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3. BIM NA GESTÃO DE PROJETOS DE CONSTRUÇÃO

3.2. Modelo tridimensional – BIM 3D

A introdução pelo BIM de modelos 3D paramétricos oferece várias vantagens comparativamente com as abordagens 2D tradicionais, permitindo a produção e atualização de cortes, alçados, plantas e pormenores de forma consistente, possibilitando a extração automática de listas de quantidades de materiais e permitindo uma larga gama de atividades analíticas, tais como: verificação de normas e regulamentos, análises estruturais ou análises de eficiência energética (Figura 3.4). Além disso, dadas as suas características, são facilmente detetáveis as incompatibilidades e conflitos entre os vários elementos que compõem cada uma das especialidades tornando clara a interdependência que existe entre as estruturas, a arquitetura e as várias instalações, integrando tecnologicamente todos os projetistas (Lino, Azenha, & Lourenço, 2012).

Figura 3.4 – Potencialidades dos modelos paramétricos BIM 3D

A modelação desenvolve-se recorrendo a bibliotecas ou famílias de elementos, editáveis por cada utilizador. A criação de bibliotecas pré-definidas para cada projeto garante a compatibilidade do modelo com os materiais e processos de construção pretendidos para cada obra, o que aumenta significativamente a semelhança do modelo com o produto final e reduz as incompatibilidades e ajustes necessários entre o projeto de conceção e o projeto de execução (Monteiro & Martins, Building Information Modeling - Funcionalidades e Aplicação, 2011).

Planeamento e controlo de projetos de construção com recurso ao BIM

Durante a elaboração de modelos BIM 3D, os responsáveis pela modelação do projeto devem ter em conta que o trabalho que estão a desenvolver irá ser utilizado posteriormente pelas equipas de planeamento, orçamentação, e outras. Desta forma, a modelação deve seguir regras que permitam uma melhor cooperação entre todos (Baptista, 2015). Um dos aspetos mais importantes na modelação de um projeto BIM é o nível de detalhe que o modelo deve ter, estando este diretamente relacionado com as funcionalidades que se pretendem. Por exemplo, para o estudo da viabilidade e estimativa de custos gerais é suficiente um modelo com pouco detalhe, sendo o mais importante a volumetria espacial dos elementos que o compõem, permitindo a determinação de parâmetros como o volume, localização e orientação. No entanto, quando crescem as exigências em relação ao projeto, isso obriga a uma modelação com um LOD elevado. Assim, se o modelo for utilizado, por exemplo, para o orçamento rigoroso do projeto (BIM 5D), é necessário que o modelo seja suficientemente detalhado, incluindo preferencialmente todos os materiais, custos e dimensões que o compõem de forma a fornecer listas de quantidades e materiais rigorosas.

Este problema pode ser demonstrado através da modelação de uma parede de duas formas distintas, tal como se pode observar na Figura 3.5. Na primeira abordagem, a modelação pode ser feita através da simples representação da sua forma e volume, em que visualmente a parede é um todo. Na segunda, a parede pode ser modelada através da definição de cada camada, sendo cada um dos seus componentes objeto de modelação. Tendo em conta a arquitetura, as diferenças entre as duas abordagens praticamente não existem. No entanto, relativamente à gestão do projeto, apenas a segunda abordagem permite o controlo de custos e o seu planeamento rigoroso uma vez que as diferentes camadas da parede implicam custos por material e diferentes tempos de execução (Baptista, 2015).

Planeamento e controlo de projetos de construção com recurso ao BIM

A elaboração de um modelo tridimensional permite uma maior aproximação à realidade facilitando, assim, a obtenção de um produto coerente com os requisitos inicialmente solicitados e a comunicação entre os diversos intervenientes no processo construtivo, reduzindo a ocorrência de erros e os custos do projeto (Sá, 2014). Na Figura 3.6 é demonstrada esta potencialidade das ferramentas BIM, ilustrando à esquerda, uma visualização tridimensional (3D) de um modelo e, à direita, o resultado final alcançado.

Figura 3.6 – Projeto de arquitetura da empresa CNLL de uma moradia localizada em Braga (2008)

Outra capacidade do modelo digital virtual é a possibilidade de conter uma série de informações relacionadas com outros parâmetros como os catálogos de fabricantes (Monteiro & Martins, Building Information Modeling - Funcionalidades e Aplicação, 2011). Devido a essa potencialidade do modelo para armazenar informação, não estando limitado apenas à representação 3D da arquitetura, os modelos BIM revelam-se uma ferramenta excelente em operações de manutenção e conservação. O facto de toda a informação relativa à edificação estar acessível através de uma só plataforma garante a fiabilidade, rapidez e precisão na consulta da informação. Deste modo, têm-se operações de manutenção e conservação também elas mais fiáveis, rápidas e precisas (Martins & Cachadinha, 2012).

Um outro aspeto inovador do BIM consiste na deteção automática de erros no projeto, identificando os conflitos existentes antes do início dos trabalhos. Esta funcionalidade é explanada no subcapítulo seguinte.

Planeamento e controlo de projetos de construção com recurso ao BIM

3.2.1. Deteção de erros e omissões de projeto

A deteção de erros e interferências nos projetos de construção é, tradicionalmente, feita através da sobreposição e análise dos desenhos 2D correspondentes aos projetos das várias especialidades. Este método manual está sujeito a erros e revela-se um processo moroso e dispendioso (Antunes, 2013).

Existem vários softwares BIM que permitem detetar erros e omissões nos projetos de construção (Figura 3.7), oferecendo diversas vantagens comparativamente com o método tradicional. Estas ferramentas possibilitam a deteção automática de erros e conflitos na geometria segundo regras previamente definidas pelo utilizador. É possível selecionar os elementos que se pretende inspecionar e, no caso do modelo colaborativo onde estão agrupados os vários modelos de cada especialidade, é possível uma deteção seletiva das incompatibilidades entre modelos específicos como, por exemplo, entre os elementos que compõem o modelo estrutural e os que constituem o modelo correspondente às redes prediais.

Figura 3.7 – Deteção automática de erros e omissões de projeto

Independentemente da complexidade do modelo BIM, o nível de detalhe do modelo é determinante para a deteção eficaz de conflitos no modelo. Logo, é necessário assegurar que o modelo comtempla detalhe suficiente, de modo a que as interferências possam ser eficientemente detetadas (Antunes, 2013).

É importante referir que existem erros de projeto que podem ser irrelevantes, se detetados antecipadamente, uma vez que podem ser facilmente resolvidos. No entanto, no caso de esses erros apenas serem identificados durante o desenvolvimento da obra, podem resultar em elevados custos na sua resolução e atrasar todo o processo construtivo (Antunes, 2013).

Planeamento e controlo de projetos de construção com recurso ao BIM

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