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Modelos de aprendizagem em ambientes virtuais suscetíveis de serem

PARTE I -Enquadramento Teórico

Capítulo 2 Contextualizando o eLearning

2.4. Modelos de aprendizagem em ambientes virtuais suscetíveis de serem

Quando falamos de eLearning falamos também de modelos de aprendizagem. Os modelos de aprendizagem em ambiente virtual permitem desencadear a reflexão e podem servir, como se de referenciais se tratassem, para a conceção, a implementação de práticas e a análise dos processos de interação e colaboração nas comunidades virtuais de aprendizagem. De uma forma mais ou menos declarada, a colaboração está presente em todos os modelos de aprendizagem em ambientes virtuais, emergindo, assim um paradigma colaborativo e cooperativo, que aporta uma profunda revisão das funções até aqui exercidas quer pelos eFormadores quer pelos eFormandos (os eFormadores e eFormandos devem adotar, cada vez mais, um papel mais ativo na produção e divulgação de conteúdos didáticos de forma a valorizar a sua ação pedagógica) e uma alteração dos cenários educativos e formativos tradicionalmente configurados.

Entre os modelos existentes para a conceção, o desenvolvimento de comunidades e a colaboração no seio destas, destaca-se alguns que me parecem mais significativos para o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem colaborativa.

a) O modelo do Community of Inquiry – identificam-se neste modelo “três

presenças que interagem para a promoção de aprendizagens” (Monteiro, Moreira, &

Lencastre, 2015, p. 40) e que reproduzem a componente cognitiva, habilidade dos formandos desenvolverem a metacognição e alcançarem aprendizagens significativas, a componente social, habilidade do indivíduo em “ser” através do meio de comunicação em que se desenvolve a atividade, e a componente de ensino que se refere ao design e planeamento, à facilitação do discurso e à instrução direta que viabilizam a interação da presença cognitiva e social – “a presença de ensino é o que o professor faz para criar uma comunidade de investigação que inclui a presença tanto cognitiva como social” (Monteiro, Moreira, & Lencastre, 2015, p. 40). Defende-se que a existência destes

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constituintes e as suas inter-relações são decisivos para o sucesso das experiências educativas.

A presença do professor é um elemento de base, na medida em que lhe cabe a tarefa de implementar e desenvolver a comunidade e orientar a aprendizagem de todos os formandos à medida que gera um ambiente social facilitador do pensamento crítico e orienta a aquisição de informação e a construção do conhecimento colaborativo e cooperativo. A este propósito Garrison et al. (2000) refere:

“The management of the computer conference provides a number of ways by which the teacher can influence the development of cognitive and social presence. These include regulation of the amount of content covered, use of an effective moderation style in discussions, determining group size, understanding and capitalizing on the medium of communication, and making supplemental use of face-to-face sessions”.

(Garrison et al., 2000, p. 96-97)

Figura 2.4 - O modelo de comunidades de investigação Fonte: Garrison et al. (2000)

b) O modelo de Brown – este modelo exibe três etapas: consciencialização, consolidação e camaradagem. Estas três etapas são complementares e interagem entre si ocupando o professor o papel de mediador no processo de construção do conhecimento. Aqui o protagonismo centra-se no formando.

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c) O modelo de intervenção em ambientes virtuais de Faerber – este modelo também se denomina modelo de interação em ambientes virtuais.

Este modelo centra-se no desenvolvimento de aprendizagens através de uma perspetiva socioconstrutivista onde o trabalho em grupo é privilegiado. Neste modelo adicionou-se à existência do professor, formando e conteúdo o ambiente virtual e com esta aquisição surgem três dimensões entre as interações: participar, facilitar e partilhar.

Figura 2.5 - Modelo de interação em ambientes virtuais Fonte: (Faerber, 2003)

d) O modelo de e-moderador – O modelo de e-moderating de Salmon (2000) encontra-se fundamentado em cinco níveis ou etapas, que norteiam a atividade do moderador no trabalho com os formandos, para conseguir a construção de comunidades virtuais de aprendizagem.

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Figura 2.6 - Modelo de aprendizagem para comunidades online

Fonte: Salmon (2000)

A primeira etapa do modelo denomina-se acesso e motivação. Esta etapa inicial é imprescindível para uma ambientação online e servirá para que os participantes dominem a tecnologia e acedam facilmente e com motivação ao sistema de comunicação online.

Na segunda etapa, denominada socialização online, pretende-se que todos os elementos do grupo desenvolvam habilidades através de um empreendimento conjunto, de um compromisso mútuo e de um reportório partilhado, ou seja, que partilhem pensamentos, experiências e informação com os demais, criando uma identidade de grupo.

A terceira etapa denominada troca de informação permite já a realização de tarefas em cooperação com outros elementos do grupo com o auxílio e orientação do e- moderador que tenta promover a construção da aprendizagem de forma colaborativa.

A quarta etapa, a de construção de conhecimento, visa alcançar a colaboração entre os participantes através de e-atividades que têm como principal função a discussão/debate e a construção do conhecimento, considerando-se finalizada apenas quando se verifica a produção conjunta de saberes.

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Na quinta e última etapa, a de desenvolvimento, impera a criatividade, a crítica, a reflexão e a aprendizagem em grupo. Aqui os indivíduos do grupo são responsáveis pela sua própria aprendizagem.

Por um lado, cada etapa exige distintas atividades, adequadas para a motivação dos participantes e construção consequente da aprendizagem de acordo com Salmon, para quem, e cito,

(...) el modelo de 5 etapas ofrece un ejemplo de cómo los participantes pueden beneficiarse de la progresiva adquisición de confianza y habilidad en el trabajo, en el trabajo en red y en la formación en línea, y lo que necesitan hacer los e-moderadores en cada etapa para ayudarles a alcanzar el éxito.

(Salmon, 2004, p. 27)

Por outro lado, cada etapa exige do e-moderador diferentes competências de e- moderação e requer dos participantes, o domínio de certas capacidades técnicas e a reforço da interacção, tal como salienta o mesmo autor “E-moderators could be described as specialist tutors: they deal with participants but in rather different ways because everyone is working online” (Salmon, 2000, p. 38).

e) O modelo de colaboração em ambientes virtuais de Henri e Basque – estruturado em três componentes: empenhamento (predisposição da comunidade para interagir entre si), comunicação (partilha de conhecimento e informação entre membros da comunidade) e coordenação (gestão de recursos e dos elementos da comunidade).

Figura 2.7- Modelo de colaboração para a aprendizagem em ambientes virtuais

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Todas as variáveis acima representadas estão intimamente ligadas entre si. Só assim o objetivo comum estará clarificado no que toca às atividades e haverá coesão e produtividade entre os membros do grupo. A comunicação encontra-se relacionada com o método de partilha de informação entre os diferentes elementos do grupo. É analisada à luz da perspetiva cognitiva uma vez que reside na partilha de ideias no seio do grupo, procurando gerar novos conceitos, dar-lhes significado e construir conhecimento. Por sua vez, a coordenação assenta na gestão das atividades do grupo e dos meios para atingir um fim. Pretende, através de aspetos afetivos e psicológicos de grupo, produzir um clima favorável à colaboração.

O sucesso do uso de ensino eLearning não depende somente de aspetos tecnológicos ou sociais mas sim dos aspetos pedagógicos implicados no processo. No caso do eLearning empresarial, existem vários estudos que estão a ser desenvolvidos com o intuito de construir um modelo específico capaz de dar respostas mais eficientes e eficazes na construção de um saber que se pretende organizacional. Na realidade, não existem modelos melhores do que os outros, existem, sim, modelos que podem ser ajustados e adaptados consoante o contexto de aprendizagem apresentado. Contudo, e no contexto específico deste trabalho de projeto, pretende-se salientar o modelo de e- moderador de Salmon (2000), dadas as caraterísticas elencadas anteriormente, que julgamos interessantes para a construção de comunidades virtuais de aprendizagem em contexto empresarial.

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