• Nenhum resultado encontrado

3.2 Domínios Morfológicos

3.2.1 Modelado de dissecação

Caracteriza-se por formas elaboradas sobre o embasamento cristalino e sedimentar, gerando elevações com cerca de 400 metros de altitude nas cabeceiras da margem esquerda da BRU, e de 500 metros na margem direita. No modelado de dissecação dessa bacia, pode se citar as Serras do Leste Catarinense, o Sill do Montanhão e, por último, setores colinosos das formações características do Gondwana, ou Unidade das Rochas Sedimentares.

3.2.1.1 Serras do Leste Catarinense

Descrita inicialmente pelo Projeto Radambrasil, essa unidade reúne elevações sub-paralelas com orientações noroeste-sudeste (NW-SE) verificadas na BRU. É característica dessa unidade os vales geralmente encaixados, a exemplo do Rio da Areia e do Rio Vargedo, situados na margem esquerda do Rio Urussanga (Mapa 1). A erosão nesses locais, preferencialmente atuante ao longo das falhas desses terrenos cristalinos, condiciona uma morfologia própria, visto que o granito ali possui falhas importantes (Mapa 2).

As elevações são típicas de morraria, estando as cabeceiras do Rio da Areia e do Rio Vargedo (Mapa 1) posicionadas em cotas com cerca de 400 metros. No fundo desses vales, existe acumulação de matacões e disposição de depósitos arenosos, com granulometria grossa, situados linearmente aos rios, cujos sedimentos são muitas vezes retirados e utilizados na construção civil.

No caminho que faz a ligação entre a comunidade do Rio Vargedo (Mapa 1) e a sede do Município de Treze de Maio, é perceptível que a pecuária se tornou um agente morfológico. O demasiado pisoteio dos bovinos proporcionou o aparecimento de sulcos no terreno, com algumas ravinas. Nesses locais, a atividade agrícola é limitada, devido à pedregosidade e pouca espessura do solo.

No centro da bacia, nos entornos das sedes dos Municípios de Morro da Fumaça e Urussanga (Mapa 2), há importante bloco granítico cortado por falhas,

muitas preenchidas por fluorita, assim justificando a atividade econômica de extração desse minério, que se faz presente na área. Também na comunidade de Esplanada, no Município de Içara (Mapa 1), situada às margens da BR-101, o modelado granítico de dissecação condiciona um relevo colinoso (Mapa 3). As diferenças das cotas topográficas das morfologias esculpidas sobre o granito permitem caracterizar essa unidade em dois modelados distintos, morraria e colinoso (Foto 1).

Foto 1: Modelado de morraria (seta vermelha) no Município de Treze de Maio. A planície aluvial, do pequeno afluente da margem esquerda do Rio Urussanga, foi aproveitada para rizicultura.

De acordo com Silva (1997), o modelado de morraria possui vales encaixados, elevações com encostas côncavo-convexas e cotas perceptivelmente mais elevadas que o colinoso. Nesse último modelado, enquadram-se as áreas da BRU, situadas na margem esquerda do rio principal. Também se acrescentaria o bloco granítico residual, localizado no centro da bacia, coincidente com as sedes dos municípios de Morro da Fumaça e Urussanga, como já citado.

O modelado colinoso, com vales mais abertos e amplitudes altimétricas menores (mais ou menos 100 metros), ocorre nos entornos da localidade de Esplanada, estabelecida, parcialmente, sobre granito. Cabe ressaltar que existe outra porção da BRU que se enquadra dentro do modelado de dissecação, mesmo não tendo o substrato constituído por embasamento granítico. Trata-se do Sill do Montanhão.

3.2.1.2 Sill do Montanhão

A área a oeste da localidade de Belvedere, Urussanga (Mapa 1), no noroeste da bacia, compreende as cabeceiras dos rios Caeté, Salto, Cocal e do Rio Carvão, principal formador do Rio Urussanga (Foto 2). A elevada cota desse setor (mais ou menos 500 metros) foi preponderante para a localidade ficar conhecida como “Montanhão”. Essa área geologicamente constitui-se em um sill de diabásio, hoje aflorante pela dissecação das camadas que o recobriam.

É uma descontinuidade rochosa associada à dissecação promovida por alguns afluentes de bacias hidrográficas adjacentes, como a do rio Araranguá (ao sul) e a do rio Tubarão (ao norte do Montanhão). O afluente rio Fiorita, da Bacia do rio Araranguá, disseca o “Montanhão” na sua vertente noroeste. Já, o afluente rio Bonito, da Bacia do Rio Tubarão, o disseca na vertente norte. As faces sudeste e leste são rebaixadas pelos rios da BRU.

Foto 2: No topo da foto, morfologia tabular do Montanhão que, somada à topografia mais elevada da área, favorece a realimentação das águas subterrâneas e dos vários rios.

3.2.1.3 Unidade das Rochas Sedimentares

De acordo com Silva (1997), a denominada Depressão da Zona Carbonífera Catarinense, principal Unidade Geomorfológica da BRU, caracteriza-se por um relevo colinoso, com padrão dendrítico de drenagem. Essa Unidade Geomorfológica foi, neste estudo, chamada de Unidade das Rochas Sedimentares coincidindo com os terrenos de rochas gonduânicas. A unidade ocupa a metade

oeste da BRU, compreendendo parte do Município de Criciúma e os de Cocal do Sul e Urussanga (Mapa 3). As encostas são preferencialmente côncavo-convexas e os vales abertos.

As rochas esculpidas são de natureza arenosa, siltosa e folhelhos das Formações Rio do Sul, Bonito e Palermo. As altitudes são menos expressivas que a Unidade Serras do Leste Catarinense e do Sill do Montanhão. No entanto, essas rochas enquadram-se, assim como as outras, no modelado de dissecação. Cabe salientar que a rede fluvial apresenta-se com padrão dendrítico (rios América, Linha Anta, Ronco D’água) e outros canais foram retilinizados, como o médio curso do Rio Urussanga (Mapa 3).

Na Unidade das Rochas Sedimentares é notória, também, a presença de diques de diabásio, preferencialmente na direção noroeste-sudeste (NW-SE), coincidentes com o alinhamento preferencial que a BRU possui. No Município de Urussanga, um dique de diabásio está sendo minerado para obtenção de brita. Salienta-se que esse dique com orientação NW-SE possui altitude média de 300 metros e comprimento de 3,5 km, sendo fácil sua observação em campo, devido à erosão diferencial. Essa litologia é mais resistente que as rochas sedimentares encaixantes (Foto 3).

Foto 3: Foto tirada no Montanhão no sentido leste. A seta branca aponta para a Unidade de Rochas Sedimentares, neste caso, com substrato da Formação Rio Bonito, parte revegetado com eucaliptos,

outra parte contendo rejeito carbonoso exposto. Ao fundo, a seta vermelha indica o dique NW-SE referido no texto acima e que está acompanhado longitudinalmente pela seta amarela.