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Sexta cena:

Babilônia, a Meretriz:

 Sete Palavras de Justiça

 A Identificação dos Símbolos

A sexta cena é, ao mesmo tempo, uma das mais simples e uma das mais obscuras partes do livro. O leitor que está esperando —  esperando em vão —  a identificação dos símbolos utilizados na linguagem, encontra mais

deste tipo de linguagem aqui do que em qualquer outro lugar: o tipo de coisa que encontramos em 17:15: "As águas que viste ... são povos, multidões, nações e línguas". Mas não há como negar que a forma pela qual essas identificações parecem encaixar-se com o mundo real produzem outras dificuldades. Os comentários sugerem, por exemplo, que "as sete cabeças são sete montes" (v. 9) porque a besta é o Império Romano, a cidade das sete colinas; e os sete reis aqui descritos (v.10) são os imperadores romanos que vão desde Augusto até Tito.1  Porém existem razões por que sugestões deste tipo, que parecem verdadeiras, de uma determinada perspectiva, são completamente insatisfatórias de outra. Pois essas sugestões não tratam de certas questões mais profundas da mente, que nem sempre são formuladas, e nem faladas.

a. Dificuldade no Método de João

Duas dessas questões há pouco mencionadas, que começam como meras impressões no estudo da porção anterior do livro, são melhor focalizadas aqui na sexta cena, e são confirmadas quando se relê tendo-as

especialmente em mente.

1. Por que identificações são tão esporádicas! Entre; os destaques da visão de Cristo na primeira cena, que o leitor pode ter achado enigmático à primeira vista, estão os sete castiçais e as sete estrelas (1:12, 16). Porém o leitor não é deixado em dúvida. Os símbolos são identificados pelo anjo que falou primeiro a João: .."As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas" (1:20). Quão benéfico seria, agora, se existisse um comentário angélico correndo por todo o livro dando explicações semelhantes a esta! "Conte-nos agora a parábola da árvore da vida, e a do maná escondido, e a da pedrinha branca e a da chave de Davi, e a do templo. Isso com respeito apenas a primeira cena. Depois, pedidos de explicações dos anciãos, das criaturas vivas, dos pergaminhos selados, dos cavaleiros, dos 144.000 da segunda cena, e assim  por diante.

Mas, de fato, o próximo exemplo claro do uso de "isto = aquilo", depois das estrelas e dos candeeiros de 1:20, é um exemplo isolado em 4:5 : "sete tochas de fogo, que são os sete espíritos de Deus" (definição que,  por si mesma, é um enigma); daí para frente as identificações perdem-se, tomando formas variáveis, com

apenas um aglomerado razoavelmente numeroso aqui na sexta cena, como já notamos.

Este é um método literário insatisfatório. O autor deveria saber se estava escrevendo uma alegoria ou um mito, e sendo assim deliberadamente não identificaria nada, deixando o leitor adivinhar o significado; ou então deveria proporcionar uma chave para a compreensão, tal como nos livros de estudo de uma língua estrangeira, que trazem um vocabulário nas últimas páginas. Nunca, porém, este procedimento de deixar tudo a esmo.

2. Por que a Alegoria é Tão Incoerente? A primeira identificação, a dos candeeiros e estrelas com as igrejas e seus anjos, é o ponto de partida para outra seqüência de pensamento. Certamente candeeiro significa igreja e presumivelmente um é o símbolo e a outra a realidade; por que, então, a visão introdutória da primeira cena mostra o símbolo (1:12), e na ação principal da cena Cristo continua a tratá-la por realidade (3: :22)? Bunyon conseguiria escrever melhor, não misturando assim as categorias; ele não descreve o Papa Gigante como  bicho-papão em uma página e como igreja em outra. Por que o princípio é ignorado por João (ou, ainda mais,  por Aquele que faz a revelação a João; pois quanto mais alto o conceito que temos da autoria do livro, mais

inexplicável se torna a obra de má qualidade?

 B. Uma Tentativa de Solucionar esses Problemas Em muitas ilusões óticas um único desenho pode parecer ser duas coisas diferentes, dependendo do ângulo do qual se olha para ele. Os símbolos do Apocalipse podem também ser abordados de mais de uma maneira; pode ser que alguns problemas relacionados com os símbo- los surjam simplesmente porque não estamos olhando para eles como João desejaria que olhássemos. Sejamos claros, em primeiro lugar, com o que João queria dizer com a palavra mistério (17:5), e poderemos ver mais claramente o que suas propagadas "identificações" realmente significam.

1. "Mistério". Um estudo superficial do uso que o Novo Testamento faz da palavra mistério é suficiente  para mostrar que não abrange o sentido usual moderno de "quebra-cabeça". É realmente algo oculto, mas não se pode descobrir o sentido seguindo uma série de pistas; pelo contrário, é uma verdade que, ou você conhece, ou desconhece, dependendo de ela ter sido, ou não, revelada a você. A quem a verdade começou a ser revelada, ela nunca mais será segredo; mas ao estranho sempre será. Os mistérios do Novo Testamento são segredos abertos a todos os cristãos. O "mistério de Cristo", mencionado em Efésios 3:3 - 6, é uma verdade que estava escondida aos homens "em outras gerações", mas que "agora foi revelado aos seus santos apóstolos" e Paulo, por sua vez, escreveu resumidamente sobre ela aos efésios; esse mistério é, em uma sentença, que "os gentios são ... co-participantes das promessas em Cristo Jesus" juntamente com o antigo  povo de Deus, os judeus. Para Paulo e seus leitores isso não era mais segredo.

Bem, é fácil aceitar que esta palavra tem este significado bíblico especial, diferente do sentido que nos é tão familiar nas histórias de detetive e nas reportagens de jornais. Mas estudando este singular livro do Apocalipse, no qual mistérios, no sentido contemporâneo, são encontrados em cada página, é fácil esquecer esse fato, e ler como se, quando João usou a palavra "mistério", ele estivesse querendo dizer "quebra- cabeça". Assim, apesar de sabermos que João não quis dizer isso, a nossa tendência  —   o que é

compreensível —  é ler 1:20 da seguinte maneira: "quanto ao mistério (quebra-cabeça)... os sete candeeiros

são as sete igrejas (solução do quebra-cabeça)".

Isso, apesar de sustentado pela ERAB , não constitui o que João quis dizer. As versões mais antigas  põem um ponto final na metade do versículo 20, o que nos permite lê-lo como duas declarações separadas,

que podem ser parafraseadas da seguinte maneira: Aqui "está o mistério dos sete candeeiros (eles não representam o quebra-cabeça dos castiçais, nem os explicam; o que eles representam é um complexo da verdade divina que pode ser chamada por este nome)". Eu os chamo de 'os sete candeeiros', apesar, é claro,

de poder chamá-los de 'as sete igrejas', já que ambas as palavras se referem à mesma coisa. 2. "Identificação". Veremos, de acordo com este ponto de vista, que 1:20b não pode ser considerado estritamente como uma identificação. Se assim fosse, João —  ou o anjo —  estaria; falando acerca de um

símbolo, "um candeeiro", o qual representa uma realidade, uma "igreja". Isso, como já começamos a ver,  pode ser um mal entendido, provavelmente baseado em uma suposição não mencionada (que sabemos ser incorreta), na qual "mistério", no versículo 20a, significa "quebra-cabeça", e que "candeeiros (igrejas)", no versículo 20b, são a resposta para o quebra-cabeça. Mas o que o anjo está dizendo ao identificar os candeeiros com as igrejas, não é que um é símbolo, e o outro é o que o símbolo realmente representa. Ele está dizendo que há duas coisas que correspondem uma á outra, sendo igualmente verdadeiras de diferentes  perspectivas.

Que justificativa há para tal sugestão? Mais do que se poderia supor a princípio.

O capítulo 21 propõe dois outros símbolos para a igreja: "vem, mostrar-te-ei a noiva... e me mostrou a santa cidade" (21:9-10). Mas serão, de fato, símbolos? Pois a igreja é, na realidade, uma república de cidadãos: cidade é certamente algo mais do que um mero símbolo. Além do mais, a leitura de Efésios 5, onde o relacionamento entre marido e esposa é comparado ao de Cristo e sua igreja, faz-nos pensar qual é o "arquétipo" e qual o "éctipo", qual o original e qual a cópia. E se o casamento de Cristo com a igreja é o arquétipo, do qual todos os casamentos humanos não passam de cópias imperfeitas, quem pode dizer que, do  ponto de vista celestial, noiva não pode representar uma realidade, em um sentido que não podemos alcançar,

como cidade ou igreja?

Voltemos agora ao capítulo 11, o qual descreve a outra grande cidade, aquela na qual as duas testemunhas de Deus pregam, morrem e voltam a viver. É "alegoricamente chamada de Sodoma e de Egito", e é ainda o lugar "onde também o seu Senhor foi crucificado" (11:8). Mas qual é a realidade por trás desses nomes alegóricos? A posição que assumimos antes2 é que elas representam o mundo hostil em geral; mas eram também locais geográficos cada uma, no seu próprio tempo, que hospedaram sociedades que desafiavam a Deus. Se identificarmos símbolos colocando-os entre aspas, Apocalipse 11 diz que "Sodoma" significa o mundo; mas Gênesis 19 diz que "o mundo" significa Sodoma. Qual é a verdade, e qual é a alegoria?

Um último argumento é fornecido pelas referências no Evangelho de João acerca de Cristo como o verdadeiro pão, o verdadeiro vinho e assim por diante.3 A palavra verdadeiro cristaliza todo o argumento. significa que Cristo é pão verdadeiro, pois ele é o único que pode satisfazer a verdadeira fome do homem. Mas se você aceitar isso, o que você estará afirmando? Visualize a última ceia: Cristo assentado à mesa e, sobre ela, um pão. Qual é o pão alegórico! Qual o real! A resposta é óbvia, podemos pensar. Mas a resposta que João dá a estas perguntas, em 6:32, é inesperada: para ele o verdadeiro pão é a pessoa e não o objeto. "Alimentar", a maior qualidade do pão, pertence, na mais pura essência, ao Cristo; a mesma qualidade  pertence ao pão sobre a mesa apenas de forma secundária. O mesmo ocorre com o simbolismo do casamento. Se a "noiva" é um símbolo, o que isso significa? Que a igreja é a verdadeira noiva da qual toda a noiva humana é uma fotografia ou cópia; e que a noiva que João vê no Apocalipse 21 é a noiva verdadeira, e não o  símbolo. Da mesma forma, se Sodoma é um símbolo do mundo, o que João vê em 11:8 é a verdadeira Sodoma; pois a realidade não é a antiga cidade da planície onde Ló morava. É um mero símbolo. A realidade é o sistema mundial, do qual aquela Sodoma é uma ilustração.

O que acontece, então, com a nossa identificação original? Se os candeeiros simbolizam as igrejas, o que João viu foram sete candeeiros de verdade, isto é, os arquétipos celestiais dos quais todos os candeeiros da terra são meras cópias.4 Em 1:20b "os candeeiros são as igrejas"; temos, então, não uma explicação acerca de um termo simbólico por um verdadeiro, mas uma afirmação de que estes dois termos, que são igualmente verdadeiros, são simplesmente auto-permutáveis.

c. Como Resolver Dificuldades Gerais

Veremos imediatamente como estas sugestões nos ajudarão a compreender melhor diferentes aspectos já observados.

À medida que consideramos versículos tais como 17:9-12, 15 e 18 como uma espécie de limites absolutos, explicando o significado verdadeiro da linguagem simbólica, devemos considerar: (1) por que, nesta passagem, recebemos meia dúzia de explicações, as quais estão ausentes em outras passagens igualmente obscuras, e (2) por que João utiliza um método tão incoerente, misturando verdade e simbolismo, como se estivesse tentando misturar água e óleo. Mas assim que conseguimos nos libertar da noção de que "o mundo em que vivemos é a pedra de esquina da realidade, e que a verdade do mundo espiritual, sendo menos  palpável é, portanto, menos real", conseguiremos ver que João está dando não explicações, mas sim, equivalentes. Ele não está interessado em dizer que "candeeiro", que nós não entendemos, significa "igreja",

que nós entendemos. Pelo contrário, ele tenciona dizer verdades sobre os candeeiros, sobre a noiva, sobre a cidade, sobre a igreja, sobre os vinte e quatro anciãos sobre os 144.000, e sobre a multidão que ninguém  podia contar; o significado dessas coisas todas devia ser conhecido por nós através do restante das Escrituras,

e João apenas nos relembra, de passagem, que todas essas coisas correspondem umas às outras e são diferentes descrições de uma mesma coisa.

d. Como Resolver as Dificuldades da Sexta Cena Se esta interpretação for aplicada aos problemas  particulares da sexta cena, muitos deles também desaparecerão.

Vamos tomar como exemplo a frase "as sete cabeças são sete montes... são também sete reis" (17:9). Geralmente aceita-se que as cabeças da besta, na qual a mulher está assentada, simbolizam realidades geográficas (fácil: as sete colinas de Roma), e que também são símbolos de realidades históricas (não tão fácil, mas com a manipulação dos fatos podemos listar sete imperadores romanos quase que consecutivos que se encaixem com perfeição no período em questão).

Porém, se nosso raciocínio está certo, esta identificação deveria ser interpretada de outra forma. Em  primeiro lugar, consideramos a besta de sete cabeças de 13:1 como o mundo alienado de Deus, e o dragão de sete cabeças de 12:3 como o princípio deste mundo, o diabo. Um deles, ou a combinação deles, é  provavelmente a besta que sustenta a Babilônia, a prostituta, em 17:3. A seguir, propusemos que a utilização do número 7 (sete) representa a essência de uma coisa; assim, utilizando uma expressão moderna, as sete cabeças representam a Cabeça (com "C" maiúsculo); e consideramos esta Cabeça como sendo um símbolo de força.5

Vamos agora ao segundo tempo da equação (cabeças = montes). Esta equivalência corresponde a uma impressionante imagem para todos os que conhecem a Bíblia. Não precisamos ir além do livro de Salmos  para descobrir o que a palavra significava para os hebreus. Força, novamente, é o que as montanhas representam; a santa montanha de Deus, o Monte sião, supremo (2:1-6, 125:1, 2). São tanto símbolos como fonte deles (30:7; 121:1, 2). Uma forma de expressar a grandiosidade de Deus é dizer que ele é até maior do que os montes eternos (76:4); quando Deus se põe a marchar, até os montes tremem (18:7;

114:4-7).

Sobre este princípio, não estaríamos indo longe demais se afirmássemos que o terceiro termo (cabeças = montes = reis) pode também ser "real" no sentido há pouco descrito, tanto quanto no sentido mais prosaico de uma sucessão de imperadores romanos. De fato a idéia estaria mais próxima do abstrato conceito de reino (ou Reino, já que é um aglomerado de sete!) do que do concreto substantivo rei.

Quando, então, é mostrado a João a besta escarlate que sustenta a mulher Babilônia, as imagens que ele evoca são as da Cabeça, da Montanha, do Rei, todas elas, porém, com uma coloração tipicamente diabólica. Há mais o que dizer, é evidente, acerca dos verdadeiros montes de Roma e dos imperadores que lá reinaram na segunda seção desta cena. Não estamos, de forma alguma, rompendo com o tradicional elo de ligação entre as visões de João e a realidade dos fatos; os fatos são personificações concretas da imagem-montanha e da imagem-rei. Porém, antes, guardando em mente a discussão anterior, penetraremos no mistério da Babilônia.

1. Abertura da Sexta Cena: a Primeira Palavra Acerca da Babilônia(17:1-6).Veio um dos sete anjos que

têm as sete taças, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha  sentada sobre muitas águas, 2com quem se prostituíram os reis da terra; e com o vinho de sua devassidão foi

que se embebedaram os que habitam na terra. 3Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto, e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.

4 Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas

tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição.

5 Na sua fronte achava-se escrito um nome, mistério: Babilônia, a grande, a mãe das meretrizes e das

abominações da terra. 6  Então vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das

testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto.

A Babilônia já apareceu em duas ocasiões anteriores, em 14:8 e 16:19. A primeira menção foi na quarta cena, onde estava sendo descrito o conflito cósmico. Lá vimos a ideologia do mal, que exalta o sistema do dragão, alienado de Deus, a uma posição de suprema autoridade, em oposição à ideologia divina, o evangelho eterno; e parte da missão do evangelho é, no dizer do apóstolo Paulo, "destruir fortalezas, anulando sofismas e toda a altivez que se levante contra o conhecimento de Deus" (2 Co 10:4, 5). Este aspecto da mensagem do evangelho é graficamente resumido nas palavras "caiu, caiu a grande Babilônia" (18:2).

atingem o clímax, a civilização ("as cidades das nações") começa a desmoronar, pois a "grande cidade" —  a

cidade arquétipo, o sistema alienado de Deus —  está desmoronando. E lá também encontramos esse sinistro

nome, pois o que se passa é descrito assim: "lembrou-se Deus da grande Babilônia". Assim sendo já vimos não somente o nome, mas obtivemos até algumas alusões acerca do que ele significa. Mas a "Babilônia" é tão importante que toda uma cena do drama é dedicada a ela.

O que ela é? Uma figura de pomposo esplendor. Mas por baixo de toda a fascinação, ela é simplesmente a grande prostituta. Nomes de blasfêmia cobrem a besta na qual ela está assentada, mas o que ela escreveu sobre si mesma é: fornicação, fornicação, fornicação. Conhecemos muito bem a raiz no grego desta palavra:  porn-; e por cinco vezes João a repete6 não como alguém que a saboreia, mas sim como alguém que em vão

tenta se livrar do seu nojento sabor.

 Não devemos pensar que o Apocalipse condena a imoralidade sexual como o pecado mais terrível. Na oitava cena encontraremos o oposto da Babilônia, a prostituta: é Jerusalém, a noiva, "a esposa do Cordeiro" (21:9), é a igreja, a cidade de Deus. Lá o quadro relação marital fiel representa algo maior como a união espiritual entre Cristo e seu povo. Usando o mesmo padrão, a fornicação para a qual a Babilônia seduz os habitantes da terra é, como vimos na quarta cena, a adoração ao dragão no lugar da adoração a Deus e não o  pecado sexual simplesmente (13:11 -12). "Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (1 João

2:15).

A primeira epístola de João diz: "o mundo passa" (1 João 2:17). O mundo, no sentido espiritual, representa a sociedade humana organizada independente de Deus e é representada na quarta cena pelas  bestas; aqui, na sexta cena, pela Babilônia e sua besta, é algo passageiro como tudo o é no mundo físico. A  primeira palavra acerca da Babilônia, porém7, mostra-a em seu poder e glória. Veja-se em primeiro lugar

quão influente ela é. As águas da Babilônia eram uma verdadeira atração geográfica naquela antiga cidade8.

Mas aqui elas são um símbolo, cujo significado é dado no versículo 15. Ela está entronizada sobre todas as nações, e tem todos os habitantes da terra e seus reis sob seu poder (vs. 1, 2, 18). Se grandes multidões são submetidas pelos seus ardis, como não devemos nós, indivíduos fracos, manter-nos em alerta contra ela! Agora veja-se quão perversa ela é (v.3). O poder que a sustenta é uma criatura com as cabeças e os chifres do dragão (12:3) e da besta do mar. Ela é, portanto, odiada e amada. No entanto veja-se quão atraente ela é

 —  pois enquanto João descreve em primeiro lugar a maldade que a sustenta e só depois o seu fascínio (v.4),

a alma humilde corre o risco de ser hipnotizada pela beleza antes de notar a besta. Devido a seu grande poder de atração, é necessário que ela seja temida. Mas finalmente João nos mostra quão repulsiva ela é; o que a fez embriagar-se é a sua aparente vitória sobre aqueles que testemunham as verdades do cristianismo que ela odeia (v.6). E por essa mesma razão todos os que amam a verdade a abandonarão. Seria tolice subestimá-la. João fica maravilhado, tal qual os habitantes da terra se maravilharam com a besta (13:3). Mas João foi levado para um deserto para de lá presenciar a cena, e o deserto "representa a perene condição de separação que deve existir entre o crente e o mundo ... é do deserto que o cristão é capaz de ver a civilização como ela é na realidade"9. Feliz é o servo de Deus que vê o mundanismo como ele realmente é, e aplica as palavras do sábio de Provérbios 5 e 7 à mais libertina das mulheres libertinas, e aprende a respeitar e a odiar, a temer e a fugir da Babilônia, a prostituta.

2. A Segunda Palavra: O Mistério da Babilônia (17:7-18) O anjo, porém me disse: Por que te admiraste?  Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres, e que leva a mulher: 8 A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo, e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá. 9 Aqui está o sentido, que tem sabedoria: As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, 10dos quais caíram cinco,

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