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1.3. Teorias Das Emoções

1.3.4. Modelo Modal das Emoções de Gross e Thompson

O Modelo Modal das Emoções é composto por três pontos fundamentais.

O primeiro ponto consiste na ideia de que as emoções surgem quando alguma situação é interpretada como relevante, positiva ou negativamente, para os objectivos do indivíduo (Gross & Thompson, 2007). Os objectivos podem ter múltiplas formas e a situação pode surgir de qualquer fonte, no entanto, o importante para desencadear uma emoção é o significado atribuído aos mesmos que dá origem às emoções (idem). Se existirem alterações nos significados, vão também desencadear-se alterações nas emoções (ibidem).

Em segundo lugar, Gross e Thompson (2007) citando Mauss et al., (2005), referem que as emoções são um fenómeno multicomponencial, envolvendo todo o organismo, que promovem alterações na experiência subjectiva, no comportamento e na fisiologia central e periférica. Fridja, (1986, cit in Gross & Thompson, 2007), reforça a ideia anterior, referindo que as emoções não nos permitem apenas sentir algo, elas também nos impelem a agir.

Finalmente, este modelo considera que as alterações, acima referidas, associadas ao processo emocional, não estão sempre todas presentes, uma vez que as emoções possuem alguma maleabilidade. Como refere William James (1884 cit in Gross & Thompson, 2007), as emoções são tendências de resposta que podem ser moldadas de diversas formas.

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Resumidamente, o Modelo Modal das Emoções defende que as mesmas consistem numa transacção pessoa-situação que capta a atenção, tem um significado particular para um individuo e gera uma resposta multi-sistémica coordenada, no entanto flexível, dirigida à transacção pessoa-situação que se encontra a decorrer (Gross & Thompson, 2007).

Neste modelo são apresentados aspectos das três teorias anteriores. Estão presentes as respostas biológicas e comportamentais desencadeadas como resposta aos estímulos, está presente a necessidade de uma avaliação quer da situação quer dos recursos que o sujeito dispõe para ser desencadeada uma emoção e finalmente, está também presente a componente social e cultural, uma vez que estes autores referem que as emoções são desencadeadas na transacção indivíduo-situação, o que só é possível no contexto cultural e social.

O esquema seguinte faz uma síntese dos pontos fundamentais da teoria de Gross e Thompson.

 Funções Das Emoções – coloque como sub-capitulo.

Esquema 1: Modelo Modal das Emoções de Gross & Thompson (2007, p. 499)

O esquema anterior demostra, explicitamente, o processo através do qual as emoções se desencadeiam. Uma situação desperta a atenção do indivíduo. Posteriormente, o indivíduo dirige a sua atenção para a situação e faz a sua avaliação, de forma a compreender se a mesma é relevante ou não para os seus objectivos. Finalmente, após a avaliação da situação, se a mesma se mostrar relevante para os objectivos do indivíduo, esta vai desencadear uma determinada emoção.

Situação Resposta

˳ ˳ ˳ ˳

Atenção Avaliação

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1.4. Funções Das Emoções

Segundo Keltner e Gross (1999 cit in Niedenthal, Krauth-Gruber & Ric, 2006) existem três perspectivas relevantes, sob as quais se pode observar a funcionalidade das emoções.

A primeira refere-se à não funcionalidade adaptativa das emoções. De acordo com esta perspectiva, as emoções toldam a capacidade cognitiva e devem, por esse motivo, ser controladas, escondidas, ou ainda eliminadas (Solomon, 1993 cit in Niedenthal, Krauth-Gruber & Ric, 2006). Para esta perspectiva, as emoções não têm qualquer valor adaptativo ou funcional, pelo contrário, apenas perturbam e deturpam o nosso julgamento e consequentemente, nos fazem agir de forma desajustada à realidade. Uma outra perspectiva enquadra-se com as teorias evolucionistas que davam às emoções uma funcionalidade adaptativa no passado, uma vez que serviam como soluções para desafios apresentados pelo ambiente, mas que actualmente não se encontram, o que contribuiu para que a funcionalidade adaptativa das emoções desaparecesse (Niedenthal, Krauth-Gruber & Ric, 2006). Na mesma perspectiva, Freud (1930/1961 cit in Niedenthal, Krauth-Gruber & Ric, 2006) refere que as imposições da sociedade para com as emoções na actualidade é distinta das imposições do passado, o que cria inconsistências que a par do stress que as mesmas implicam, são a principal causa das neuroses. Para esta perspectiva, as emoções tiveram outrora um valor adaptativo, uma vez que se constituíam como uma resposta aos desafios do ambiente. Como actualmente esses desafios já não se apresentam as emoções já não apresentam qualquer função adaptativa, pelo contrário, apresentam-se como causa de perturbações psicológicas e emocionais.

Finalmente, a perspectiva funcionalista, que representa o pensamento da maioria dos autores da actualidade, nomeadamente (Plutchik, 1980; Barrett & Campos, 1987; Johnson-Laird & Oatley, 1992; Keltner & Haidt, 1999, 2001; Cosmides & Tooby, 2000), considera que as emoções possuem uma funcionalidade adaptativa semelhante à que possuía no passado (Niedenthal, Krauth-Gruber & Ric, 2006). A diferença reside na alteração da estrutura das mesmas, provocada por problemas apresentados pelo ambiente de forma repetitiva (idem). Deste modo, o objectivo desta perspectiva reside na identificação dos problemas de adaptação que se apresentavam pelo ambiente no passado, nos que se apresentam actualmente pela sociedade moderna e na determinação

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das respostas associadas aos mesmos e que se constituem como soluções a esses problemas de adaptação (ibidem). Resumidamente, estas teorias procuram paralelismos entre os problemas de adaptação do passado e os do presente e entre as respostas/soluções associadas. Para estas teorias as emoções apresentam o mesmo papel adaptativo que possuíam no passado, mas que para isso tiveram que se ajustar aos desafios apresentados pelo ambiente da sociedade actual que são muito diferentes dos do passado.

As teorias da avaliação cognitiva e as do construccionismo social, consideram também o papel funcional das emoções como um fenómeno de resolução de problemas, no entanto, não consideram que este seja um fenómeno evolutivo codificado geneticamente, como as teorias evolucionistas, mas sim um fenómeno baseado na aprendizagem social, através da transmissão cultural que passa de geração em geração, através das transacções sociais (Niedenthal, Krauth-Gruber & Ric, 2006).

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