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O surgimento do Modelo Pressão-Estado-Resposta data de 1979. Este modelo foi lançado por pesquisadores da Statistics Canada Tony Friend e David Rapport, no intuito de organizar estatísticas ambientais (MALHEIROS; PHILIPPI JÚNIOR; COUTINHO, 2008; BARCELLOS; CARVALHO; DE CARLO, 2010). A partir de 1994 foi adotado pela Organization for Economic Co-operation and Development (OECD). O propósito deste modelo é constituir um vínculo lógico entre os três componentes (Pressão-Estado-Resposta), analisando o estado do meio ambiente através dos fatores que exercem pressão sobre os recursos naturais, do estado que resulta destas pressões, e das respostas que são produzidas na tentativa de resolver problemas ambientais (PHILIPPI JÚNIOR; MALHEIROS, 2005) proporcionando uma visão conjunta.

Neste contexto, os indicadores baseados nesse modelo devem responder os seguintes questionamentos: O que está ocorrendo com o ambiente? (ESTADO). Por qual motivo? (PRESSÃO). Como a sociedade está se portando diante disto? (RESPOSTA) (BARCELLOS; CARVALHO; DE CARLO, 2010).

A Figura 7 apresenta a estrutura do modelo PER separada em seus três componentes incluindo exemplos para facilitar a compreensão. Conforme disposto por VAN BELLEN (2006) os indicadores de pressão representam o quanto a atividade humana está pressionando o meio ambiente; os indicadores de estado apontam as condições do meio ambiente em um contexto de pressão; e os indicadores de resposta expressam como os agentes: governos, empresas e sociedades estão respondendo a essas questões. Os indicadores estão classificados em temas e setores. A classificação por temas é dividida em: mudança climática, diminuição da camada de ozônio, eutrofização9, acidificação, contaminação tóxica, qualidade ambiental urbana, biodiversidade, paisagens culturais, resíduos, recursos hídricos, recursos florestais, recursos pesqueiros, degradação do solo (desertificação e erosão) e indicadores socioeconômicos. Os

setores são classificados em transportes, energia e agricultura (LIRA; CÂNDIDO, 2008).

Este modelo apresenta três modalidades que diferem ligeiramente: Força Motriz- Estado-Resposta (FER) que foi a base da criação dos IDS da ONU; Pressão-Estado- Impacto-Resposta (PEIR); Força-Pressão-Impacto-Estado-Resposta (FPIER).

Existem três variantes do modelo PER: FER, PEIR e FPIER. A FER substitui a pressão pela força motriz (F). Força Motriz representa o que está por trás das pressões; são as atividades humanas que provocam impactos sobre o meio ambiente. Ex.: a atividade industrial emite poluentes. Pode também expressar processos mais amplos como crescimento demográfico e urbanização. O modelo PEIR inclui o impacto (I) no PER e é utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. O modelo FPIER nada mais é do que a inclusão da força motriz (F) e do impacto (I) no PER. A variante impacto refere-se aos indicadores que medem as conseqüências da degradação ambiental sobre o homem e em seu entorno. Ex.: incidência de doenças respiratórias associadas à poluição do ar (BARCELLOS; CARVALHO; DE CARLO, 2010, p. 24).

Figura 7: Modelo Pressão-Estado-Resposta Fonte: OCDE, 2002

Além da CDS - ONU que tomou por base uma das variantes do método PER, o FER, o modelo PER também foi o pilar no desenvolvimento de indicadores de DS de alguns países, por exemplo o México e a Colômbia. Neste contexto, juntamente com o modelo da CDS-ONU, o modelo PER representa um dos principais marcos ordenadores utilizados pelos pesquisadores da área quando a intenção é formular modelos de indicadores de desenvolvimento sustentável nacionais.

No próximo capítulo será exposto e discutido o método brasileiro de mensuração do desenvolvimento sustentável a partir de indicadores, bem como o marco que ordenou a sua construção. Desta foram pretende-se avaliar a posição do Brasil nesta discussão, apontando seus pontos positivos e limitações e estabelecendo comparações entre a metodologia brasileira e o método da CDS-ONU.

CAPÍTULO III

INICIATIVAS DE MENSURAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL NO BRASIL: INDICADORES DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Na perspectiva de atender as exigências de um novo modelo de desenvolvimento em expansão, baseado na sustentabilidade, os países passaram a avaliar seus métodos de mensuração. A busca por um novo perfil de indicadores de desenvolvimento foi estimulada ao longo das discussões internacionais relativas ao desenvolvimento sustentável, principalmente a partir dos anos 1990, tendo destaque a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) ocorrida no Rio de Janeiro em 1992 que por meio do documento denominado Agenda 21 trouxe a seguinte recomendação: “Os países devem desenvolver sistemas de monitoramento e avaliação do avanço para o desenvolvimento sustentável adotando indicadores que meçam as mudanças nas dimensões econômica, social e ambiental” (CNUMAD, 1992a, p. 4).

Diante desse panorama, os países que até então não possuíam um sistema de medição do desenvolvimento sustentável dentro dos parâmetros definidos no documento supracitado, passaram a empenhar-se na tentativa de elaboração de uma metodologia adequada. Incluído nesses países está o Brasil.

Subsidiado por este debate e como forma de concretizar o que foi proposto no objetivo geral, será apresentado um panorama dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) no Brasil. Esta análise pretende identificar as iniciativas oficiais já existentes em termos de mensuração da sustentabilidade do desenvolvimento brasileiro através de indicadores, que até o momento correspondem aos IDS divulgados periodicamente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontando os aspectos positivos e as limitações ora existentes. Para tornar a análise mais sólida será exposta a metodologia elaborada pela Comissão de

Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (CDS-ONU) que serviu como base para o desenvolvimento de IDS no Brasil e ambas serão comparadas no intuito de avaliar e auxiliar no aperfeiçoamento dos métodos de medição do desenvolvimento sustentável nacional.