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Capitulo VI Metodologia

6.7 Metodologias para Estimativa da Dose

Para o cálculo da dose de exposição ao ruído, foram feitas algumas considerações: • Conforme visto em trabalhos de campo, normalmente uma área industrial não possui os

mesmos NPS durante toda a jornada de trabalho nem mesmo esta se repete de forma idêntica todos os dias. Variações de até 6 dB(A) já foram observadas durante coleta de dados em uma mesma unidade no período de uma semana. Desta forma, ao considerar o NPS de cada ponto, serão realizadas 30 variações aleatória de até 6 dB(A) do NPS simulado em cada ponto da planta, tentando assim reproduzir de forma o mais correta possível a realidade de uma planta industrial;

• Foram utilizados os limites de exposição permissíveis da NR 15 do Ministério do Trabalho, com fator de troca igual a 5.

Com tais dados, foram realizadas 12 repetições dos Métodos 1 e 2. Para verificar a eficiência de cada metodologia, foi calculada analiticamente a dose de exposição ao ruído para cada área. O cálculo analítico foi feito levando em consideração somente os pontos que descrevem o trajeto e o tempo de permanência nos equipamentos, descartando a hipótese de permanência de pontos aleatórios da planta.

Foi necessário ainda criar o Método 3, que agrupava os Métodos 1, 2 e 2.1 sendo a cada um deles aplicados a um determinado local, dependendo do tamanho e nível de pressão sonora local:

1. Para áreas de até 50 m² e com NPS máximo superior a 95 dB(A), ou áreas de 50 m² a 1000 m² e NPS máximo superior a 104 dB(A): será utilizado o Método 1 considerando somente um raio de 1 metro ao redor de cada ponto do trajeto para a estimativa da possibilidade do funcionário estar presente durante a jornada de trabalho;

2. Para áreas de até 50 m² e NPS máximo inferior a 95 dB(A) ou de 50 m² a 1000 m² e NPS máximo inferior a 104 dB(A), será utilizado o Método 2;

3. Para áreas maiores que 1000 m², independente dos NPS, será utilizado o Método 2.1.

Para ampliar as possibilidades de abordagem da metodologia de estimativa de dose de exposição o ruído ocupacional, desenvolveu-se uma nova forma de avaliação do tempo de permanência do funcionário nos pontos da planta. A nova metodologia se baseia no Método de Simulação de Monte Carlo, consiste em estimar a probabilidade de o funcionário estar em qualquer ponto da planta através do Método 3, dividir a jornada de trabalho em intervalos de tempo iguais a 10 minutos (a escolha do intervalo e tempo fica por conta de quem estiver realizando a análise), escolher aleatoriamente pontos da planta e avaliar qual a probabilidade de o funcionário estar nestes pontos no intervalo de tempo pré definido. Acumulam-se as probabilidades estimadas para cada período de tempo em cada ponto. Após os cálculos e estimativas levando em consideração as variações de 0 a 6 dB(A) para os NPS simulados para a planta e por fim calcula-se a dose de exposição ao ruído.

A utilização de tal metodologia se justifica pela necessidade de se obter uma faixa de aceitação para a estimativa de dose. O Método de Simulação de Monte Carlo torna possível o cálculo dos parâmetros estatísticos (média, desvio padrão e variância) de uma população com distribuição desconhecida, através da distribuição Normal, t de Student ou Qui-quadrado.

O Método 4, utiliza como base o Método 3, e após a estimativa da probabilidade de o funcionário estar em qualquer local da planta, é utilizado o princípio do Método de Simulação de Monte Carlo para previsão da dose.

Por fim, foi necessário encontrar uma faixa de aceitação, definida pelo intervalo de confiança de 95% das 30 repetições do experimento. Para tanto, foram consideradas as 30 variações aleatórias dos NPS de até 6 dB(A) de modo a representar um (1) mês de coleta de dados, além de incluir nas rotinas de vistoria os translados à planta para verificação de equipamentos com possíveis falhas. Para a avaliação dos resultados foram utilizados os valores médios estimados nas simulações que seguem, sendo estes comparados com o valor de dose obtido no Método 6 com um intervalo de confiança definido pelas 30 repetições.

Foi calculado um intervalo de 95% de confiança através da Eq. (6.28) considerando que a população siga uma distribuição Normal.

1,96 , 1,96 x x n n

σ

σ

+ ⎞ ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ (6.28) onde:

• x é o valor médio para a Dose estimado pelas 30 repetições do método 6; • σ é o desvio padrão para a Dose estimado pelas 30 repetições do método 6; • n é a quantidade de indivíduos na população (30).

Para a validação da metodologia foram realizados quatro estudos de casos onde o colaborador necessitasse executar tarefas fora de rua rotina de trabalho, sendo o incremento da dose devido a estes tipos de situações nem sempre computado para o grupo homogêneo, por se tratarem de situações não cotidianas. A faixa de avaliação definida ao término da metodologia deve ser passível de abordar tais imprevistos.

6.7.1 Apresentação do Programa de Estimativa de Dose

Antes de aplicar os métodos, foi necessário desenvolver um sistema de fácil manuseio e objetivo, que possibilite ao funcionário traçar a sua rota durante toda a jornada de trabalho, além da vistoria inserindo ainda o trajeto feito para se ir ao sanitário ou à copa, sendo possível ainda inserir o tempo gasto em cada operação. A Fig. 6.18 ilustra a interface desenvolvida.

Figura 6.18 - Interface desenvolvida para aplicação industrial.

A interface foi elaborada de forma a garantir simplicidade em sua operação:

1. O primeiro passo é escolher qual local a ser avaliado clicando-se sobre o botão que o identifica;

2. Em seguida, clica-se no botão “Traça a Rota!” e é aberta uma janela com a figura do local analisado (Fig. 6.19);

3. Para traçar a rota clica-se nos pontos que a identificam e uma linha azul vai se formando, como exemplo, na Fig. 619, demonstrando a rota do funcionário na planta;

4. Após traçada a rota, é aberta outra janela semelhante à anterior, mas desta vez clica-se em cada equipamento que será vistoriado, bem como em postos de liberação de serviço e escadas, sendo criadas marcações para definir tais pontos, como por exemplo, as cruzes vermelhas da Fig. 6.19. Assim que cada ponto é escolhido, é necessário inserir o tempo gasto, em minutos, para cada operação ou transposição;

5. Inseridos os pontos, escolhe-se o incremento de duplicação de dose a ser utilizado, podendo este ser 3 (princípio de equivalência de energia, adotado pela OSHA) ou 5 (adotado pela ISO 1.999 e NR 15);

6. Escolhido o incremento de duplicação de dose, clica-se no botão “Calcula a Dose!”. Ao acionar tal opção, são feitas as 30 variações aleatórias de até 6 dB(A) nos NPS simulados para a área em estudo. O programa escolhe qual dentre os Métodos será utilizado, levando em consideração a dimensão e NPS na área, para estimar a probabilidade de o funcionário estar em qualquer local da planta.

Após o calculo da dose para cada área, realiza-se a simples soma aritmética dos valores encontrados, sendo obtida a dose total de exposição ao ruído resultante da jornada de trabalho.

É indicado que o procedimento seja realizado com uma devida repetibilidade, sendo avaliados os possíveis desvios de rota impostos pelo funcionário.