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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

3.4. Modelo de análise dos dados

A decisão sobre a forma de fazer o tratamento dos dados teve em conta os seguintes critérios:

a) O que se pretende dos dados;

b) A natureza qualitativa ou quantitativa dos dados.

As técnicas de observação e os instrumentos de recolha dos dados são indissociáveis do modelo de análise dos dados. Por um lado, recorreram-se a técnicas qualitativas, para uma análise detalhada que permitisse descrever o que era abordado sobre conteúdos de Química Orgânica tanto nos programas curriculares como nos M.E.´s. Por outro lado, aplicaram-se técnicas quantitativas, recorrendo à estatística descritiva, para averiguar regularidades, aspectos particulares e correlações, relativamente ao fenómeno investigado, procurando revelar o que se passa na população a que os dados se referem.

3.4.1. Modelo de análise dos programas curriculares do ensino secundário

A análise dos programas processou-se em três fases:

• Leitura integral dos programas (cf. tabela 3.1, p. 47) e identificação de excertos referentes a tópicos de Química Orgânica (tendo em conta as dimensões teórica e prática);

• Análise valorativa do conteúdo de cada extracto;

Atendendo ao modelo de análise proposto salienta-se o carácter subjectivo inerente ao modelo em causa. No capítulo 4 (cf. 4.2., p. 77) analisam-se as transcrições dos excertos.

3.4.2. Modelo de análise dos manuais escolares do ensino secundário

A análise dos M.E.´s processou-se em três fases:

• Leitura integral dos M.E.´s em estudo (cf. tabela 3.4, p. 51) e identificação de excertos referentes a tópicos de Química Orgânica (tendo em conta as dimensões teórica e prática);

• Análise valorativa do conteúdo de cada extracto;

• Preenchimento do instrumento de análise (cf. Anexo C, p. 255) para cada M.E. em estudo.

Dado que o instrumento de análise apresenta um vasto conjunto de aspectos que devem ser considerados na análise dos diversos M.E.´s, a avaliação de cada M.E. foi relativamente demorada, e de carácter subjectivo, apesar de se procurar tornar essa análise o menos subjectiva possível. No capítulo 4 (cf. 4.3., p. 86) analisam-se os M.E.´s de forma mais detalhada.

3.4.3. Modelo de análise dos questionários

Cada um dos três tipos de questionários recebidos foi codificado, tendo em vista facilitar o processamento e acesso aos dados. O código utilizado resultou da atribuição de um número concordante com a ordem de aceitação de cada tipo de questionário.

Os meios informáticos têm vindo a permitir organizar e tratar colecções de dados mais ou menos complexas e extensas. Relativamente às questões fechadas presentes nos vários questionários, procedeu-se ao seu lançamento numa base de dados com base num sistema de codificação claro e objectivo, e posterior análise estatística. Nas questões abertas, a diversidade das respostas envolve a análise de conteúdo, a codificação das respostas e, depois, o lançamento na base de dados e tratamento estatístico quando se revelou pertinente.

3.4.3.1.Análise de conteúdo

Dada a natureza do estudo, seleccionou-se como modelo de análise dos dados para as questões de resposta aberta nos questionários a análise de conteúdo. É uma técnica de investigação utilizada com vista a uma descrição objectiva, sistemática e eventualmente quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, com o objectivo final de interpretação, e que assenta em dois princípios que apesar de distintos se articulam entre si:

a) O reconhecimento das respostas às questões colocadas;

b) A inferição das ideias que terão estado por detrás das respostas dadas.

A análise de conteúdo na investigação oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e complexidade. Melhor do que qualquer outro método de trabalho, a análise de conteúdo permite, quando incide sobre um material rico e penetrante, satisfazer harmoniosamente as exigências do rigor metodológico e da profundidade inventiva, que nem sempre são facilmente conciliáveis (Quivy & Campenhoudt, 1998). A aplicação do modelo de análise de conteúdo compreende as seguintes etapas:

- Definição dos objectivos e do quadro de referência teórico;

- Constituição de um corpus (conjunto de documentos escolhidos para se proceder à análise, que dependem dos dados recolhidos mediante as técnicas de observação usadas);

- Definição de categorias de análise (que devem ser exaustivas, exclusivas, objectivas e pertinentes);

- Definição de unidades de análise (segmento do conteúdo que se considera necessário para proceder à análise, colocando-o numa dada categoria; ao segmento mínimo de conteúdo dá-se o nome de unidade de registo);

- Quantificação;

- Interpretação dos resultados obtidos.

Metodologicamente, a análise de conteúdo consiste numa descrição dos dados recolhidos e na sua interpretação, mediadas pela inferência. A inferência é o procedimento intermédio que permite a passagem explícita e controlada, de uma à outra. Constituíram o

Na utilização da análise de conteúdo houve preocupações quanto à fidelidade e quanto à validade. A fidelidade refere-se à questão de garantir que diferentes codificadores cheguem a resultados idênticos e que o mesmo codificador aplique de forma igual ao longo do trabalho os critérios de codificação. Uma análise de conteúdo é válida quando a descrição que se fornece sobre o conteúdo tem significado para o problema em causa e reproduz a realidade dos factos (Quivy & Campenhoudt, 1998).

A análise de conteúdo processou-se em cinco fases:

• Leitura integral de todas as respostas a questões abertas dos questionários; • Definição das categorias de resposta das várias questões abertas e para os

diferentes questionários através da selecção de fragmentos de informação contendo ideias consideradas principais;

• Atribuição de um código a cada categoria, recorrendo a algarismos (cf. 4.4.1.1. e 4.4.2.1., p. 125 e 140, respectivamente);

• Definição das unidades de análise para cada resposta, colocando-as nas respectivas categorias de análise;

• Quantificação através de tratamento estatístico dos resultados obtidos e respectiva interpretação (cf. 4.4.1.2. e 4.4.2.2., p. 136 e 150, respectivamente).

3.4.3.2.Tratamento estatístico

Para o tratamento estatístico das respostas, construíu-se uma base de dados no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 10.0. O SPSS é uma poderosa ferramenta informática que permite realizar cálculos estatísticos complexos, e visualizar os seus resultados, em poucos segundos. Surgem, no entanto, dois problemas a resolver, nomeadamente, saber que teste estatístico utilizar e como interpretar correctamente os resultados do cálculo estatístico efectuado (Pereira, 2004). O tratamento estatístico possibilita a obtenção de resultados que, depois de interpretados, facultam um conjunto de informações que conduzem a um melhor conhecimento da realidade em estudo.

Obter informações relevantes face aos objectivos do estudo depende da adequada construção da base de dados, da selecção e aplicação das funcionalidades do programa, bem como da correcta interpretação dos resultados assim obtidos. O programa permite

visualizar a base de dados em duas perspectivas, uma mostrando os códigos relativos aos dados (data view), e outra revelando as características das variáveis (variable view).

Para a construção da base de dados, primeiro procedeu-se à codificação de todos os itens do questionário, as variáveis, tendo em consideração a ordem das questões. Definiram-se de seguida os valores possíveis para cada variável, atribuindo um código a cada valor, representado por um algarismo, tal como são apresentados nos vários questionários (cf. Anexos F, G e H, p. 293, 299 e 305, respectivamente). Nas questões abertas seguiu-se a numeração atribuída às categorias de resposta na análise de conteúdo (cf. 4.4.1.1. e 4.4.2.1., p. 125 e 140, respectivamente). Desta forma obteve-se um ficheiro com todas as variáveis e valores possíveis para as respostas. O programa permite definir exaustivamente as características de cada variável, como o nome, tipo (numérica, texto, data, etc.), qualidade (nominal, ordinal ou contínua), os valores em falta (missing values), legendas (labels), entre outros aspectos. Construída a base de dados, inseriram-se os códigos que representam as respostas de cada questionário, em data view. Os códigos foram inseridos nas células de uma tabela onde cada linha representa um questionário, organizados por ordem crescente, e cada coluna representa uma variável, pela ordem do questionário e de acordo com o sistema de codificação. O passo anterior foi sujeito a uma verificação para detectar eventuais erros.

Numa segunda fase procuraram-se correlações entre variáveis e analisaram-se os resultados obtidos considerados mais pertinentes (cf. 4.4.1.2. e 4.4.2.2., p. 136 e 150, respectivamente).

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS