• Nenhum resultado encontrado

2 AS MARCAS MUTANTES

2.5 METODOLOGIAS PARA CRIAÇÃO DE MARCAS MUTANTES

Nessa pesquisa também se buscou artigos que apresentassem metodologias, processos ou orientações para o desenvolvimento de marcas mutantes. Ao todo, foram encontrados dois artigos e um e-book com este conteúdo.

O primeiro deles, é o trabalho da pesquisadora e professora Elizete Kreutz (2012, p. 64), que descreve a metodologia de construção de marca mutante. Ela possui sete fases, em que o projetista ou designer deve refletir sobre as informações básicas quanto ao público (culturais e econômicos, repertório), aos valores da organização (cultura e objetivos), e às questões técnicas, semânticas, persuasivas e interativas. As fases são:

1. Identificar a natureza/essência da marca: cada identidade visual tem sua visão e missão de mundo e estampa sua personalidade ao decorrer de sua vivência pelo seu discurso multimodal.

2. Determinar a percepção de marca desejada: a corporação precisa definir a imagem que almeja que os públicos reconheçam na marca, ou seja, é o que a marca manifesta ser.

3. Considerar as características desejáveis: os aspectos mais presentes em uma Identidade Visual são conceito, originalidade, significação clara, convincente, memorável, usabilidade (cores apropriadas, congruente em PB,

adaptados para veículos, mídia, renderizável em 3D, pronunciável) e dinamismo.

4. Determinar a Identidade Visual Base: trata-se da representação visual da natureza da marca, ou seja, ela deve ser a sinopse gráfica dos valores da instituição e poderá envolver: nome, tipografia, símbolo e cores. É a versão principal registrável no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e que possibilitará a criação das mutações.

5. Características Mutantes: as mais regulares qualidade são: fragmentação, cor, tipografia, forma, nome/palavra, movimento, entre outras.

6. As coleções de Identidade Visual Mutante: consiste no conjunto das mutações da marca sobre o mesmo tema.

7. Campo Interativo: possibilidade apresentada para que o público interaja com a Identidade Visual, com a possibilidade de mudar graficamente a marca.

O segundo trabalho é de autoria de Sandra Leitão, Catarina Lélis e Óscar Mealha (2014b). Eles apresentam um sistema de identidade visual (Figura 17) para o desenvolvimento de marcas mutantes ou flexíveis, norteado por quatro princípios: da Morfologia; da Sintaxe; da Narrativa; da Experiência.

O princípio da Morfologia – oferece as ferramentas básicos à estrutura da identidade visual, tendo em vista a Grelha de Construção como instrumento que permite orientar os elementos (espaço, composição, proporção, escala e versão).

O princípio da Sintaxe - está relacionado a disposições de código e relações entre elementos gráficos (Forma; Cor e Textura).

O princípio da Narrativa - explora o conteúdo estruturante e orientador do sistema. Esta pode ser Síncrona ou Assíncrona sendo que, em ambos os casos, pode-se definir como: não-interativa, interativo-interpretativa ou interativo- apropriativa.

O princípio da Experiência - traduz a característica emotiva da marca.

Segundo os autores, a emoção é um elemento de extrema relevância na experiência do público/consumidor, quando o engaja para a interação com a marca e o torna leal à mesma (LEITÃO, LÉLIS e MEALHA, 2014).

Figura 17 - Adaptação pelo autor, com base no modelo de Princípios estruturante e orientadores de um sistema de identidade visual.

Fonte: Leitão, Lélis e Mealha, 2014b.

O terceiro e último trabalho é o livro ANATOLOGUE - PROCESS BOOK. A obra relata conceitos da produção de identidades mutantes, mas que o processo apresentado no livro é a produção de uma interface interativa para revelar vários projetos colaborativos criados no experimento. Nela, há uma proposição sobre a necessidade e importância da produção colaborativa, seja da identidade, seja da interface mutante e interativa do projeto e de outros.

Encontramos a Metodologia Process (Figura 18) desenvolvida pela equipe Yvonne Ren, Vivian Hu, Winnie Tang, Rachael Eckersley, Judy Zheng (2013):

Etapa Research - análise dos valores do cliente e contexto

Etapa Experiment - brainstorming e experimentação de “ideias inovadoras” Etapa Present - uso de elementos para conectar o esboço ao modelo digital Etapa Refine - escolha da ideia

Etapa Document - fase de documentação da proposta (Figura 19)

Todo o processo está sempre numa análise de balanceamento ou refinamento para que se obtenha o resultado final, muito parecido com o processo de Design Thinking.

Figura 18 - Adaptado pelo autor, com base na metodologia Process.

Fonte: Ren et al., 2013.

Figura 19 - Adaptado pelo autor, com base na Fase Document da metodologia Process.

Fonte: Ren et al., 2013.

Percebe-se que as propostas apresentam etapas mais alinhadas com a fase de configuração relativa às metodologias de design. A proposta de Sandra Leitão; Catarina Lélis e Óscar Mealha (2014, b), como é apresentada, oferecem diretrizes ou um guia no processo de configuração bem direcionado para a criação de uma marca mutante, seja estática e/ou animada, mas não aponta para um processo que venha desenvolver uma versão brinquedo ou jogável.

Já a metodologia de Elizete Kreutz (2012) compreende a etapa de análise/ diagnóstico, no sentido de entender a essência da marca, além da fase de configuração, mas não demonstra, com mais detalhes, a fase de interação e não menciona explicitamente a validação da proposta em seu modelo. Também apresenta a perspectiva de incluir interações na proposta da marca, sem apontar quais diretrizes devem ser consideradas para tornar a mutação interativa, ou como pode-se denominar, no formato de brinquedo ou jogável (CARVALHO, 2014).

Entretanto, o Process Model (REN et al., 2013) é o que mais se aproxima de um modelo metodológico mais amplo, incluindo etapas de análise à validação na criação de uma marca mutante.

Porém, todas elas demonstram a possibilidade de configuração de uma marca mutante, podendo ser estática, animada e até mesmo interativa, mas não apresentam etapas na formulação de uma mutação jogável.

A seguir, aponta-se sobre o Design Thinking, como uma proposta que é tendência não apenas no campo do Design, mas também o seu uso em outras áreas, seja em gestão de negócios, desenvolvimento de software, e até mesmo a possibilidade de seu uso no campo das marcas mutantes.