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E NQUADRAMENTO TEÓRICO

6. O Modelo do Leste da Europa é utilizado na República Checa, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia e Polónia É um modelo que pertencia

3.3. Prestação de Cuidados de Saúde Oral em Portugal

3.3.2. Modelos de Assistência Médico-Dentária em Portugal

Em Portugal, o Ministério da Saúde é responsável pelo desenvolvimento das políticas de saúde e pela da gestão do SNS. Neste âmbito, existem cinco administrações regionais de saúde que são responsáveis pela execução dos objetivos das políticas de saúde nacionais, pelo desenvolvimento de diretrizes e protocolos e por supervisionar o atendimento na saúde. Os esforços de descentralização focaram os seus objetivos na mudança da responsabilidade financeira e de gestão para o nível regional, mas a autonomia das administrações regionais de saúde encontra-se limitada aos cuidados de saúde primários. Apenas, nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, existe uma autonomia efetiva nas estratégias regionais de saúde e na administração do orçamento e dos custos (DGS, 2008).

Atualmente, o sistema de assistência médico-dentária em Portugal caracteriza-se por três sistemas de cobertura: o sistema liberal ou seguro privado, o sistema de seguro social e o sistema financiado pelos impostos.

3.3.2.1. O sistema liberal ou seguro privado

Mais de 90% dos médicos dentistas trabalham em consultórios e/ou clínicas privadas, sendo estes que definem o valor dos tratamentos e o pagamento é feito diretamente pelos pacientes. Na prática privada existem ainda os seguros voluntários de saúde que

complementam as escassas respostas públicas. Em Portugal, o indivíduo pode livremente decidir subscrever, ou não, um seguro privado de saúde. No entanto, a seguradora tem o direito de lhe recusar o acesso, consoante a sua idade, o estado de saúde e outras características com base nas quais é definido o seu nível de risco (APS, 2009).

O mercado de seguros de saúde privados inclui todos os contratos cujos prémios são calculados em função do risco e para os quais a adesão é voluntária. Este segmento funciona num regime de mercado livre e está sujeito à legislação geral do setor segurador. O pagamento dos tratamentos pode ser feito através de um sistema de reembolso ou de um sistema de pagamento direto aos prestadores de serviços que têm um acordo com a seguradora, isto é, prestadores pertencentes a uma rede convencionada (e.g., Médis, Multicare, AdvanceCare) (APS, 2011).

A monitorização da qualidade dos cuidados prestados no setor privado está a cargo das diretrizes, código de ética e regulamentação da ERS e da OMD, pelo que a criação de consultórios dentários exige sempre um licenciamento. A lei regula o funcionamento de clínicas dentárias como unidades de saúde que, independentemente, do seu nome e da sua estrutura legal, realizam atividades relacionadas com a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças dos dentes, boca, maxilares e dos tecidos adjacentes (Kravitz & Bullock, 2014).

3.3.2.2. O sistema de seguro social

Este sistema funciona segundo o esquema de “Seguro-Doença” e apesar de na sua maioria ser gerido por entidades sociais, é submetido à supervisão de organismos públicos, que fixam os prémios em função dos rendimentos. O custo dos tratamentos dentários é, maioritariamente, coberto por fundos coletivos que são cobrados através de contribuições ou pelos impostos gerais. Em regra, estes seguros organizam-se em torno de uma profissão ou de um setor de atividade, independentemente dos respetivos beneficiários se encontrarem ativos profissionalmente ou aposentados, sem prejuízo da sua extensão ao agregado familiar e cuja adesão, em alguns casos ou para alguns beneficiários, é de caráter obrigatório (Lourenço & Barros, 2016).

Estas entidades são financiadas pelos descontos dos seus beneficiários titulares, através de eventuais quotizações [e.g., Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Centro, Norte, Sul e Ilhas (SAMS), a Portugal Telecom (PT)]

ou outras contribuições efetuadas pelos respetivos beneficiários, entidades patronais, instituições ou organismos públicos onde os indivíduos exercem as suas funções. Os subsistemas de saúde são financiados por intermédio de um mecanismo de contribuição individual compulsória que se baseia no rendimento dos seus beneficiários titulares. Deste modo, têm acesso não apenas à rede nacional de prestação de cuidados de saúde, tal como todos os outros utentes/beneficiários do SNS, mas também a uma rede de prestadores de cuidados de saúde próprios ou com os quais os subsistemas possuam acordo ou convenção. Neste âmbito, podem favorecer o acesso a todos os prestadores, com os quais não exista acordo ou convenção, mediante um mecanismo de reembolso total ou parcial de despesas.

O subsistema mais representativo é o da Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (ADSE) cujos principais objetivos são: assegurar a proteção nos domínios da promoção da saúde, prevenção da doença, tratamento e reabilitação dos seus beneficiários; e garantir um acesso a uma rede de prestadores de cuidados de saúde, mediante a celebração de convenções com prestadores privados que permitam “obter e oferecer, com a necessária prontidão e continuidade, as prestações que interessam ao prosseguimento [daqueles] fins” (Decreto-Lei nº 118/83, de 25 de fevereiro, artigo 37º).

Tal como o SNS, os subsistemas de saúde apresentam uma dupla dimensão ou perspetiva: (i) responsabilidade de pagar os cuidados de saúde prestados aos seus beneficiários pelos serviços e estabelecimentos integrados no SNS; (ii) assegurar que os beneficiários tenham acesso a um conjunto de serviços ou cuidados, seja enquanto prestadores de cuidados de saúde [Assistência na Doença aos Militares (ADM)], seja mediante a celebração de acordos ou convenções com prestadores de cuidados de saúde.

3.3.2.3. O sistema financiado pelos impostos

Em Portugal este sistema é organizado por dois modelos. O primeiro, refere-se à prática clínica existente nos Hospitais e que é apenas realizada por médicos estomatologistas; e nas Unidade de Saúde Familiar (USF) e nas Forças Armadas por Estomatologistas e médicos dentistas. Em ambos os casos, o financiamento e a prestação de serviços está a cargo de um único organismo público, que recebe do Orçamento Geral do Estado, as verbas de que necessita. O segundo modelo diz respeito ao PNPSO, cuja prestação de

cuidados é realizada por serviços do Estado ou privados que são contratados pelo Estado (Grosse-Tebbe & Figueras, 2005; Kravitz & Bullock, 2014).