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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 CONSTRUÇÃO DO MODELO DE AVALIAÇÃO 1 Oficina de consenso

3.3.2 Modelo teórico lógico

A partir da revisão de literatura, foram consultados os estudos que de alguma forma pesquisaram sobre as PIC. Não foram encontrados estudos de avaliação com as práticas integrativas e complementares, portanto este modelo foi elaborado e discutido em diversas etapas descritas anteriormente na elaboração do modelo teórico-lógico, o que resultou no modelo desenvolvido apresentado na figura 2.

Fonte: Elaboração própria

Segundo a experiência de autores como Hartz e outros (1997), para a construção de um modelo teórico existem fatores importantes a serem analisados, incluindo dimensões macro e micro explicativas. Estas compõe a micro e macro teoria de um objeto, sendo a primeira relacionada à normas, aspectos estruturais e operacionais; e a outra Figura 2. Modelo teórico-lógico da implantação das práticas integrativas e complementares na atenção básica.

detalha o contexto de implantação do objeto, com os fatores organizacionais e sociopolíticos que favorecem ou inibem o sucesso da implantação. (Hartz, 1997).

Neste sentido, a figura 2 está apresentada sob um contexto de determinantes sociais, econômicos, e políticos que influenciam na existência do modelo. Ele está implicado em fatores externos que se traduzem pela variedade de interesses e a permanente negociação entre as lógicas do Estado (que normatiza e regula), Sociedade (que financia), e Mercado (que produz e oferta os serviços). Reconhece-se também que o modelo está inserido em um ambiente de políticas públicas, onde se disputam diferentes interesses, modelos de atenção e de cuidado. (CONTANDRIOPOULOS, 1996, BAHIA, 2009, PAIM, 2012).

O modelo tem como foco a implantação das Práticas Integrativas e Complementares na atenção primária (atenção básica). Esse modelo foi elaborado a partir da revisão bibliográfica realizada sobre o tema de pesquisa, do banco de dados do PMAQ-AB 2º ciclo em 2013, das normativas das políticas ministeriais relativas às PIC (PNPIC e PNAB), e do consenso dos especialistas, resultando na representação esquemática do objeto de estudo.

Outros documentos foram utilizados para a composição do modelo teórico-lógico, constituídos pelas normativas elaboradas pelo Ministério da Saúde, com portarias que regulamentam e orientam o processo de implantação das PIC:

● Portaria GM nº1230/1999 que inclui a consulta médica em homeopatia e acupuntura na tabela de procedimentos SIA/SUS;

● Portaria GM/MS nº 971/2006 que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares;

● Portaria Decreto presidencial nº 5813/2006 que aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e fitoterápicos;

● Portaria GM/MS nº 853/2006 que inclui na Tabela de Serviços/classificações do Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – SCNES o serviço de Práticas Integrativas e Complementares através do código 068, compondo-o em suas sete classificações: 001 – Acupuntura; 002 – Fitoterapia; 003 – Outras Técnicas em Medicina Tradicional Chinesa; 004 – Práticas Corporais/Atividade Física; 005 – Homeopatia; 006 – Termalismo/Crenoterapia; 007 – Medicina Antroposófica; E do serviço de código 007 – Farmácia, a classificação de código 003 – Farmácia com Manipulação Homeopática; Inclusão dos procedimentos de Sessão de Acupuntura com Inserção de Agulhas, Sessão de Acupuntura - Aplicação de ventosas / Moxa, Procedimentos realizados em grupo -

Práticas Corporais em Medicina Tradicional Chinesa. Inclusão das atividades profissionais: Atividade educativa em atenção básica com grupo na comunidade e na unidade por médico acupunturista médico homeopata; Atividade educativa em assistência especializada e de alta complexidade na comunidade e na unidade por médico acupunturista. Estabelece também que os procedimentos serão financiados pelos recursos financeiros da média e alta complexidade (MAC) dos estados/municípios, com base na série histórica de produção;

● Portaria GM nº 3237/2007 que dispõe sobre os medicamentos da atenção básica incluiu 2 medicamentos fitoterápicos e todos os medicamentos homeopáticos da Farmacopéia Homeopática Brasileira;

● Portaria GM/MS nº 2.848/2007 que inclui e altera procedimentos da tabela de procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais especiais do SUS. No procedimento sessão de acupuntura com inserção de agulhas e sessão de acupuntura aplicação de ventosas/ moxa, a inclusão dos CBO de Enfermeiro da ESF, Terapeuta Ocupacional, Médicos em medicina preventiva e social, clínico, de família e comunidade, sanitarista e generalista;

● Portaria GM/MS nº 154/2008 que inseriu os profissionais médicos com especialização em homeopatia e acupuntura nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF);

● Portaria SAS nº 84/2009 que adequou o código do Serviço de Práticas Integrativas de 068 para 134, mantidas as sete classificações, através da revisão da tabela do SCNES;

● Portaria nº 2.982/2009 que aprovou as normas de execução e de financiamento da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica e incluiu 8 Medicamentos fitoterápicos e homeopáticos;

● Portaria nº 84/2009, incluiu os códigos da CBO de acupunturistas para médicos, psicólogos e fisioterapeutas;

● Portaria nº470/2011 que inclui na Tabela de Serviços/Classificação do Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - SCNES, no serviço de código 125 - Serviço de Farmácia, a classificação 007 - Farmácia Viva;

● Portaria DNPM nº 127/2011 que aprova o Roteiro Técnico para elaboração do Projeto de Caracterização Crenoterápica para águas minerais com propriedades terapêuticas utilizadas em complexos hidrominerais ou hidrotermais;

● Portaria nº 533/2012 que estabelece o elenco de medicamentos e insumos da Relação Nacional de Medicamentos (RENAME), incluiu 12 medicamentos fitoterápicos, além de toda a farmacopeia homeopática

brasileira, possibilitando o uso do componente da Assistência Farmacêutica Básica para aquisição e utilização destes medicamentos;

● Documentos e material informativo do DAB “Inserção das praticas integrativas e complementares na rede de saúde”, “Passos para Implantação de Práticas Integrativas e Complementares” disponíveis no Curso online “Gestão das PIC”, disponível no endereço eletrônico da Comunidade de Práticas da Atenção Básica;

● Manual do Núcleo de Medicina Natural e Terapêuticas de Integração – NUMENATI, do Distrito Federal - DF (2005), apresentando informações sobre a organização da atenção em práticas integrativas e complementares desenvolvidas no SUS pelo Distrito Federal. Contém algumas informações importantes que não estão descritas em outros documentos do Ministério da Saúde. Destaque para a descrição da rotina dos atendimentos, procedimentos, consultas, insumos, profissionais capacitados a exercer cada prática, entre outras atividades de educação permanente, promoção à saúde e pesquisa.

O serviço de PIC representado no modelo é definido pela PNPIC, por três sistemas médicos complexos ou racionalidades médicas vitalistas como a medicina tradicional chinesa, a medicina homeopática e a medicina antroposófica, e práticas terapêuticas ditas complementares e integrativas em saúde, como a fitoterapia e plantas medicinais, e o termalismo social/crenoterapia, estabelecendo para isso as diretrizes para a implantação.

Considerou-se que para sua implantação na atenção básica, o serviço das PIC deva ser avaliado em quatro dimensões: Assistência, Recursos humanos, Recursos materiais e Gestão.

A dimensão “Assistência” corresponde às ações de atenção à saúde na área de PIC e faz referência à oferta e distribuição do serviço de práticas integrativas e complementares no município. A dimensão “Recursos Humanos” considera a complexidade e diversidade de situações nas equipes de saúde, levando em consideração a necessidade de equipes articuladas, capacitadas e ampliadas que permitam com que o cuidado com o usuário da atenção básica tenha uma atenção integral e resolutiva. A dimensão “Recursos Materiais” que dispõe sobre os materiais e insumos para o atendimento clínico na área e tem a finalidade de avaliar a disponibilidade destes materiais nos municípios. A dimensão “Gestão” que corresponde à responsabilidade da gestão em investir na capacitação dos profissionais na área de PIC, ofertando educação continuada na forma de educação permanente, tendo em vista o aprimoramento para o trabalho.

Estas dimensões quando implantadas, aumentariam a resolubilidade no serviço trazendo novas alternativas de atenção básica à saúde e ampliariam o acesso ao usuário na escolha da terapêutica a ser utilizada, resultando na melhoria da qualidade da atenção à saúde da população. Ressalta-se que este modelo é orientado para a gestão, considerando que o gestor é quem possui maior governabilidade para o processo de implantação, organização, estruturação e funcionamento dos serviços no setor saúde.