1 INTRODUÇÃO
3.4 MODELAGEM DO SOLO E MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
3.4.4 Modelo de Mohr-Coulomb
O critério de ruptura de Mohr-Coulomb é um dos mais utilizados nas modelagens em
que se é necessário descrever o comportamento dos solos (SEJNOHA, 2009, pág. 44). O
método se baseia na Equação de resistência ao cisalhamento definida foi Coulomb e na
ocorrência de tensões cisalhantes que ocorrem no plano de máximas tensões normais, como
estabelece o círculo de Mohr. Sendo assim, é possível estudar esses conceitos separadamente.
3.4.4.1 Círculo de Mohr
Conforme Hibbeler (2010, pág. 338), o círculo de Morh é uma solução gráfica que
resume as equações de transformação de tensões no plano. Para cada plano no interior de um
elemento que sobre esforços normais e cisalhamento, tem-se um estado que pode resultar num
acréscimo de tensões em planos secundários. O círculo de Mohr pode ser usado para resumir
essas tensões internas nos vários planos possíveis, como vê-se na Figura 10:
Figura 10 – Círculo de Mohr para um estado de tensões qualquer
Fonte: Hibbeler, 2010
Se consideramos que no eixo σ tem-se valores mais negativos para a direita, as tensões
𝜎
3e 𝜎
1são ditas como sendo a máxima e mínima, respectivamente, no plano abordado. Assim,
a reta inclinada, que passa pelo centro C, toca o círculo em sua projeção em dois pontos, estes
são o que estabelecem as tensões internas em um plano inclinado a um ângulo de α/2 em relação
ao plano principal de tensões, onde α é o ângulo que a reta inclinada faz com o eixo horizontal,
que também representa o plano principal, onde não há cisalhamento e as tensões normais são,
de fato, a máxima e mínima que podem surgir no elemento. É importante notar também que a
maior tensão de cisalhamento ocorre quando as tensões normais são equivalentes a tensão
média, e seu valor é igual ao raio do círculo de Mohr, como descrito na Figura 10. Para o caso
de estudo espacial, haverá a combinação de três círculos, onde as três tensões normais, 𝜎
1, 𝜎
2,
e 𝜎
3, irão determinar suas posições. Cada dupla de tensões principais representa um plano
principal no espaço.
3.4.4.2 Critério de ruptura de Coulomb
Coulomb propôs um modelo para descrever a ruptura de solos que requer dois
parâmetros, os já abordados ângulo interno de atrito ϕ e a coesão do solo c. Coulomb afirmou
que o crescimento da resistência ao cisalhamento, ou cisalhamento de falha dos solos, 𝜏
𝑓, é
proporcional a tensão 𝜎
𝑛𝑓que atua normalmente sobre o plano que sofre a força cortante
(SEJNOHA, 2009, pág. 47). A Equação de Coulomb se resume a:
|𝜏
𝑓| = 𝑐 − 𝜎
𝑛𝑓𝑡𝑔𝜙 (28)
𝜎
1𝜎
3A álgebra da Equação 28 é válida para a conversão padrão de sinais, onde tem-se valores
negativos para as tensões de compressão. Assim, uma compressão sobre um plano gera um
acréscimo de resistência contra seu cisalhamento. A coesão do solo é equivalente a sua
resistência inicial, quando não há confinamento. O fato de as fundações profundas terem
capacidade de carga maior que as superficiais, conforme ressalta Sejnoha (2009), é uma
observação direta da Equação de Coulomb, uma vez que, quanto maior a profundidade do solo,
maior o confinamento e, consequentemente, mais carga os solos suportam.
3.4.4.3 União dos dois modelos teóricos
O critério de ruptura de Mohr-Coulomb une o princípio de transformação de
tensões, que pode ser representado pelo círculo de Mohr, com o critério de ruptura de Coulomb.
Sejnoha (2009) explica que os parâmetros c e ϕ para o uso do critério de ruptura de Coulomb
podem ser obtidos a partir de um ensaio de compressão triaxial. Duas das tensões principais
são mantidas constantes, enquanto que a terceira cresce de forma gradual até a ruptura do solo,
onde é registrada a tensão de compressão última. O procedimento é repetido para uma outra
tensão de confinamento. Com os resultados, é possível plotar um círculo de Mohr para cada
amostra, onde, se necessário, podem ser calculadas as tensões para qualquer plano na amostra
ensaiada. Em seguida, ao se traçar uma reta que tangencie os dois círculos de Mohr, obtém-se
a envoltória de ruptura de Coulomb.
Figura 11 – Critério de ruptura de Mohr-Coulomb para amostras de solo confinado
Fonte: Sejnoha, 2009
Uma das mais importantes observações a serem feitas a partir da Figura 11 é que a
ruptura não ocorre no maior cisalhamento do solo, pois, nesse ponto, ele apresenta uma maior
resistência. Na verdade, algebricamente, percebe-se que a tensão cisalhante máxima, 𝜏
𝑓,
admitida pela amostra e tensão normal em seu plano, 𝜎
𝑛𝑓, podem ser determinadas por:
𝜏
𝑓=1
2(𝜎
1− 𝜎
3) cos 𝜙 (29)
𝜎
𝑛𝑓= 1
2(𝜎
1+ 𝜎
3) +1
2(𝜎
1− 𝜎
3)𝑠𝑒𝑛𝜙 (30)
Portanto, o critério ruptura de Mohr-Coulomb pode ser algebricamente resumido
conforme a Figura seguinte:
Figura 12 – Parâmetros algébricos resumidos pelo critério de ruptura de Mohr-Coulomb
Fonte: Sejnoha ,2009