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Modelo de Lanzer: Determinantes da Competitividade Sistêmica

2.4 Modelos de Competitividade Aplicáveis a Regiões Econômicas e a

2.4.4 Modelo de Lanzer: Determinantes da Competitividade Sistêmica

Lanzer et al. (2000) desenvolvem um modelo de competitividade sistêmica, derivado das propostas de Esser e de Meyer-Stamer, aqui apreciados, e que merece ser realçado nesta revisão teórica, por se tratar de uma tentativa de ajustar modelos concebidos por profissionais de países em desenvolvimento para as realidades do Brasil e de Santa Catarina, ambas em estágio intermediário de desenvolvimento.

No nível meta, sobressai a motivação dos grupos de atores para a aprendizagem em busca de eficiência. Tais grupos são vitais para o desenvolvimento da confiança e da cooperação no interior de aglomerados industriais.

Figura 8. Determinantes da Competitividade Sistêmica: por Níveis de Análise. Fonte: LANZER et al. 1997, p. 4.

Nível Meta

§ Orientação dos grupos de atores à aprendizagem e eficiência;

§ Defesa de interesses e autorganização em condições mutáveis;

§ Capacidade social de organização e integração; § Capacidade dos grupos de atores em interação

estratégica. Nível Micro § Produtores; § Serviços ao produtor; § Comércio; § Consumidores. Nível Macro § Congresso Nacional; § Governo Nacional; § Instituições Estatais Nacionais; § Banco Central; § Órgãos Judiciais. Nível Meso Em nível central, regional e comunitário: § Governos; § Associações empresariais, sindicatos, organizações de consumidores, outras organizações privadas; § Instituições de pesquisa e desenvolvimento privadas e públicas. Diálogo e Articulação

No nível macro, observa que a estabilidade não é condição suficiente para o desenvolvimento sustentável da competitividade e realça a necessidade de uma política cambial equilibrada, que assegure competitividade nas exportações, sem desfavorecer importações essenciais.

No nível meso, salienta a importância de associações empresariais abertas a mudanças e com liderança para promover projetos ambiciosos, e, não menos significativo, a existência de instituições de pesquisas e de promoção, capazes de oferecer apoio a novas tecnologias e modalidades de organização.

Talvez no nível meso pudesse ser tentada a inserção de aglomerados industriais.

Frisa-se que Lanzer et al. considera o “diálogo” e a “articulação” como uma espécie de amálgama das quatro dimensões da competitividade.

Casarotto et al. (2002) sublinha que, no nível meso, “está à organização da região, suas políticas, sua infra-estrutura, suas instituições e o ambiente para a cooperação”, enquanto no nível meta frisa: “a importância dos valores sócio-culturais da região e a capacidade social de organização e integração”.

Porter (1999, p. 225) mostra o potencial de ganhos de produtividade na dimensão dos aglomerados, tais como: “o acesso a insumos e pessoal especializado; os menores custos para o recrutamento de pessoal e a facilidade em absorver talentos e experiências adquiridas em outras empresas; o acesso a informações e a instituições, além de maior possibilidade de obtenção de incentivos e de poder mensurar melhor o desempenho individual”.

O que se depreende da análise deste sub-capítulo é de que a conquista da competitividade por regiões e, nelas, de espaços que concentrem a população de empresas especializadas, revela múltiplas dependências quanto aos grandes níveis de competitividade e não somente do avanço dos aglomerados e das redes de empresas.

Há dependência:

§ de fatores e atributos em nível sócio-cultural;

§ de políticas governamental de natureza geral e daquelas mais diretamente direcionadas ao desenvolvimento das atividades produtivas;

§ do estado de equilíbrio macroeconômico, nacional e regional, e da situação da economia mundial;

§ dos setores de atividades existentes nos espaços de aglomerações produtivas, que afetam o potencial de ganhos de eficiência coletiva e de ação conjunta;

§ dos estágios de desenvolvimento dos aglomerados e dos atributos dos atores privados e públicos;

§ dos resultados de experiências anteriores em ação conjunta e

§ da vontade de mudar tendências não favoráveis, mediante esforços sinérgicos de múltiplos atores.

Lins (2000, p. 250) ao se referir à capacidade de adaptação dos clusters em mudanças de contexto e para transitar em períodos adversos, captou de Cawthorne (1995, p. 54) o seguinte alerta sobre a importância de outras dimensões da competitividade, além das nos níveis micro e meso: “não é o clustering (aglomeração) de per se que provoca o sucesso industrial, mas sim o clustering (aglomeração) num contexto macroeconômico propício”.

Adotando-se uma visada mais abrangente, depreende-se que as trajetórias e as potencialidades dos aglomerados são dependentes de fatores existentes em dimensões superiores, tais como as meta, macro e meso, nas quais é baixa a capacidade de influência direta dos agentes que participam dos aglomerados.

De outro lado, é inegável a utilidade e a contribuição, dos três modelos analisados, tanto para aferir a competitividade de regiões quanto a de setores e as das aglomerações industriais nelas existentes.

Realça-se, ainda, a contribuição que os modelos oferecem para a formulação de políticas de promoção de aglomerados e do desenvolvimento local, que incluem detalhadas receitas para orientar os papéis e as ações dos principais atores que influenciam a vida dos aglomerados, entre eles o setor público e as entidades patronais.

Exemplos de aplicação destes modelos são os estudos do IAD, listados nas fontes das pesquisas utilizadas para a classificação de aglomerados catarinenses, item 4.3 e o estudo sobre o setor de móveis de São Bento do Sul, por Lanzer et al.

Contudo o objetivo principal desta dissertação é o da classificação e da caracterização de aglomerados, adotando tipologias que realcem o grau de avanço e outras características importantes, para melhor conhecer as ocorrências de aglomerações de empresas e para motivar o estudo e a adoção de políticas que estimulem os pontos fortes e superem eventuais fragilidades.

Daí a razão de ter sido adotados outros modelos, detalhados no capítulo 3, visando ao atendimento dos requisitos formulados na definição da pesquisa.

3 MODELO PRESCRITIVO: CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO

E CARACTERIZAÇÃO DE AGLOMERADOS INDUSTRIAIS EM

ECONOMIAS EM DESENVOLVIMENTO