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3.2 Mapeamento Geotécnico

3.2.2 Metodologias utilizadas no Brasil

O mapeamento geotécnico, conforme as metodologias de Nakazawa et al. (1991) e Prandini et al. (1995), identifica as principais características dos materiais (geologia e

geomorfologia), determina zonas homogêneas e os processos envolvidos com a finalidade de tecer considerações sobre as possíveis medidas preventivas, reparadoras, minimizadoras dos problemas ambientais identificados. Essas metodologias são utilizadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e, raramente, apresentam quantificação dos parâmetros geológico-geotécnicos.

Tabela 3 - Principais objetivos, aplicações e usuários das cartas geotécnicas (modificado de CERRI, 1990).

OBJETIVOS APLICAÇÕES USUÁRIOS

Melhor utilização do espaço físico disponível;

Conservação ambiental e proteção dos recursos naturais;

Estabelecimento de critérios técnicos para a expansão da ocupação e a recuperação de áreas degradadas por ocupação de áreas desordenadas;

Segurança das edificações e da população, através da previsão e prevenção de riscos geológicos (naturais e induzidos);

Otimização da aplicação de recursos públicos e privados;

Orientação (e não substituição) de estudos e ensaios específicos para projetos de engenharia.

Subsídios à elaboração de projetos voltados ao planejamento e gerenciamento do uso e ocupação do solo, em todos os níveis (Plano Diretor, zoneamento, parcelamento e desmembramento) inclusive, na própria elaboração de dispositivos legais inerentes ao uso do solo;

Subsídios aos estudos de impacto ambiental;

Na restrição à ocupação de áreas sob riscos geológicos;

Na definição de locais mais adequados, dos cuidados e estudos específicos para implantação de obras de engenharia;

Na melhor estimativa dos custos de implantação dos empreendimentos; No estabelecimento de critérios técnicos para eficientes sistemas de manutenção das obras de engenharia.

Planejadores Urbanistas Projetistas Construtores Administradores Públicos e outros.

Zuquette (1987, 1993) elaborou uma proposta metodológica para realização do mapeamento geológico-geotécnico, utilizada pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), para definir, identificar e isolar os atributos que devem ser utilizados para caracterização das unidades homogêneas, tratamento dos dados através da hierarquia das informações obtidas e elaboração dos documentos cartográficos, gerando as cartas fundamentais e interpretativas.

A elaboração de mapas geotécnicos de áreas urbanas com o emprego do método do detalhamento progressivo desenvolve-se em três etapas sucessivas (Tabela 4), com nível de detalhamento crescente, do geral para o particular, conforme Cerri et al. (1996).

O método do detalhamento progressivo foi utilizado por Zaine (2000) para o município de Rio Claro, envolvendo o sítio urbano e de expansão, como subsídio à gestão e ao planejamento municipal. Para a 1ª etapa (geral), na escala de 1:25.000, em uma área de 160 km², foi elaborado um mapa geológico-geotécnico, no qual foram definidas 6 (seis) unidades geológica-geotécnicas, com a indicação na legenda do mapa de informações como a de profundidade do nível de água subterrâneo e dos principais processos e problemas ambientais. Na fase de semi-detalhe foi gerada uma matriz de correlação, utilizando a integração dos mapas, na escala de 1:10.000, de unidades de cobertura de materiais inconsolidados, carta de declividade e profundidade do nível de água subterrâneo. E na etapa final do método, fase de detalhe, direcionou para a pesquisa, em uma escala maior (1:5.000), estudos de caracterização geotécnica (com ensaios de laboratório) para a instalação de posto de combustível.

Lollo e Zuquette (1996) desenvolveram a técnica de avaliação do terreno (sistema de terreno, unidade do terreno e elemento do terreno), baseada no conceito de landform, no uso de mapas anteriores, na caracterização das unidades geotécnicas e elaboração de mapas e outros documentos (Figura 3).

Na área de hidrologia, os mapeamentos geológico-geotécnicos são voltados para análise da vulnerabilidade, potencialidades e aos processos do meio físico em geral (Tabela 5).

No Brasil, as pesquisas geológicas-geotécnicas restringem-se às universidades, ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). A importância dessas pesquisas é que as informações cartográficas podem reverter em benefícios, auxiliando o planejador na tomada de decisão

Tabela 4 - Síntese das etapas do método do detalhamento progressivo (CERRI et al., 1996).

ETAPAS MAPAS GEOLÓGICO- GEOTÉCNICO - ESCALAS CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA OBJETIVOS 1ª ETAPA GERAL 1 : 50.000 ou 1: 25.000 Análise Regional

• Compreender as áreas urbanas e com perspectivas de

urbanização a médio prazo em termos de planejamento urbano;

• Caracterização do meio físico geológico em relação

à ocupação urbana; • Quantificação restrita. 2ª ETAPA SEMI- DETALHE 1: 25.000 (Quando a 1 ª etapa é realizada na escala 1:50.000); 1: 10.000 ( Primeira etapa na escala 1:

25.000).

Detalhamento da caracterização do meio físico geológico;

Identificação de eventuais problemas geológico-geotécnicos instalados;

• Fornecer subsídio direto para o adequado

planejamento e gestão do uso do solo urbano;

• Direcionar os trabalhos com base nas necessidades e

objetivos da pesquisa;

• Quantificação parcial dos atributos geológico-

geotécnico. 3ª ETAPA DETALHE Escala de detalhe 1: 5.000 ou maior; Estudos geológicos-geotécnicos específicos.

Entendimento dos processos do meio físico instalado e a busca de soluções ou mitigação para eventuais

problemas.

• Seleção da área em função dos estudos específicos;

• Subsidiar a elaboração de projetos de obras de

engenharia para minimizar problemas instalados ou à implantação de novos empreendimentos;

Figura 3 - Técnica de avaliação do terreno (modificado de COOKE e DOORKAMP, 1990 apud LOLLO e ZUQUETTE, 1996).

Tabela 5 – Mapeamentos geotécnicos enfocando as cartas de vulnerabilidades e potencialidades.

AUTOR ANO REGIÃO ESC. CRITÉRIOS OBJETIVOS

Zuquette et al. 1993 Ribeirão Preto –SP 1:50.000 Geotécnicos- pedológicos

Contaminação de aqüífero Zuquette et al. 1991 Ribeirão Preto –SP 1:50.000 Geotécnico-

hidrológicos

Potencialidades do escoamento Pejon e Zuquette 1993 Piracicaba,SP 1:100.000 Geotécnico-

hidrológicos

Potencialidades do escoamento Nishimura e

Zuquette 1994 São Carlos, SP 1:100.000

Geotécnico- hidrológicos Contaminação de aqüífero Botucatu Bachion e Rodrigues 1998 Campinas, SP 1:25.000 Geotécnico- hidrológicos Potencial de escoamento superficial Narciso e Gomes 2005 Serra das Areias -

GO 1:100.000 Geológico-hidrológico

Vulnerabilidade do aquífero Lopes e Pejon 2005 Bacia do Rio Passa

Cinco e Rio Cabeça 1:50.000 Geológico-hidrológico

Potencial a infiltração e erosão

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