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2.5. SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E REMUNERAÇÃO DA

2.5.1. Modelos de Cobrança dos Serviços de Limpeza Urbana através

“O Estado tem o poder de efetuar o lançamento de taxas, como forma de ser reembolsado” pelos serviços públicos prestados aos contribuintes. O lançamento da taxa impõe a prestação de serviço público específico que beneficia o cidadão. (CAMPANI & NETO, 2009; ZANOTI & ZANOTI, 2011). A taxa emerge, obrigatoriamente, a uma atuação do Estado, mediante a “contraprestação do exercício do seu poder de polícia” ou à prestação de serviço público específico e indivisível. (ZANOTI & ZANOTI, 2011). Difere de outras modalidades de cobrança como o preço público ou a tarifa, na medida em que esses possuem natureza contratual, não obrigatória, de origem e caráter voluntário. (CAMPANI & NETO, 2009).

Segundo ZANOTI & ZANOTI (2011), “no momento em que o serviço público é colocado à disposição do contribuinte, nasce a obrigação tributária, independentemente da utilização ou não por parte daquele”. Sendo assim, consiste de um grande desafio a implementação da remuneração pela prestação desse serviço púbico, visto que a taxa deve ser cobrada de forma genérica, indistintamente, a todos os contribuintes. Entretanto, esta exigência, conceitual e legal, “esbarra em relevante questão” que é a efetiva universalização dos serviços, ou seja, deve-se conhecer se “o Estado está cobrando a Taxa Remuneratória da Prestação de Serviços de Manejo de Resíduos Sólidos, efetivamente disponibilizado”. (CAMPANI & NETO, 2009).

Campani & Neto (2009), ressaltam que o Estado pode cobrar: “pelo serviço utilizado ou potencialmente utilizado, tendo este o aspecto de estar à efetiva disposição do munícipe pelo prestador do serviço, ainda que não obrigatoriamente utilizado, mas tendo que ser disponibilizado o serviço”.

2.5.2. Modelos de Cobrança dos Serviços de Limpeza Urbana através de Tarifas

O sistema de cobrança dos serviços de manejo de resíduos sólidos por meio de tarifas, praticamente inexiste no Brasil, visto que implica na aferição do serviço utilizado. Neste tipo de cobrança, a divisão dos custos com os serviços de manejo de resíduos sólidos pode ser feita com base no peso dos resíduos sólidos dispostos à coleta pelo usuário, ou “seguir critérios de diferenciação na aplicação da tarifa unitária, de acordo com quantidades utilizadas do serviço e tipo de usuário, como se adota em quase todos os serviços de água e esgoto”. (MAGALHÃES, 2009). Magalhães retrata as possibilidades de precisar o valor cobrado por sistema de tarifa, através da medição dos serviços utilizados pelo usuário, e compara este sistema ao de medição de consumo de água:

É claro que a cobrança por meio de tarifa é muito mais apropriada para dar essa transparência, mas parece sempre difícil mesmo pra aqueles efetivamente empenhados em conquistar novos patamares de qualidade da gestão dos resíduos sólidos. Provavelmente, há alguns anos atrás parecia inimaginável para muitos, também, instalar um hidrômetro em cada ligação de água. A cobrança do serviço de abastecimento de água era feita, então, por meio de taxa, que tinha o inconveniente da fixação do valor por um período de um ano aprovada para o ano, a taxa era aplicada de forma automática ao usuário independentemente do uso do serviço. Por isso, a taxa não favorecia nenhuma atitude de controle do consumo por parte do usuário.” (MAGALHÃES, 2009).

Para alterar o sistema de cobrança de água de taxa para tarifa, implicou em instalar instrumentos de medição do consumo de água, que hoje são “evidentemente quase inseparáveis da ligação”. (MAGALHÃES, 2009). Para estabelecer este sistema de cobrança através de tarifas, é necessário realizar a medição da utilização do serviço, que implicará a instalação de instrumentos e mecanismos que permitam aferir o peso dos resíduos sólidos dispostos para a coleta.

Vicentini et. al. (2009) propuseram um sistema de medição da quantidade gerada de resíduos sólidos na cidade de Shangai, na China, a

partir de um recipiente sensorizados que poderia remotamente enviar informação sobre a quantidade de resíduo que é armazenada no interior do recipiente. Embora interessantes, os aspectos de custo não foram discutidos em seu trabalho.

Estes instrumentos já são utilizados em alguns países, através de sistemas acoplados aos contentores para coleta mecanizada, contendo os resíduos, e aos caminhões coletores, que reconhecem o gerador e o peso dos resíduos que estão sendo coletados, conforme ilustração da Figura 1, mostrando que é possível adotar mecanismos semelhantes no Brasil. Isto requer investimentos e um período de adaptação. (MAGALHÃES, 2009; MIDI, 2012).

Figura 1 – Sistemas de pesagem de resíduos através de mecanismos acoplados aos contentores e caminhões de coleta.

Fonte: autora

Magalhães (2009) reforça a contribuição da cobrança dos serviços de manejo de resíduos sólidos, por meio de tarifa, na redução da geração de resíduos sólidos: “A cobrança por meio de tarifa permite induzir menor geração de resíduos, por meio da cobrança, progressivamente maior pelos volumes ou massas maiores, por valores diferenciados de acordo com o tipo de usuário, permitindo gerenciar a

demanda dos serviços pelo seu custo – cobra-se mais de quem utiliza mais, para quem utiliza serviços mais sofisticados, pela utilização em determinadas circunstâncias, como se faz, por exemplo, nos horários de pico na energia e na telefonia.

Isso permite que todo mês o usuário, em sua conta, possa conferir seu “consumo” do serviço e redirecionar seu comportamento (MAGALHÃES, 2009). Além disso, a cobrança através de tarifas induz o controle da geração de resíduos sólidos, por parte dos usuários, que, provavelmente, irão optar por “produtos que tenham menos embalagens, reutilizando materiais e segregando parte dos resíduos para reaproveitamento ou reciclagem.” (MAGALHÃES, 2009).

2.5.3. Modelos de Cobrança dos Serviços de Limpeza Urbana