - conhecendo-se os DMC's com maior perda de água, pode-se desta forma, direcionar as ações de redução de perdas de forma mais focada, considerando-se também que os recursos para redução de perdas são geralmente escassos em relação a grande quantidade de redes e ramais dos sistemas de distribuição de água. A detecção de vazamentos, uma das principais ações para redução de perdas, é descrita na revisão

74

bibliográfica no item 2.5.7.

Deve-se considerar ainda que a redução de perdas até valores nulos é praticamente inviável, e a partir do patamar denominado nível econômico de perdas, o benefício obtido é inferior ao custo com os trabalhos de redução de perdas (GOMES, 2012).

Documentos relacionados