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Medir a linha de costa é determinar as coordenadas de pontos que a represente. Uma linha é uma representação adequada para determinadas feições da realidade física, tais como caminhos, vias, divisas de propriedades,etc., todos locais fixos e perfeitamente identificáveis. No entanto, a linha de costa é uma feições extremamente dinâmicas (BIRD, 1996) e para sua medição faz-se necessário identificar no ambiente praial, as feições que melhor a representem.

4.1. A Definição do Local de Medição da Linha de Costa

A linha de costa, no presente trabalho, é definida como a feição no plano horizontal limite entre a área seca do continente, ou de uma ilha, com a parte onde há efetiva ação das águas. Considera-se que o local está fora do alcance das águas incluindo as maiores marés de sizígia.

A determinação, com rigor morfológico, da linha de costa precisa considerar o plano vertical e encontrar uma linha equipotencial do campo da gravidade, uma curva de nível, resultante da interseção entre a superfície adjacente às águas com a altitude da maior preamar. A determinação da posição dessa linha é possível em lagos e áreas alagadas, entretanto no litoral é de difícil obtenção. A parte não atingida pelas águas precisa ser determinada tridimensionalmente para permitir a construção de uma superfície, além de que as águas teriam que ser consideradas estáveis, variando somente com as marés sem a ação das ondas. Em SALLENGER at al. (2003) o uso do Laser aerotransportado, uma tecnologia recente de medição resolve com precisão a determinação da superfície do terreno, da morfologia, entretanto acrescenta uma outra questão ao obter uma “linha de costa” diferente das determinações anteriores.

A necessidade da identificação de delimitadores físicos para a linha de costa é uma questão abordada em PAJAK e LEATHERMANN(2002) e GOLMAN at al. (1998). O local da medição da linha de costa deve considerar critérios bem definidos que permitam a sua remedição independentemente do operador. Sem essa importante característica o processo de monitoramento fica comprometido e grupos diferentes podem chegar a conclusões conflitantes na mesma área.

A visibilidade da feição delimitadora da linha de costa é um fator importante e deve ser a maior possível para permitir que processos indiretos de medição a identifiquem. Os tradicionais métodos fotogramétricos e os contemporâneos com imagens satelitais de alta resolução (MITSHITA, at al. 2002; KRUEGER, at al. 2002) devem reconhecer o mesmo local de medição, com isso os resultados podem ser compatibilizados e comparados, sem deixar de considerar as diferentes precisões (KRUEGER, 1996; DOUGLAS e CROWELL, 2000). Além das questões relativas à identificação e à visibilidade, o local precisa ser uma consistente representação da realidade morfológica.

Os indicadores da posição da linha de costa são basicamente de dois tipos: Feições físicas que demarcam, criando obstáculo à passagem da água, tais como: penhascos rochosos, falésias, dunas, arenito de praia, muros de proteção, edificações na zona do estirâncio e a berma na areia; ou marcas associadas com o nível da água, do tipo: presença de vegetação, resíduos deixados pela maré e a marca média da linha da água da maré mais alta. A figura 11 representa os indicadores físicos da posição da linha de costa.

Base da falesia ou penhasco

Muro de proteção

Edificação no estirâncio

Barra arenosa

Figura 11. Indicadores físicos que demarcam a linha de costa.

4.2. O Método de Posicionamento com GPS

O objetivo de definir um referencial científico de medição requer, no mínimo, duas características básicas:

• Um referencial independente das feições do local de medição para permitir identificar deslocamentos relativos e

O método que atende os pré-requisitos citados é o emprego da tecnologia de levantamento com receptores GPS, com equipamentos geodésicos no modo relativo cinemático, descrito no item 3.4.4.3. Pesquisas com medição da linha de costa com GPS já foram realizadas por MORTON at al., (1993) e KRUEGER, (1996).

Na presente pesquisa os equipamentos sempre foram utilizados no modo relativo, com um permanecendo fixo em um ponto no local de trabalho enquanto um outro era conduzido no modo cinemático sobre a feição que identifica a linha de costa.

Os dados coletados pelos receptores, durante os deslocamentos e os obtidos na estação base, foram pós-processados no software GPSurvey 2.35 Dual Frequency Kinematic Processor, desenvolvido pela Trimble. As coordenadas são referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), item 3.5.2., através de um ponto fixo, da rede nacional, no Campus da Universidade Federal de Pernambuco.

4.3. Computação Gráfica

O resultado final de cada levantamento é uma série de coordenadas bidimensionais dos pontos que representam a posição da linha de costa. Essas coordenadas são determinadas inicialmente como geográficas, latitudes (Φ) e longitudes (λ), e transformadas no próprio programa de processamento para coordenadas planas UTM (N e E).

As coordenadas formam um arquivo, um banco de dados bidimensional, com a informação da posição da linha de costa em uma determinada data, que é associada a uma amplitude máxima da maré. Esses dados podem ser divulgados em forma de uma tabela ou como um arquivo texto. Entretanto, a maneira mais adequada de representá-los, na forma que explicita a morfologia e facilita análise de suas variações é a sua representação gráfica cartesiana.

Os programas tipo CAD (Computer Aided Design) possuem ferramentas baseadas na geometria plana que permitem calcular, entre outras funções: As distâncias entre pontos e entre qualquer outra entidade gráfica, a área de polígonos fechados e a posição do seu centro geométrico, o centróide. Essas informações são utilizadas para quantificar as variações entre as medições.

O conhecimento dos deslocamentos da linha de costa é uma das metas mais desejadas por quem pesquisa o ambiente costeiro. A metodologia determina um parâmetro que representa um valor médio de deslocamento e seu desvio padrão a partir de um banco de dados com as posições das linhas de costa em dois períodos. A fig. 12 apresenta a metodologia.

O método descrito utiliza as ferramentas simples de um programa tipo CAD, na seguinte seqüência de procedimentos:

• Os pontos que representam a posição de cada linha de costa são interligados reconstituindo-se a forma de uma linha;

• Entre as linhas de costa, são traçadas transseções equiespaçadas. O espaçamento sendo função do grau de variabilidade da linha de costa ;

• As distâncias entre as linhas são medidas, na seção, e calcula-se o seu valor médio com o desvio padrão, que representa um deslocamento homogêneo.

Figura 12. Metodologia para determinação do deslocamento médio entre linhas de costa.

Distâncias entre linhas de costa (m)

3.04 5.61 6.15 6.02 6.69 7.29 7.67 8.18 9.55 10.59 10.84 12.61 13.33 9.63 7.27 6.43 5.80 Linhas de costa Transessões equiespaçadas

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