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CAPÍTULO 2 REVISÃO DE LITERATURA

3.4 Modelo empírico

A equação (1) apresentada em seguida expressa o modelo empírico inerente a este estudo, para a empresa i, no momento t:

Yit= βXit + ¥Cit + eit (1)

onde, Yit representa as Despesas em I&D de cada empresa; Xit, é o vetor das variáveis

específicas à empresa em causa; Cit, é o vetor de variáveis de controlo que são

específicas à indústria; eit, o termo de erro; β e ¥ são matrizes de parâmetros a estimar; i

refere-se à empresa em causa e t ao ano. Neste estudo vamos considerar como indicador de inovação as despesas em I&D pelas razões seguintes. Primeiro, tal como foi analisado no Capítulo 2, a inovação é um conceito complexo, podendo assumir diferentes dimensões. Esta complexidade faz com que este seja um conceito de difícil mensuração, não havendo uma única medida capaz de incorporar estas diferentes dimensões. O investigador tem assim de fazer escolhas entre os diferentes indicadores. Segundo, ao escolher este indicador estamos a restringir o nosso estudo ao subconjunto de empresas que faz inovação e que tem atividades de inovação, o que pode ser considerado o grupo de empresas mais intensamente envolvidas em inovação. Terceiro, ao escolher este indicador de inovação permite-nos utilizar uma variável contínua e como tal técnica econométrica adequada. Para utilizarmos outro tipo de indicador de inovação, nomeadamente tipo de inovação, implicaria recorrer a outras técnicas econométricas, o que se afigurava difícil dada a limitação do tempo disponível.

O vetor das variáveis específicas à empresa compreende a nossa variável central que é a dimensão da empresa, i.e., a variável Dimensão que é o logarítmo natural do Número de

Trabalhadores. Segundo Scherer (1991), existem fatores que também nos podem levar

a esperar que as empresas de pequena e média dimensão sejam mais inovadoras. As empresas de pequena dimensão apresentam estruturas de gestão mais flexíveis, beneficiam de menor burocracia e menos inércia. No entanto, de acordo com Acs e Audretsch (2003), existem vários fatores que favorecem a inovação nas grandes empresas. Estes fatores passam por à inovação estarem associados: elevados custos

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fixos, um grande risco subjacente à I&D, um portefólio de projetos inovadores diversificados, entre outros.

A dimensão de uma empresa é uma das variáveis mais estudadas como determinante de inovação sendo considerada uma variável explicativa do comportamento inovador, Becheikh, Rejean e Nabil (2006). Posto isto, e tal como foi analisado na revisão de literatura não existe um consenso na literatura sobre o efeito da dimensão da empresa na inovação e mesmo quando esta é medida pela despesas em I&D. No entanto, a maioria dos estudos parece indicar existir uma relação positiva quando é utilizado este indicador. Assim, é esperado que a dimensão influencie de forma positiva a inovação, ou seja, espera-se uma relação positiva entre a variável dimensão, medida através do número de trabalhadores e as despesas em I&D.

No vetor das variáveis específicas à empresa é ainda incluída a variável Volume de

Negócios (logaritmizada) que controla para diferenças na capacidade financeira e de

recursos entre as empresas, onde é assumido que empresas com mais recursos são mais capazes de fazer inovação, donde se espera uma relação positiva entre esta variável e a variável dependente.

No vetor Cit são incluídas variáveis dummy relativas a diferentes características setoriais que foram identificadas no Capítulo 2 como relevantes na explicação do comportamento inovador. Assim, foram incluídas dummies relativas ao setor de atividade, indústria e serviços, à intensidade tecnológica, i.e. , setores de alta-média intensidade e média-baixa intensidade e, por fim, dummies relativas aos setores de Pavitt Desta forma, a seguir apresentam-se os efeitos esperados na variável dependente de cada uma das variáveis independentes.

Quanto à influência da variável do setor industrial na inovação, o resultado esperado é um pouco ambíguo. Nos resultados obtidos por Sirili e Evangelista (1998), quanto às empresas italianas, tomando como referência a despesa em I&D por trabalhador, os ramos de atividade económica mais inovadores pertencem ao setor dos serviços; inovar em empresas pertencentes à indústria implica custos três vezes superiores comparativamente a empresas de serviços. Concluem dizendo que existem mais fatores semelhantes do que diferentes no que diz respeito à inovação em ambos os setores. Pires, Sarkar e Carvalho (2008) afirmam que o nível da atividade inovadora varia consideravelmente sobre o setor da indústria e dos serviços mas, quando comparados

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verifica-se que enquanto o setor da indústria lidera em termos de inovação em algumas atividades, o setor dos serviços tem um comportamento mais inovador noutras. Estes autores concluem também que as empresas que mais inovam no setor dos serviços são tão inovadoras como as que mais inovam na indústria.

A relação entre a inovação e a intensidade tecnológica é clara, é expectável que as respetivas variáveis apresentem um efeito positivo, visto ser evidente que, em setores caraterizados pela alta intensidade tecnológica haja uma maior percentagem de empresas inovadoras. Através do estudo feito por Munier (2006), utilizando uma amostra de empresas da indústria francesa, é possível afirmar que em setores com elevada intensidade tecnológica existe uma maior percentagem de empresas de grande dimensão (50%) e, por outro lado, nos setores caraterizados por uma baixa intensidade tecnológica, são as pequenas empresas que apresentam maior percentagem (54%). Quanto às variáveis de classificação do setor segundo Pavitt, o tipo de setor onde é esperado uma percentagem mais elevada de inovação por parte das empresas é naquelas que fazem a sua atividade baseadas na ciência (BC). As empresas baseadas na ciência produzem uma grande proporção do seu processo tecnológico, assim como uma elevada proporção das inovações de produto usadas noutros setores, Pavitt (1984).

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