2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.5 Modelagem matemática da eficiência de resfriamento e queda de pressão de um sistema de resfriamento evaporativo direto (RED)
O modelo matemático de um resfriador evaporativo direto, de acordo com Castro e Pimenta (2004) é definido como:
O modelo matemático apresentado tem com objetivo quantificar alguns parâmetros de sistemas resfriamento evaporativo por painéis de con- tato, como efetividade de resfriamento e queda de pressão. Para isso a modelagem da transferência de calor e massa é baseada em um balanço de massa e energia na corrente de ar que atravessa o painel úmido.
Para simplificar a análise da transferência de calor algumas considerações foram feitas:
• O ar seco e vapor de água têm comportamento de gás ideal;
• O ar é uma mistura binária de dois gases (ar seco e vapor de água); • Perdas de calor para o ambiente são desprezíveis;
• Processo se dá em regime permanente;
• As variações de energia cinética e potencial são desprezíveis;
• A água do sistema contida em um recipiente (2) é continuamente recirculada através de uma bomba (3) e mangueira (4) até um recipiente aspersor (5), considerados todos ideais sem troca de calor entre o ar e água;
• A temperatura da água de recirculação do painel (1) é considerada próxima da temperatura de bulbo úmido da massa de ar de entrada;
• Considera-se toda a área útil do painel (1) de contato com ar molhada.
Figura 24 – Variáveis envolvidas no processo de transferência de calor e massa, (a) esquema de um painel evaporativo de PET ideal com recirculação de água e (b) volume de
controle
De acordo com a figura 24 há troca de calor e massa entre a massa de ar de entrada e o painel evaporativo molhado de tal forma que a massa de ar resultante de saída apresenta menor temperatura de bulbo seco. Feitas as considerações acima e aplicando a 1ª lei da termodinâmica (conservação da energia) temos que a energia da massa de ar de entrada é igual a energia da massa de ar de saída:
˙
maha1+ ˙mv1hv1+ ˙mehvwb = ˙maha2+ mv2hv2+ ˙q (2.11)
Sendo:
•
q˙
taxa de transferência de calor do ar para água de recirculação (interna ao volume de controle), W•
m˙
a vazão de massa de ar seco, kg/s•
m˙
v1e ˙m
v2 vazões mássicas de vapor de água do ar na entrada e saída dopainel, respectivamente, kg/s
•
h
a1e h
a2 entalpia do ar seco na entrada e na saída do painel, J/kg de ar seco•
h
vwb entalpia do vapor de água na temperatura de bulbo úmido, J/kg de ar seco•
h
v1e h
v2 entalpia do vapor de água na entrada e na saída do painel, respecti-vamente, J/kg de ar seco
Para o balanço de massa na corrente de ar, temos:
˙
me+ ˙mv1− ˙mv2 = 0 (2.12)
considerando que a massa do vapor d’água por massa de ar seco corresponde à umidade absoluta (m˙v
˙
ma
= w), podemos dividir a Eq. 2.12 porm˙
a e reorganizando o resultado, temos:˙
me = ˙ma(w2− w1) (2.13)
Sendo
w
1e w
2 correspondente as umidades absoluta da massa de ar naentrada e saída do painel evaporativo. Substituindo a Eq. 2.13 na Eq. 2.11 , temos:
˙
q = ˙m
a(h
a1− h
a2) + ˙m
a(w
1h
v1− w
2h
v2) + ˙m
a(w
2− w
1)h
vwb˙
q = ˙ma(ha1− ha2+ w1(hv1− hvwb) − w2(hv2+ hvwb)) (2.14) Considerando o ar como gás ideal, o calor específico a pressão constante é definido como: Cpa = dh dt (2.15) .
Integrando a Eq 2.15 na condição de
C
pa= k, sendo k constante, resulta em:
Cpa =
h2− h1 (T2− T1)
Considerando que a entalpia do vapor de água no ar se encontra no estado saturado (WILBERT F. STOECKER, apud CASTRO; PIMENTA, 2004) e substituindo a Eq. 2.16 na Eq. 2.14 temos:
˙
q = ˙ma(cpa(T1− T2) + w1(hg1− hgwb) − w2(hg2− hgwb)) (2.17)
sendo:
•
T
1e T
2 as temperaturas da massa de ar na entrada e saída do painel emkelvin (K)
•
h
gwb entalpia do vapor de água saturado na temperatura de bulbo úmido•
h
g1e h
g2entalpia do vapor de água saturado na entrada e saída, J/kgA Eq. 2.17 é utilizada no Script do software EES para o cálculo no cálculo da transferência de calor entre o fluxo de ar e superfície úmida.
2.5.1 Eficiência de resfriamento
Com base no esquema ilustrado na figura 24 temos
T
1 a temperatura do ar naentrada do painel,
T
2 a temperatura de saída do painel,T
sa temperatura da superfícieda água e
A
a área da superfície em m² do painel onde ocorre a transferência de calor. A taxa de transferência de calor entre o ar e a superfície úmida do painel de acordo com a lei de Newton de resfriamento, pode ser dada por:q = hcA∆Tmed (2.18)
Sendo
h
c o coeficiente médio de transferência de calor por convecção emW/mK e
∆T
med é a diferença adequada de temperatura média entre o ar e a superfícieda água.
Como o resfriamento evaporativo por painéis de contato trata-se fundamental- mente de um trocador de calor de superfície úmida em corrente cruzada, uma análise baseada na teoria sobre trocadores de calor é aplicada considerando-se diferenças médias logarítmicas de temperatura e massa específica como no método da LMTD (Log Mean Difference Temperature) (CASTRO; PIMENTA, 2004). O método LMTD ou DTML (diferença de temperatura média logarítmica) é a média ponderada da temperatura
entre o lado de maior temperatura e lado de menor temperatura do trocador de calor. De acordo com a figura 25 a temperatura
T
1corresponde a temperatura de buldo secodo ar na entrada do painel evaporativo e em função da troca de calor com a superfície úmida do painel, a temperatura é reduzida até a próximo da temperatura de saturação
T
s quando então sai do painel.Figura 25 – Diferenças de temperatura em função do contato entre o fluxo de ar e água na transferência de calor
A
∆T
M L é a média logarítmica das diferenças de temperaturas entre o ar e asuperfície úmida, em K, dada por:
∆TM L=
(T2− T1) ln(T2−Ts)
(T1−Ts)
(2.19)
Fazendo
∆T
M L= ∆T
med e substituindo a Eq. 2.19 na Eq. 2.18, temos osseguintes passos: q = hcA (T2− T1) ln(T2−Ts) (T1−Ts) (2.20) ln(T2− Ts) (T1− Ts) = hcA(T2− T1) qs (2.21)
exp(ln
(T2−Ts) (T1−Ts)) = exp(
hcA(T2−T1) q)
(T2−Ts) (T1−Ts)= exp(
hcA(T2−T1) q)
(T2−Ts)+(T1−Ts)−(T1−Ts)
(T1−Ts)
= exp(
hcA(T2−T1)
q
)
Após algumas manipulações algébricas:
(T2−T1)
(T1−Ts)
+ 1 = exp(
hcA(T2−T1)
q
)
Multiplicando por (-1) em ambos os termos:
(T1−T2)
(T1−Ts)
− 1 = −exp(−
hcA(T1−T2)
q
)
A efetividade de resfriamento de um painel evaporativo é dado por:
ε = (T1− T2) (T1− Ts) (2.22) ε = (T1− T2) (T1− Ts) = −exp(−hcA(T1− T2) q ) + 1 (2.23)
Observando a Eq.2.22 , verifica-se que a efetividade máxima (100%) ocorre quando a temperatura de saída do painel evaporativo corresponde à temperatura de bulbo úmido (Ts). Para isto, e necessário que se tenha um painel com elevada área
úmida e alto coeficiente de transferência de calor por convecção.
A taxa de transferência de massa
m˙
e é definida com a massa evaporada emfunção da massa de ar de entrada e diferença de umidade absoluta, pode ser expressa em função da área úmida, média logarítmica das diferenças de massa específica de vapor∆ρ (Figura 26) e coeficiente de transferência de massa
h
m:Figura 26 – Diferenças de massa específica de vapor em função do contato entre o fluxo de ar e água na transferência de massa
˙
me = hm· ∆ρLM · A (2.24)
Sendo:
•
ρ
V 1massa específica do vapor na entrada do painel evaporativo (kg)•
ρ
V 2massa específica do vapor na saída do painel evaporativo (kg)•
ρ
V wbmassa específica do vapor de água na temperatura de bulbo úmido do ar(kg/m³)
•
m˙
e taxa de transferência de massa na forma de vapor de água•
h
m coeficiente de transferência de massa (m/s)•
∆ρ
LM média logarítmica das diferenças de massa específicas do vapor deágua ∆ρLM = (ρV2 − ρV1) ln[(ρV2−ρVV wb) ρV1−ρVV wb ] (2.25) 2.5.2 Queda de pressão
O escoamento interno em um ambiente de escoamento de ar sofre forte influên- cia das paredes e elementos de barreira que dissipam energia devido ao atrido. Em um climatizador a principal barreira é o painel evaporativo que dissipação de energia provocando redução da pressão do escoamento entre as faces do painel. De acordo com Castro e Pimenta (2004) temos que:
Ao entrar no painel de contato o escoamento sofre contração devido a uma mudança de área. Através do painel, o ar sofre fricção nas paredes, além de poder sofrer contrações e expansões sucessivas durante a passagem pela estrutura em colméia. Por fim, na saída do painel, o ar sofre uma expansão devido a uma mudança de área. Tais efeitos resultam numa perda de pressão total do ar úmido que no presente trabalho é representada por um modelo semi-empírico baseado na dependência existente com a pressão dinâmica do escoamento.
O modelo proposto de queda de pressão para um painel de celulose entre a entrada e a saída de ar é dado por :
∆P = C ·ρU 2
2 [P a] (2.26)
Sendo
C
o parâmetro característico do painel de contato eU
a velocidade do ar. ConsiderandoC
e ρ2 constantes, a variação em função exclusiva da velocidade de escoamento do ar é:∆P = C0· U2 [P a] (2.27)
A partir de dados disponíveis do catálogo do fabricante para a variação da queda de pressão em painéis comerciais, pode-se então obter a constante
C
0 paradiferentes espessuras de painéis (CASTRO; PIMENTA, 2004). A partir dessa observa- ção a constante
C
0 pode ser substituída porξL, que compreende uma constante de
proporcionalidade e espessura do painel.
∆P = ξ · L · U2 [P a] (2.28)
A perda de pressão em painéis comerciais da marca Munters® é observada na Figura 27. De acordo com o gráfico, podemos observar que a queda de pressão é proporcional à velocidade ao quadrado (U2) e espessura do painel (L).
Figura 27 – Perda de pressão em um painel evaporativo comercial de celulose Munters®