• Nenhum resultado encontrado

Através deste estudo, espera-se de alguma forma contribuir para um melhor entendimento do comportamento destas estruturas, oferecendo dados mais

4 EVOLUÇÃO DO MOBILIÁRIO

4.10 MOBILIÁRIO PRÉ-MODERNO

De acordo com Bayeux (1997)

“Devido aos avanços técnicos e científicos e à necessária reorganização da sociedade, o período de 1760 a 1830 foi marcado por um processo de profundas transformações econômicas, políticas e culturais, sendo conhecido como o período da Revolução Industrial e da Idade da Razão... No plano econômico, a racionalização da produção decorrente da invenção da máquina, tornou possível a fabricação em série de todo tipo de objetos e, por conseguinte, a expansão do mercado, o avanço do capitalismo e o crescimento das cidades em função da instalação de indústrias... Enquanto a sociedade passava por profundas mudanças estruturais em função deste progresso técnico, no plano artístico dominava uma grande desorientação. A mudança da própria noção de tempo contribuía para essa situação. Coisas que antes levavam décadas, às vezes séculos, para apresentarem alguma mudança, começavam a sofrer rápido processo de transformação. Ao mesmo tempo, era difícil para os artistas absorverem todos os avanços técnicos, bem como trabalhar com novos materiais... Assim, frente à dificuldade de se lidar esteticamente com o presente, era mais seguro recuperar o passado e, nessa direção inicial, a arte distanciava-se cada vez mais da indústria.”

À medida que crescem os contingentes das classes médias, aumenta incessantemente o mercado consumidor do mobiliário, que vai sendo atendido por uma produção cada vez maior de peças “padronizadas” e destituídas de qualquer autenticidade ou preocupação estética. Utilizam-se, para tal, todas as formas de imitação a baixo custo das tradições existentes, ao invés de se buscarem soluções fundamentadas na nova realidade econômica e social.

O art nouveau cria uma nova linguagem, passando a buscar no passado elementos que possibilitam uma contraposição ao rigor retilíneo do classicismo. A descoberta das linhas curvas e flutuantes da gravura japonesa veio comprovar que era possível extrair composições resultantes da combinação de formas abstratas, livres, simples e uniformes. A imagem em movimento respondia à necessidade de romper com o imobilismo em relação aos avanços da era moderna e as formas sinuosas e ágeis sugeriam o desejo comum pelo novo e pela liberdade (fig. 4.20).

Figura 4.20 Cadeira em estilo art nouveau, de Bernhard Pankok - 1898 Fonte: Sembach, 1993. p.86.

No mobiliário impera a linguagem orgânica; linhas ondulantes e assimétricas; o uso da madeira como se fosse uma substância maleável confere às superfícies dos móveis um certo dinamismo onde cada detalhe adquiria uma razão de ser do ponto de vista plástico, construtivo e funcional (fig. 4.21).

Figura 4.21 Cadeira de Bruno Paul - 1901, detalhe desenho da estrutura

Fonte: Sembach, 1993. p.113.

A objetividade do cubismo em relação às formas apresentou um sensível recuo em relação ao repertório vegetal e ao excesso de ondulações para assumir contornos mais lineares derivados da combinação das formas geométricas, mais elementares e uma decoração mais contida e funcional. Neste contexto, a neutralidade do art deco possibilita resgatar, de forma simbólica, o passado e conjugá-lo ao que havia de mais moderno.

“Superfícies planas, pureza das linhas retas, predomínio do equilíbrio e um elegante rigor pelo uso das formas e ornamentos mais simples, expressados através de figuras geométricas elementares como o quadrado, o círculo e o retângulo era a linguagem adotada agora no mobiliário.” Bayeux (1997)

Figura 4.22 Cadeiras em art deco, uso constante da geometria

Fonte: Cadeiras Brasileiras,1994. p.41 e 19.

4.11 MOBILIÁRIO MODERNO

No Movimento Moderno, a integração da arte com a técnica se faz necessária e o resultado é a simplificação e a geometrização formal como forma de adaptar os produtos aos novos tempos. Este movimento progressista de defesa de uma expressão mais condizente com os novos tempos modifica os modelos de comportamento e o estilo de vida das pessoas, criando uma linguagem de completa harmonia com as exigências da era industrial.

“Ao executar, em 1917, a “cadeira manifesto” Red-Blue, Rietveld introduziu uma nova concepção estética para o móvel, uma inovação construtiva e espacial baseada nas formas geométricas puras. Nesta cadeira os planos geométricos em ângulos retos são ligados por juntas e encaixes e os elementos lineares que a compõem, pensados como parte estrutural do conjunto, ao se tocarem tangencialmente formam retângulos como planos abstratos da composição. Primeira peça do mobiliário a expressar os novos princípios estéticos do design, demonstrou a possibilidade de sintetizar a forma e função através da elementaridade plástica, construtiva e técnica.” Bayeux (1997)

Em 1919, a Bauhaus, criada pelo arquiteto Walter Gropius, possuía como objetivo principal a integração do ensino com a indústria; unindo a Escola de Belas-Artes com a Escola de Artes Aplicadas, tentando vencer definitivamente a oposição entre o trabalho manual e intelectual, entre arte e indústria. Este é um empreendimento que representa a plena consciência crítica do problema, procurando conciliar o saber artístico com o fazer artesanal, levando em consideração o avanço tecnológico desde a compreensão dos materiais, a observação das formas até o projeto e execução dos objetos.

Aos materiais tradicionais usados na mobília, são introduzidos o ferro, o aço e a madeira compensada. Algumas dessas novas matérias-primas propiciaram a industrialização, o barateamento e a socialização do móvel a níveis nunca atingidos anteriormente, instaurando uma nova tipologia, uma nova tecnologia e uma nova funcionalidade.

Para Duarte (1999)

“Houve o projeto de Breuer que tratou a função da cadeira e seu

modo de produção como elementos-chave de seu processo criativo,

e por esses exatos motivos escolheu o material com sua forma mínima padrão, tubos metálicos, e desenhou (to design) o tipo da cadeira Wassily.”

O resultado desta experiência, além de marcar a primeira grande conquista em relação à indústria, resulta na realidade atual, ou seja, na diversificação e especialização praticamente ilimitadas da mobília fabricada hoje. O móvel deixa de ser monumento doméstico para se transformar num objeto útil, agradável de ser visto e, sobretudo, com um desenho identificado com a produção em série, e neste sentido, economicamente viável.

Documentos relacionados