• Nenhum resultado encontrado

A MINHA VIDA PROFISSIONAL ESTAR ATRELADA A DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (páginas 132-200)

3- A INSERÇÃO DE TRÊS PROFESSORAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA NAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

1.1 A MINHA VIDA PROFISSIONAL ESTAR ATRELADA A DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

No meio tempo, entre a minha formação e o início da atuação profissional, estava ocorrendo o movimento para a interiorização do Ensino Superior na Bahia, que até então, era centralizado na cidade de Salvador. Ouvia os rumores sobre a possibilidade de se abrir uma faculdade em Feira de Santa ou Itabuna, as duas cidades interioranas com maior potencial econômico e populacional na época.

Lembro que neste momento da cena política nacional, devido as reformas de sessenta e oito, foram criadas as Licenciaturas De Primeiro Ciclo, ou Licenciaturas Curtas, por meio de indicação, do Conselho Federal de Educação - CFE, proposta pelo Conselheiro Newton Sucupira.

A alarmante carência de profissionais docentes com qualificação adequada forçou o surgimento das Licenciaturas Curtas em caráter experimental e emergencial tendo o currículo mínimo para formação de novos professores. Isso foi logo que conclui a graduação em história natural e gerou um cenário de alta valorização e reformulação das faculdades tendo em vista o maior número de professores à curto prazo e a gente ficou com muito ânimo, pela possibilidade de trabalhar nessas instituições.

132 Nesse período, a formação docente em Ciências se tornou prioritária frente às demais por causa da criação da matéria obrigatória, Ciências Ginasial, que foi designada para dar aos jovens estudantes uma primeira visão científica do mundo e de suas experiências. Na verdade, estava tudo ligado com a questão da globalização, a revolução industrial e essas coisas todas que passaram a dar mais atenção para a Ciência.

Em virtude da natureza peculiar da disciplina Ciências, Física e Biologia, à qual estava ligada a iniciação científica, poucas pessoas tinham condições de assumi-las. Por este motivo, que a maioria de nós que tínhamos formação na área, pegávamos vários colégios para ensinar. Não só eu, como Glória, Gislaine e vários outros colegas saíram dando aula em tudo que é lugar, ainda na graduação, e depois da formatura todo mundo pegou a quantidade de escolas que podia para ganhar uma grana a mais.

Quando adentrava no interior a situação era mais alarmante, quase que não tinha professor nenhum com formação na área da Ciência, e por isso, que para atender as exigências educacionais, necessitava formar mais pessoas. Nessa ocasião, foi implantada em 1968 a primeira instituição superior do interior da Bahia, a Faculdade Estadual de Educação de Feira de Santana (FEEFS), onde hoje é o Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA, com os cursos de Letras e Estudos Sociais. Logo após foi implantado, em 1970, a Licenciatura de Primeiro Ciclo em Ciências formando o pessoal para ensinar as disciplinas escolares Matemática e Ciências.

A minha Irmã Gislaine Vieira dos Santos, juntamente com Maria Cristina de Oliveira Menezes, ambas licenciadas em história natural pela Faculdade de Filosofia, foram convidadas para serem professoras da área da biologia composta por quatro disciplinas, biologia I, II III e V, estando os conteúdos da botânica e zoologia.

Outras professoras também foram convidadas para compor as outras áreas do curso como Naides de Cerqueira e Silva Alves de Lima que lecionaram as três disciplinas da química;

Yara Maria Cunha assumiu as disciplinas de psicologia geral, da aprendizagem e educacional e Judite Pires Torres lecionou as duas disciplinas de didática geral.

A parte da matemática era composta por cinco disciplina de I a V lecionadas pelo professor Carloman Carlos Borges e a Física três disciplinas de I a III assumidas pelo professor Paulo Fernando Simões Lobo.

133 Gislaine se desbandou para Feira de Santana e fiquei dando aulas nos colégios até que também passei a lecionar no Nível Superior. Trabalhei na Católica por treze anos, de 1974 a 1987, na qual tive a oportunidade de dar aula e contribuir para a formação da professora Maria Celeste Costa Valverde que logo se tornou minha colega de trabalho. Primeiro ensinei no Ciclo Básico onde todo mundo da Matemática e Ciências Biológicas fazia e depois, quando passou a ofertar a Habilitação em Biologia, dei aula de Ecologia.

Naquela época, não havia concurso ou seleção para ser professor, tudo era na base do convite. As pessoas que se destacavam, tinham experiência ou conheciam alguém na instituição eram convidadas, quando surgia a vaga.

Quem me convidou foi meu professor de Fisiologia Humana. Ele trabalhava na Faculdade de Filosofia e também na Católica. Não me lembro o contexto no qual fui convidada, só sei que comecei dando aula na Lapa e depois o curso mudou para Federação.

Nesse meio tempo a FEEFS foi substituída pela Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS, primeira universidade do interior da Bahia que teve o projeto de fundação articulado à lógica de expansão educacional ocorrida no Brasil, a partir do final dos anos sessenta. A nova universidade instituída em 1976 passou então a desafogar a demanda sobre o ensino superior, destinada a formar professores, antes existente apenas na capital baiana.

Para que fosse autorizada legalmente o funcionamento da UEFS, precisou do nome e do título de algumas pessoas que já trabalhavam na UFBA e minha irmã Gislaine, que lecionava na instituição, foi convidada para preencher o quadro de professores do curso de Licenciatura Curta em Ciências.

Embora o nome de Gislaine esteja nos documentos dos professores que foram aprovados para constituir a Universidade, ela não participou do processo e nem chegou a trabalhar no campus. Em 1977, logo após a implantação da UEFS, ela precisou se afastar para fazer o mestrado.

A professora Maria Cristina, coordenava a Licenciatura Curta em Ciências e me convidou para ocupar a vaga. Gislaine transformou o mestrado logo em doutorado, e assim que retornou da pós-graduação, entrou com o pedido de dedicação exclusiva na UFBA, aí acabei ficando definitivamente ensinando na UEFS, a parte da Botânica.

134 Lembro que logo no início de minha atuação na Universidade o primeiro reitor, Geraldo Leite que conheci muito pouco, um certo dia, invadiu a sala para me mostrar alguém, estava dando aula prática, mas não tive nenhum conhecimento dele. Acho que só foi ali para mostrar que a gente já desenvolvia um bom trabalho.

Como não era dedicação exclusiva, não precisava ir todos os dias, e também como ia para Feira de Santana durante o dia, continuei na Católica dando aula á noite nos dias de quarta e sexta. Me dividi entre as duas instituições, era quando tinha a energia da juventude, uma coluna boa e muita disposição, então me permitia.

As coisas eram até um pouco mais difícil porque não tinha ônibus para transportar os professores de Salvador para UEFS como é hoje, o corpo docente era pequeno, a gente ia no ônibus da Santana, com destino Salvador, São Paulo e tinha uma Kombi que nos transportava, pela manhã, da rodoviária de Feira de Santana até UEFS e fim da tarde nos levava de volta.

Além do quadro docente ser bem pequeno, a Universidade não tinha quase nada. Só haviam três módulos, depois de um certo tempo que foi crescendo. No primeiro, onde hoje é o curso de Biologia, tinha a Reitoria, o Administrativo, o módulo teórico MT I e o prático MPI, onde ficavam os laboratórios para aula de biologia e química e MPII para as aulas de Física. No segundo módulo era a Gerência Acadêmica, a Biblioteca e onde acontecia o curso de letras, já no terceiro módulo não me lembro bem, mas acho que ocorriam as aulas dos outros cursos.

Quando começamos não tínhamos o problema de vaga, era uma coisa mais simples, menos sofrido do que é agora. Não tinha esse foco de que era uma Universidade pública, nem essa parte política da coisa, eu dava as minhas aulas, acreditando que estava ajudando na formação das pessoas, que iam trabalhar em suas cidades. Estava ali contribuindo para o amadurecimento da instituição que se expandia em um efeito multiplicador, era isso que pensava.

E nessa minha jornada de ir trabalhar na UEFS me aconteceu uma coisa que vou te contar, logo que cheguei, foi difícil conquistar dona Maria de Lourdes Santana, a primeira funcionária do curso que adorava Gislaine, toda vez que me via, perguntava por ela, como se tivesse dizendo assim, que dia você vai embora? Com um tempo, a gente foi se

135 aproximando, trabalhei com ela por décadas e tive muito contato, principalmente porque estive sempre envolvida na liderança do curso.

1.2- TUDO QUE APARECIA NA UNIVERSIDADE DIZIAM ASSIM, COLOCA GIZÉLIA, AÍ FUI ASSUMINDO VÁRIOS CARGOS DE LIDERANÇA

Quando iniciei na UEFS só existia a Licenciatura Curta, depois que passou a ser ofertada também a Habilitação. Os alunos chegavam no quinto semestre, faziam mais três e se habilitavam em uma área específica, que poderia ser Física e Química também, mas a Universidade nunca implantou, então só oferecíamos duas vertentes, Biologia e Matemática.

Na Habilitação de nossa área, existiam as disciplinas desdobradas das matérias biológicas, compreendia a biologia geral, a botânica, a zoologia, a ecologia, a biofísica e a bioquímica, além de alguma disciplina das geociências e outras voltadas para a instrumentação do ensino, de natureza pedagógica.

Maria Cristina, professora e coordenadora do curso de ciências desde sua implantação, não estava mais com aquela disposição toda e eu fui escolhida por votação para ser coordenadora em 1978. Na verdade, eram três pessoas, Maria Cristina respondia pela licenciatura curta que era a base comum para todos, eu fiquei responsável pela habilitação em biologia e tinha uma outra coordenadora que era da parte da matemática.

A coordenação dos cursos não era algo formal nesse tempo, nem existiam documentos, ou nome no diário oficial, nada disso. Com a necessidade de se reconhecer o curso, começamos a pensar na implantação dos colegiados tanto de matemática como o de biologia, aí a coisa foi se tornando mais sólida e algo mais oficial.

Assim que foi criado o colegiado do curso de biologia em 1981, fiquei como a primeira presidente. Antes a gente chamava de presidente as pessoas que tomavam conta das atribuições dos cursos, que era responsável pela preparação dos alunos e da matrícula.

136 Tivemos que trabalhar muito para que a habilitação em biologia fosse reconhecida e veio o pessoal de fora avaliar as condições e as exigências para ter um curso certificado. A gente tinha que ter, além do quadro profissional, um herbário, um biotério e uma biblioteca com livros bons da área de biologia.

Corremos atrás para conseguir as coisas e o mais difícil foi montar o herbário. A gente trouxe um americano que nos ajudou a implantar e hoje é respeitado, pois conseguiu repatriar muito tipo de plantas aqui do Brasil.

Foi nesse meio tempo que fiz o concurso e regularizei a minha vida na UEFS, porque até então era apenas contratada e com as mudanças de regulamentação fiz a seleção no finalzinho de 1980, passei em primeiro lugar e me efetivei, com todos os direitos. A professora Nora Ney também passou no concurso junto comigo, na segunda posição e ficou com a disciplina ciências do ambiente que eu ministrava e passei a assumir mais a ecologia. Maria Celeste, minha aluna na Católica, também foi selecionada e entrou para zoologia um tempo depois.

Esse concurso, na primeira vez que foi marcado, o motorista demorou para encontrar a casa de um dos professores da banca em Salvado aí eles chegaram muito tarde, não aceitamos fazer a prova e foi remarcado outra banca.

A avaliação exigiu apenas uma prova escrita e os títulos. Como já tinha experiências de ensino superior e um currículo mais consistente, passei em primeiro lugar. Também fiz uma boa prova escrita, caiu um assunto que gosto muito, fatores ecológicos, aí escrevi muito e a professora Cristina, que presidia a banca, reclamou bastante porque já tinha feito mais que todo mundo e ainda pedia mais folha.

Ter passado nesse concurso, de uma certa forma, ajudou com que fosse escolhida para liderar o colegiado, porque era alguém que estava assegurada na universidade e que não se afastaria por qualquer motivo. Era tudo muito novo e fui aprendendo com a experiência, e olha, vou te contar, briguei muito quando começamos viu? Porque a matrícula tinha um nível de organização que prejudicava muito o curso de ciências.

A gerência acadêmica que cuidava da matrícula e o responsável era um funcionário da UFBA que foi cedido e acabou ficando terminantemente na UEFS. Ele levou aqueles cartões perfurados de computador, para entregar os alunos, dizendo que servia para reservar as vagas, mas como éramos um curso com turmas subdivididas para aulas

137 práticas, assim que eu terminava de fazer a matricula, os alunos iam pegar as vagas na gerência acadêmica e não tinha mais. Pense que os meninos voltavam tudo para o colegiado refazer e isso me irritava, porque era muito desorganizado.

Em um relatório de matrícula, fiz uma crítica tão braba que depois disso teve uma reunião e houve a mudança, permitindo com que os colegiados ficassem com as vagas e não no lugar centralizado que gerava esses problemas todos. Esse foi até um dos primeiros trabalhos que fiz e que ajudou a mudar um pouco a forma de como se fazia matrícula na universidade.

A UEFS estava se consolidando e a gente trabalhou para escrever e implantar os regimentos dos Departamentos, do Conselho Universitário - CONSU, do Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão - CONSEPE e do Conselho de Administração – CONSAD.

Ajudei bastante na redação dos documentos da UEFS, que não tinha nada, ela estava se constituindo como universidade. Participei de toda essa elaboração, ia para as discussões e me tornei a primeira diretora do Departamento de Ciências Biológica - DCBio em 1982.

Foram feitas as eleições para os diversos departamentos no mesmo momento e houveram algumas reuniões para escolhermos onde ficaria cada um. Como nossos laboratórios funcionavam no primeiro módulo, tanto o herbário como o biotério, achei por modo a biologia funcionar por ali mesmo.

Assim que nos elegemos, antes da nomeação pelo governador do estado, fizemos em Salvador, na UFBA, um curso de gestão por um bom tempo, porque era a primeira vez que todos seríamos diretores dos diversos departamentos.

Ficamos aguardando a convocação por um bom tempo, aí aconteceu uma coisa que muita gente não sabe e você vai saber agora. Um colega me disse que o motivo de sair a nomeação era porque tinha gente que não me queria como diretora porque eu era subversiva. Desde que comecei como professora na Católica, participava de tudo que era greve, não que fosse de sindicato, nada disso, mas concordava com o movimento.

Era o tempo da revolução e por esses motivos era vista como agitadora. Quando soube dessa questão, fui na casa de Maria Cristina, ver se realmente estava acontecendo o que o colega havia dito e coloquei o cargo à disposição. Não queria atrapalhar a vida de

138 ninguém, mas ela disse que não existia isso, aí não demorou muito, saiu a nomeação e fiquei no cargo.

Tomei posse e o departamento de biologia ficou em uma salinha no primeiro módulo onde era atualmente a sala do professor José Geraldo no MT, em frente a xerox. Fiquei como diretora por dois mandatos seguidos e muitas coisas aconteceram porque o curso ainda estava se consolidando.

No mesmo ano que entrei no departamento, passei a representa-lo nas reuniões do CONSEPE, ajudando a elaborar as normas, formulando as políticas institucionais, definindo as diretrizes gerais das áreas acadêmica e discutindo, juntamente aos demais membros, sobre os assuntos referentes ao tripé, ensino, pesquisa e extensão. A gente buscava avaliar e decidir sobre os diversos assuntos referentes ao funcionamento da UEFS, bem como conceder apoio aos reitores, na complexa tarefa de gerir a inst ituição.

Inicialmente o CONSEPE estava em processo de regulamentação e funcionava tudo junto. Fui membro de comissão para proceder estudos, elaborar os documentos e as proposta para o funcionamento das câmaras de ensino, de pesquisa e extensão nos anos de 1982 e 1983. Tivemos que estabelecer os seus regulamentos e quando foram implantadas em 1984, fui vice-presidente da câmara de graduação, paralelamente com a direção do departamento até 1986.

Tudo isso fez com que a universidade fosse crescendo, o curso de biologia se estruturando e eu passei a ter cada vez mais demandas, então aluguei um apartamento e fui morar em Feira de Santana. Outra coisa que provocou a minha mudança foi o fato de que uma das condições para ser diretora era morar na cidade e também tinha que ir todos os dias para o trabalho, achei mais confortável morar próximo.

Uma colega do departamento de saúde preferiu morar no hotel Feira Palace e me chamou para fazer o mesmo, mas achei melhor alugar um apartamento de uma aluna, vizinho a universidade, onde morei por muito tempo.

Passava a sema em Feira de Santana, quarta à noite retornava rapidinho para Salvador, dava aula na Católica, no outro dia de manhã já voltava para trabalhar na UEFS e na sexta ia novamente para Salvador passar o fim de semana.

139 Fiquei nesse vai e vem de ônibus comercial porque não tínhamos o transporte dos professores. Era muito puxado me dividir entre as duas cidades, preparar aula, corrigir prova e dirigir o curso, mas deu para sobreviver, nesse tempo eu tinha energia suficiente e a coluna aceitava que viajasse de ônibus.

Outra coisa que ajudava é que não assumia atividades domesticas, nunca gostei das tarefas de casa, eu tomava café da manhã uma lima e uma maçã, para não ter que fazer nem limpar nada. Ia para a universidade, passava a manhã inteira lá e meio dia me mandava para o centro ou me deslocava até o shopping e almoça por lá mesmo.

No início, quando vi que estaria morando sozinha em Feira de Santana, até tentei aprender a cozinhar, mas me dava uma preguiça, aí eu fritava ovo e comia com biscoito, depois fui levando a comida meio pronta, mas no geral passei a comer fora.

Como passava os fins de semana em Salvador, trazia a roupa par a empregada lavar em casa, depois contratei uma moça que fazia faxina, outra lavava minha roupa lá no apartamento de Feira de Santana mesmo. Não tinha muito serviço doméstico não, as vezes fazia uma coisa ou outra, quando havia extrema necessidade.

Fui uma pessoa que era preguiçosa, quando via minhas cunhadas chegarem de uma praia e ter que fazer comida para criança, dar banho essas coisas todas, era uma situação que todo mundo queria, casar, ter filhos, família e cuidar de casa. Me dava um desânimo, nunca fiz questão disso, chegava era com minha cabeça zonza de cerveja ia deitar e dormir. Me lembro uma vez que uma amiga de minha mãe que não se viam a bastante tempo me perguntou se já havia casado e respondi que não, que fiz universidade, porque tinha que casar?

Dediquei minha vida inteira ao meu trabalho, mesmo quando ia para casa ou nos finais de semana eu tinha demandas da universidade. Como estava na direção do departamento, além de participar de todos os conselhos universitário CONSU, COMSEP e CONSAD, também estava com outros diretores na linha de frente da organização de uma série de eventos.

Não tinha tempo para fazer outras coisas porque era muito processo par dar parecer e ainda tinha que ler os documentos do Ministério da Educação - MEC para ver qual era a linguagem que deveria ser utilizada. Me lembro que no início eu era ruim para escrever,

140 minha irmã tinha feito curso para secretariado executivo, ela me ajudou muito. Não foi fácil não, saia de Feira de Santana e ia em salvador encontra-la, mas conseguimos.

Devido a todas essas atividades que assumia, pedi para sair do ciclo básico na Católica, deixei a fisiologia vegetal na parte da botânica da UEFS também e fiquei ensinando só ecologia nas duas instituições que era ofertada no último semestre.

Desde que entrei na habilitação que dava aula em tudo, já que o corpo docente era pequeno. Assumi a fisiologia, também lecionei a disciplina ciências do ambiente no curso de exatas que era tecnologia da construção civil e hoje é a engenharia, lembro que ao longo da minha carreira docente, fui mesclando disciplinas da botânica e da ecologia que era minha preferência, não por ser ecologista, ou estar engajada no ativismo, mas porque gostava do funcionamento da natureza, de estudar e trabalhar com meus alunos.

No final saí da área da botânica e fui locada na ecologia, então me fiz nesta área dentro da UEFS, realizava muito trabalho prático, excursão, atividade de campo. No início quando não tinha muita coisa construída no campus, tinha muito mato disponível trabalhava por lá mesmo.

Pense que eu gostava de dar aula, de preparar prova, conversar com os alunos, tanto que nunca deixei a sala de aula, com o desenvolver do curso, só reduzi a carga horária assim que assumi o departamento porque haviam diversas atribuições que a mim eram exigidas.

Durante meus dois mandatos na direção de 1982 a 1986, fui realizando o curso de ciências com habilitação em biologia por alguns semestres e depois começamos a trabalhar fervorosamente na implantação da licenciatura plena. José Maria Nunes Marques, o segundo reitor da universidade, não queria, então a gente foi amadurecendo a ideia e fazendo com que a UEFS se desenvolvesse mais, para podermos mudar o curso.

Com a implantação do departamento isso se tornou mais forte e o corpo docente composto de vinte membros, em sua maioria mulheres, juntamente comigo na direção, fizemos de tudo para a implantação e estruturação acadêmica na modalidade licenciatura.

Nossa maior briga era porque tinha muita coisa que os nossos alunos não estudavam, nem se quer viam, então não eram competitivos. Quem fazia biologia em três semestres não tinha a mínima condição de concorrer em um concurso com alguém que cursava quatro anos de biologia.

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (páginas 132-200)

Documentos relacionados