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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. CIRCULAÇÃO OCEÂNICA E ATMOSFÉRICA

5.1.2. MODELOS ATMOSFÉRICOS

O artigo “Estudos em Segurança, Meio Ambiente e Saúde”, de Ribeiro et. al (2012), apresenta um capítulo que aborda a vulnerabilidade da Ilha de Maré devido ao Grande Complexo Industrial e Portuário no seu entorno. Neste artigo, é apresentado um trabalho sobre as estimativas de ocorrências em Ilha de Maré ou comunidades vizinhas ao Porto de Aratu por emanações de grandes vazamentos de gases, disponibilizado pela Bureau Veritas.

O estudo inicia com a caracterização da incidência percentual dos ventos na região do Porto de Aratu coletados na estação meteorológica de Malembá, localizada no Canal de Cotegipe, próxima ao Porto de Aratu, no período de 2002 a 2007. Ao avaliar o banco de dados, conclui-se que a maior parte dos ventos (>90%) são provenientes das direções SE (sudeste) seguidos de ventos de leste (E). Não foram identificados ventos vindos de direções sudoeste (SO), oeste (O) e noroeste (NO). Do total de ventos identificados, 29,69% apresentavam velocidade na faixa de 2 a 3 m/s e 63,50% possuíam velocidade que variaram de 3 a 4 m/s.

Posteriormente, foi feita uma análise visando identificar o alcance de uma nuvem tóxica de gás proveniente do Porto de Aratu devido a alguma falha no Terminal de Produtos Gasosos até chegar a Ilha de Maré. Foi ressaltado que, devido as alterações de densidade dos gases, essa pluma tóxica pode sofrer alterações. A pluma gerada atingiria a BTS de forma diferente, pois dependeria basicamente da velocidade do vento e da densidade do produto. Para definir o raio de alcance foi utilizada duas faixas de velocidades:

“0,5 m/s – Correspondente a menor faixa de velocidade considerada como calmaria. Esta faixa de velocidade desfavorece o processo de dispersão do gás no ar aumentando as consequências dos efeitos da exposição;

2,5 m/s – Corresponde a faixa de velocidade considerada predominante na região analisada Esta velocidade de vento favorece a diluição do gás no ar, mas pode alastrar mais rapidamente a nuvem para regiões próximas ao Terminal de Produtos Gasosos”. (RIBERO et. al, 2012, p. 108)

Com um vento de origem leste e velocidade de 2,5 m/s e com coeficiente de dispersão de 2,4, um gás que apresenta densidade de aproximadamente 0,6 g/L, a –33,5ºC e 760 mm Hg levaria 5 minutos para atingir a Ilha de Maré. Já com o vento de velocidade 0,5 m/s e

coeficiente de dispersão 8, o tempo para a nuvem atingir a Ilha seria de 7,5 minutos. Esses ventos mais fracos permitirão que a nuvem atinja maiores altitudes e apresentarão uma dispersão mais lenta do gás devido a baixa velocidade, expondo assim as pessoas por mais tempo aos produtos tóxicos.

Não foi possível ter acesso aos dados utilizados para este estudo, o que dificulta na avaliação da eficiência desse resultado, pois os dados referentes ao ventos se assemelham muito com os dados da estação meteorológica de ondina onde a predominância de ventos é de SE/NE. No estudo foi mostrado que mais de 90% do ventos eram provenientes de SE diferente da estação localizada em Madre de Deus que apontam que menos de 10% dos ventos são provenientes de SE. Por essa razão, é muito importante que mais estudos como esses sejam feitos e que além de considerar uma pluma tóxica, de ocorrência esporádica, possa averiguar também o que acontece com as emissões diárias, pois é possível observar e sentir, quando se está na Ilha, os cheiros provenientes das movimentações do Porto e das indústrias que liberam gases em diversos momentos. Essas emissões são intensificadas no período da noite e finais de semana causando, muitas vezes, dores de cabeça e náuseas.

A CETREL faz o monitoramento do ar diariamente, porém ela considera a resolução CONAMA Nº 03/90 que estabelece valores de referência para as Partículas Totais em suspensão (PTS) e partículas inaláveis (MP10 - material particulado com diâmetro aerodinâmico equivalente de corte de 10 (dez) micrômetros) para avaliar a qualidade do ar. Contudo, as partículas finas (MP2,5 - material particulado com diâmetro aerodinâmico equivalente de corte de 2,5 micrômetros) e que são agressivas à saúde não apresentam resolução nem valores de referência no Brasil (OLIVEIRA, 2012). Os efeitos à longo prazo podem causar problemas respiratórios, doenças mutagênicas, podendo em alguns casos levar à morte. Segundo, OLIVEIRA (2012) apud FREITAS & SOLCI (2009) a causa desses problemas ocorre, pois:

[...] a fração que penetra no trato respiratório humano (nível alveolar), onde os mecanismos de expulsão destes poluentes não são eficientes. O particulado grosso pode acumular-se nas vias respiratórias superiores, agravando problemas respiratórios como o da asma. O perigo causado pela inalação de partículas depende não só da forma e tamanho das mesmas como também da composição química e do lugar no qual elas foram depositadas no sistema respiratório (OLIVEIRA, 2012, p. 28).

A falta de bons dados afeta a utilização dos modelos ambientais, pois, segundo Xavier (2002), os dados reais são necessários para dar suporte a modelagem numérica e para fazer a verificação das aproximações. Outro fator que dificulta o uso da modelagem para solucionar

os problemas de impactos das atividades antrópicas é que muitas vezes esses modelos não são de fácil acesso. E, por fim, é necessário a existência de modelos integrados para que se possa avaliar de forma mais eficiente a dispersão dos produtos químicos quando em contato com o ar ou com a água. Afinal, no Porto de Aratu transitam diversas substâncias – sólidos, líquidos e gasosos - e as formas de veiculação no ambiente podem variar.

PORTO DA POLUIÇÃO Coletânea Minha história Composição: Ernandes Carlos Lopes (Seu Djalma)

O Porto de Aratu é uma grande bomba nuclear O Porto de Aratu é uma grande bomba nuclear Poluiu a terra, poluiu o mar Poluiu a terra, poluiu o mar

Tem leucemia, tem câncer de pulmão Para os idosos, têm doenças de respiração

O Porto de Aratu só trouxe poluição Acabou com os peixes Acabou com os camarão

O Porto de Aratu eu só quero protestar Antes fosse Bin Laden que tivesse morando lá.

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