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Neste capítulo apresenta-se um modelo conceitual da investigação, esquema que extrai do enquadramento teórico os conceitos a serem analisados, servindo de base para a construção das hipóteses. Em seguida, são expostas as hipóteses com a descrição da elaboração das mesmas.

3.1. Apresentação do modelo conceitual

O modelo conceitual elaborado (Figura 3) retrata todas as dimensões que o estudo se propõe a analisar e indica as hipóteses formuladas.

Figura 3

Modelo conceitual da investigação

Fonte: elaboração própria 3.2. Hipóteses da investigação

As hipóteses são suposições que buscam responder ao problema anteriormente delineado na pesquisa, ou seja, são possíveis soluções ou explicações para certos

fenômenos. Devem passar por um processo de validação através de testes realizados entre as variáveis (Gil, 2008; Prodanov & Freitas, 2013).

Ao longo da revisão da literatura, verificou-se que cada nacionalidade possui visões e comportamentos distintos. Ainda, estudos confirmam que existem diferenças entre comportamentos relacionados ao consumo de roupas em segunda mão. Desta forma, todas as hipóteses elaboradas visam comparar o fenômeno das roupas em segunda mão entre brasileiros e portugueses de modo a identificar diferenças ou não entre ambos. Podem ser descritas da seguinte forma:

Hipótese 1 – Existe uma diferença significativa entre os consumidores de roupas em

segunda mão brasileiros e portugueses quanto aos valores percebidos, que neste estudo incluem: H1(a) valor econômico; H1(b) valor hedônico; H1(c) singularidade; e H1(d) valor ambiental.

Hipótese 2 – Existe uma diferença quanto ao valor percebido (econômico, hedônico,

singularidade e ambiental) com maior impacto na atitude face às roupas em segunda mão entre entre consumidores brasileiros e portugueses.

Verifica-se que as nacionalidades brasileira e portuguesa possuem comportamentos e percepções diferentes entre si, como em questões relacionadas com a indulgência e visão a curto e longo prazo (Loureiro & Gomes, 2016). Desta forma, as hipóteses e H1 e H2 pretendem verificar, no âmbito das roupas em segunda mão, se também existem diferenças significativas quanto aos valores percebidos.

Apesar dos construtos utilizados para medir as variáveis citadas nesta hipótese serem provenientes de outros autores (Guiot & Roux, 2010; Roux & Guiot, 2008; Lang & Zhang, 2019; Paul et al., 2016), utiliza-se a hipótese formulada por Xu et al. (2014), por se tratar de um estudo transcultural e medir as mesmas variáveis presentes nesta investigação, além dos autores terem encontrado diferenças na percepção dos valores percebidos nas nacionalidades investigadas.

Hipótese 3 – Existe uma diferença significativa entre os consumidores de roupas em

segunda mão brasileiros e portugueses quanto aos riscos de desempenho.

Hipótese 4 – Existe uma diferença significativa entre os consumidores de roupas em

A formulação da H3 e H4 também baseiam-se em Xu et al. (2014). Os autores verificaram diferenças na percepção dos riscos de desempenho e da norma subjetiva entre as duas nacionalidades estudadas.

Hipótese 5 – Existe uma diferença significativa entre os consumidores de roupas em

segunda mão brasileiros e portugueses quanto ao comportamento de descarte.

Apesar dos autores deste construto indicarem que não existem diferenças entre as pessoas em relação ao seu comportamento de descarte, e de Joung (2013) e Bianchi e Birtwistle (2010) citarem que os indivíduos não compreendem a relação entre as suas ações e temas ambientais como o descarte, quando realizada uma comparação entre dois países pesquisados, os mesmos autores verificam que há uma diferença no que diz respeito ao comportamento de descarte entre as nacionalidades estudadas (Bianchi & Birtwistle, 2010).

Desta forma, seguindo a mesma linha de raciocínio das hipóteses anteriores, pretende-se verificar se o comportamento relacionado ao descarte dos consumidores entre ambas nacionalidades possuem diferenças significativas.

Hipótese 7 – Existe uma diferença significativa entre os consumidores de roupas em

segunda mão brasileiros e portugueses quanto à atitude face às roupas em segunda mão.

Seguindo a mesma linha das hipóteses H1, H3 e H4, numa adaptação das hipóteses formuladas por Xu et al. (2014), esta hipótese busca verificar se existem diferenças significativas entre as duas nacionalidades quanto à atitude dos indivíduos que afirmam consumir roupas em segunda mão, visto que este construto mede as atitudes positivas relacionadas ao consumo de roupas em segunda mão. Diversos autores confirmam que existem diferenças nas atitudes em diferentes contextos e perfis de consumidores (Jaiswal & Kant, 2018; Yan et al., 2015; Dabija et al., 2017; Joung, 2013).

Hipótese 6 – Existe uma diferença significativa entre os consumidores de roupas em

segunda mão brasileiros e portugueses quanto à preocupação ambiental.

Hipótese 8 – Quanto maior a preocupação ambiental, mais positiva é a atitude face às

roupas em segunda mão de consumidores brasileiros e portugueses.

Alguns autores possuem uma visão positiva sobre a preocupação ambiental, afirmando que ela é impulsionadora do comportamento do consumo, que há uma conscientização dos consumidores e que os consumidores de roupas em segunda mão possuem maior sensibilidade sobre o assunto (Jaiswal & Kant, 2018; Vehmas et al., 2018;

Yan, et al., 2015). Enquanto isso, outros indicam que não há conexão entre sustentabilidade e consumo de roupas em segunda mão (Mcneill & Moore, 2015) e que, apesar de existir uma consciência dos indivíduos sobre questões ambientais, isto não se reflete no comportamento de consumo (Bernardes et al., 2017).

Sendo assim, de forma adicional ao estudo de Xu et al. (2014) que não exploram a variável da preocupação ambiental, a H8 busca identificar se a preocupação ambiental também é uma variável com diferenças significativas entre as duas nacionalidades e entre os consumidores de roupas em segunda mão. De modo complementar, a H8 busca verificar se a atitude face às roupas em segunda mão e a preocupação correlacionam-se positivamente.

Hipótese 9 – Existe uma diferença significativa entre a atitude face às roupas em segunda

mão dos consumidores brasileiros e portugueses quanto às variáveis externas, sendo elas: H9(a) gênero, H9(b) idade, H9(c) estado civil, H9(d) formação acadêmica e H9(d) rendimento.

No modelo de Fishbein e Ajzen (1975), as variáveis externas aparecem como antecessoras de todo o modelo comportamental, ou seja, são variáveis que antecedem e influenciam todas as outras. Os fatores sociais, culturais, pessoais e psicológicos também são vistos como influenciadores do processo de tomada de decisão (Rani, 2014; Kotler & Armstrong, 2012).

Desta forma, esta hipótese é uma adaptação de Shim (1995) em seu estudo sobre ambientalismo e padrões de descarte de roupas. O autor afirma que os dados sociodemográficos possuem influência sobre a atitude ambiental, o comportamento de reciclagem e os padrões de descarte de roupas. Neste caso, pretende-se verificar se os dados sociodemográficos (variáveis externas) representam diferenças significativas quanto à atitude face às roupas em segunda mão dos consumidores brasileiros e portugueses.

Por fim, após a apresentação do modelo conceitual e das hipóteses, são explícitas na próxima seção as definições metodológicas realizadas durante a construção da investigação.

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