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Capitulo 2 – Enquadramento Teórico

2.5. Modelos de análise de interacções Online

2.5.4. Modelo de Gunawardena, Lowe e Anderson

Este modelo resultou da necessidade que os autores sentiram, face ao trabalho que pretendiam realizar. O modelo em questão, tem como ponto de partida aquele que foi apresentado por Henri, em 1992, “ These model serve as a useful starting point for analyzing CMC interactions ” (Gunawardena, Lowe & Anderson, 1997, p.402). Contudo, deste modelo, apenas três dimensões foram focadas: a Interactiva, a Cognitiva e a Metacognitiva. Embora este tenha sido o modelo base, muitos outros serviram de inspiração até ao aparecimento do modelo proposto pelos autores, em 1997. Falamos então de Vygotsky, Levin, Smith, Salomon, Roschelle, Lakoff, entre muitos outros.

Para Gunawardena, Lowe e Anderson, o modelo de Henri suscitou-lhes algumas dúvidas, apresentando-se, em muitos momentos, pouco claro na definição das diferentes fases. Estes autores, em determinadas alturas, não conseguiram entender, por exemplo, em que categoria deveriam categorizar determinadas unidades de análise, se na dimensão cognitiva, se na metacognitiva (Gunawardena, Lowe, & Anderson, 1997).

Um outro aspecto que levou os autores a criarem o seu próprio modelo, foi o contexto do estudo. O modelo apresentado por Henri, estava centrado no paradigma do professor, o que parecia não ser adequado para um ambiente construtivista, no qual a aprendizagem é baseada numa construção partilhada de conhecimento (Gunawardena, Lowe, & Anderson, 1997).

Tendo em conta este e outros factores, Gunawardena et al., propuseram um modelo de análise de conteúdo, desenvolvido com o intuito de analisar a negociação e a co- -construção do conhecimento.

Os autores referidos anteriormente, alertam ainda, para o facto da construção social do conhecimento poder não progredir, de uma forma tão linear, como aquela que é apresentada pela disposição das diferentes fases. Tornando-se, desta forma, consistentes com o que a literatura relata acerca da criação de conhecimento, segundo o paradigma construtivista.

Segundo este modelo, existirá uma construção activa do conhecimento que se move ao longo de cinco fases, que nos permitem examinar a negociação de significado e a co-construção do conhecimento, como aparece representado na Tabela 2.6.

Tabela 2.6 -Interaction Analysis Model: Examining Social Construction of Knowledge in Computer Conferencing (Gunawardena, Lowe, & Anderson, 1997)

Phases Indicators

Phase I: Sharing/Comparing of

Information

A statement or observation or opinion;

A statement of agreement from one or more other participants; Corroborating examples provided by one or more participants; Asking and answering questions to clarify details of statements; Definition, description, or identification of a problem.

Phase II: The Discovery and Exploration of

Dissonance or Inconsistency among

Ideas, Concepts, or Statements

Identifying and stating areas of disagreement;

Asking and answering questions to clarify the source and extent of disagreement; Restating the participants' position, and possibly advancing arguments or considerations in its support by references to the participants' experience, literature, formal data collected, or proposal of relevant metaphor or analogy to illustrate point of view.

Phase III: Negotiation of Meaning/Co-Construction

of Knowledge

Negotiation or clarification of the meaning of terms;

Negotiation of the relative weight to be assigned to types of arguments; Identification of areas of agreement or overlap among conflicting concepts; Proposal and negotiation of new statements embodying compromise, co- construction;

Proposal of integrating or accommodating metaphors or analogies;

Phase IV: Testing and Modification of Proposed

Synthesis or Co- Construction

Testing the proposed synthesis against "received fact" as shared by the participants and/or their culture;

Testing against existing cognitive schema; Testing against personal experience; Testing against formal data collected;

Testing against contradictory testimony in the literature.

Phase V: Agreement Statement(s)/Applications

of Newly-Constructed Meaning

Summarization of agreement; Applications of new knowledge;

Metacognitive statements by the participants illustrating their understanding and that their knowledge or ways of thinking (cognitive schema) have changed as a result of the conference interaction.

Este modelo foi desenvolvido, afim de ser utilizado, posteriormente, para a análise da co- -construção de conhecimento, resultante do trabalho em conferência tendo por base a CMC.

Com a finalidade de compreendermos um pouco mais este modelo, iremos centrar a nossa atenção em cada uma das fases. Nesta discussão sobre as diferentes fases, recorremos a diversos autores, tais como Kanuka e Anderson (1998), Kanuka e Kreber (1999) e Lally (s.d.).

Fase I.

A fase inicial consiste na “Partilha e comparação de informação”. Nesta fase, os participantes fazem afirmações sobre aquilo que entendem em relação aos tópicos em discussão, clarificando detalhes ou concordando com o que compreendem. Esta é uma fase que inclui assim a observação, a opinião, o acordo, exemplos corroborantes e clarificação e/ou identificação de problemas.

Fase II.

Esta é a fase de “Descoberta e exploração de dissonâncias ou inconsistências” nas ideias, conceitos ou afirmações. É definida por uma inconsistência entre as novas observações e a estrutura de conhecimento e pensamento existentes. As operações que possam ocorrer nesta fase, podem incluir a identificação de dissonâncias na compreensão de termos, conceitos, temas e/ou perguntas, para clarificar a fonte e a extensão do desacordo.

Esta é ainda uma fase onde, em muitos momentos, a posição dos participantes é reafirmada, e em alguns deles, são adiantados argumentos ou considerações em seu favor, através de referências à sua experiência, à literatura, a dados formais recolhidos e/ou à oferta de metáforas ou analogias relevantes para ilustrar os seus pontos de vista

Fase III:

Trata-se da fase de “Negociação”, na qual os conflitos surgem de forma espontânea e onde são apresentadas propostas. Esta fase inclui a negociação ou clarificação de significados, a identificação de áreas de acordo e ainda, a proposta e negociação de novas afirmações que envolvem compromisso e co-construção.

Fase IV:

“Teste ou modificação de sínteses ou Co-construções propostas”. Os acontecimentos que aqui ocorrem incluem testar contra o esquema cognitivo existente, a experiência pessoal, os dados formais recolhidos ou os testemunhos contraditórios na literatura. As ideias que vão surgindo, são assim, postas à prova e co-construídas novamente pelo grupo, caso este assim o entenda.

Fase V:

“Afirmações de acordo/aplicação dos novos significados construídos”. Esta fase corresponde a

afirmações de acordo com a aplicação dos novos significados co-

-construídos. Engloba síntese(s) de acordo(s) e afirmações cognitivas que as ilustram.

Tendo em conta a descrição das fases anteriormente efectuada, torna-se mais fácil tentarmos imaginar uma discussão sobre determinada problemática em ambiente online. Facilmente se encontram áreas de desacordo (fase II) ou mesmo de negociação de significado de conceitos ou termos (fase III). Em alguns casos, os participantes podem mesmo recuar até à fase I (partilha/comparação de informação) ou então, por outro lado, dirigir-se para as fases mais avançadas, sugeridas pelo modelo. Este pequeno parágrafo, pretende ser ilustrativo daquilo que se poderá encontrar, quando o modelo é aplicado, sendo esta uma passagem similar a muitas que os autores do modelo nos apresentam.

Depois de aplicado o modelo, os seus autores repararam em alguns aspectos interessantes. Deste modo, salientamos o facto destes detectarem que grande parte do material codificado e analisado se enquadrava nas fases II e III, ou seja, na descoberta e exploração de dissonâncias e

inconsistências nas ideias, conceitos ou afirmações, e na negociação e co-construção de conhecimento (Gunawardena, 1997, p.417). Tal facto, é justificado pelo formato utilizado no estudo, o que conduziria os participantes mais para estas duas fases, sendo as mais avançadas difíceis de atingir.

O modelo aqui abordado, contém assim várias características importantes em termos de coompreensão de aprendizagem em ambientes Online (Lally, s.d.):

- focar a interacção como o veículo para a co-construção do conhecimento;

- focar o padrão global de construção de conhecimento que emerge de uma conferência; - sermais apropriado para contextos de aprendizagem construtivistas e colaborativos; - serum esquema relativamente claro/integro/fácil de compreender;

- ser adaptável para uma variedade de contextos.

De uma forma genérica, Lally (s.d.) refere que dois temas principais foram observados na análise. Um deles foi o progresso de certos elementos de argumento/discussão através das diferentes fases, evidenciando a co-construção crescente de conhecimento pelo grupo. O outro, era que algumas mensagens continham evidências até três fases de construção social, demonstrando como é que os indivíduos desenvolviam o seu pensamento dentro do debate.

Com este modelo, damos por concluída a nossa breve viagem por alguns dos trabalhos que têm vindo a ser realizados, no que se refere à análise de conteúdo proveniente da CMC.

Capitulo 3 – Metodologias

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