3. ALINHAMENTO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
3.4. Maturidade do Alinhamento Estratégico
3.4.3. Modelo de Maturidade do Alinhamento Estratégico de Luftman
O modelo de avaliação do nível de maturidade do Alinhamento Estratégico (AE), que foi originalmente proposto por Luftman (2000), serve de base à presente dissertação. O modelo parte do pressuposto de que, pelo estágio em que a tecnologia da informação se encontra nas organizações, é possível indicar se existe algum nível de alinhamento entre os negócios e a TI. Assim, este modelo propõe-se a apresentar uma evolução em relação a modelos anteriores, ao considerar o caráter evolutivo do papel da TI nas empresas e ao lidar com a medição do estágio de maturidade das relações entre a TI e os negócios.
O modelo de avaliação do nível de maturidade do AE tem como objetivo fornecer uma abordagem abrangente e integrada, para que as organizações possam avaliar o seu atual nível de alinhamento entre os negócios e a TI, para assim a empresa perceber em que ponto se encontra e o que pode fazer para melhorar este nível. O resultado desta avaliação fornece à organização um guia que identifica algumas oportunidades para o estabelecimento de um maior entendimento no relacionamento entre os negócios e a TI.
Os componentes do modelo de maturidade de AE são originários do modelo de Henderson e Venkatraman (1993). Em conjunto com a pesquisa sobre habilitadores/inibidores do AE de Luftman, Papp e Brier (1999) estes componentes formam os blocos constituintes do modelo de maturidade.
O modelo de maturidade de AE, de Luftman (2000), é composto por seis critérios, sendo cada critério composto por um grupo de práticas. Cada uma destas práticas é medida através de cinco níveis de maturidade – desde o inicial até ao otimizado.
57 Critério n.º 1: Comunicação - avalia a efetiva troca de ideias e o claro entendimento do que é necessário para assegurar estratégias de sucesso. Um dos objetivos vitais é assegurar a partilha contínua de conhecimentos na organização. Este critério engloba as seguintes práticas: entendimento dos negócios pela TI; entendimento da TI pelos negócios; aprendizagem; rigidez de protocolo; partilha de conhecimento;
Critério n.º 2: Medidas de Valor e Competência - procura comprovar o valor da TI em termos de contribuição para o negócio. Este critério engloba as seguintes práticas: métricas de TI; métricas de negócio; métricas ponderadas; avaliações e revisões formais; melhoria contínua;
Critério n.º 3: Governança - procura garantir que os participantes de negócio e de TI discutem formalmente e revêm prioridades e alocação de recursos de TI. Esta autoridade na tomada de decisões tem que ser claramente definida. É um critério que engloba as seguintes práticas: planeamento estratégico dos negócios; planeamento estratégico de TI; prestação de contas; estrutura; controlo de orçamento; gestão de investimentos em TI;
Critério n.º 4: Parcerias - procura garantir que a TI tenha um papel na definição das estratégias de negócio. É uma parceria que deveria evoluir até ao ponto em que a TI tanto habilita como direciona mudanças em negócios, processos e estratégias. Este critério engloba as seguintes práticas: perceção do valor da TI pelos gestores de negócios; valorização do papel da TI no planeamento estratégico de negócios; estabelecimento de objetivos, riscos, recompensas e punições partilhadas; gestão do programa de TI; melhoria no relacionamento, evoluindo para um maior “estilo de confiança”; alteração do papel da TI, passando a “patrocinador e defensor” da área de negócios;
Critério n.º 5: Âmbito e Arquitetura - procura medir a maturidade e a extensão da capacidade da TI para ir além dos papéis de back office e de front office da organização. Visa que a TI assuma uma função que dê suporte a uma infraestrutura que seja ao mesmo tempo flexível e transparente para todos os parceiros de negócios, através da avaliação e aplicação efetiva de tecnologias emergentes. Além disso, procura direcionar processos e estratégias de negócios como um verdadeiro padrão, dotando, desta forma, soluções personalizáveis às necessidades dos clientes. Este critério engloba as seguintes práticas: de integração de arquiteturas (organização funcional, integração interorganizações); transparência de arquitetura; flexibilidade na gestão de tecnologias emergentes;
58
Critério n.º 6: Habilidades - faz uma avaliação a nível dos recursos humanos, além das considerações mais tradicionais, tais como formação, salário, feedback de desempenho, e oportunidades de carreira, inclui também o ambiente cultural e social da organização. Este critério engloba as seguintes práticas: inovação empreendedora; lugar do poder; estilo de gestão; prontidão à mudança; possibilidade e capacitação dos profissionais para atuar em mais do que uma área ou função; formação interfuncional; e ambiente sociopolítico e de confiança.
O modelo (critérios e práticas) é medido através de cinco níveis de maturidade de AE:
1.º Nível: Inicial/processo improvisado – é muito improvável que organizações deste nível estejam aptas a obter uma estratégia alinhada entre TI e negócios;
2.º Nível: Processo comprometido – as empresas são caracterizadas pelo comprometimento com o processo de maturidade de AE e por começarem a reconhecer oportunidades potenciais. Este nível de maturidade de AE é caracterizado por se inclinar a ser direcionado para funções organizacionais da empresa (por exemplo: marketing, finanças, produção e recursos humanos). As comunidades de negócios e de TI tendem a apresentar uma consciência limitada, referente aos diferentes usos da TI pelas diferentes funções organizacionais, dificultando o atingimento do AE. Qualquer AE a nível local, tipicamente, não é impulsionado pela empresa;
3.º Nível: Processo Estabilizado e Focado – organizações que se encontrem neste nível são conhecidas por terem estabelecido um processo focado de maturidade de AE. As TI começam a ser inseridas nos negócios, além de um impulsionamento dos ativos de TI ao nível de empresa, onde sistemas aplicativos demonstram aspetos mais relacionados com a gestão (a informação é utilizada para tomar decisões de negócio, ao contrário dos sistemas tradicionais de processamento das transações);
4.º Nível: Processo Gerido/Melhorado – demonstra efetiva governança e serviços que reforçam o conceito de TI como centro de valor. Organizações neste nível impulsionam ativos de TI na extensão da empresa e o foco está em direcionar melhorias de processos da empresa para obter vantagens competitivas. A TI é vista como um contribuinte estratégico para o sucesso da organização;
5.º Nível: Processo Otimizado – apresentam processos de governança sustentados, que integram processos de planeamento estratégico de TI e de negócios. Organizações neste nível impulsionam ativos de TI na amplitude da empresa, para estender o alcance da organização para a cadeia de fornecimento de clientes e fornecedores.
59