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CAPÍTULO I PERSPECTIVAS TEÓRICAS EM PSICOLOGIA

3. Modelos transaccionais e ecológicos a perspectiva

Os modelos contextualistas (Palácios, 1993/1995) assumem que o desenvolvimento humano é fruto de uma interrelação entre o indivíduo e o seu ambiente e que essa interrelação está em permanente mudança

ao longo do tempo. Altman e Rogoff (1987) ao referirem a perspectiva a que chamam transaccional salientam também estes aspectos quando referem: "os aspectos de um sistema, isto é a pessoa e o contexto,

coexistem e definem-se em conjunto e contribuem para o significado e natureza de um acontecimento holístico…Os sistemas são compostos por actores inseparáveis envolvidos em processos psicológicos dinâmicos (acções e processos intrapsicológicos) em contextos sociais e físicos"

(op. cit., p.24-25). Assim, nesta perspectiva, as acções e relações de cada elemento só podem ser entendidas em função das acções e rela- ções dos outros elementos e das circunstâncias situacionais e tempo- rais onde ocorrem.

Ao contrário de outros modelos que encaram o estudo de unidades estáticas ou estruturas, o objecto de análise destes modelos é a própria mudança que vai ocorrendo nos sistemas de relações. Os resultados da mudança não se podem prever, mas as dinâmicas dos acontecimentos psicológicos podem ter características comuns em acontecimentos his- tóricos semelhantes. Nesta perspectiva aceita-se a ideia que estes acon- tecimentos são intencionais e têm um objectivo final - não num sentido teleológico - não se dando ênfase à ideia de que há princípios reguladores universais que predeterminam o decurso do desenvolvimento, nem leis gerais que o explicam (Altman & Rogoff, 1987).

No âmbito desta perspectiva referir-nos-emos a diversos modelos que têm influenciado a psicologia do desenvolvimento e da educação ao longo das últimas décadas.

Modelo transaccional

Ao expor o modelo transaccional, Sameroff (1983) faz uma revisão da teoria geral dos sistemas de Von Bertallanffy (1968) realçando a im- portância de distinguir entre sistemas fechados - estruturas específicas cujas operações são redutíveis a alguns princípios básicos - e sistemas abertos - estruturas que mantêm a sua organização apesar da troca entre as suas várias partes e o ambiente. Considera que "o desenvolvimento

envolve a interacção autodirigida das crianças com os seus ambientes e a mudança progressiva da organização do comportamento em função da experiência" (Sameroff, op. cit., p. 264).

• Características biológicas que estruturam as formas como o ambiente é experienciado pela criança;

• Estruturas sociais e técnicas da cultura em que esta se insere; • Características psicológicas da criança encaradas como resul-

tantes da relação entre as características biológicas e as estru- turas sociais.

Laszlo (1972, referido por Sameroff, 1983) considera que os sistemas têm quatro propriedades: totalidade e ordem, auto-estabilização adaptativa, autoorganização adaptativa e hierarquias sistémicas. A estas, Sameroff acrescenta uma quinta propriedade - a transaccional - que pressupõe que o organismo introduz alterações no seu ambiente pelo próprio funciona- mento, criando situações adaptativas novas que, por sua vez, vão exigir novas mudanças ao organismo.

Sameroff (1983) apresenta este modelo contextualista como uma visão que abrange aspectos dos modelos mecanicistas e organísmicos. Segundo ele, a visão contextual não substitui, mas antes vem acres- centar algo aos dois modelos anteriores e a teoria geral dos sistemas fornece um modelo que os combina: "Cada sistema existe no contexto

de relações hierárquicas e relações com o ambiente. A análise das in- terfaces hierárquicas combina elementos organísmicos e macanicistas"

(op. cit. p. 273).

O modelo transaccional de Sameroff e Chandler (1975) enfatiza o facto de que a criança e os vários prestadores de cuidados se influenciam mutuamente ao longo do tempo. Desafiando o paradigma do contínuo da causalidade reproductiva (continuum of reproductive casualty) gerado na sequência do modelo maturacionista de Gesell, propõem um novo pa- radigma, contínuo da causalidade de prestação de cuidados (continuum

of caretaking casualty), através do qual descrevem os efeitos dos facto-

res familiares, sociais e ambientais no desenvolvimento humano, no qua- dro do modelo transaccional. Não negando que causalidades reproduti- vas podem ter um papel desencadeador de determinados problemas, estes autores acreditam que a forma como o ambiente físico e social vai li- dar com a situação é, em última análise, o que determina a situação final.

Numa formulação posterior do modelo transaccional, Sameroff e Fiese (2000) clarificam as relações estreitas entre a criança e o contexto, referindo: "No modelo transaccional, o desenvolvimento da criança é

e da experiência providenciada pela sua família e contexto social. O que é inovador no modelo transaccional é a igual ênfase posta nos efeitos da criança e do ambiente, de tal forma que as experiências proporcio- nadas pelo ambiente não são encaradas como independentes da criança. A criança pode ter sido um forte determinante das experiências actuais, mas o desenvolvimento não pode ser sistematicamente descrito sem uma análise dos efeitos do ambiente na criança" (op. cit., p. 142).

A adopção do modelo transaccional implica aceitar por um lado que os factores do ambiente podem modificar falhas biologicamente de- terminadas e, por outro, que há vulnerabilidades desenvolvimentais que têm uma etiologia ambiental (Meisels & Shonkoff, 2000), o que se torna de extrema importância no trabalho com crianças em situação de risco ou com deficiência.

No âmbito deste modelo, Sameroff e Fiese (1990, 2000) realçam a importância dos processos de regulação entre a criança, a família e os sistemas culturais, que devem ser analisados na sua dimensão tempo- ral, objectivos, níveis de representação e contribuições específicas da criança.

Consideram três níveis nos processos de regulação em constante interdependência:

• Macroregulações - que marcam mudanças "cruciais" na experiência e continuam por um período alargado de tempo, sendo fundamen- talmente determinadas por factores culturais;

• Miniregulações - que se desenvolvem no contexto familiar e são fundamentalmente actividades de rotina, que se repetem numa base diária;

• Microregulações - que são interacções momentâneas automáticas e inconscientes entre a criança e o adulto que dela cuida.

No que respeita à intervenção, este modelo transaccional é proposto como modelo teórico de referência e tem consequências importantes, nomeadamente na identificação de objectivos e estratégias de inter- venção: "As mudanças no comportamento são o resultado de uma série

de trocas entre indivíduos no âmbito de um sistema partilhado, seguindo princípios reguladores específicos ... Examinando as forças e fraquezas do sistema regulador, podem ser identificados objectivos que minimizam a amplitude da intervenção e maximizam a sua eficiência" (Sameroff &

intervenção:

A remediação que se destina a introduzir modificação na criança com a ocorrência de eventuais modificações nos pais e que tem como principal objectivo a adequação da criança a competências parentais pré-existentes, que seriam adequadas se a criança tivesse as respostas apropriadas;

A redefinição que está indicada quando os códigos familiares não enquadram nem aceitam o comportamento da criança e tem como principal objectivo a facilitação de interacções parentais mais ade- quadas, actuando no contexto da experiência presente e não rela- tivamente a acontecimentos do passado, implicando que os pais conseguem identificar áreas de funcionamento normal;

A reeducação que se refere ao ensino dos pais e está indicada quando estes não têm as competências parentais básicas para regular o comportamento do seu filho e o comportamento parental adequado não fizer parte do seu repertório

Os três "R" da intervenção têm grande importância para a interven- ção precoce. Tomando como exemplo uma criança com problemas orgânicos, Sameroff e Fiese (2000) referem que a estratégia da remedia- ção teria como objectivo primordial alterar as condições orgânicas da criança, o que permitiria que a criança se tornasse mais competente para provocar comportamentos de prestação de cuidados por parte dos pais. A estratégia de redefinição teria como objectivo mudar a forma como os pais percepcionam o comportamento da criança, focando a sua atenção para as características positivas do seu filho, permitindo assim uma interacção mais adequada. Finalmente a estratégia da reeducação teria como objectivo modificar os comportamentos dos pais relativamente à criança, através do ensino de técnicas específicas adequadas às carac- terísticas de cada criança.

Em 1985, Sameroff, referido por Sameroff e Fiese (1990, 2000) introduz o conceito de Mesotipo. À semelhança do genotipo que regula o desenvolvimento físico de cada criança, o mesotipo, através da família e da organização social em que a mesma está inserida, regula a forma como cada indivíduo se insere na sociedade. Através de códigos culturais, familiares e de cada um dos progenitores estabelece-se uma regulação cognitiva e sócio-emocional que vai actuar e influenciar o desenvolvi- mento e comportamento de cada criança. Assim, poderá dizer-se que num dado momento "o comportamento da criança é o produto de tran-

experiência externa, e o genotipo, isto é, a fonte de organização bioló- gica" (Sameroff & Fiese, 2000, p. 143).

Segundo os mesmos autores (Sameroff & Fiese, 1990, 2000), a investigação numa perspectiva transaccional deve assim dar atenção ao estudo de:

• Códigos culturais, que determinam, numa determinada cultura, a organização do sistema de socialização e educação das crianças; • Códigos familiares, que regulam o desenvolvimento de cada ele- mento da família para que cada um desempenhe o papel que lhe foi atribuído no seio dessa mesma família, sendo essa regulação feita através dos rituais, histórias, mitos e paradigmas de cada família; • Códigos individuais de cada um dos progenitores que estão relacio- nados com as regulações dentro da sua própria família de origem e que influenciam as respostas de cada um à criança, regulando assim o comportamento desta.

O estudo de Bailey, Skinner, Rodriguez et al. (1999) é um exemplo de investigação nesta perspectiva. Neste trabalho, que é parte de um estudo mais vasto sobre a forma como as mães de Porto Rico e Mexi- canas percepcionam o facto de terem um filho com deficiência e a forma como se adaptam a essa situação, os autores analisam o conhecimento, uso e satisfação com os serviços de intervenção precoce numa amostra de famílias destas comunidades.

Modelo etológico

Embora o seu campo de aplicação inicial não tenha sido o estudo do desenvolvimento humano, o Modelo Etológico veio trazer novas contri- buições à psicologia evolutiva ao destacar o conceito de ambiente, res- saltando a importância que o ajustamento às características desse am- biente tem sobre o comportamento de um indivíduo. Este modelo dá especial importância aos estudos filogenéticos, já que alguns dos com- portamentos que caracterizam o desenvolvimento individual (ontogé- nese) só podem ser explicados pela própria evolução da espécie. São os etólogos os primeiros investigadores a salientar a importância de observar o comportamento no meio em que este se produz, praticando estudos naturalistas e desenvolvendo uma metodologia de observação que tem provado ser de enorme importância no estudo do comporta- mento humano (Alvarez & Del Rio, 1993/1995; Palacios, 1993/1995).

Teoria de campo de Lewin

Não poderíamos avançar para a exposição dos modelos ecológicos sem nos referirmos brevemente a Kurt Lewin, já que, segundo Bairrão (1995) ele é o primeiro autor a associar à Psicologia o termo ecológico, quando introduz variáveis exteriores ao espaço de vida do indivíduo - factores físicos e sociais, variáveis políticas, sociológicas, económicas e outras.

A formulação teórica de Lewin pode ser enquadrada num modelo de diferenciação, já que para este autor (Lewin, 1933, 1943, refrido por Valsiner, 1998, p.202) "a estrutura de campo psicológica de uma pes-

soa, quando encontra um ambiente novo, é indiferenciada e torna-se diferenciada em função da sequência das acções da pessoa ao explo- rar o meio".

Altman e Rogoff (1987) referindo a teorização de Lewin (1936, 1964) consideram que esta assume aspectos da perspectiva a que chamam transaccional. De facto, este autor considera que os processo psicológicos estão embebidos em situações físicas e sociais, formando um campo psicológico. Nesta perspectiva, caberia à ecologia psicoló- gica analisar quais os aspectos do mundo físico e social que poderia determinar, durante um certo período de tempo, a zona fronteiriça do espaço de vida do indivíduo.

Noções como campo psicológico - definido como a confluência momentânea das qualidades pessoais e propriedades do envolvimento psicológico (motivos, necessidades e características pessoais) - e es- paço vital - definido como campo dinâmico constituído por relações em constante mudança entre a pessoa e o ambiente - são para Altman e Rogoff (op. cit.) e Bairrão (1995), fundamentais para se compreender os conceitos de desenvolvimento e comportamento que Lewin assume dependerem do estado (psicológico) da pessoa e do seu meio ambiente devendo assim ser considerados como variáveis mutuamente depen- dentes.

Tal como a visão interaccional do mundo (Altman & Rogoff, 1987), também Lewin rejeita o princípio teleológico, pois embora considere que o espaço vital gravita à volta de uma procura de equilíbrio, este é inatingível.

A Psicologia de campo vai influenciar a perspectiva ecológica nos seguintes aspectos (Morris & Midgley, 1990, referidos por Bairrão, 1995): • Carácter transaccional dos sistemas organismo-meio ambiente, na medida em que as respostas só têm sentido quando enquadra- das no contexto em que ocorrem;

• Ênfase posta no estudo molar das unidades de comportamento- meio ambiente e não em unidades isoladas de comportamento ou comportamentos moleculares;

• Múltipla causalidade dos fenómenos psicológicos, já que um mes- mo estímulo pode originar muitas respostas;

• Equifinalidade dos mesmos fenómenos psicológicos, na medida em que um fim pode atingir-se por meios muito diferentes; • Interrelação dinâmica entre as respostas e todas as variáveis que

as afectam, constituindo esse conjunto um campo ou sistema em que a mudança em qualquer das partes origina a mudança de todo o sistema.

Modelo ecológico

O Modelo Ecológico foi introduzido pelos trabalhos de Barker e Wright (1955, referidos por Alvarez & Del Rio, 1993/1995) na Universi- dade de Kansas. A psicologia ecológica estuda o comportamento hu- mano nos seus contextos naturais, bem como as relações entre o compor- tamento e o meio, tentando compreender a corrente do comportamento e descrever as unidades de funcionamento psicológico nos contextos físicos à medida que estes se desenvolvem e mudam (Altman & Rogoff, 1987). Fá-lo através de registos detalhados de amostras de comporta- mento e de relatos de cenários de comportamento, em estudos descriti- vos, não experimentais, acerca da vida real.

Salienta a importância do estudo de comportamentos concretos (comportamentos moleculares) integrados no comportamento global do indivíduo (comportamento molar) e do cenário de comportamento, com as suas características físicas (local, duração) e psicológicas (ele- mentos envolvidos para além de quem manifesta determinado compor- tamento).

Cenário de comportamento, noção introduzida por Barker, pode ser definida como "um padrão de conduta concomitante com o contexto,

qual possui uma relação sinomórfica" (Alvarez & Del Rio, 1993, p.210).

O cenário de comportamento inclui portanto tanto os comportamentos molares do ou dos indivíduos, como as características físicas do contexto concreto - milieu - onde se produz esse comportamento. Neste sentido, um cenário de comportamento é um sistema social em pequena escala, cujos componentes incluem pessoas e objectos, que interagem de for- ma ordenada com vista a um determinado fim. À adequação entre as pessoas e os objectos, Barker chama sinomorfia (Bairrão, 1995).

Tietze (1986, referido por Bairrão, 1995), dá-nos uma definição mais detalhada de cenário de comportamento, nas suas diferentes componentes

• Dimensão pessoal - número de adultos e crianças da mesma idade e sexo que constituem a unidade social;

• Dimensão espaço-material - características dos locais específicos onde decorrem os comportamentos (sala de aula, recreios, espaços exteriores);

• Dimensão da acção - padrões de comportamentos (brincadeiras típicas, participação na acção);

• Dimensão organizacional - características organizacionais, legais, económicas do contexto mais global em que se insere o cenário. Assim, um cenário de comportamento é uma confluência das acções em relação a lugares, a pessoas e a objectos. O comportamento de um indivíduo, os locais onde esse comportamento ocorre e a dinâmica tem- poral estão intimamente ligados e o comportamento ganha significado pela sua ocorrência num contexto temporal e espacial específico, assim como o contexto ganha significado em função dos actores e dos com- portamentos que nele ocorrem, não podendo assim haver predicção de comportamentos (Altman & Rogoff, 1987).

Na perspectiva da psicologia ecológica o enfoque é posto no estudo dos cenários de comportamentos e não no estudo das características pessoais dos participantes, já que o objectivo é compreender até que ponto os factores ecológicos afectam o comportamento e não o inverso, sendo mais correcto prognosticar os comportamentos das crianças se as observarmos nos contextos onde elas se encontram, do que a partir do estudo das suas características pessoais. De facto, os estudos de Barker e colaboradores vieram mostrar que as mesmas crianças se comportam de forma diferente em diferentes contextos e que diferentes crianças se comportam de forma semelhante nos mesmos contextos.

Ecologia do desenvolvimento humano

A crítica feita por Bronfenbrenner à psicologia do desenvolvimento tradicional está bem resumida na sua célebre frase: "A psicologia do

desenvolvimento é a ciência do comportamento estranho de uma criança, numa situação estranha, com um adulto estranho" (1979). De facto, a

pesquisa tradicional da psicologia, ao estudar a criança fora dos seus contextos, apesar de reconhecer que alguns dos comportamentos manifestados sofrem influências ambientais, definidas como variáveis distais - classe social, grupo étnico -, não procura fazer uma análise de- talhada da interrelação sujeito-ambiente.

Propõe então um modelo que privilegie as relações entre o indivíduo e o meio, relações recíprocas e dinâmicas, a que chamou a ecologia do desenvolvimento humano. Bronfenbrenner (1979) define-a como o estudo científico da acomodação progressiva e mútua entre um ser humano acti- vo em crescimento e as propriedades em mudança dos cenários ime- diatos que envolvem a pessoa em desenvolvimento, na medida em que esse processo é afectado pelas relações entre os cenários e pelos con- textos mais vastos em que estes cenários estão inseridos.

O contexto do desenvolvimento é concebido por este autor como uma hierarquia de quatro sistemas, progressivamente mais abrangentes: • O Microssistema é definido como um padrão de actividades, pa- péis, relações interpessoais e experiências vividas pela pessoa em desenvolvimento nos cenários que lhe são directamente aces- síveis, como, no caso de uma criança, a família, a creche/JI ou escola, o ATL ou grupo despportivo, a rua, o jardim ou o bairro, sendo importante estudar o comportamento das crianças quando se movem de um cenário para o outro - transição ecológica; • O Mesossistema é definido como a relação entre dois ou mais

cenários do microsistema, como por exemplo as relações entre os pais e os profissionais dos cenários educativos, que vão, eviden- temente, afectar indirectamente o comportamento das crianças; • O Exossistema é constituído por outros contextos mais vastos, em

que a criança não participa directamente, como o local de trabalho dos pais, a comunidade social da família e os programas que im- pliquem mudanças sociais, que vão influenciar o microsistema; • O Macrossistema integra os três sistemas anteriores e é constituído

pelas crenças, valores, ideologias de uma dada sociedade numa determinada época. Inclui não só aspectos legislativos e políticos,

mas também as representações que os diferentes agentes de so- cialização têm sobre a criança e o seu processo educativo. Nos trabalhos deste autor (Bronfenbrenner, 1986, 1988, 1889, Bronfenbrenner & Crouter, 1983 e Bronfenbrenner & Morris, 1998), vão sendo apresentadas sucessivas reformulações da teoria que apresen- tou em 1979.

Na sua obra de 1989, Bronfenbrenner dá-nos uma nova definição de desenvolvimento que considera ser: "o conjunto de processos

através dos quais as propriedades das pessoas e do ambiente intera- gem para produzir continuidade e mudança nas características da pes- soa no decurso da vida" (Bronfenbrenner, 1989, p.191).

Na mesma obra, deixando inalteradas as definições de Meso- e Exossistema, redefine:

Microssistema - "padrão de actividades, papéis e relações interpessoais

experimentados por uma pessoa em desenvolvimento, num determina- do contexto com características físicas e materiais específicas e con- tendo outras pessoas com características distintas de temperamento, personalidade e sistema de crenças" (Bronfenbrenner, op. cit, p.226);

Macrossistema - "o conjunto das características do micro-, meso- e

exosistemas de uma dada cultura, subcultura ou outro contexto social mais lato, com particular referência ao sistema de crenças, recursos, acasos, estilos de vida, oportunidades, opções de vida e padrões de troca social que estão embebidos em cada um desses sitemas. O macrosistema pode ser considerado como a marca social de uma cul- tura, subcultura ou um contexto social alargado específicos"

(Bronfenbrenner, op. cit, p.228).

É neste mesmo trabalho que Brofenbrenner (1989) apresenta de- talhadamente o modelo Processo-Pessoa-Contexto, como uma forma de análise da psicologia do desenvolvimento que estuda de forma siste- mática três domínios interdependentes:

• O contexto no qual o desenvolvimento ocorre;

• As características pessoais, biológicas ou psicológicas, das pes- soas presentes nesse contexto;

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