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CAPÍTULO IV – A CiM E A VO’ARTE: RECIPROCIDADE E INFLUÊNCIA

4.7 Modo de comunicação

Verifica-se que a comunicação da Vo’Arte em relação aos espetáculos CiM é feita através de comunicados de imprensa30, newsletters, páginas do facebook31, quer

da Vo’Arte, quer da CiM (que para além da divulgação, incluem passatempos), agenda cultural32, páginas das salas de espetáculos33, comunicação às associações de pessoas

com deficiência 34, flyers e “passa a palavra”. A força da internet tem aumentado a

divulgação e consequentemente alargado a variedade de tipo de público, conforme testemunha Célia, “temos verificado que mais de 50/60% (do público tem conhecimento)

30 Anexo E 31 Anexo F 32http://www.agendalx.pt/evento/edge 33http://www.cm-olhao.pt/destaques2/1706-espetaculo-edge-traz-danca-contemporanea-ao-auditorio 34http://irisinclusiva.pt/EDGE-e-Workshop-de-Danca-Inclusiva-em-Viana-do-Castelo

32 através da internet35, da agenda cultural ou do jornal36. Isto é extremamente gratificante

porque não é só a família e os amigos”.

Esta nova forma de comunicação é possível devido às possibilidades trazidas pelas novas tecnologias da informação, nomeadamente pela Web 2.0, que permite uma interação quase instantânea entre os seus utilizadores, utiliza a digitalização de conteúdos e articula as tecnologias da comunicação, as tecnologias da informação e os media.

Não será tanto a plataforma web em si (como poderia ser sugerido pelo nome), mas sim uma nova linguagem que possibilita uma nova forma de comunicação e uma maior aproximação aos públicos a que se dirige; as redes sociais vinculam quem participa, de alguma forma, nos projetos nelas difundidos.

Aqui o público já não é só o recetor, torna-se também sujeito; tem uma participação mais ativa na comunicação e divulgação dos eventos e como tal sente-se mais inserido no contexto. Esta nova forma de lidar com as TIC não trouxe só novas mudanças tecnológicas, trouxe, principalmente mudanças sociais, que são analisadas por Castells (Castells, 2004: 52-54) que nos diz que há uma maior autonomia dos sujeitos em relação ao Estado e às grandes empresas, por serem agora produtores e criadores ativos de conteúdo.

Assim, os indivíduos tornam-se mais participativos e mais ativos em termos de questões sociais, uma vez que podem escolher as suas causas, difundi-las e até criar novas causas.

Este tipo de comunicação permite à Vo’Arte chegar mais próximo do seu público, mas também e mais importante, atingir novos públicos, chegar a outras pessoas que poderão, de alguma forma abraçar e divulgar a sua causa, partilhando eles próprios nas redes sociais e vendo os espetáculos.

Também atualmente a comunicação dos espetáculos da CiM, tem vindo a ser alterada no sentido de não ser explicita a existência de intérpretes com deficiência. Patrícia Soares, produtora da CiM, explica-nos que o que fazem é um “um objeto artístico, não temos de dizer quem é que está no palco” e isso é independente de haver ou não pessoas com deficiência. Por isso a CiM optou por retirar essa informação da sua comunicação.

No entanto esta comunicação é sempre feita junto das comunidades de pessoas com deficiência, “se é que isto existe, ou ás associações ou aos gabinetes de apoio municipal que é um espetáculo inclusivo”, diz-nos ainda Patrícia, para que seja acessível à maioria da população e para que todos possam entender que é feito para eles.

35http://www.voarte.com/

33 Os espetáculos tendem a ser, na sua maioria, inclusivos a nível de acessibilidade ou de audiodescrição (a Vo’Arte tem trabalhado com uma dupla de criadores de dança contemporânea, António Cabrita e São Castro37, e todos os espetáculos apresentados

por eles têm a vertente da audiodescrição).38

Também Rita Piteira corrobora o descrito por Patrícia e explica-nos que não há distinção, porque “tem que haver rotura com o discurso de inclusivo/exclusivo, ou seja, faz tudo parte da criação artística. (...) É um espetáculo de dança contemporânea”. Esta deverá ser a mensagem transmitida pela comunicação.

Verifica-se, por exemplo, que nos flyers e cartazes do espetáculo “Edge”39 não há

qualquer menção ao facto de ser com intérpretes cegos.

Constata-se que a CiM, outrora designada de Companhia Multidisciplinar, passou, em abril de 2015, a auto intitular-se apenas como companhia de dança, tendo apenas mantido a designação anterior para cumprimento de parcerias já acordadas, facto assinalado com a mudança de foto de perfil na sua página de facebook.

Relativamente à abertura para a imprensa aceitar que não há diferença, Rita Piteira explica-nos que existem ainda dificuldades, porque os meios de comunicação ainda colocam os espetáculos inclusivos muito no âmbito social e não no âmbito artístico e torna-se complicado levar os espetáculos até aos jornais e aos jornalistas especialistas na área que dizem que “não é bem a área que nós estamos habituados a trabalhar, se calhar têm que tentar mais a vertente social”, quando não é isso que se pretende. É uma linguagem que, na opinião de Rita, “se está a criar, (e por isso) optamos por não fazer essa diferenciação.”

O trabalho da Vo’Arte tem sido alvo de reportagens das televisões nacionais40 e

estrangeiras41, rádio42 e jornais nacionais43, documentários de particulares.44

37http://www.culturgest.pt/arquivo/2016/04/reuleofthirds.html

38 Já o In Shadows (https://inshadowfestival.wordpress.com/), que é um festival de vídeo e como tal não tem ligação nenhuma à inclusão.

39 Anexo G

40 Em 2009 O espetáculo “O aqui” foi alvo de reportagem no programa “Consigo” da RTP 2

https://www.youtube.com/watch?v=W567uXWcMLc

41; A O trabalho da Vo’Arte na formação de dança inclusiva em Cabo Verde foi alvo de

reportagem no jornal da noite da televisão local

http://videos.sapo.cv/6BWYBVDcV7LPNoVqRHQY .Também o programa brasileiro “Programa

Especial” que se deslocou às instalações da CRPCL para entrevistar a direção executiva e

direção artística e também os interpretes

https://www.facebook.com/programaespecial/videos/1047111228693074/ 42http://media.rtp.pt/antena3/ouvir/teatro-da-trindade-recebe-o-espetaculo-edge/

43 Artigo de Cláudia Galhós publicado na revista Atual de 11 de dezembro de 2010 da edição do jornal Expresso e visto em http://expresso.sapo.pt/cultura/danca-contra-a-exclusao- social=f620337

44https://vimeo.com/115335484 com este documentário sobre um momento de ensaio na CiM, Carla Pérez Vasquez produtora de comunicação audiovisual, ganhou em 2015 no XIII Concurso de Criação audiovisual da Universidade de Vigo, o 2º prémio na categoria de documentários.

34 A audiodescrição em espetáculos ao vivo nomeadamente nas artes performativas como a dança surge timidamente em Portugal no final do 2010, início de 2011, sendo a Vo’Arte um dos primeiros e das poucas instituições a fazê-lo. Conforme nos dá conta o Governo através do seu site45, a 9 de dezembro de 2010, deu-se a audiodescricão ao

vivo do espetáculo “O Depois”, levado ao palco do Teatro S. Luiz, em Lisboa, pela CiM, no âmbito do INARTE46 promovido pela Vo’Arte. A audiodescrição exige cabine

insonorizada e equipamento especializado de captação, transmissão e receção de voz, o que não acontece na maior parte das salas de espetáculo nacionais, pelo que são poucos os espetáculos ao vivo que têm audiodescricao.

A Vo’Arte utiliza nos seus espetáculos, a linguagem gestual em cena como aconteceu com o espetáculo “Nada” nos dias 11 e 12 de abril de 2013 no âmbito do INARTE. Este, para além da audiodescrição, teve um intérprete de linguagem gestual em cena, audiodescrição e perguntas e respostas com o público os dois últimos “Edge”47.

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