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2.1 Principais Modelos dos Processos de Criação do Conhecimento

2.1.2 O modelo de Chun Wei Choo (2003)

O modelo propõe um framework de conhecimento organizacional, integrando pesquisas da teoria organizacional e da ciência da informação, de maneira a evidenciar como as organizações podem melhorar seu sistema de processamento de informação.

De fato, o modelo de Choo (2003), conforme figura 3, integra pontos de vista dessas duas disciplinas, aparentemente divergentes, na criação de significados, na construção do conhecimento e na tomada de decisão.

A informação é um componente intrínseco de quase tudo que a organização faz; sem uma clara compreensão dos processos organizacionais e humanos pelos quais a informação se transforma em percepção, conhecimento e ação, as empresas não são capazes de perceber a importância de suas fontes e tecnologias de informação.

A concepção atual de administração e teoria organizacional destaca três aspectos distintos onde a criação e o uso da informação desempenham papel estratégico no crescimento e na capacidade de adaptação da organização.

A organização usa a informação para dar sentido às mudanças do ambiente externo e esta vive num ambiente dinâmico e incerto.

O uso estratégico da informação é aquele em que a organização cria, organiza e processa a informação de modo a gerar novos conhecimentos por meio do aprendizado.

Figura 3 Framework do Conhecimento Organizacional Fonte: Choo (2003, p50).

2.1.2.1 O ciclo do conhecimento organizacional segundo Choo (2003).

A organização do conhecimento liga os três processos de uso estratégico da informação num ciclo contínuo de aprendizagem e adaptação chamado “Ciclo do Conhecimento”, demonstrado na figura 4.

Inicialmente as correntes de experiência no ambiente da organização são isoladas, rotuladas e unidas em mapas mentais, de modo a dar sentido a informações ambíguas.

Com a criação de significado, os membros da organização interpretam o ambiente e desenvolvem significados comuns do que está acontecendo no ambiente da organização.

Como resultado se tem um conjunto de significados compartilhados e modelos mentais utilizados pela organização para planejar e tomar decisões.

As interpretações comuns também auxiliam a organização, na definição de novos conhecimentos e competências necessárias e que precisam ser desenvolvidas.

Figura 4 O Ciclo do Conhecimento Fonte: Choo (2003, p.51).

a) Criação de significado

As pessoas dentro das organizações estão sempre tentando entender o que acontece no ambiente em que estão inseridas, procuram dar sentido ao que ocorre no ambiente, para desenvolver uma interpretação comum que possa guiar a ação organizacional.

A criação de significado começa quando ocorre alguma mudança no ambiente da organização, provocando perturbações ou variações nos fluxos de experiência e afetando os participantes da empresa.

Essa mudança no ambiente da organização exige que os colaboradores procurem entender as alterações e determinar seu significado.

b) Construção do conhecimento:

A construção do conhecimento é conseguida quando se reconhece o relacionamento sinérgico entre o conhecimento tácito e explicito dentro de uma organização, e quando são elaborados processos sociais capazes de criar novos conhecimentos por meio da conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito.

A criação de conhecimento organizacional se dá na medida em que as pessoas e os grupos trabalhem com a informação para criar uma identidade e um contexto compartilhado para a reflexão e para a ação, desenvolvendo novos conhecimentos e novas habilidades.

c) Tomada de decisões:

Depois que criou significados e construiu conhecimentos para agir, a organização precisa escolher entre várias opções ou capacidades disponíveis e se comprometer com uma única estratégia.

Como todos os comportamentos da organização nascem de decisões, as características essenciais da estrutura organizacional derivam das características do processo decisório e da escolha racional humana.

A organização busca um comportamento racional por meio de suas ações, que contribuam para a consecução de suas metas e de seus objetivos, o comportamento dos indivíduos é limitado por sua capacidade cognitiva, seu nível de informação e seus valores;

Uma maneira de superar essa distância entre a racionalidade da organização e a racionalidade limitada dos indivíduos é criar premissas que orientem as decisões e rotinas, que guiem o comportamento individual na tomada de decisões.

2.1.2.2 Os três modelos de uso da informação organizacional

Parece haver muita coisa separando os três modelos de uso da informação organizacional.

O modelo da criação de significado vê a organização na tentativa de dar sentido a seu ambiente ambíguo, o que resulta são ambientes interpretados ou interpretações partilhadas que orientam a ação.

O modelo de construção de conhecimento vê a organização continuamente engajada na conversão do conhecimento e do processo resultam novos conhecimentos e novas capacidades organizacionais.

O modelo de tomada de decisões vê a organização como um sistema decisório racional, o comportamento decisório é provocado pelo reconhecimento de um problema, o resultado do processo é a seleção de cursos de ação capazes de levar a um comportamento racional orientado para os objetivos.

Os três modelos de uso da informação se complementam, um fornece as peças necessárias ao funcionamento do outro.

A criação de significado oferece ambientes interpretados ou interpretações comuns, que atuam como contextos significativos para a ação organizacional. As interpretações comuns ajudam a configurar o propósito e a visão necessários para regular o processo de conversão do conhecimento em construção. A construção do conhecimento leva a inovação, na forma de novos produtos ou novas competências.

Quando é o momento de escolher um curso de ação em resposta a uma interpretação do ambiente, ou em conseqüência de uma inovação derivada do conhecimento, os responsáveis pelas decisões seguem regras e premissas destinadas a simplificar e legitimar seus atos.

A figura 5 detalha os três modelos de uso da informação organizacional de acordo com o ciclo de conhecimento definido por Choo (2003).

Figura 5 Os Três Modelos de Uso da Informação Organizacional. Fonte: Choo (2003).

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