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PARTE 1 – PROJETO DE PESQUISA

2.2 Modelo de atenção às condições agudas e Modelo de atenção às

2.2.5 Modelo de atenção às condições crônicas

Com base no modelo de determinação social da saúde, no modelo da atenção crônica, nas relações estabelecidas entre as equipes de saúde e os usuários e na singularidade do sistema público de atenção à saúde no Brasil, Eugênio Villaça Mendes desenvolveu um modelo de atenção voltado ao Sistema Único de Saúde (SUS), denominado modelo de atenção às condições crônicas (MACC). (MENDES, 2011).

As variáveis do CCM incorporadas no MACC são as seguintes: diretrizes clínicas baseadas em evidências científicas, sistema de identificação dos usuários, estratificação da população por riscos, registro dos usuários por condições de saúde e riscos, prontuários eletrônicos, sistema de acesso regulado, continuidade da atenção, provisão de cuidados primários, secundários e terciários de forma integrada, integralidade, provisão de cuidados voltados à promoção, prevenção, reabilitação, cura e paliativismo, plano de cuidado individual, autocuidado apoiado, instrumentos para gestão da clínica, gestão das condições de saúde e gestão de caso, atenção primária em saúde (APS) como coordenadora das RAS, suporte especializado a APS, educação permanente dos profissionais, educação em saúde das pessoas, união do sistema de atenção à saúde com a comunidade. Este modelo está estruturado em cinco níveis e três componentes integrados: a população, o foco das intervenções e os tipos de intervenção. (MENDES, 2011).

Figura 5 – Modelo de atenção às condições crônicas

No nível 1, trabalha-se com a população total com foco nos determinantes sociais intermediários, como condições de vida e de trabalho, acesso aos serviços e redes sociais e comunitárias, propondo intervenções de promoção da saúde. No nível 2, trabalha-se com subpopulações estratificadas por fatores de risco com foco nos determinantes sociais proximais ligados a comportamentos e estilos de vida, propondo intervenções de prevenção das condições de saúde. No nível 3, opera-se com pessoas com condições crônicas de baixo ou médio risco ou subpopulação com fatores de risco biopsicológicos, propondo ações de autocuidado apoiado e assistência realizada por meio da atenção básica. No nível 4, opera-se com subpopulações de alto ou muito alto risco, propondo ações de autocuidado apoiado e necessitando de atendimento especializado. No nível 5, opera-se com subpopulações com condições crônicas muito complexas, propondo intervenções realizadas através da gestão de caso e planos de cuidado personalizados. (BRASIL, 2013).

Um estudo realizado com profissionais de saúde da atenção primária, analisou a assistência prestada as pessoas com diabetes na perspectiva do modelo de atenção às condições crônicas (MACC), evidenciando que a implementação do MACC representa um grande desafio necessitando que os profissionais de saúde e os gestores estejam capacitados para trabalhar com os sujeitos e receptivos para romperem com o modelo biomédico. Os resultados apontaram que a assistência não estava baseada na integralidade das ações tão importante ao cuidado das pessoas com doenças crônicas, mas sim centrada no modelo biomédico. Percebeu-se uma desarticulação dos profissionais da ESF com os sujeitos, familiares e comunidade e por fim, ausência de estratégias para a implementação de políticas públicas para a assistência a pessoa com diabetes. (SALCI; MEIRELLES; SILVA, 2017).

A assistência a pessoa com diabetes era realizada coletivamente por meio de grupos, porém era centrada na consulta médica, de curta duração, tendo como principais atividades a entrega de receitas e a solicitação de exames laboratoriais. Não havia um planejamento das atividades dos profissionais de saúde que contemplassem as necessidades do sujeito. Dessa forma, o acolhimento e o vínculo ficavam prejudicados e tinha-se como resultado a falta de detecção precoce da patologia e de suas complicações, além da falta de um atendimento sistematizado ao sujeito. Na maioria das vezes o indivíduo começava a ser acompanhado a partir

de uma complicação da patologia. No atendimento ao grupo não havia um espaço para que os sujeitos pudessem dialogar sobre outras condições que não fossem sua patologia, caso houvesse necessidade tinham que marcar uma nova consulta para essa finalidade. A atenção desenvolvida pela equipe da ESF era baseada no cuidado médico sem promover o trabalho multidisciplinar, de modo que os enfermeiros nem se envolviam neste atendimento e no acompanhamento sistematizado, com o objetivo de prevenir e reduzir as complicações da patologia. As atividades educativas não eram realizadas ou eram realizadas de forma parcial. Foi evidenciado também a falta de envolvimento dos profissionais da saúde com os sujeitos, familiares e contexto social, apenas os agentes comunitários de saúde (ACS) citaram essa relação. (SALCI; MEIRELLES; SILVA, 2017).

A motivação, fator importante para o autocuidado, foi percebida pelos profissionais como distante do almejado, pois, nos encontros do grupo, os sujeitos estavam passivos e não havia qualquer interação entre eles ou com os profissionais. Outro aspecto importante abordado foi a falta de conhecimento sobre a diabetes, a maioria dos profissionais demonstrava dificuldade de atuação, especialmente quanto às práticas educativas. No âmbito da gestão, muitos gestores não possuíam experiência prévia apresentando dificuldades na atuação e cumprimento das políticas públicas. Além disso, não havia estratégias para orientação da comunidade quanto à diabetes. (SALCI; MEIRELLES; SILVA, 2017).

Os profissionais de saúde embasavam suas práticas de assistência na sua experiência própria e não em diretrizes do Ministério da Saúde. Quanto as RAS, estas não eram uma realidade no município, de modo que possuíam fragilidades e desconexões entre os diversos pontos. Os profissionais de saúde não contavam com uma equipe de referência e apoio para os casos mais complexos, além disso, os encaminhamentos eram dificultosos. (SALCI; MEIRELLES; SILVA, 2017).

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