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3. Recursos Humanos e competências nas Organizações socias

3.2 Modelos de liderança

Há algumas décadas atrás, muitos acreditavam que o termo liderança era sinónimo de autoritarismo, rigidez, firmeza e temor, mas hoje em dia reconhece-se que a liderança é mais que isso, e embora a obtenção de resultados seja um ponto fundamental, o reconhecimento das pessoas, e a aquisição da sua confiança e respeito, é parte essencial do sucesso de uma organização, desde a mais pequena à mais proeminente. Consonantes com isto Blanchard e Muchnick (2004:30-31) referem que “… o verdadeiro teste de liderança passa por ganhar a

confiança e o respeito da equipa, estimular a motivação das pessoas e ajudá-las a chegar mais longe”. Assim, se anteriormente se valorizavam as técnicas, e recursos físicos e

intelectuais, hoje compreende-se que estes não têm valor sem que se valorizem as pessoas, e os recursos humanos são hoje a maior riqueza de uma organização. E devem sê-lo numa atitude de parceria e de valorização, integrando-as, formando-as, motivando-as, fazendo-as sentirem-se parte da empresa, para que sintam que participam as decisões que a afetam direta e indiretamente. Deste modo, uma liderança emocionalmente competente implica a motivação e segundo Ramos (2009: 1):

“Motivar aumenta a capacidade de adaptação dos colaboradores à mudança e reduz a resistência à mesma, orientando-os para comportamentos e para a direção desejada; contribui para criar um clima e uma cultura que valoriza a aprendizagem, o reconhecimento e a equidade; e suscita nos colaboradores um sentimento de auto eficiência e auto estima, reduzindo o sentimento de rotina e de desmoralização.”

Hoje reconhece-se cada vez mais que para uma organização ser competitiva, os seus recursos humanos têm de estar motivados, e a liderança emocional é a chave para o sucesso. Num

deixar de ser consideradas como empreendimentos rígidos, mas sim flexíveis. As organizações querem-se vivas, e a vida delas reside nas pessoas. Portanto, e por uma questão de sobrevivência, a competitividade das empresas depende da organização, cooperação e colaboração internas, onde as pessoas se sintam confiantes, implicadas no alcance dos objetivos propostos e altamente motivadas para o sucesso organizacional (Ramos, 2009: 11). Assim, a liderança emocional é um processo de influência, poder, motivação que congrega os indivíduos de uma empresa, para a concretização dos objetivos comuns. Isto requer tempo, e que o líder nunca esqueça princípios essenciais, entre os quais:

 A parceria desenvolve as potencialidades da equipa;

 O louvor permite que as pessoas saibam que aquilo que fazem é importante;

 A liderança não é algo que se impõe às pessoas, é algo que se faz com elas;

 As pessoas respeitam mais o líder, quando aquilo que ele faz e diz, é uma e a mesma coisa;

 As chaves para uma verdadeira liderança são a relação que o líder constrói com a sua equipa;

 O líder ao partilhar a informação sobre a situação da empresa coloca toda a gente no mesmo registo;

 O elogio é a forma mais fácil de fazer as pessoas sentirem que são apreciadas;

 As pessoas pensam por si próprias quando os outros, designadamente os líderes, deixam de pensar por elas;

Segundo Lino, (2006:14), acima de tudo, é essencial destacar que o papel emocional do líder é primordial, ou seja, é o primeiro ato de liderança e aquele que é mais importante. Os líderes desempenham sempre um papel emocional primordial, encaminhando as emoções coletivas para direções positivas e inibindo as emoções negativas, entre as quais a irritação crónica, a ansiedade ou sensação de futilidade. Assim, sob a orientação de um líder emocionalmente inteligente, as pessoas sentem-se mutuamente apoiadas, partilham ideias, aprendem umas com as outras, tomam decisões em clima de colaboração, e constroem elos emocionais conferindo mais sentido ao trabalho. Em contrapondo, se o líder é dissonante, as pessoas limitam-se a seguir as rotinas do trabalho, e fazem o mínimo indispensável ao invés de darem o seu melhor.

Compreende-se assim que apesar de haver pessoas que têm já características inatas de liderança, sobretudo, ser líder é resultado de uma aprendizagem, onde o desenvolvimento da inteligência emocional ocupa um lugar fundamental. Quanto mais cedo se inicia essa aprendizagem melhor, pois este é sobretudo um trabalho de aperfeiçoamento e de renovação, ao longo da vida, com reflexos positivos para o indivíduo e para os que o rodeiam. Do exposto se compreende que os líderes dentro de uma organização representam o elo primordial interferente no desempenho da mesma (Arruda et al, 2010: 2).

Compete ao líder adaptar-se às novas realidades e ser capaz de conduzir toda a sua equipa pelos processos de mudança que cada vez mais são necessários para que as organizações se encontrem preparadas para transformar as novas ameaças em oportunidades, e isto é ainda mais importante em organizações com as características das do Terceiro setor.

Assim, como referem Arruda et al. (2010: 11), “… as pessoas inseridas nestas organizações

precisam de um enfoque holístico organizacional, o que acarreta um perfil multifuncional; flexibilidade e adaptação a novos valores éticos e técnicos; simplicidade e transparência da gestão; uso eficaz dos diversos recursos (estratégicos, táticos, operacionais e técnicos); abordagem gerencial centrada nos processos; e, agregar valor aos bens e serviços.”

O autor Martins, (2010), é consonante com estas afirmações e refere que “A liderança está

intimamente relacionada com as competências de comunicação e transmissão de ideias”.

Assim, somente com uma liderança capaz de gerar acordos, gerir expectativas, criar linguagens comuns e encontrar soluções para os problemas, é que se consegue envolver os outros de forma a que participem voluntariamente em tarefas para a concretização de

objetivos comuns e metas específicas.

Também Freitas e Rodrigues, (2009), são concordantes quando mencionam que “A liderança está associada a estímulos, incentivos e impulsos que podem provocar a motivação nas pessoas para a realização da missão, da visão e dos objetivos empresariais. Liderança, tal como motivação, nos remete às questões mais subjetivas dos seres humanos, aquelas que dizem respeito a nossas entranhas, ao que nos move ao que faz sentido para nós, aquilo a que atribuímos significado”.

4. Perspetiva Individualista e Coletivista nas Organizações