• Nenhum resultado encontrado

2.2 JOINT VENTURE

2.2.2 Modalidades de Joint Ventures

De acordo com o IASB, há três modalidades de joint ventures: as operações controladas em conjunto, os ativos controlados em conjunto e as entidades controladas em conjunto. Independentemente das formas, as seguintes características são comuns a todas as joint ventures (IAS 31, § 7):

a) dois ou mais participantes são vinculados a um acordo contratual e b) o acordo contratual estabelece o controle em conjunto6 (tradução livre).

A seguir, será feita uma descrição de cada uma das modalidades.

2.2.2.1 Operações controladas em conjunto

As operações controladas em conjunto, conforme Martins (1997a,p.2), “são empreendimentos temporários, normalmente de vida curta e definida, em que duas ou mais empresas se juntam para exploração de uma atividade econômica”.

De acordo com o IAS 31 (§ 13), “cada investidor usa seu próprio imobilizado, planta e equipamentos e seu próprio financiamento, que representa suas próprias obrigações”7 (tradução livre).

Deve ser feita uma distinção entre os ativos e passivos da própria empresa e aqueles destinados à atividade econômica da joint venture. Os sócios investidores reconhecem em suas demonstrações contábeis individuais e consolidadas os ativos que controlam e os passivos em que incorrem; as despesas em que incorrem e sua parte da receita auferida na venda de mercadorias ou prestação de serviços pela joint venture. IAS 31 (§ 10)

5

The operator does not control the joint venture but acts within the financial and operating policies that have been agreed by the the venturers in accordance with the contractual arrangment and delegated to the operator.

6 [...] (a) two or more venturers are bound by a contractual arrangement; and (b) the contractual arrangment

establishes joint control.

7 Each venturer uses its own property, plant and equipment and carries its own finance, which represent its own

Nas operações controladas em conjunto, compartilham-se os resultados decorrentes da atividade econômica exercida na joint venture. Segundo Martins (1997a, p.3):

[...] se uma empresa vende produtos ou serviços que foram produzidos pelas operações controladas em conjunto esta empresa deve registrar somente a sua parte devida da receita. Esta parte devida da receita a ser reconhecida é estabelecida contratualmente, onde as proporções de reconhecimento de cada venturer são definidas.

Não há necessidade de preparação de demonstrações contábeis especificamente para as joint ventures. Um acompanhamento de suas contas já é suficiente, conforme consta no IAS 31 (§16):

Como os ativos, passivos, receitas e despesas são reconhecidos nas demonstrações contábeis do sócio, não é necessário nenhum ajuste ou outros procedimentos de consolidação com respeito a esses itens, quando o sócio apresenta as suas demonstrações contábeis consolidadas. 8 (tradução livre)

Dessa forma, não há formação de uma nova entidade, uma vez que os recursos utilizados são das próprias empresas investidoras. Compartilhadas são as receitas e despesas oriundas da atividade da joint venture.

2.2.2.2 Ativos controlados em conjunto

Nessa modalidade, há ativos que são controlados pela joint venture e que são reconhecidos nas demonstrações contábeis de seus investidores na proporção que lhes for de direito. Dessa forma, os ativos controlados em conjunto diferem das operações controladas em conjunto no que diz respeito ao reconhecimento contábil. Nas operações controladas em conjunto, cada investidor controla, exclusivamente, seus próprios ativos, enquanto, nos ativos controlados em conjunto, o controle dos ativos é da joint venture.

Da mesma forma que nas operações controladas em conjunto, não há necessidade de constituição de uma nova entidade, assim como não é preciso manter demonstrações contábeis da joint venture.

Conforme o IAS 31 (§21),

Com respeito a sua participação em ativos controlados em conjunto, o sócio deve reconhecer, em suas demonstrações contábeis:

8

Because the assets, liabilities, income and expenses are recognized in the financial statements of the venturer, no adjustments or other consolidation procedures are required in respect of these items when the venturer presents consolidated financial statements.

(a) sua parte nos ativos controlados em conjunto, classificada de acordo com a natureza dos ativos; (b) qualquer passivo em que tenha incorrido;

(c) sua parcela em qualquer passivo incorrido em conjunto com os demais sócios relativamente à joint venture;

(d) qualquer receita resultante da venda ou do uso de sua parte na produção da joint venture; e (e) qualquer despesa incorrida com relação a sua participação na joint venture.9 (tradução livre) Segundo Martins (1997a, p.4), “[...] os investimentos em joint venture, que se caracterizam por ativos controlados em conjunto, não são registrados como investimentos (por equivalência ou custo), mas são reconhecidos nas respectivas contas contábeis, de acordo com a natureza do ativo.”

2.2.2.3 Entidades controladas em conjunto

A terceira modalidade de joint venture são as entidades controladas em conjunto. Há criação de uma nova empresa e, dessa forma, elaboram-se as demonstrações contábeis próprias das joint ventures que refletirão no balanço consolidado das investidoras. Nesta pesquisa, o termo joint venture será utilizado para essa modalidade, ou seja, para as empresas que são controladas em conjunto.

A entidade controlada em conjunto é, assim, definida pelo IAS 31 (§24):

Uma entidade sob controle conjunto é uma joint venture que envolve a constituição de uma sociedade anônima, sociedade de pessoas ou outra entidade, na qual cada sócio detém participação. A entidade funciona da mesma maneira que outras entidades, exceto que um acordo contratual entre os sócios estabelece o controle conjunto sobre a atividade econômica da entidade10 (tradução livre).

Em relação a essa nova entidade criada, a joint venture, o IAS 31 §25 menciona que:

Uma entidade sob controle conjunto controla os ativos da joint venture, incorre em passivos e despesas e aufere receitas. Pode firmar contratos em seu próprio nome e levantar financiamento para fins das atividades da joint venture. Cada investidor tem direito a uma parte dos lucros da

9

In respect of its interest in jointly controlled assets, a venturer shall recognise in its financial statements: (a) its share of the jointly controlled assets, classified according to the nature of the assets; (b) any liabilities which it has incurred; (c) its share of any liabilities incurred jointly with the other venturers in relation to the joint venture; (d) any income from the sale or the use of its share of the output of the joint venture, together with its share of any expenses incurred by the joint venture; and (e) any expenses that it has incurred in respect of its interest in the joint venture.

10 A jointly controlled entity is a joint venture that involves the establishment of a corporation, partnership or

other entity in which each venturer has an interest. The entity operates in the same way as other entities except that a contractual arrangement between the venturers establishes joint control over the economic activity of the entity.

entidade sob controle conjunto, embora algumas entidades sob controle conjunto também envolvam uma participação na produção da joint venture 11 (tradução livre).

A sociedade controlada em conjunto é como se fosse uma sociedade qualquer, com suas próprias atividades econômicas e operações. Possui uma administração própria e suas políticas estarão de acordo com o que foi estabelecido em conjunto por seus controladores.

Em relação aos recursos aplicados pelas investidoras nas empresas controladas em conjunto, a Fipecafi (2003, p.493) dispõe que “[...] são reconhecidos em seus balanços individuais como investimento, de forma semelhante aos demais tipos de participação em outras empresas.” Assim, no balanço da controladora, a joint venture é reconhecida como investimento avaliado pelo método de equivalência patrimonial.