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O modo como é tratada a questão do AG na visão antropogênica pode ser entendida através do IPCC. Este painel é responsável pela emissão de relatórios avaliativos sobre as mudanças climáticas globais (MCG). Os relatórios são emitidos com o intuito de discutir as medidas provisórias e decisões a serem tomadas a fim de amenizar os impactos ambientais oriundos das mudanças climáticas, além de manter a comunidade científica informada sobre as ameaças que assolam o planeta. A Organização das Nações Unidas (ONU) instaurou o IPCC a partir de 1988 como o principal referencial a respeito dos estudos realizados no âmbito das MCG, e como principal fonte de informação referente ao assunto. O IPCC foi criado com o

intuito de fornecer uma fonte objetiva de informações a quem toma as decisões políticas e a quem se interessar sobre o assunto.

O painel não conduz nenhuma pesquisa, nem monitora dados ou parâmetros relacionados às mudanças climáticas. Seu papel é avaliar de maneira compreensiva, objetiva, aberta e transparente a literatura científica, técnica e socioeconômica mais recente, produzida no mundo, relevante ao entendimento do risco das mudanças climáticas de origem antrópica (BARRETO; STEINKE, 2008).

Para Botton et al. (2010) o aquecimento global é um fenômeno causado pela presença de partículas de carbono (C) em alta concentração, especialmente sob a forma de gases, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), além do óxido nitroso (NH2), que são denominados Gases de Efeito Estufa (GEEs). Esses gases são encontrados naturalmente na atmosfera, exercendo a função de absorção da energia solar diretamente ou daquela energia solar que é refletida pela superfície terrestre, garantindo as condições ambientais que presidiram o surgimento de vida. Porém, as atividades humanas têm provocado de forma intensa o aumento dos gases poluentes na atmosfera.

A concentração de dióxido de carbono, de gás metano e de óxido nitroso na atmosfera global tem aumentado marcadamente como resultado de atividades humanas desde 1750, e agora já ultrapassou em muito os valores da pré-industrialização determinados através de núcleos de gelo que estendem por centenas de anos. O aumento global da concentração de dióxido de carbono ocorre principalmente devido ao uso de combustível fóssil e a mudança no uso do solo, enquanto o aumento da concentração de gás metano e de óxido nitroso ocorre principalmente devido à agricultura (IPCC, 2007, p. 3).

Observa-se com frequência o uso do termo aquecimento global em referência a um fenômeno cujas causas são humanas; reforça-se o caráter conflitante da relação sociedade-natureza no mundo atual, que percebe e ressalta as consequências da atividade industrial intensa nos países desenvolvidos.

Segundo Oliveira (2008), há inúmeras indicações do aumento da temperatura por consequências das atividades humanas, sendo estas, as que envolvem a queima de combustíveis fósseis. As queimadas, também são fatores que através da ação homem contribuem para o aquecimento do planeta produzindo os GEEs.

Em relação à emissão do dióxido de Carbono (CO2), os aumentos das emissões estão relacionados aos gases de exaustão de veículos. O restante é liberado indiretamente por meio da energia utilizada para produzir, transportar bens,

aquecer e resfriar indústrias, salas, escritórios, e de forma geral, para qualquer atividade econômica (OLIVEIRA, 2008).

A Figura 7 mostra o desequilíbrio do ciclo do carbono causado pelas fontes de emissão de CO2 criadas pelo homem.

Figura 7 - Ciclo do Carbono.

Depreende-se que a crise ecológica atual tem origem na interação desarmônica entre natureza e sociedade, a ponto de comprometer a vida na Terra. Porém, mesmo com o balanço natural, através da absorção pelas plantas e por animais, parte do CO2 não consegue ser absorvida e isso faz com que a concentração tenha aumentado desde o ano de 1800 até os dias atuais (OLIVEIRA, 2008).

Mudança climática no uso do IPCC refere-se a qualquer mudança no clima durante um período de tempo, independente se for uma variação natural ou o resultado de uma atividade humana. Este uso difere de aquele no - Framework Convention on Climate Change – onde a mudança climática refere a uma variação do clima que é atribuída diretamente ou indiretamente às atividades humanas que alteram a composição da atmosfera global, e também a variação natural de clima observada durante períodos de tempo comparáveis (IPCC, 2007, p. 3).

O clorofluorcarbono (CFC) também faz parte desse aumento desequilibrado de gases estufa, haja vista que são produzidos através da refrigeração. Estes destroem o ozônio presente em uma das camadas da atmosfera e sua concentração tem aumentado tanto quanto o gás metano (CH4) proveniente de grandes investimentos na agropecuária, cultura de arroz, decomposição de lixos e outros processos (MARCHIORETO-MUNIZ, 2010).

Diante disso, o IPPC declara que,

Aquecimento do sistema climático tem sido detectado nas mudanças das temperaturas de superfície e atmosférica, as temperaturas acima dos 700 metros dos oceanos contribuem para a elevação do nível do mar. Estudos de atribuição têm estabelecido contribuições antropogênicas para todas estas mudanças. O padrão de aquecimento da troposfera e do esfriamento da estratosfera observado provavelmente ocorre devido a uma combinação de influências do aumento do gás estufa e da redução do ozônio na estratosfera (IPCC, 2007, p.10).

E ainda destaca que é improvável que as mudanças climáticas de décadas anteriores a 1950 tenham ocorrido devido apenas às variações geradas dentro do sistema climático, e ressalta que:

É provável que o aumento da concentração de gás estufa sozinho tenha causado mais aquecimento do que o observado porque o aerossol vulcânico e o antropogênico têm compensado algum aquecimento que, caso contrário, teria ocorrido. O aquecimento difundido da atmosfera e dos oceanos observado, juntamente com a perda da massa de gelo, sustenta a conclusão de que é extremamente improvável que as mudanças do clima ocorridas nos últimos 50 anos possa ser explicadas sem uma força externa, e muito provável que não seja devido às causas naturais somente (IPCC, 2007, p. 9).

Diante disso, as conclusões obtidas através do IPCC sobre as mudanças climáticas globais acabam por apresentar o homem como grande vilão, pois o efeito

estufa assume uma das funções de causador do aquecimento (MOLION, 2008). A diferença entre as abordagens está na discussão de modelos que esclarecem as evidências do AG. O modelo natural permite-nos entender os principais fatores que tentam explicar as variações climáticas.

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