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O primeiro modelo de comércio intra-indústria de produtos idênticos foi proposto por Brander (1981). O estudo atribui as similaridades entre os países e retornos de escala como as causas deste tipo de comércio. Portanto, o modelo propõe uma estrutura de concorrência oligopolista, com mercados segmentados e retornos crescentes de escala. As firmas adotam uma estratégia de Cournot, ou seja, buscam maximizar os seus lucros tomando as vendas dos concorrentes como constante em cada mercado. O modelo também prevê custos de transporte e o assume como um “encolhimento” da mercadoria, de índice g, sendo que 0 < g < 1, e conclui que apesar das mercadorias serem idênticas e haver custos de transportes, o comércio intra-indústria surge a partir de dumping / discriminação de preços.

Como a participação das firmas no mercado estrangeiro é menor do que a participação no mercado nacional, a receita marginal no mercado estrangeiro pode ser maior que a receita marginal no mercado doméstico, mesmo com preços iguais nos dois mercados. Logo, mesmo na existência de custos de transporte, pode ser mais rentável para a firma exportar do que direcionar toda a produção ao mercado interno.

A dinâmica delineada pelo estudo, conforme o autor, confere quatro características à industria: Compras cruzadas do produto homogêneo, tendência de concentração produtiva quando os custos iniciais forem altos e os custos de transporte relativamente baixos, aumento do grau de competição e consequentemente do bem estar e a possibilidade de um determinado

país ser produtor do bem ainda que a demanda do seu mercado interno não lhe confira as escalas necessárias.

Todas estas características podem ser verificadas na indústria de resinas termoplásticas. Existe um grande comércio de resinas commodities, movimentação de concentração produtiva em países do Oriente Médio, grande competição internacional e países com grandes volumes de produção voltada para a exportação, que é o caso da Coréia do Sul.

Feenstra, Markusen and Rose (1998) desenvolveram um modelo baseado na equação gravitacional, onde comércio intra-indústria é uma função log linear da renda e da distância entre os parceiros comerciais. As condições de mercado são as mesmas mencionadas no modelo de Brander (1981), mas assume-se que não há diferenças nos custos marginais entre as firmas dos dois países, teoricamente pelo fato da remuneração dos fatores produtivos ter sido equalizada pelo comércio.

O estudo afirma que em geral existe uma relação inversa entre o tamanho do mercado e os preços em uma competição de Cournot-Nash. Países maiores possuem mais firmas, maior competição e menores preços. Portanto, partindo-se de uma situação de igualdade de tamanho, à medida que um país torna-se maior, o número de firmas aumentará e este país tornar-se-á um exportador líquido do bem.

No entanto, ainda conforme Feenstra, Markusen and Rose (1998), em se tratando de mercados de produtos homogêneos com grandes barreiras à entrada, devido à dependência de recursos naturais, por exemplo, o crescimento do tamanho pode não ser acompanhado pelo surgimento de novas indústrias. Logo, o efeito mercado será revertido, pois as importações decorrentes do crescimento do mercado superarão o aumento da oferta doméstica.

O modelo de Feenstra, Markusen and Rose (1998), no entanto, não é o mais adequado para explicar o comércio intra-indústria do PEAD, pois a equalização dos preços dos fatores não ocorre nesta indústria e fatalmente os custos marginais de produção também não. Conforme descrito no primeiro capítulo, existem diferenças crucias de custos entre os países, relacionados principalmente à disponibilidade de matéria-prima, a qual possui custos de transporte proibitivos e não podem ser comercializadas (primeira geração petroquímica).

O modelo busca determinar que países terão mais volume de comércio intra-indústria entre si e por esta razão utiliza determinantes específicas do país. O objetivo do presente estudo, no entanto, é entender como a proteção comercial influi no comércio intra-indústria especificamente da indústria de resinas termoplásticas.

Uma maior atenção aos determinantes específicos da indústria foi dada no estudo de Bernhofen (1998). Ele é uma extensão do modelo de Brander (1981) e analisou exatamente o comércio bilateral de produtos petroquímicos homogêneos entre EUA e Alemanha. Isto permitiu ao autor descartar os custos de transporte e as tarifas de importação do modelo, pois eram os mesmos entre os dois países estudados. No entanto, os custos de produção podem variar entre as indústrias de cada país e o comportamento da demanda é igual em todos os mercados, embora os volumes totais possam variar.

O autor demonstrou que diferenças específicas em custo, tamanho do mercado e concentração produtiva afetam negativamente a intensidade do comércio intra-indústria. Se todos os estes parâmetros forem iguais entre os dois países, então haverá 100% de comércio intra-indústria.

Esta conclusão de Bernhofen (1998) deu origem a três proposições principais:

- Se os custos de produção e o tamanho de mercado forem simétricos entre os países, o nível de comércio intra-indústria cairá se houver assimetria na concentração produtiva de mercado. Quanto menos concentrada for a indústria local em relação à indústria estrangeira, maior será o número de firmas que entram no mercado estrangeiro e portanto maior será o total das exportações em relações as importações.

- Se o tamanho do mercado e o nível de concentração produtiva forem iguais entre as indústrias, o nível de comércio intra-indústria cairá se houver assimetrias de estrutura de custos. O país com custos menores de produção terá uma vantagem competitiva e será exportador líquido do produto homogêneo.

- Se a concentração produtiva dos mercados e os custos de produção forem iguais, o nível de comércio intra-indústria cairá se houver assimetria no tamanho de mercado. Neste caso, uma vez mantida a estrutura produtiva, o país com maior mercado será importador líquido do bem.

O índice utilizado por Bernhofen (1998) para medir o comércio intra-indústria foi o desenvolvido por Grubel e Lloyd (1975), o qual é apresentado no capítulo 2.

Em resumo, havendo condições de igualdade entre os países no tocante aos custos de produção, tamanho de mercado e estrutura produtiva, e considerando-se também igualdade de custos de transporte, comportamento da demanda e barreiras ao comércio, as importações e exportações dos dois países se equivaleriam, alcançando a condição de comércio intra- indústria perfeito.

A partir dos determinantes e modelos mencionados, é possível concluir que em condições de igualdade e sob autarquia, os preços de equilíbrio entre os dois países seriam

exatamente iguais. Mais ainda, é exatamente esta igualdade de preços de equilíbrio que garantiria o comércio intra-indústria perfeito. Como os preços internos dos dois países são iguais e supondo o mesmo comportamento da demanda, as elasticidades-preço das exportações também seriam as mesmas para os produtores dos dois países e as quantidades exportadas seriam exatamente iguais.

Esta afirmação é consistente com a conclusão mencionada anteriormente, de que as diferenças nos preços de equilíbrio de cada mercado levam a um dumping unilateral e, portanto, a um comércio intra-indústria menos intenso.

Baseado nestas conclusões, espera-se que a comparação dos preços de equilíbrio entre os países produtores de um bem homogêneo indicará maior intensidade de comércio deste bem caso os preços se aproximem. Inversamente, preços de equilíbrio muito diferentes entre os mercados deverão resultar em exportações líquidas para o país com menor preço interno, a menos que as exportações do país com maiores preços estejam sendo incentivadas direta ou indiretamente. É a partir desta relação que o estudo pretende explicar o comportamento do comércio intra-indústria do PEAD.

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