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2 Fundamentação Teórica

2.3 Modelos de maturidade de processos de software

2.3 Modelos de maturidade de processos de software

PMBOK (2013) afirma que maturidade é “o nível de habilidade de uma organização de entregar os resultados estratégicos desejados de maneira previsível, controlável e confiável”. Já Vieira (2016) define maturidade como a capacidade da organização em gerenciar seus projetos com sucesso. Portanto, um modelo de maturidade em processos é um conjunto de níveis sucessivos que buscam a melhoria contínua das etapas do projeto.

É importante evidenciar dois modelos de maturidade que são muito utilizados:

o Capability Maturity Model Integration (CMMI) e o Melhoria do Processo de Software Brasileiro (MPS.BR). Ambos possuem diferentes níveis de maturidade que são disponibili-zados para mensurar o grau de progresso atingido por uma organização no processo de desenvolvimento de software.

O primeiro é o Capability Maturity Model Integration (CMMI), criado em 1998 pelo SEI (Software Engineering Institute) da Carnegie Mellon University. Este modelo surgiu como um avanço do Capability Maturity Model (CMM) e é um combinado de três outros modelos: Capability Maturity Model for Software (SW-CMM), Systems Engineering Capability Model (SECM) eIntegrated Product Development Capability Maturity Model (IPD-CMM). O CMMI possui foco em processo de desenvolvimento desoftware enfatizando

as atividades de definição, especificação e teste (TIOSSI; GASPARATO, 2017).

De acordo com Sotille (2014), o CMMI apresenta os níveis de maturidade, que indicam o grau de evolução em que a organização se encontra, e as áreas de processos, que são o agrupamento de práticas que satisfazem um grupo de metas necessárias à melhoria da área em questão.

Segundo Luz, Lopes e Silva (2016), os níveis de maturidade são:

• Nível 1 - Inicial: os processos são desorganizados, imprevisíveis e reativos;

• Nível 2 - Gerenciado: os projetos têm seus requisitos gerenciados, onde ocorre o seu planejamento, medição e controle;

• Nível 3 - Definido: os processos estão claramente definidos, e os procedimentos se encontram padronizados;

• Nível 4 - Gerenciado Quantitativamente: a gestão é feita com bases quantitativas, onde são estabelecidas metas de qualidade e quantidade;

• Nível 5 - Otimizado: ocorre a melhoria contínua dos processos.

Em cada nível de maturidade, são aplicadas algumas áreas de processos, exceto no nível 1, pois representa um procedimento indefinido. De acordo com Machado e Paula (2017), o CMMI possui 22 áreas de processos, descritas a seguir:

• Gerenciamento de Requisitos (REQM): identifica, analisa e valida os requisitos;

32 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

• Planejamento de Projeto (PP): define o escopo do projeto com base na análise de requisitos;

• Acompanhamento e Controle de Projeto (PMC): monitora o projeto para que aconteça como planejado;

• Gerenciamento de Acordo com Fornecedor (SAM): gerencia a compra de produtos e serviços necessários;

• Medição e Análise (MA): coleta dados dos processos e cria métricas para os projetos;

• Garantia da Qualidade de Processo e Produto (PPQA): garante que o processo esteja de acordo com os padrões da empresa e que o produto tenha a qualidade desejada;

• Gerência de Configuração (CM): controla a versão do código-fonte e as mudanças necessárias;

• Desenvolvimento de Requisitos (RD): processo definido para controlar, analisar e documentar os requisitos;

• Solução Técnica (TS): desenvolve soluções para os requisitos utilizando técnicas de codificação, design e arquitetura de software;

• Integração de Produto (PI): define partes independentes do produto e integrá-las para construir o produto final;

• Verificação (VER): garante que o produto satisfaça os requisitos preestabelecidos;

• Validação (VAL): valida se o produto cumpre o esperado;

• Foco de Processo Organizacional (OPF): encontra possíveis melhorias nos processos;

• Definição de Processo Organizacional (OPD): estabelece um grupo de processos organizacionais;

• Treinamento Organizacional (OT): treinamento para a equipe visando melhorar a realização das tarefas;

• Gerenciamento Integrado de Projeto (IPM): estabelece e gerencia o projeto, bem como o ambiente de stakeholders1 relevantes, de acordo com os processos padrões da organização;

• Gerenciamento de Riscos (RSKM): identifica e busca minimizar os riscos associados ao projeto;

1 Partes interessadas no projeto.

2.3. Modelos de maturidade de processos de software 33

• Análise de Decisão e Resolução (DAR): utiliza técnicas para definir possíveis decisões e os motivos da escolha;

• Desempenho de Processo Organizacional (OPP): realiza uma comparação de desem-penho entre as equipes participantes do projeto;

• Gerenciamento Quantitativo de Projeto (QPM): gerencia quantitativamente os processos do projeto;

• Gerenciamento do Desempenho da Organização (OPM): ocorre a gestão do desem-penho organizacional visando satisfazer às necessidades comerciais;

• Análise Causal e Resolução (CAR): identifica a causa da ocorrência de erros e define métodos para evitá-los no futuro.

Quadro 1 – Áreas de processo do CMMI Níveis de maturidade Áreas de processo

Nível 1 – Inicial Não possui nenhuma área de processo

Nível 2 – Gerenciado

Gerenciamento de Requisitos (REQM) Planejamento de Projeto (PP)

Acompanhamento e Controle de Projeto (PMC) Gerenciamento de Acordo com Fornecedor (SAM)

Medição e Análise (MA)

Garantia da Qualidade de Processo e Produto (PPQA) Gerência de Configuração (CM) Análise de Decisão e Resolução (DAR) Nível 4 – Gerenciado

Quantitativamente Desempenho de Processo Organizacional (OPP) Gerenciamento Quantitativo de Projeto (QPM) Nível 5 – Otimizado Gerenciamento do Desempenho da Organização (OPM)

Análise Causal e Resolução (CAR) Fonte: Adaptado de Machado e Paula (2017).

O Quadro 1 foi construído para possibilitar uma melhor observação das áreas de processo de acordo com cada nível.

34 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

O outro modelo de maturidade, denominado Melhoria do Processo de Software Brasileiro (MPS.BR), foi criado em 2003 e é coordenado pela Associação para Promoção da Excelência doSoftware Brasileiro (SOFTEX), que conta com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) (SOFTEX, 2016b).

Softex (2016b) ainda afirma que o programa MPS.BR possui cinco componentes:

Modelo de Referência MPS paraSoftware(MR-MPS-SW), Modelo de Referência MPS para Serviços (MR-MPS-SV), Modelo de Referência MPS para Gestão de Pessoas (MRMPS-RH), Método de Avaliação (MA-MPS) e Modelo de Negócio (MN-MPS). Seu objetivo é melhorar a capacidade do desenvolvimento desoftware, serviços e práticas de gestão.

Este modelo possui mais níveis de maturidade que o CMMI, totalizando sete.

Segundo Luz, Lopes e Silva (2016), a escala de maturidade inicia no nível G e progride até o nível A. Os níveis de maturidade estão listados a seguir:

• Nível A - Em otimização: há preocupação com a inovação na área de desenvolvimento dos projetos;

• Nível B - Gerenciado quantitativamente: avalia o desempenho dos processos e os gerencia quantitativamente;

• Nível C - Definido: ocorre o gerenciamento de riscos para que o processo seja considerado definido;

• Nível D - Largamente definido: possui foco em verificação, validação, liberação, instalação e integração dos produtos;

• Nível E - Parcialmente definido: acontece a melhoria e o controle do processo organizacional;

• Nível F - Gerenciado: institui controles de medição, gerência de configuração, conceitos sobre aquisição e garantia da qualidade;

• Nível G - Parcialmente gerenciado: estágio inicial do processo, onde se inicia o gerenciamento de requisitos e projetos.

De acordo com Softex (2016b), dentro de cada nível de maturidade, existe a capacidade de processos, que é um dos principais aspectos para o nivelamento das empresas, sendo representada por atributos de processos. No Quadro 2, construído com base no que é dito por Martins et al. (2016), é possível identificar os processos e seus atributos de acordo com cada nível de maturidade.

2.3. Modelos de maturidade de processos de software 35

Quadro 2 – Processos e seus atributos - MPS.BR

Níveis de maturidade Processos Atributos do

Processo

Nível A - Em otimização Não possui processos específicos

AP 1.1, AP 2.1,

Gerência de Projetos (GPR) AP 1.1 e AP 2.1 Fonte: Adaptado de Martins et al. (2016).

Os atributos do processo são descritos abaixo, de acordo com Softex (2016b):

• AP 1.1 – O processo é executado;

• AP 2.1 – A execução do processo é gerenciada;

• AP 2.2 – Os produtos de trabalho do processo são gerenciados;

36 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

• AP 3.1 – O processo é definido;

• AP 3.2 – O processo está implementado;

• AP 4.1 - O processo é objeto de análise quantitativa;

• AP 4.2 – O processo é controlado quantitativamente;

• AP 5.1 - O processo é objeto de melhorias incrementais e inovações;

• AP 5.2 – O processo é objeto de implementação de melhorias inovadoras e incremen-tais.

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