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Modelo Proposto para explicar o tempo de vida longo da luminescência dos

4. Resultados e discussão

4.2. Amostras LSCAS + TiO2

4.2.8. Modelo Proposto para explicar o tempo de vida longo da luminescência dos

Como mencionado anteriormente, o tempo de vida longo para a emissão em 650nm pode estar relacionado com defeitos estruturais no vidro LSCAS. A hipótese proposta é que o laser no UV, em 3.5 eV, excite um elétron do estado fundamental (2T2) do íon Ti3+ para um estado excitado (2E), a partir do qual ele seria aprisionado por uma vacância próxima a banda de condução do vidro. Partindo dessa hipótese, dois mecanismos possíveis foram propostos para explicar o processo de liberação deste elétron via excitação do estado 2E do íon Ti3+. O primeiro seria por energia térmica na temperatura ambiente. Ele poderia promover o elétron para a banda de condução, de onde relaxaria para o (Ti3+)+ formando [Ti3+]* (íon Ti3+ excitado), que relaxaria emitindo um fóton em 650 nm (1,9 eV). O segundo mecanismo seria o elétron tunelar diretamente da vacância para o estado 2E, de onde a emissão ocorreria. O diagrama abaixo ilustra estes possíveis processos.

1° Ti3+ + hν (350 nm) → (Ti3+)+ + {elétron num buraco} { elétron num buraco } + kT + (Ti3+)+ → [Ti3+]*

ou

{ elétron num buraco } + tunelamento + (Ti3+)+ → [Ti3+]* 3° [Ti3+]* → Ti3+ + hν (~650 nm)

Esses processos estão exemplificados na Figura 4-31.

Para investigar esses processos efetuamos três experimentos. O primeiro foi de fotocondutividade, conforme referência [160], que poderia fornecer informações se o elétron passa pela banda de condução, neste caso o sinal de fotocondutividade seria obtido quando a amostra fosse excitada em 355nm. No entanto, nenhum sinal foi detectado para este comprimento de onda. Esse resultado sugere que, ao invés de passar pela banda de condução, provavelmente o elétron tunela diretamente da vacância (shallow trap) para o nível excitado

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E, como ilustrado na Figura 4-32. 2°

Figura 4-31 Modelo proposto para explicar o tempo de vida longo observado nas amostras LSCAS+TiO2, levando-se em consideração a interação entre os íons Ti3+ e os elétrons aprisionados por vacâncias.

Figura 4-32 Diagrama esquemático dos níveis de energia, levando-se em consideração a interação entre o aprisionamento do elétron e o íon Ti3+ no vidro LSCAS.

o valor do tempo de vida do estado excitado 2E. Portanto, o tempo de vida longo observado é devido ao longo período de aprisionamento do elétron e não propriamente atribuído às transições internas do íon Ti3+. Essa observação é consistente com o fato de que o estado excitado 2E do íon Ti3+ em geral apresenta tempo de vida de poucos microssegundos, como observado para outros materiais dopados com Ti3+ e semelhante aos dados em alta temperatura onde o efeito de aprisionamento do elétron foi minimizado.

0 100 200 300 400 0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1 T em p o d e V id a (m s) Temperatura (K)

Figura 4-33 Tempo de vida da emissão em 630 nm em função da temperatura para a amostra LSCAS+ 3.5% TiO2

O terceiro experimento visou efetuar a luminescência resolvida no tempo da amostra CAS –AM25 dopada com 2% TiO2. Os resultados estão na Figura 4-34. Observa-se que o tempo de vida diminui uma ordem de grandeza de uma base para a outra dopada com TiO2. Este resultado além de reforçar o modelo proposto para o longo tempo de vida das amostras LSCAS+TiO2, está de acordo com os resultados obtidos na seção 4.1. Nela, foi observado que o aumento de sílica no vidro aluminosilicato, diminui a formação de centros de cor, nesse caso, defeitos. A quantidade de defeitos é menor no CAS, a banda de corte em comprimentos de onda menores, a probabilidade de o elétron permanecer aprisionado numa vacância (do tipo shallow trap - próxima da banda de condução) diminui, reduzindo o valor do tempo de vida. Trata-se de um resultado surpreendente porque as evidências indicam que só o vidro LSCAS tem a característica de apresentar tempo de vida longo para os íons de Ti3+.

500 550 600 650 700 750 800 0,4 0,6 0,8 1,0 2570 5070 7570 10070 AM30 + 2,0% TiO 2 Comprimento de Onda (nm) In te n si d a d e ( a .u .) Atr aso (µ s) (a) 0 5 10 15 20 25 30 1,0 In te n si d a d e ( u .a .) Tempo (µs) CAS + 2,0% TiO 2 τ=23 µs (b)

Figura 4-34 (a) Luminescência resolvida no tempo para excitação em 355nm, largura de janela de 1µs e passo de 500ns. Tempo de vida para emissão em 585nm

Nessa parte do trabalho investigamos as propriedades espectroscópicas do vidro LSCAS dopado com titânio. Centros de cor foram formados durante a excitação com UV apresentando emissões em 425 e em 535 nm para excitações em 240 e 323nm, respectivamente. Os resultados espectroscópicos mostraram que o aumento da quantidade de TiO2 favorece a formação de Ti3+. O tratamento térmico da amostra dopada com 2,0%TiO2

em 850°C, durante 24h, mostrou que a banda de emissão em 650 nm e o sinal de RPE provenientes dos íons Ti3+ praticamente desapareceram, confirmando as atribuições das bandas de emissão devidas aos íons Ti3+ e Ti4+. Os resultados sugerem que a quantidade de íons de oxigênio ao redor do titânio são os responsáveis pela redução do Ti3+ e o conseqüente aumento da concentração de Ti4+ no vidro.

O resultado mais relevante do ponto de vista de possíveis aplicações futuras em sistemas ópticos foi o tempo de vida longo da emissão do Ti3+ no vidro (~2ms em 77K e 170µs em temperatura ambiente) e a alta taxa de luminescência, que foram associados com às possíveis interações entre os defeitos e os íons Ti3+. O mecanismo dessa interação foi evidenciado por vários fatores, entre eles: formação de centro de cor na amostra, ausência de fotocondutividade e decréscimo no tempo de vida em função do aumento da temperatura.

4.3. Amostras LSCAS com diferentes concentrações de CeO

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Ainda como parte do processo de se tentar entender melhor os resultados das amostras do vidro LSCAS com titânio, optou-se por preparar novos vidros com a introdução de diferentes quantidades de CeO2. Caso houvesse a formação de Ce3+ haveria a possibilidade de se aprofundar os estudos sobre a banda de condução das amostras e como conseqüência sua influência sobre as surpreendentes propriedades de emissão dos íons Ti3+ no vidro LSCAS. Isto porque em matrizes oxidas, as emissões entre os níveis 2F (estado fundamental) e os dubletos 2F5/2 e 2F7/2 (relativos ao nível 5d) do Ce3+ normalmente seriam próximas do UV. [23] Entre as características do íon Ce3+ estão: o tempo vida de emissão curto (em torno de 50ns), banda de emissão larga, centrada entre 350 e 550nm e alta eficiência quântica de luminescência devido à transição eletrônica permitida, 4f-5d. [24] Assim, nas próximas seções apresentaremos a caracterização espectroscópica do vidro LSCAS dopado com CeO2.

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