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A pesquisa em ensino tem avançado muito em nosso país, nas diversas áreas do conhecimento, e muitos grupos têm sido formados com o intuito de discutir a prática docente, novas temáticas, ferramentas e métodos que auxiliam o professor na preparação e execução de suas aulas. Estas pesquisas têm utilizado de diversas abordagens e métodos, como: a pesquisa qualitativa, os estudos etnográficos, estudos de caso, grupo focal e pesquisa-ação.

Para esta dissertação, buscamos intervenções constantes, a fim de mediar e colaborar para a construção do projeto interdisciplinar com os professores participantes. Ressalta-se o caráter deste trabalho: pesquisa aplicada no ambiente escolar, com a finalidade de se construir um produto que seja resultado de ação de docentes da educação básica e que possa, assim, contribuir para a constituição de novas estratégias para a EA nas escolas. Assim, durante este trabalho, pretendeu-se abordar a metodologia referente à pesquisa participativa, com inspiração na pesquisa-ação. Entendemos por inspiração, tendo em vista a natureza deste trabalho de mestrado, com alcances parciais na complexidade da pesquisa-ação.

Para Thiollent (1996), a pesquisa-ação é definida como:

Um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (p. 14).

O autor ainda afirma que os pesquisadores desempenham uma notória função na sistematização dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das intervenções desencadeadas pelos problemas. Por isso, este tipo de metodologia exige uma relação do tipo participativa ou colaborativa entre pesquisadores e participantes da situação investigada. Neste sentido, a pesquisa-ação objetiva unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática (KETELE; ROEGIERS, 1993, apud ENGEL, 2000).

A pesquisa-ação é um tipo de metodologia em que o pesquisador é participante do processo e que, diante de uma problemática, juntamente com os outros envolvidos, buscam refletir sobre as causas e/ou efeitos da situação, no sentido de elaborar medidas para resolver ou amenizar os problemas identificados. Neste tipo de abordagem, tanto os sujeitos da pesquisa conseguem melhorar suas práticas, por meio das trocas de experiências, quanto o pesquisador, diante das reflexões feitas durante a pesquisa. Segundo Barbier (2002),

A pesquisa-ação reconhece que o problema nasce, num contexto preciso, de um grupo em crise. O pesquisador não o provoca, mas constata-o, e seu papel consiste em ajudar a coletividade a determinar todos os detalhes mais cruciais ligados ao problema, por uma tomada de consciência dos atores do problema numa ação coletiva. (p. 54).

Engel (2000, p. 184), ao fazer um levantamento sobre o tema, sob a ótica de diversos autores, destaca as seguintes característicasdapesquisa-ação:

 O processo de pesquisa deve tornar-se um processo de aprendizagem para todos os participantes e a separação entre sujeito e objeto de pesquisa deve ser superada.

 No ensino, a pesquisa-ação tem por objeto as ações humanas em situações que são percebidas pelo professor como sendo inaceitáveis sob certos aspectos, que são suscetíveis de mudança e que, portanto, exigem uma resposta prática. Já a situação problemática é interpretada a partir do ponto de vista das pessoas envolvidas, baseando-se, portanto, sobre as representações que os diversos atores (professores, alunos, diretores, etc.) têm da situação.

 A pesquisa-ação é situacional: procura diagnosticar um problema específico numa situação também específica, com o fim de atingir uma relevância prática dos resultados. Não está, portanto, em primeira linha, interessada na obtenção de enunciados científicos generalizáveis (relevância global).

 A pesquisa-ação é auto avaliativa, isto é, as modificações introduzidas na prática são constantemente avaliadas no decorrer do processo de intervenção e o feedback obtido do monitoramento da prática é traduzido em modificações, mudanças de direção e redefinições, conforme necessário, trazendo benefícios para o próprio processo, isto é, para a prática, sem ter em vista, em primeira linha, o benefício de situações futuras.

Dessa forma, a metodologia escolhida para o desenvolvimento desta dissertação se justifica, mediante dois motivos: o primeiro se refere a uma problemática vivenciada, inicialmente, em uma instituição de ensino, na qual possui um lago e uma nascente esquecidos pela comunidade escolar; e, o segundo, se refere à participação do pesquisador em todo o processo de elaboração do projeto didático-pedagógico.

As etapas para o desenvolvimento da pesquisa foram:

1) Pesquisa sobre a educação ambiental no ensino de ciências químicas;

2) Seleção de textos que proporcionaram a fundamentação teórico-prática do projeto; 3) Leitura dos textos selecionados no desenvolvimento do trabalho;

4) Encontros entre orientador e orientando para discussão e aprimoramento do projeto; 5) Convite aos professores da instituição para participarem da pesquisa;

6) Aplicação dos questionários; 7) Análise dos questionários;

8) Ampliação do projeto e preparação do texto para o exame de qualificação;

9) Convite aos professores da instituição para uma reunião sobre a construção do projeto interdisciplinar;

10) Visita do pesquisador e dos professores participantes da pesquisa ao lago e à nascente que a escola possui para interação com o meio e propor possíveis intervenções didáticas;

11) Transcrição das reuniões com os professores participantes; 12) Elaboração do projeto pedagógico interdisciplinar;

13) Retorno à instituição para entrega do projeto didático-pedagógico; 14) Redação final da Dissertação.

Diante desse contexto, ao redirecionar para a questão central deste trabalho, convém referenciar que o produto elaborado, cuja trajetória e construção são aqui descritas, é uma contribuição do trabalho para a prática do próprio pesquisador, bem como para outros docentes que se enveredam pela construção interdisciplinar (ou que tangenciem a interdisciplinaridade) para a educação ambiental escolar.