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METODOLOGIA DE TRABALHO

“Estudar as concepções de um indivíduo pode ajudar a entender substratos de suas ações, mas, de fato, não significa estudar suas ações. No mínimo, deverá haver, nesses casos, uma teoria forte capaz de estabelecer uma ponte entre o dizer e o fazer, entre a concepção e a ação.”

(Adaptação de: Luna, 1999, p. 53).

A proposta deste trabalho é investigar as concepções e crenças que os professores de Matemática têm do jogo enquanto prática em sala de aula. Considerado pela literatura especializada como elemento favorecedor do raciocínio lógico-matemático, e apontado como recurso central na compreensão dos conteúdos matemáticos, buscamos estudar as relações entre as concepções e as ações pedagógicas desses professores, quanto ao uso de jogos. Programamos analisar os aspectos envolvidos entre o pensamento e a ação acerca do jogo nas aulas de Matemática, de vinte professores de 5a a 8a séries do Ensino Fundamental da rede pública estadual da região de São José do Rio Preto, situada a noroeste do estado de São Paulo.

4.1 OBJETIVOS

Objetivo Geral

Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar a possível relação entre: (a) as vivências dos professores de matemática com o jogo nos diferentes espaços (escolares ou não); (b) as crenças e concepções dos professores quanto ao uso do jogo no espaço escolar e em específico nas aulas de matemática e (c) o uso ou não do jogo na ação pedagógica dos professores participantes.

Objetivos Específicos

Para atingir o objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos específicos da pesquisa:

- Investigar o espaço que o jogo/brincadeira/brinquedo ocupou na infância dos professores de 5a a 8a série do Ensino Fundamental;

- Investigar o espaço que o jogo ocupou na escolaridade (Ensinos Fundamental e Médio) desses professores;

- Investigar o espaço que o jogo ocupou na formação universitária e na formação continuada desses professores;

- Investigar o espaço que o jogo ocupa na prática pedagógica desses professores; - Analisar os aspectos metodológicos do trabalho desses professores com o uso de jogos em Educação Matemática e

- Analisar a concepção que os professores têm sobre a construção e/ou aquisição do conhecimento lógico-matemático.

4.2 LOCAL

Esta investigação foi realizada pela pesquisadora na região de São José do Rio Preto, estado de São Paulo, no ambiente escolar, mais especificadamente em 12 escolas, sendo 11 no município de São José do Rio Preto e uma em Ipiguá, município de porte pequeno, de panorama rural. Pertencentes à Diretoria de Ensino de São José do Rio Preto, foram agrupadas em: escolas centrais, escolas de localização na periferia e uma escola com predominância de meio rural. Os encontros com esses professores ocorreram em diversos locais dos prédios escolares, como biblioteca, sala da coordenação pedagógica, sala do assistente de diretor de escola, laboratório de informática, auditório da escola, sala dos professores e sala de aula vazia, sempre em horários de disponibilidade dos professores, excluindo os H.T.P.C.s (Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo).

4.3 PARTICIPANTES

Os participantes desta pesquisa foram vinte professores de Matemática (efetivos e admitidos em caráter temporário) da rede pública estadual da região de São José do Rio Preto, atuando no Ensino Fundamental, de 5a a 8a séries. Foram procurados 22 professores, mas dois se negaram a participar, alegando sobrecarga de atividades profissionais. Alguns desses professores foram selecionados para a coleta de dados em função do conhecimento prévio da pesquisadora da sua prática com jogos em sala de aula matemática, e outros, aleatoriamente, sendo participantes desconhecidos dela. No entanto, ressalta-se o fato de que todos atuavam no Ensino Fundamental, com o propósito de ser coerente com o foco deste estudo.

A amostra selecionada ficou, então, constituída de vinte participantes, entre 28 e 60 anos de idade, com a seguinte denominação, em ordem dos protocolos: Nic, Edy, Ros, Mar, Ana, Mai, Sim, Jor, Bat, Cla, Dor, Ina, Vir, Cel, Eli, Rio, Ric, Cab, Mul, Ado.

Todos se prontificaram a participar dos encontros, que ocorreram nas escolas onde estavam lotados ou completando sua carga horária, no ano letivo de 2007.

4.4 PROCEDIMENTOS

O procedimento inicial para a coleta dos dados consistiu em uma solicitação da pesquisadora encaminhada à Diretoria Regional de Ensino de São José do Rio Preto, datada de 07 de maio de 2007, acompanhada de uma cópia do projeto, com a finalidade de obter a autorização para as visitas às escolas jurisdicionadas à referida Diretoria; autorização esta que a senhora dirigente de ensino concedeu por meio de um documento de apresentação da pesquisadora junto aos diretores de escola, datado de 10 de maio de 2007, no qual destacou seu contentamento ao ler o intento do projeto de pesquisa, aprovando seu teor pedagógico. Tal documento de apresentação juntamente com um pedido redigido pela pesquisadora solicitando permissão para entrada na escola foram entregues a cada diretor de escola, das 12 escolas visitadas, em momento prévio aos encontros com os professores, ficando, assim, amparada legalmente a condução da pesquisa.

O contato estabelecido com os professores se fez, às vezes, por telefone, outras vezes em apresentação nos H.T.P.C.s, algumas vezes, na própria escola. Na primeira sessão, o professor assinou um “termo de anuência”, no qual concordava com a coleta de dados e dava

o consentimento para as entrevistas. As sessões foram individuais e em quantidade variada. Alguns professores, pela falta de tempo, fizeram quatro sessões, outros três sessões, outros em duas e alguns que puderam dispor de mais tempo, realizaram uma única sessão. A duração de cada sessão também foi bastante variável, dependendo da disponibilidade de horário, indo de 20 minutos até uma hora e 30 minutos, para cada participante. O período no qual se procedeu a coleta de dados foi de 12/05/2007 a 12/07/2007, exatamente dois meses.

4.5 INSTRUMENTOS

Os recursos utilizados pela pesquisadora para o registro dos dados consistiram em três instrumentos:

- Protocolo composto por três momentos: A (Dados Pessoais), B (Escolarização) e C (Dados Profissionais), situado em anexo;

- Gravações das entrevistas realizadas nas sessões individuais com os professores, em fitas k-7 e

- Roteiro de Entrevista semi-estruturada, procurando dar liberdade à manifestação e à expansão dos pesquisados, respeitando o ritmo que conduziam e dando o estímulo para se exporem, de modo a evitar inibições. O roteiro foi composto de quatro blocos, sendo cada um formado por perguntas específicas do tema desses blocos, a saber: Bloco I: “O espaço do jogo/brincadeira/brinquedo em sua infância”; Bloco II: “O espaço do jogo em sua escolaridade”; Bloco III: “O espaço do jogo em sua formação universitária e/ou magistério” e Bloco IV: “O espaço do jogo em sua prática pedagógica”. O roteiro encontra-se em anexo.

As gravações realizadas foram transcritas na íntegra pela pesquisadora e posteriormente digitadas. Os textos das gravações e as observações feitas durante as sessões ofereceram os subsídios para a análise que segue mais adiante.

4.6 CATEGORIAS DE ANÁLISE

A partir do estudo e da interpretação do material obtido na coleta de dados, e seguindo as indicações do pensamento e das ações dos professores que compõem a amostra em pesquisa, foram construídas as seguintes categorias para o estudo e a análise:

1. Momento de alegria e prazer: a infância do professor.

2. O professor enquanto aluno e sua vivência escolar.

3. A relação com o jogo enquanto aluno.

4. A formação do educador matemático e sua relação com a tendência pedagógica do uso de jogos.

5. A representação sobre a prática da sala de aula – como planeja (forma e conteúdo) e como vê a execução do uso de jogos em aula matemática.

6. A identificação de dificuldades para o desenvolvimento do uso de jogos em sala de aula matemática.

7. As concepções que o educador matemático estabelece para a construção do conhecimento matemático por parte do aluno.

8. As relações que o educador matemático estabelece entre o “saber” e o “fazer” em sala de aula matemática e em outras disciplinas.

As categorias definidas compreenderam os aspectos que apareceram com certa regularidade nos dados registrados e tenderam a buscar coerências com os liames da pesquisa. A função da categorização estabelecida está longe de buscar um caráter fechado, pronto e acabado no seu foco de análise. A descrição dos dados e o ressaltar de alguns de seus elementos devem sugerir novos enfoques para discussões e promover conexões para novas interpretações, num ir e vir amplo das abordagens, como deve se portar toda e qualquer investigação de caráter científico.

“Portanto, os relatos das experiências manifestam a sua vivência por homens livres, que tomaram decisões, assumiram riscos e superaram as dificuldades que se apresentaram para a mudança, e que, assim, tomaram os seus destinos em suas mãos. O

que não quer dizer e foram felizes para

sempre, mas apenas e tão somente que aceitaram viver na certeza... incerteza, à escuta de si e do mundo.”