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MODELO EDUCACIONAL PARA O USO RACIONAL DA ENERGIA

5.3. MODELO EDUCACIONAL

É oportuno destacar que não há método único de ensino, mas uma variedade de métodos, cuja escolha depende dos conteúdos do que se pretende abordar, das situações didáticas específicas e das características sócio-culturais e de desenvolvimento das pessoas envolvidas (LIBÂNEO, 1992).

A proposta educacional para o uso racional da energia, presente neste trabalho, adota como referencial teórico o sócio-interacionismo, através da valorização da participação interpessoal nos processos de ensino-aprendizagem, em estruturas formais e informais de educação.

O método desenvolvido tem por objetivo proporcionar aos professores uma visão ampla sobre as questões pertinentes ao uso da energia, bem como o desenvolvimento de estratégias didáticas na superação das barreiras comportamentais das pessoas. De acordo com Libâneo (1992), se o professor não domina o conteúdo que ensina, não saberá conversar com os alunos

sobre os conhecimentos e experiências que trazem para a sala de aula. Nesse contexto, a organização do trabalho do docente, diante de uma estruturação pedagógica, possibilitará o direcionamento e o provimento das condições e modos de estimular o estudo ativo, através do incentivo, do destaque acerca da importância do que está sendo ensinado, do estabelecimento de vínculos entre as áreas do saber e o cotidiano, do auxílio aos estudantes, do elogio e da correção (com sensibilidade e responsabilidade) quanto aos resultados obtidos no processo educacional e da participação social.

Na elaboração de programas educacionais para o uso racional de energia nas escolas é fundamental garantir ao professor uma estrutura pedagógica que possa ser agregada aos seus conhecimentos específicos prévios, de forma que o mesmo possa desenvolver seu próprio planejamento escolar, contemplando não só características locais, mas também as dos estudantes. A universidade tem se configurado como o local mais apropriado para desenvolver esse trabalho de apoio ao professor, em parte por sua proximidade com as linhas de pesquisa de ponta e em parte pela sua preocupação com a formação de docentes e profissionais.

A estrutura pedagógica para o ensino da conservação de energia estaria, dessa forma, presente em programas de educação continuada, objetivando a sensibilização do docente, independentemente do nível de atuação do mesmo, enfatizando-se a adequação das atividades conforme seu público alvo.

Para os que trabalham no ensino fundamental e médio, sugere-se a apresentação de conceitos básicos ligados ao uso da energia e suas conseqüências ao meio ambiente, a partir de observações locais; estabelecer relações do estilo de desenvolvimento das sociedades e os interesses geopolíticos. Para os professores do ensino superior estaria a responsabilidade da estruturação do conhecimento específico, de forma estratégica, visando-se a formação de professores e profissionais que possam vir a atuar no setor energético, sinalizando a importância do envolvimento humano na busca de um modelo sustentável de desenvolvimento.

5.3.1. Ensino fundamental e médio

Para Delizoicov e Angotti (1992), a abordagem do conceito de energia, bem como as transformações a ela associadas, é mais apropriada, em média, a partir da 6a série do ensino fundamental, devido ao grau de abstração exigido do estudante. Para as séries anteriores,

torna-se preferível descrever a dinâmica da natureza, por intermédio da generalização dos processos de transformação.

O modelo educacional desenvolvido para o ensino fundamental tem como ponto de partida a aplicação de um material paradidático, decorrente da própria pesquisa, balizado pelas indicações presentes nos PCN’s. Os conceitos e procedimentos envolvidos no uso racional da energia são capazes de promover o processo de integração do conhecimento como, por exemplo, o uso de combustíveis fósseis que, do ponto de vista da Geografia e da História, permite avaliar as pressões de origem financeira e geopolítica que acarretaram o atual modelo de consumo; através da Matemática, da Química e da Física é possível relacionar os tratamentos numérico e conceitual dos processos envolvidos, por intermédio de uma abordagem científica; por intermédio da Biologia e da Química podem ser avaliados os impactos ambientais associados ao uso dos combustíveis; e, principalmente, do ponto de vista da língua escrita e falada, através da integração dos saberes para a elaboração (organização) e transmissão de idéias. Além disso, existe a possibilidade de todas essas disciplinas estarem participando simultaneamente na análise de determinadas situações, sendo portanto mais uma ferramenta que contribui para o processo de ensino-aprendizagem. Tais exemplos constituem uma pequena amostra do que um tema transversal pode gerar, exigindo dos professores muita criatividade, pois os procedimentos interdisciplinares, em sua maioria, precisam ser construídos.

O conteúdo do material paradidático é dividido em cinco partes: o texto principal, o texto secundário (notas complementares ao texto principal, as quais fornecem explicações e/ou citam outras fontes de pesquisa), as atividades propostas (sugerem atividades, a partir de elementos presentes no cotidiano das pessoas, com objetivos e orientações específicas), os exemplos de aplicação (propõem-se cálculos, sob a forma de roteiros, destinados à avaliação de situações com potencial de economia de energia) e as referências bibliográficas. No conjunto, os conteúdos propostos visam estabelecer uma forma alternativa de encarar as questões relacionadas ao uso da energia, por intermédio de um processo educacional que proporcione uma melhor compreensão dos conceitos envolvidos e garanta a obtenção do máximo proveito das informações disponíveis no cotidiano das pessoas. A Figura 5.1 mostra a esquematização dos conteúdos, bem como o inter-relacionamento entre os mesmos, de forma a orientar o processo didático mediante a visualização do conjunto da obra.

DESENVOLVIMENTO HUMANO