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2.2 Modelos de responsabilidade social empresarial

2.2.1 Modelo Conceitual de Carroll (1979)

No modelo de Carroll (1979) a Responsabilidade Social Empresarial se integra aos objetivos da instituição no sentido de criar uma mudança social, criar valor ao negócio com compromisso constante com o comportamento ético e a força de trabalho, com a comunidade e a sociedade em geral, com a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores, com a comunidade em geral e com a sociedade. Neste sentido, Carroll estabeleceu três questões básicas, referentes a: Que está incluído na Responsabilidade Social das Empresas? Quais são as questões sociais que a organização deve dirigir? Qual é a filosofia ou caráter social da organização?

O desempenho social das corporações, segundo Carroll (1979), exige que: (1) responsabilidade social seja avaliada (2), deve ser direcionado para os problemas sociais identificados, e (3) escolher uma filosofia de resposta. Em seu modelo, tenta-se articular esses aspectos-chave em um quadro conceitual que será útil para acadêmicos e para gestores. O modelo conceitual é destinado para ajudar a esclarecer e integrar várias vertentes de definição que têm aparecido na literatura. Além disso, ele apresenta os conceitos de responsabilidade ética e discricionária em um contexto que, talvez, seja mais palatável para aqueles que pensam que as considerações econômicas desapareceram nas discussões sobre responsabilidade social. O modelo pode ser usado para ajudar os gestores a conceituar os principais problemas no desempenho social, para sistematizar o pensamento sobre questões sociais e para melhorar o planejamento e o diagnóstico no âmbito do desempenho social. Para qualquer aplicação o modelo facilita alcançar esses objetivos, e permanece sendo mais um modesto passo para o refinamento do conceito de desempenho social das empresas.

O Modelo Conceitual Tridimensional de Desempenho Corporativo de Carroll (1979) é constituído por três dimensões de análise, visando para descrever os aspectos essenciais do desempenho corporativo. É formatado por um paralelograma representando as interações das dimensões como respostas para o desempenho corporativo frente às questões macro e micro da empresa, seja na relação com ambiente, sociedade e fatores internos.

Na face lateral, as categorias da responsabilidade, que o próprio Carroll (1979) considera como sendo a base da RSC subdividida em econômica, legal, ética e discricionária ou filantrópica.

Na face inferior busca responder às questões sociais que a organização deve dirigir por meio de seu envolvimento, tais como: consumismo, meio ambiente, discriminação, segurança de produtos, segurança ocupacional no trabalho e os interesses dos acionistas.

Na face superior está representada a filosofia ou caráter social de Responsabilidade Social Corporativa - RSC, dividida pelas dimensões de capacidade de resposta reativa, defensiva, de acomodação ou pró-ativa.

D is cr im in aç ão

Envolvimento com as questões sociais Pró-ativa Acomodativa Defensiva Reativa Responsabilidade Filantrópica Responsabilidade Ética Responsabilidade Legal Responsabilidade Econômica C at eg o ri as d e R S E C o n su m is m o S eg u ra n ça d o s p ro d u to s S eg u ra n ça d o T ra b al h o M ei o A m b ie n ta l A ci o n is ta s

Figura 2.1 - Modelo de Perfomance Social Corporativa Fonte: Adaptado de Carroll (1979)

Responsabilidade Filosófica e social (tipo de

comportamento de resposta)

As três categorias do modelo de Desempenho Social de Carroll (1979) são assim conceituadas:

I - Categorias de Responsabilidade Social

Carroll (1979) subdivide quatro categorias de RSE as quais são consideradas básicas e essenciais; posteriormente, simplifica esta categoria no conhecido Modelo de Pirâmide de Carroll (1991), por considerar a facilidade na operacionalização das categorias; no entanto, recebe críticas em função das limitações do conceito de pirâmide, sugere hierarquia, como também não ilustra a sobreposição ou interseção entre as categorias, não deixa clara a distinção entre que ações são atribuídas à filantropia e à ética, ou a responsabilidade, econômica dificultando os critérios na classificação da atividade empresarial.

a- Responsabilidade Econômica

A dimensão econômica inclui as obrigações da empresa em ser produtiva e lucrativa, além de atender às expectativas dos acionistas em obter retorno sobre o investimento e os lucros são a maior razão pela qual as empresas existem. Todos os outros papéis dos negócios são atributos derivados desse pressuposto fundamental como meio de maximizar os lucros para seus proprietários e acionistas.

b- Responsabilidade Legal

A dimensão legal requer que o negocio acrescente à sua missão econômica, o respeito às leis e aos regulamentos; espera-se que a empresa atenda às suas metas econômicas, dentro da estrutura de observância das leis. A sociedade espera que os negócios ofereçam produtos dentro das normas de segurança e obedeçam às regulamentações governamentais.

c- Responsabilidade Ética

A dimensão ética leva em consideração princípios e padrões que definem a conduta aceitável, mas que não estão necessariamente codificados na lei e podem não servir aos interesses econômicos diretos da empresa. A tomada de decisões deve ser feita considerando-se as consequências de suas ações, honrando o direito dos outros, cumprindo deveres e evitando prejudicar terceiros; assim, o comportamento antiético deve ser evitado, prevalecendo a integridade, justiça, imparcialidade e o respeito aos direitos individuais.

d- Responsabilidade Filantrópica

A dimensão filantrópica prevê que o negócio deve estar envolvido com a melhoria da sociedade, por meio das responsabilidades legal, ética e econômica, bem como com a adoção de práticas filantrópicas. A dimensão filantrópica prevê atividades que são guiadas pelo desejo dos negócios em se engajar em papéis sociais não legalmente obrigatórios mas que se

estão tornando cada vez mais estratégicos e inclui fazer doações a entidades beneficentes de contribuição social ou instituições de voluntariado, que não oferecem retornos para a empresa. A figura 2.1 mostra no eixo das categorias de RS, uma escala de proporção diferente entre as áreas, sugerida para demonstrar a magnitude relativa de cada competência. Esta escala demonstra a proporção entre as áreas mas não que sejam mutuamente excludente, cumulativa nem aditiva; é, sim, mutuamente inter-relacionadas ou, numa outra interpretação, apenas para sugerir o que poderia ser chamado de seu papel fundamental na evolução da importância no decorrer da evolução da RS.

II - Envolvimento com as questões sociais

Carroll (1979) trabalha as questões sociais através da relação com o consumismo, meio ambiente, discriminação, segurança dos produtos, segurança do trabalho e interesse dos acionistas. O modelo demonstra, através de suas dimensões, que a RSE é muito mais do que filantropia; elas são complementares, mas diferentes. A filantropia é uma estratégia de doar dinheiro, produtos ou tecnologia a pessoas ou organizações que deles precisem. A RSE está relacionada como a empresa que conduz seus negócios frente a todas as partes interessadas, se está sendo transparente, aberta e responsável, o que torna a RSE algo interessante para todos inclusive para o ambiente e a natureza. Toda empresa tem a responsabilidade de medir o impacto que o respectivo negócio causa à sociedade, ao planeta e ao meio ambiente porque se for bom para seus stakeholders, também o será para seu negócio.

O modelo aborda a filosofia ou estratégia que transita do “fazer nada” a “fazer muito” interagindo conforme o comportamento da empresa.

III - Responsabilidade Filosófica e social (tipo de comportamento de resposta)

Como forma de avaliar a postura ou estratégia por trás da gestão do negócio em direção à postura de responsabilidade social, descreve este aspecto como “responsividade social” numa postura reativa, defensiva, acomodativa ou proativa para demonstrar o desempenho na gestão. Responsividade social empresarial se refere à capacidade de uma empresa responder às pressões sociais, tendo como foco social o ato literal de responder, ou de conseguir uma postura de resposta à sociedade, com procedimentos, regras e padrões de comportamento que, tomados coletivamente, possam medir a capacidade da organização e responder mais ou menos às questões sociais.

Esta abordagem pode ser resumida conforme o que se descreve:

- Responsividade Reativa representa a postura empresarial de recusar responsabilidades frente às questões sociais, fazendo menos do que o necessário.

- Responsividade Defensiva a empresa admite responsabilidade mas não a assume como deveria, fazendo o mínimo possível dentro do necessário.

- Responsividade Acomodativa a postura da empresa é aceitar assumir responsabilidade e faz o necessário.

- Responsividade Proativa é a postura que a empresa assume no sentido de antecipar-se às responsabilidades, fazendo mais do que é necessário.

Para Carroll (1999) o conceito de Responsabilidade Social é o mesmo no passado e no presente, sendo verificada uma mudança relevante nas questões enfrentadas pelas empresas e as ações sociais, tendo em vista que as organizações, a própria sociedade e a relação entre estas mudaram consideravelmente ao longo do tempo.

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