• Nenhum resultado encontrado

1. INTRODUÇÃO

2.2 Qualidade em Serviços

2.2.4 Avaliação da qualidade em serviço

2.2.4.1 Modelo conceitual da qualidade em serviço

Os primeiros esforços para avaliação de serviços podem ser atribuídos ao trabalho dos pesquisadores norte-americanos Parasuraman et al., (1985), que desenvolveram um modelo visando a captar critérios para a avaliação da qualidade em serviços. Os critérios de avaliação, ou dimensões, como nomeadas pelos autores, foram aplicados considerando-se as falhas ou lacunas (gaps), que são as diferenças entre as expectativas dos usuários e o que é realmente oferecido (Figura 2.2)

De acordo com os autores, os usuários avaliam a qualidade em serviços comparando o que esperam receber com o que, efetivamente, é obtido. Os pesquisadores definiram cinco falhas identificadas entre as expectativas e percepções dos usuários.

Propaganda

boca a boca Necessidades

pessoais Experiências anteriores Serviço esperado Serviço percebido Prestação do serviço (pré e pós-contatos) Comunicações externas com clientes

Tradução das percepções em especificações de

qualidade do serviço

Percepções pela gerência das expectativas do cliente

Falha 2 Falha 3 Falha 4 Falha 1 Falha 5 Cliente Negociante Propaganda

boca a boca Necessidades

pessoais Experiências anteriores Serviço esperado Serviço percebido Prestação do serviço (pré e pós-contatos) Comunicações externas com clientes

Tradução das percepções em especificações de

qualidade do serviço

Percepções pela gerência das expectativas do cliente

Falha 2 Falha 3 Falha 4 Falha 1 Falha 5 Cliente Negociante

Figura 2.2 - Modelo Conceitual da qualidade em serviço Fonte: Parasuraman et al. (1985, p. 44)

A identificação das falhas de qualidade pode ter grande importância prática para a administração do serviço, uma vez que indicam possíveis fontes de problemas de qualidade, possibilitando a identificação dos atributos do serviço relevantes para os clientes, o conhecimento realista de como o serviço é avaliado por eles e a descoberta de deficiências no

ciclo de prestação de serviços. Tais falhas podem ser de treinamento, falhas na entrega do serviço e propaganda incongruente com a qualidade do serviço entregue.

Os pesquisadores definiram cinco falhas, identificadas entre as expectativas e percepções dos usuários:

Falha 1: Expectativa do cliente – percepção da gerência: Esta falha resulta da diferença entre as reais expectativas dos clientes em relação ao serviço e a percepção que a gerência da empresa tem destas expectativas. Como afirmam Zeithaml et al. (1990), “os executivos das empresas de serviço nem sempre têm a clara noção de quais características conotam alta qualidade para o cliente. Os gerentes podem não conhecer certos fatores críticos para atingir os desejos dos clientes; ou mesmo quando conhecem estes fatores, eles podem não saber que níveis de desempenho os clientes esperam destes fatores”;

Falha 2: Percepção da gerência – especificações da qualidade do serviço: Simplesmente compreender as expectativas dos clientes não é o suficiente para fornecer um serviço de qualidade. Um segundo passo necessário é traduzir estas expectativas em especificações de desempenho coerentes que orientarão a empresa na prestação do serviço. É preciso que existam normas de desempenho espelhando as percepções da gerência das expectativas dos clientes. A existência desta falha pode ser, muitas vezes, função da ausência de um comprometimento total da gerência com a qualidade do serviço;

Falha 3: Especificações da qualidade do serviço – serviço prestado: Uma vez estabelecidas as especificações, elas devem ser observadas durante a prestação do serviço. Para isto, deve-se motivar e capacitar a mão-de-obra. A principal razão para a existência desta falha é a falta de vontade e/ou habilidade para mobilizar o pessoal com o objetivo de atingir essas especificações. Esta falha tem uma relação intrínseca com a falha 5. Por isto, garantir a existência de todos os recursos necessários para atingir as especificações reduz as falhas 3 e 5;

Falha 4: Serviço prestado – comunicação externa: Não basta oferecer um serviço de qualidade; o cliente tem que perceber isto. “Promessas feitas pela empresa

de serviço através de sua propaganda na mídia, força de vendas e outras comunicações aumentam as expectativas que servem de parâmetro contra o qual os clientes julgarão a qualidade do serviço” (ZEITHAML et al., 1990);

Falha 5: Expectativa do cliente – Percepção do serviço: A falha 5 é aquela existente entre a expectativa do cliente em relação ao serviço e sua percepção do serviço prestado. É a essência do julgamento sobre a qualidade. Em última instância, é ela que traduz a avaliação da qualidade do serviço por parte do cliente, pois nada mais é do que o somatório das falhas 1 a 4. Segundo Zeithaml et al. (1990), “a chave para fechar a falha 5 é fechar as falhas 1 a 4 e mantê-las fechadas”. Portanto, a atuação do prestador de serviço deve-se concentrar nas falhas 1 a 4.

No entanto, o modelo não disponibilizava uma ferramenta capaz de medir a qualidade dos serviços. Assim sendo, os mesmos pesquisadores, em 1988, desenvolveram uma metodologia de mensuração da qualidade de serviços para avaliar as falhas de qualidade, intitulada SERVQUAL, com o intuito de analisar qualitativa e quantitativamente o grau de satisfação do usuário com a prestação de serviços oferecida.

Dos modelos teóricos de qualidade de serviços, o modelo dos gaps de qualidade é o menos abrangente. No entanto, é o único que avança do estágio de conceituação para a instrumentação. O resultado (Quadro 2.4) foi um conjunto de dimensões apontadas como fundamentais na qualidade dos serviços.

Confiabilidade Consiste na habilidade em prestar um serviço anunciado, de maneira digna de confiança e de forma precisa. Significa um serviço cumprido no prazo, sem modificações nem erros;

Responsabilidade Disposição e boa vontade em ajudar os consumidores e prestar-lhes um serviço rápido. Se ocorrer uma falha em um serviço, a capacidade de recuperá-la rapidamente e com profissionalismo pode criar muitas percepções positivas da qualidade;

Segurança Conhecimento e cortesia dos servidores e suas habilidades em inspirar crédito e confiança. Inclui as seguintes características: competência para realizar o serviço, cortesia, respeito e comunicação efetiva com o cliente.

Empatia Interesse, cuidado, preocupação e atenção individualizada que a organização presta ao seu cliente. Inclui as seguintes características: acessibilidade, sensibilidade e esforço para atender as necessidades dos clientes.

Tangibilidade É a aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal e materiais para comunicação. São as evidências físicas envolvidas no serviço. Envolve ainda a condição do ambiente (limpeza e organização) e a conduta de outros clientes que estejam utilizando o serviço (barulho, por exemplo).

Quadro 2.4 – Dimensões da qualidade em serviços

O SERVQUAL, ferramenta desenvolvida pelos pesquisadores norte-americanos Parasuraman, Zeithaml e Berry, é uma das mais utilizadas na avaliação da qualidade em serviços e será abordado no tópico seguinte.